Gunbuster – Mire o topo! – Corrente de Reviews 2016

Porque mesmo os grandes nomes começam por baixo.

Após quatro anos da segunda guerra Nipo-Americana, o arquipélago japonês sai vitorioso, estabelecendo um novo império mundial onde a exploração do espaço ganha força após o tomada da estação Atlanta, agora rebatizada como The Silver Star. No entanto, pouco depois do lançamento da Luxion, a primeira espaçonave humana próxima da velocidade da luz, as forças terrestres sofrem um forte impacto ao descobrirem a existência de uma raça alienígena insetóide batizada como “monstros espaciais”, cujo único objetivo parece ser dissipar os seres humanos.

Assim, buscando sua própria sobrevivência, o Império Terrestre inicia o projeto RX onde recruta jovens do mundo inteiro que possam pilotar robôs humanoides e avançar contra as forças inimigas. É assim que Noriko Takaya, jovem filha do antigo capitão da Luxion, é escolhida junto de Kazumi Amano como representantes japonesas, onde terão a responsabilidade de pilotar a maior esperança humana, Gunbuster.

aim_for_the_top_gunbuster-ep2-dvdh264-aackaaba83c438-mkv_snapshot_10-18_2016-11-16_20-49-33Top wo Nerae! Gunbuster é uma série de seis OVAs lançados entre 88 e 89 pelo então recém criado estúdio Gainax e dirigida pelo estreante Hideaki Anno, que mais tarde iria revolucionar a própria indústria da animação japonesa com Evangelion. Aqui já é possível ver uma série de motivos que fariam o sucesso tanto do estúdio quanto do diretor, especialmente a investigação dos dramas humanas com a ficção científica como pano de fundo. No entanto, esses relances não são o suficiente para garantir aos espectadores atuais uma boa experiência.

Diferente de obras como Evangelion ou mesmo das inspirações de Anno como as obras do estúdio Ghibli, Gunbuster se mostra ao longo dos seus aproximados 160 minutos totais uma verdadeira novela mexicana espacial onde o foco recai muito mais no drama excessivo do que em uma boa construção de personagens ou em uma história digna de ser lembrada.

aim_for_the_top_gunbuster-ep5-dvdh264-aackaa2f3359af-mkv_snapshot_27-27_2016-11-15_22-46-06É lógico e até certo ponto honesto considerar que estamos falando de uma animação própria para vídeo com todas os prós e contras que essa mídia trazia no Japão do final dos anos 80, mas ainda assim não há como deixarmos passar – e nos irritar em muitos momentos – com a instabilidade dos personagens, especialmente o núcleo central das garotas japonesas e sua amiga russa, a Jung Freud. Sem grandes motivos elas passam da centragem ao desequilíbrio; da aptidão ao esquecimento; da raiva à amizade teoricamente sincera.

Ainda que alguém possa argumentar os efeitos psicológicos de uma guerra espacial causaria em jovens, não é esse o ponto, na verdade esses são bons pontos apresentados, mas sempre explorados sem habilidade, tendo como exemplo máximo o trauma da protagonista Noriko após da morte do seu grande amor em razão da sua própria incompetência. O que era para ser algo de interessante vira galhofa quando eles se conheceram praticamente no dia anterior e pouco se conheciam.

aim_for_the_top_gunbuster-ep4-dvdh264-aackaa36975cd2-mkv_snapshot_19-15_2016-11-16_20-53-34É apenas longe dos dramas mal conduzidos, ao abraçar seus aspectos de ficção científica, que Gunbuster apresenta alguns pontos interessantes, nos levando a terminar o que começou-se. As distâncias temporais entre Terra e espaço, por exemplo, criam situações onde é possível sentir uma angústia verdadeira por parte dos personagens, afastados não somente fisicamente, mas longe de suas próprias identidades históricas. Não por menos a cena final nos dá certa vergonha alheia com seu esquisito final “feliz”.

No entanto, as palavras que escrevo aqui só podem ser entendidas dentro de um contexto social e histórico. Enquanto obra inaugural do acervo de Anno, faz todo sentido do mundo o que se vê. Gunbuster é, do começo ao fim, uma homenagem aos antigos animes de robôs gigantes, pilares do que conhecemos hoje como animação japonesa. É perceptível o grande nível de nostalgia que o diretor coloca, utilizando o brega apenas como mais um elemento reforçador. O problema é que, diferente de Anno e seus conterrâneos, diferente de tantos ocidentais cujas infâncias foram recheadas pela fantasia tecnológica vinda do Japão, eu não tenho esse arcabouço em minha memória e a conexão para superar todas as “falhas” narradas não acontece.

aim_for_the_top_gunbuster-ep5-dvdh264-aackaa2f3359af-mkv_snapshot_17-43_2016-11-16_20-55-23Gunbuster, ainda que objetivamente ruim na maioria dos seus aspectos (escapa quanto à trilha sonora, principalmente), foi um dos animes mais difíceis de analisar pois poucas vezes me percebi tão distante culturalmente com o público original.

Essa foi a quarta participação do Gyabbo! na corrente de Reviews organizada pelo parceiro Anikenkai. Se você quiser conhecer nossas participações anteriores, aqui estão:

Nesse ano de 2016 nossa indicação foi feita pelo blog One 4 All da Rede Tsuzuku, onde ele mesmo avaliou Clamp School Detectives, dê uma conferida. Para dar continuidade à corrente, o blog AnimeCote irá comentar nessa sexta-feira (18/11) sobre o anime Sora no Manimani, uma obra pouco conhecida, mas que fez minha felicidade em 2009.

600x150xcorrente_reviews.jpg.pagespeed.ic_.z4aV-DnliTPara ver os outros reviews e continuar acompanhando a Corrente de Revies 2016 é só ir lá no Anikenkai clicando no banner acima ou AQUI.

Porque mesmo os grandes nomes começam por baixo. Após quatro […]

One thought on “Gunbuster – Mire o topo! – Corrente de Reviews 2016”

  1. Vi recentemente e achei bem datado narrativamente e em outros aspectos que poderiam ser atemporais se fosse bem feito, é o que foi explicitado na análise mesmo, se você não tem a bagagem dessas obras que antecederam Gunbuster pra se deixar levar pela reverência que a obra faz você perde qualquer tipo de ligação com ela, é o maior trunfo que a série tem, explorar os clichês desse estilo com referências e rimas com outras obras antecessoras, vendo hoje é só mais um mangá/anime de robôs gigantes bem esquecível.

Deixe sua opinião