Stand up! – Mangá

Quando convivemos com algo errado por tanto tempo, é difícil encarar a verdade de que somos diferentes. Stand up!, o mangá da autoaceitação, aqui no Gyabbo!

Stand up! é uma obra de Yamakawa Aji, uma autora pela qual tenho muita admiração e que já teve outra obra comentada por mim, Yajirobee, aqui no Gyabbo! Stand up! é um mangá é da demografia shoujo, publicado na revista Margaret desde 2013.

A história é sobre uma garota chamada Furuya Utako, uma menina tímida e reservada, mas que se destaca muito por causa da sua altura (172 cm) – como ela mesmo diz: “um polegar inchado”. Sua mente está sempre repleta de pensamentos sobre Harada Naoyuki, o garoto mais popular da escola que senta perto dela na sala de aula e que um dia disse que gostaria de ser seu amigo. Mesmo após a surpresa inicial pelo jeito direto do rapaz, lentamente começam a aprofundar a relação.

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Yamakawa Aji estabelece uma narrativa bem simplória, descrevendo situações corriqueiras do dia a dia. Entretanto, justamente por ter essa simplicidade, nos transmite uma atmosfera bem agradável. O desenvolvimento deste mangá é mais acelerado comparado aos romances padrões de sua demografia e os acontecimentos são apresentados de forma bem transparentes. A autora é direta e faz questão de apresentar os fatos sem muito mistério, mostrando diversos pontos de vista. Além disso, Stand up! traz uma atmosfera cômica que se estende até o final, mesmo se tratando de uma história que tem como temas centrais a insegurança, a autoaceitação e os padrões sociais.

Com esta história nos deparamos com uma protagonista que não tem uma vida exatamente triste, mas um tanto solitária por ser uma garota alta para o padrão japonês. Mesmo tendo um comportamento dócil e gentil, ela realmente não é vista como alguém “fofa” pelos demais em sua volta, acabando por internalizar isso.

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Isso resulta em uma grande insegurança, que se destaca, por exemplo, quando ela tem sua como um modelo de beleza pelo fato dela ser baixinha. Não que a amiga de fato não seja bonita, mas é notável que o olhar de Utako sobre ela é de comparação, de inferioridade, como se ela nunca fosse capaz de ser como sua amiga simplesmente por não seguir determinado padrão. É justamente essa forma como a autora constrói seus personagens que me cativa, expondo suas fragilidades, diferenciando-os assim em cada fala e expressão.

A arte não é tão elaborada e não tem muitos cenários. O traço é fino e em algumas horas parece que a autora se utilizou de uma única linha para criar, pois cada imagem se conecta a outra. Os personagens, com olhos pequenos, são marcados com sutileza, um sorriso, um olhar triste, um suspiro, assim como o resto dos elementos. Essa composição nos ajuda a remeter toda nossa atenção aos detalhes dessas relações intra e interpessoais, maximizando a proposta da autora.

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Minha experiência com Stand up! foi bastante satisfatória. Eu li até o capítulo atual, cerca de 9 capítulos, me emocionei com as expressões de sofrimento de nossa heroína, com este tema muito bem trabalhado, onde a baixa estima e as inevitáveis comparações entre os adolescentes moldam as expectativas com relação ao futuro e à quantidade de afeto que se pode angariar das pessoas. Foi lindo ver Furuya conseguir amigos, superando as questões estéticas, conseguindo entender que estas são muito pequenas e o externo nem sempre é o mais importante. Se é verdade que a beleza é um passo inicial importante, é verdade também que nada que se consegue com ela se sustenta, se não houver um algo a mais como simpatia, bom humor, honestidade, generosidade, e tudo isso ela tem de sobra, além de sua beleza, um pouco incomum no seu meio social, fora dos padrões.

Aos poucos todo este drama vivido por Furuya vai se tornando uma história de amor, que eu acho que tem tudo para rolar por um longo tempo.

Se você curte questões psicológicas e um  bom romance… este mangá é para você!

Sobre Karolina

Formada em Comunicação Visual e estudante de Design, Karolina Facaia é gerente de conteúdo do Portal Genkidama, consagrado veículo do segmento otaku no Brasil. Desde 2015 faz parte da comissão, escrevendo resenhas e cobrindo eventos do meio.
Twitter: @KarolFacaia

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