THE IDOLM@STER e a Síntese dos Idol Groups Japoneses

Olá pessoas, como estão?
Hoje no Mithril. irei falar sobre THE IDOLM@STER e como este anime consegue, em seus 25 episódios, sintetizar com maestria como é o mundo do show-biz japonês, com seus idols e programas de variedades. Neste post não irei comentar apenas do anime em si, mas usando o mesmo como base, irei comentar o que eu acho da série levando em consideração o mundo idol que eu vejo atualmente no Japão. Não sei vocês, mas para mim, THE IDOLM@STER não é um anime de música, mas sim um anime que utiliza metalinguagem para mostrar o mundo dos idols e o caminho que cada pessoa precisa seguir para ingressar neste tipo de “carreira” no Japão. Pegue seus post-carts, penlights e straps e junte se a este fandom, galere!
MÃÃS, antes de tudo, preciso contar primeiro como surgiu IM@S para aí sim partir para a “desconstrução” da série. Lol
O Jogo
THE IDOLM@STER surgiu em 2005 como um jogo musical de Arcade da NAMCO que tinha como proposta ser um simulador de encontros ao mesmo tempo em que era um rhythm game, ou seja, além de você como protagonista ir decidindo o seu rumo de acordo com as escolhas que você faz, também tem a oportunidade de ver as garotas do jogo dançando e etc. Em 2007 o jogo ganhou uma versão exclusiva para Xbox 360 pela NAMCO Bandai mantendo a mesma dinâmica da versão Arcade. De 2007 à 2009 a série teve vários outros lançamentos para consoles portáteis como o PSP e o DS e uma sequência também exclusiva do 360 chamada THE IDOLM@STER: Live for You! Em 2011, já extremamente popular no Japão a série ganhou mais uma sequência: THE IDOLM@STER 2 que agora além do 360, também teve uma versão para o Playstation 3. Desde então, o jogo vem ganhando diversos DLCs além de suas personagens aparecerem em outras séries da NAMCO Bandai.
O Anime
A primeira vez que IM@S ganhou anime foi em 2007 pelas mãos da Sunrise. A série, chamada Idolmaster: Xenoglossia, como já é de praxe em animes da Sunrise, tinha mechas e várias modificações que fizeram o anime ir parar no limbo. Felizmente em 2011 o projeto reviveu e o estúdio A-1 Pictures resolveu apostar alto na série, mas agora sem mechas e alterações, fazendo um novo anime e contando a história que deve ser contada, que é a você vê no jogo. THE IDOLM@STER estreou em julho de 2011 e com uma animação excelente, foi aos poucos conquistando mais e mais fãs até se tornar um sucesso que agora sim poderia se fundir ao sucesso do jogo tornando game e anime uma franquia ainda maior e com muito mais força.
A História de IM@S
THE IDOLM@STER é uma série que se propõe desde o inicio, mostrar como é a vida dentro de uma agência de idols. Para isso, somos apresentados a quatorze meninas (treze idols sendo uma delas também produtora e uma acessora), cada uma com estilo e personalidade diferentes que à medida que o anime vai avançando, vão se desenvolvendo em busca de um sonho em comum: Se tornarem uma “Top Idol”. Algo interessante pra se comentar da história de iM@S é que o anime começa de uma forma muito peculiar, pois simulando o jogo, te coloca no papel de produtor. Ou seja, o primeiro episódio do anime é todo em primeira pessoa. Com isso e tendo como proposta uma entrevista aonde você vai conhecendo cada uma das meninas, o anime começa muito bem, pois além desta forma incomum de contar a história no episódio 1 (os outros seguem o estilo normal que estamos acostumados), apresenta as personagens de uma forma simples e direta, sem abusar de explicações, afinal a quantidade de personagens é bem grande. No geral, assim como escrevi no post onde comentei o primeiro episódio, o anime te deixa uma impressão inicial muito boa, pois aliada a uma animação que flui muito bem, temos personagens carismáticos e que terão o seu devido destaque à medida que o enredo for avançando.
