Monster – Editora Panini – Vol.1

Depois de longos anos de espera, finalmente temos a volta ao mercado brasileiro de Naoki Urasawa, um dos grandes mestres atuais dos mangas, com a obra Monster, considerada por muitos seu melhor trabalho.

Quem não lembra, Monster começou a ser publicado pela editora Conrad no ano de 2006 em um belo formato que infelizmente foi cancelado com a triste situação que a editora viveu em meados dos anos 2000. No entanto, fomos pegos de surpresa quando ano passado a editora Panini revelou que estaria retornando a série ao mercado, desde o seu início.

Kenzou Tenma é um jovem médico japonês que se mudou para a Alemanha na década de 1980 em busca de crescer em sua carreira, buscando fazer pesquisas que pudessem realmente mudar os rumos da medicina para o bem da humanidade. Prodígio como neurocirurgião, Tenma tem a vida perfeita, próximo de ser promovido e noiva da filha do diretor do hospital onde trabalha.

Porém, apesar das altas habilidades médicas, o jovem cirurgião sofre eticamente por ter que participar e se submeter aos jogos internos do hospital, cujo diretor busca uma ascensão política e  vê em Tenma a marionete perfeita para se promover. Quando confrontado entre salvar a vida do prefeito da cidade de Düsseldorf e a de uma criança que chegou primeiro e está em uma situação muito mais crítica, o médico faz sua escolha e salva a criança, caindo em desgraça e praticamente arruinando qualquer perspectiva de carreira.

Monster tem um início marcado por um embate moral que já deixa o leitor apreensivo com continuar da história. São três capítulos de uma verdadeira aula de como dar a um thriller o tom perfeito, criando antes mesmo de apresentar o mote central da história uma ansiedade a cada quadro. Afinal, Tenma fez o correto ao salvar a vida de uma criança desconhecida ao invés da vida de um prefeito? Até que ponto a medicina deve-se pautar pela ingênua crença de que sua missão primeira é a de salvar vidas? 

[SPOILER]Porém, diferente do que pode-se imaginar ao começo da leitura, a obra vai evoluindo, surpreendendo, saindo da arena das politicagens para cair em um grande suspense. Anos se passam e Tenma descobre – presenciando à sua frente – que aquela criança que salvou e que mudaria a forma como ele própria entenderia sua vida, se tornou um monstro, um psicopata assassino.[SPOILER]

Monster é sem nenhuma dúvidas – pelo menos em questão de obra – o melhor lançamento de 2012 até o momento, não chamam Urasawa de gênio a toa. Seu traço é mais realista, utilizando-se de forma brilhante disso para passar através das expressões dos seus personagens as mais diferentes sensações que vão moldando a experiência do leitor.

E se o traço já é por si um atrativo incrível para leitura de Monster, a sua história e a forma como ela é contada só vem a somar. A Alemanha pré e pós queda do muro de Berlim do final da década de 80 e início dos anos 90 está minuciosamente representada, enriquecendo e dando à obra com uma verossimilhança que é necessária para que o leitor possa realmente entrar e acreditar no que é contado. Mais do que isso, é interessante notar a habilidade com que o autor consegue ambientar sua trama em um país e um tempo diferente do seu, respeitando suas características históricas, sem se perder.

Quanto ao trabalho da editora Panini, não há muito o que se comentar por ele estar no mesmo nível decente que os outros mangas da editora já vem mostrando a algum tempo. O papel é o mesmo de um One Piece por exemplo, apresentando aquela leve transparência que é notável, mas sem realmente incomodar na leitura. A tradução de Dirce Miyamura, a adaptação de Elza Keiko junto da edição de Débora Kamogawa estão muito boas, trazendo um texto denso como o original pede, mas deixando os diálogos fluírem bem para não travar o dinamismo dos acontecimentos que não param.

Além disso, como bem comentou o blog Chuva de Nanquim em sua própria avaliação, o glossário de cinco páginas ao final é um ótimo addendum por trazer informações interessantes que passariam despercebidas durante a leitura do manga. Sendo uma obra voltada para um público mais maduro, não há do se reclamar desse recurso (ainda que eu não ache ele reprovável em nenhum tipo de manga, mas aí é gosto pessoal).

Para quem já possui os volumes lançados pela Conrad no passado, não vale muito a pena comprar os da Panini, pois, ainda que de qualidades, são inferiores aos passados. Então, salvo para quem quiser sua coleção padronizada – visto que a Panini escolheu pelas capas brancas como no original, diferente das pretas da Conrad – terá que esperar um bom tempo para comprar Monster e seus 18 volumes.

Mas se você não teve a chance de ler na primeira vinda do manga ao país ou quer sua coleção padronizada, Monster é certamente uma compra indispensável e um dos melhores quadrinhos (em geral) que temos atualmente no mercado brasileiro.

Esse volume foi enviado ao blog pela editora Panini para avaliação.

Depois de longos anos de espera, finalmente temos a volta […]

11 thoughts on “Monster – Editora Panini – Vol.1”

  1. Antes de dormir vi q tinha post novo e vim conferir, minha intenção era que essa leitura fosse apenas uma apreciação à dissertação do Dennis, sem maiores compromissos, não esperava que após ler ia ter q pensar em racionalizar ainda mais minha grana, pois é, agr to pensando seriamente em comprar Monster, a história me chamou mta atenção e o título realmente parece ser mto bom, pra complementar ele já chegou aki na região 2… enfim, se eu não comprar com certeza vou ler na net, agr percebi pq tds o recomendam tanto, só quero ver qndo chegar 20th century boys, o q eu vo fazer…

  2. Como estou feliz com essas republicações, a pior coisa pra um colecionador é ter um mangá incompleto, ou mesmo em material porco como eram as edições anteriores de Kenshin…iniciativas como essa da Panini é que merecem esvaziar meus bolsos !!!

    PS: O cancelamento de Vagabon me fez pegar raiva da Conrad !!! Não tenho mais nem uma edição na estante, preferível importar ou aguardar um relançamento por outra editora.

  3. Realmente um mangá brilhante, recomendadíssimo, história, arte, a forma como a história é apresentada, tudo incrível. Quanto ao post, senti muita falta de um anúncio no início avisando sobre o spoiler do volume 1, por sorte já tinha lido o volume antes, mas não se esqueça na próxima, por favor, fora isso ótimo post!

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