Hetalia Axis Powers – O mistério do sucesso

E se todos os problemas do mundo fossem resolvidos com um grito de PASTAAAAAAAA?

Hetalia: Axis Powers (ヘタリア Axis Powers) é uma webcomic de autoria de Hidekaz Himaruya que foi adaptada para manga físico e é publicada pela editora Gentosha desde 2006. Em 2009 o Studio Deen fez uma adaptação para anime em episódios de 5 minutos com um total de três temporadas. Em 2011 foi lançado um jogo para PSP, Gakuen Hetalia, e em 2013 um filme, Hetalia Axis Powers – Paint it White! pelo mesmo estúdio responsável pela série animada. No Brasil, Hetalia é publicado pela NewPOP editora. A obra consiste de gags e historinhas curtas relacionadas a fatos históricos e curiosidades sobre diversos países, principalmente aqueles que participaram da Segunda Guerra Mundial. O diferencial de Hetalia é a personificação dos países, que incorporam estereótipos popularmente atribuídos a eles.

Muito já se falou, tanto de bom quanto de ruim, sobre Hetalia. Os rapazes do Video Quest fizeram um vídeo bem esclarecedor a respeito: Video Quest 07 – Hetalia Axis Powers, por exemplo.

Países que são parentes, amigos, rivais, e namorados.

Países que são parentes, amigos, rivais, e namorados

Uma coisa que vale ressaltar em relação à opinião do Kitsune e do Urso é que, embora o fandom de Hetalia tenha um grande número de fujoshis, também existe uma parcela considerável de pessoas que curte o manga pela alegoria de fatos históricos ou pelas piadas sobre as diferenças culturais entre os países. Tanto que entre os fãs ocidentais há muita torcida para que o autor aborde um determinado fato histórico ou curiosidade deste ou daquele país.

Talvez uma das razões para o sucesso de Hetalia seja justamente a relação bastante próxima do mangaká com seus fãs. Em seu blog, Himaruya Hidekaz posta esboços de novos personagens, fala sobre eles, atende pedidos inclusive de fãs não-japoneses quando possível e ainda promove pequenas brincadeiras e eventos em datas como Halloween, Natal e Dia dos Namorados. Himaruya até disponibiliza joguinhos simples de computador que ele mesmo faz com seus personagens.

É claro que Hetalia não podia ficar de fora de eventos internacionais como a Copa do Mundo...

É claro que Hetalia não podia ficar de fora de eventos internacionais como a Copa do Mundo…

Fazer humor sobre esse tipo de assunto pode ser bem arriscado, no entanto. Embora os leitores italianos aparentemente não tenham se incomodado em ter seu país representado por um personagem medroso, comilão e mulherengo, os sul-coreanos ficaram muito ofendidos com sua versão. As razões variavam desde o hanbok (tradicional vestimenta coreana) desenhado como um mix de elementos masculinos e femininos até menções a fatos polêmicos como as disputas políticas entre Coréia e Japão. A coisa ficou tão feia que até o governo coreano se manifestou sobre o assunto, declarando que a criação de tal personagem seria um “crime”. Há rumores de que Coréia do Sul estava no elenco do anime, mas teria sido cortado por causa dos protestos e ameaças vindos do vizinho oriental.

Não há como negar que Hetalia tem o seu (grande) quinhão de fanservice. Para começar, a série é uma espécie de “Pokemon para aficionados em história”: tem uma imensa galeria de personagens e cada um deles tem várias versões de acordo com o período histórico, com figurino e acessórios diferentes. São colecionáveis desde sua criação. Embora a maior parte do fanservice seja para meninas, os meninos também foram contemplados com as belas Hungria, Bielorrússia, Seychelles, Ucrânia e Mônaco, e as fofíssimas Nyotalias, versões femininas dos personagens masculinos.

As adoráveis Nyotalias

As adoráveis Nyotalias

Entretanto, mesmo sendo essencialmente tirinhas cômicas com personagens estereotipados, Hetalia também tem seus momentos dramáticos. Vez por outra, inesperadamente, surge uma confissão cheia de remorso ou uma patética tentativa de tapar o sol com a peneira que chega mesmo a comover. Muitos fãs choraram com a historinha do França e da Joana D’Arc ou com o desespero e loucura do Rússia no Domingo Sangrento, o massacre de manifestantes pacíficos pela guarda do Czar Nicolau II.  Uma coisa interessante que fica muito clara nesses episódios é a relação que os países-personagens têm com seus governantes e povos. Ao que tudo indica, eles são entidades imortais, mas têm muito pouco poder, pois são subordinados aos seus governantes, que eles chamam de “chefe”, e suas reações aos acontecimentos refletem as de seus povos. Assim, o França amou Joana D’Arc, mas não pode salvá-la e o Rússia chorava ao ser forçado a massacrar sua própria gente.

Ainda assim, mesmo explorando drama e comédia, Hetalia: Axis Powers não é o tipo de obra que funciona para todos. O humor nonsense e recheado de referências históricas e culturais de diferentes países pode ser difícil de entender e muita gente acha estranho a ideia de países “enamorados” como o Áustria e a Hungria, ou sendo “irmãos” como o Alemanha e o Prússia. Mas, para quem se interessa pela história e cultura de diferentes países, a série pode ser uma ótima diversão.

O casal Império Austro-húngaro

Áustria (à esquerda) e Hungria (à direita), o casal Império Austro-húngaro

E, se você não conhecia a série, deve estar se perguntando, “será que tem Brasil em Hetalia?”

De certa forma, sim. Mas isso é assunto para o próximo post.

Sobre liviasuguihara

Instrutora de inglês, "arteira", amante de animes e mangás. Você também me encontra no Twitter (@lks46), no Behance (https://www.behance.net/lksugui7ac5), e no Instagram (liviasuguihara).

E se todos os problemas do mundo fossem resolvidos com […]

3 thoughts on “Hetalia Axis Powers – O mistério do sucesso”

    1. Se você gosta História, folclore, cultura e curiosidades sobre outros países, provavelmente vai gostar de Hetalia. As piadas às vezes não funcionam pra nós, mas sempre tem alguma informação interessante.

      Valeu por comentar, Karol ^^

    2. Assista que é mt bom,vc não consegue odiar nenhum personagem, são todos fofos e carismáticos, hetalia é a vida e a vida é hetalia, vc sabe que o mundo não é exatamente um bom lugar, e contar história de países personificados poderia ser bem depressivo e ir por maus caminhos, mas hetalia trata essas coisas de uma forma mt eficiente, vc se afeiçoa aos personagens, e sabe que eles são boas pessoas, mas seguem ordens, como soldados numa guerra, não há como explicar, só sentir

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