O que faz de IM@S um anime interessante e porque você deveria assistir
A 765 Productions é uma agência pequena, que funciona em um tipo de prédio de escritório e que de identificação tem apenas um grande 765 colado com fita amarela na janela. A busca de cada uma das personagens em ter seu “lugar ao sol” fez com que elas acabassem entrando na agência que no começo encontra trabalhos para as meninas fazerem que não passam de pequenas participações em comerciais ou programas de TV. Isso sem falar que, com tanta gente, fica difícil para todas se destacarem em alguma coisa para galgar um trabalho maior de sucesso. Algo curioso disso tudo é que pelo fato da personalidade de cada personagem ser muito bem definida (a rica mimada, a pobre esforçada, a antisocial, a proativa, a caipira, a simples…), isso acaba meio que mostrando o caminho que cada personagem irá seguir unicamente analisando os papeis e os trabalhos que elas fazem.
Séries com muitos personagens são um verdadeiro problema, não só para quem produz, mas também para quem assiste. Mesmo IM@S sendo uma personagem principal definida no jogo e no começo do anime (no caso a Haruka), com o passar do tempo as histórias e os personagens se misturam tanto que mesmo usando aquele esquema de “uma personagem por episódio”, a personalidade de cada uma está tão consolidada na série que você meio que esquece que há uma principal e acaba adotando todas como protagonistas. Isso de balancear perfeitamente cada uma das personagens e ainda dar ênfase na evolução conjunta e individual de cada uma é um dos pontos que eu acho que o pessoal do A-1 Pictures mais acertou. Não é exagero falar que cada uma tem seu momento para aparecer e mostrar a que veio.
Ter um personagem “de fora” como o Produtor ajuda de diversas formas a manter o ritmo da série. Primeiro que, apesar de muitos acharem que IM@S é o um anime harém, a série pra mim passa muito longe disso, pois mesmo com o Produtor tendo a sua importância, ele não é o principal, a história não gira em torno dele e muito menos há alguma relação mais profunda dele com as personagens. A missão do Produtor aqui, como o próprio fala, é fazer com que todas as meninas alcancem o seu objetivo. Ele junto da Kotori e da Ritsuko (a Kotori é acessora, a Ritsuko é produtora e idol) vão atrás de trabalhos, arrumam entrevistas para as garotas, vão atrás de patrocínio, vão a programas de TV negociar espaço e também levam bronca quando alguma delas faz algo errado. Em nenhum momento da série os produtores do anime pensaram em dar mais destaque do que o personagem precisa. Ele tem a sua função e ela é muito bem executada durante o anime todo. Mesmo que ele não seja principal, o desenvolvimento da série neste caso está relacionado indiretamente a ele.
Outro fator importante de IM@S é a concorrência. Tanto de fora quanto de dentro da agência. Com o passar do tempo e com a quantidade maior de trabalhos aparecendo, algo importante que a série ressalva é que uma hora ou outra o grupo vai acabar se dividindo. Isso vai aparecendo sutilmente à medida que a série avança. A partir do momento em que dentro de um grupo fechado de idols como o do anime surge um subgrupo ou uma unit, as outras “que sobraram” precisam correr atrás para se destacar coletiva ou individualmente. Isso inclusive em alguns momentos gera certo desconforto em algumas meninas, pois enquanto umas conseguem trabalhos atrás de trabalhos, outras estão estagnadas em algo simples ou acabam ficando “na geladeira” a espera de algum papel ou propaganda. Fora isso, há ainda a concorrência de outras agências do mesmo porte e também de agências maiores (algumas vezes de forma até desleal).
Mesmo o anime sendo dividido em pequenos arcos, consigo imaginar a série composta de dois grandes arcos que não necessariamente são divididos quando muda a abertura. Pra mim IM@S tem uma ascensão inicial muito boa que vai te preparando junto com elas para o primeiro grande acontecimento da série. Neste arco de ascensão temos os treinamentos, os primeiros trabalhos e também a formação de identidade das personagens. Após este arco pra mim a série ganha outro rumo, agora mais focado na determinação de cada uma e até mesmo em suas vidas pessoais até chegar ao ápice nos episódios finais.
Enquanto assistia IM@S fui percebendo que a série tem várias influências. Desde referências a programas de variedades como Iron Chef, VSArashi e AKBINGO! ou 24h da NTV até referência a grupos de idols reais como o SPEED, Morning Musume e o mais forte dentre todos eles, o AKB48. Quem conhece o AKB48 e assiste IM@S sabe que é impossível não fazer um paralelo entre a série e o grupo. Isso se torna mais evidente devido fato de que, com o sucesso da série, um anime envolvendo AKB48 teve o impulso que precisava e finalmente vai ser concretizado, fazendo parte de um grande projeto que envolve não só o anime em si, mas diversas outras coisas dentro do grupo. Assim como outras séries foram marcantes não necessariamente pela sua história, mas por ditar o ritmo de um gênero em animes que vieram após as mesmas, IM@S é a consolidação de um gênero que pode crescer muito daqui pra frente. Animes musicais sempre existiram, mas não da forma como é mostrado em IM@S.
A minha opinião é de que fazer um anime nesse estilo pode ser extremamente complicado dependendo do que você quer mostrar. Pelo mercado de idols no Japão ser um ramo extremamente grande e forte, fazer uma série comentando esse tipo de coisa pode acabar caindo em clichês que todos conhecem fazendo assim o anime não ter nenhuma surpresa e muito menos fazer com que novas pessoas se interessem por esse tipo de coisa. Por exemplo, no Brasil o Carnaval é algo extremamente popular, todo mundo conhece, pois é a maior festa popular do país. Acho que a única série que conseguiu relacionar essa atração sem ir para o clichê foi “Filhos do Carnaval”. Primeiro porque é da HBO e você deveria assistir, segundo por ter o Jece Valadão em seu último papel na TV atuando de forma fodásticamente bem (ele morreu em 2006) e terceiro por mostrar uma visão diferente do Carnaval que estamos acostumados a ver. Fora isso, sempre que se fala de carnaval em novelas ou séries é sempre a mesma coisa de sempre. No caso de IM@S eu acho que o anime conseguiu transmitir uma idéia muito boa de metalinguagem mostrando como é uma agência por dentro, como ela funciona. Não é tão profundo como Bakuman e suas explicações sobre editoras e mangakás, mas é uma forma mais simples, porém extremamente válida de falar sobre o assunto em questão.
2011 foi um ano muito bom em questão de séries em anime. Só citando os mais conhecidos, tivemos Mawaru Penguindrum, Madoka Magica, Steins;Gate e com certeza adicionaria THE IDOM@STER nessa lista. Para quem gosta de uma boa animação a série é ótima e meio que conseguiu redimir a bizarrice que foram os shows em DOG DAYS que apesar de ser uma série que eu adoro, pecou na animação em partes importantes. No caso de IM@S a animação se mantém constante durante a série toda; Quem gosta de uma boa história vai se divertir também, afinal acompanhamos a vida de cada uma das idols de uma forma descontraída, mas que não deixa o drama de lado nas horas em que ele deve ser aplicado; Pra quem gosta de idols é um prato cheio afinal o que não falta é referências a grupos e também música, muita música pop. Aliás, eu acho difícil IM@S ganhar uma segunda temporada. Pode até ganhar e espero que não sofra do mesmo mal de séries como Code Geass e Suzumiya Haruhi que após o término tiveram um hype tão grande por tanto tempo que a galera meio que desacreditou. No caso de Haruhi a segunda temporada veio, mas foi muito aquém ao esperado. Já no caso de Code Geass a série fechou de tal forma que é improvável que volte, mesmo que muitos ainda acreditem… tanto que o que não falta é spin-off. Em IM@S o final é muito bem encaixado e se no futuro por algum motivo a série tiver uma segunda temporada, espero que mantenham a mesma forma de como a primeira foi executada e mostre ainda mais desse mundo maravilhoso das idols japonesas.

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