O que é um personagem? Vamos aprender mais sobre este conceito dentro da narratologia nesta nossa nova aula de Roteiro e Escrita!
“Os verdadeiros escritores encontram as suas personagens apenas depois de as terem criado.”
Elias Canetti
Na aula anterior falamos sobre a pessoa que vai narrar a história. Agora vamos falar das entidades que vão participar dela.
Os personagens podem ser definidos, de uma forma técnica, como um ser atuante na história. A palavra deriva de persona, que no grego nomeava originalmente o local da boca nas máscaras de teatro por onde “personava” a voz dos atores. A mesma raiz etimológica deu origem à palavra pessoa.
Ah, e apesar de falarmos em termos de “pessoa”, um personagem pode ser um animal, um ser fictício, um sentimento, um objeto, ou coisa assim, desde que este tenha algum tipo de ação no enredo. No caso de animais em situações humanas é mais fácil de entender: filmes como Kung Fu Panda ou Animais do Bosque dos Vinténs são exemplos de obras onde os personagens não são humanos, mas agem como se fossem e, por isto, são personagens. Mas nem precisamos apelar para os “furries”. No filme Cavalo de Guerra, de Steven Spielberg, temos um cavalo que NÃO é “humanizado”, mas mesmo assim é um personagem fortíssimo e cujas ações moldam o enredo do filme.
Qualquer entidade capaz de ter ações na história é um personagem.
Mas como pode, digamos assim, uma cidade ou um país ser um personagem? E vamos deixar o conceito do manga Hetalia para outro tipo de discussão. Falo realmente da ideia de transformar um cenário em personagem – como já discutimos nas aulas anteriores. Bem, dê a esta cidade características fortes, uma identidade, por assim dizer. Personifique a cidade e faça com que ela tenha ações:
“A cidade de Gotham nunca dorme” por exemplo. É claro que são as pessoas da cidade as verdadeiras entidades que nunca dormem, mas estas pessoas são ramificações da cidade-personagem, realizando por ela as ações como se elas fossem indivíduos dentro de uma colmeia: um grande organismo vivo que, de fora, parece ter vários indivíduos, mas age como se fosse uma só mente.
Numa aula passada citei a cidade de Sin City. Ela também é um personagem, pois os habitantes desta cidade possuem um modus operanti que não condiz com habitantes de outra cidade, tornando-a única, dando uma personalidade a algo que, tecnicamente, seria apenas um cenário natimorto. Claro que Gotham e Sin ainda são “cenários”, mas pode-se ver que elas também possuem uma atuação importante além de serem simplesmente um palco.
Mas não iremos complicar demais as coisas, pelo menos não nesta aula. Vamos falar hoje de personagens mais tradicionais.
Aula 4: Personagens e suas funções dentro da história
Neon Genesis Evangelion é um anime lançado em 1995 pelo estúdio Gainax dirigido por Hideaki Anno (o mesmo autor da versão em manga da obra). A história tem início no ano 2015, mas quinze anos atrás ocorreu uma tragédia conhecida como o Segundo Impacto, uma explosão de imensas proporções causada na Antártida no último dia do século XX, o que causou o aumento do nível dos oceanos e inúmeras alterações climáticas no planeta, além de varrer metade da população da Terra. Esse evento seria provocado por entidades que foram denominadas Anjos, que surgiriam para atacar a humanidade.
Uma agência secreta foi fundada pela ONU para prevenir o acontecimento de um Terceiro Impacto: a NERV, sediada na cidade de Tokyo-3. O trabalho da NERV é impedir estes “anjos” de causarem uma nova hecatombe. A arma da NERV são robôs humanoides chamados Evangelions, pilotados por garotos de 14 anos que nasceram logo após o Segundo Impacto.
O protagonista da história é Shinji, um garoto introvertido e rejeitado pelo pai, Gendou Ikari. Aos quatorze anos, ele foi chamado pelo pai para ir a Tokyo-3. Chegando à cidade, descobre que o único motivo para seu pai tê-lo chamado era para que ele pilotasse o EVA01 e lutasse contra a invasão dos Anjos. No começo o garoto não aceita, revoltado em ser usado pelo pai como uma ferramenta. Mas acaba mudando de ideia ao conhecer Rei, uma garota que estava pilotando um dos EVAs e que estava bastante ferida – caso Shinji realmente se recusasse a lutar, ela teria que entrar em combate de novo.
Sem se alongar demais na história, podemos ver que, logo de cara, já temos um protagonista com uma característica interessante: a primeira grande decisão de sua vida foi contrária aos seus interesses iniciais. Ele só virou “herói” por pressão dos outros personagens.
E por que isto o torna um protagonista incomum? Bem, porque geralmente um protagonista é o personagem que toma as principais decisões na história. E, por um bom tempo, as ações do protagonista de Evangelion parecem sempre ser moldadas conforme a vontade de outros personagens.
Protagonista
O personagem principal de uma narrativa. Geralmente é o personagem que possui mais ação e está no comando da história – com a narrativa sendo contada, geralmente, sob seu ponto de vista. Existem casos em que o ponto de vista não é do personagem principal, como nas obras de Sherlock Holmes, mas ainda assim todas as ações giram em torno dele. E mesmo no caso raro de protagonistas sem muita ação, AINDA assim seria a “falta de ação” deles que resulta em certos acontecimentos no enredo.
Em Evangelion podemos dizer que o grande inimigo na história, pelo menos aparentemente, é Gendou, o pai de Shinji. O personagem, além de ter uma personalidade difícil de simpatizar, é um péssimo exemplo de pai e está sempre forçando seu filho a agir de acordo com seus interesses.
“Mas quem está tentando destruir o mundo são os EVAs!”. É verdade, mas na estrutura de roteiro, o antagonista é sempre aquele personagem que dificulta a vida do protagonista. E este papel cabe muito mais à Gendou do que aos monstros. O objetivo de Shinji é… bem, continuar vivendo sua vidinha. E seu pai faz de tudo para dificultar isto.
Antagonista
O personagem que colocará uma oposição ao protagonista e ao seu objetivo. Pode ser desde um inimigo declarado ou um rival. Pode ser um personagem aliado, mas cujas ações podem sabotar sem querer os interesses do protagonista. Como segredo crucial para uma boa história: um antagonista deve ser tão bem construído quanto o protagonista, ou até mais. Inimigos fracos ou sem personalidade, por tabela, também diminuem o carisma de um protagonista. Não é a toa que grandes heróis do entretenimento pop, como Batman, se tornaram respeitados justamente por terem sido fortes o suficientes para sobrepujar opositores tão poderosos.
Numa história onde jovens pilotam robôs gigantes é de se esperar que os outros pilotos também tenham importância crucial. Estes outros pilotos dos EVAs são Asuka e Rei. Duas meninas de personalidade completamente opostas e, por isto mesmo, complementares. E destas duas a Rei, certamente, é a peça chave da trama toda.
Embora a narrativa não seja mostrada, na maioria das vezes, do ponto de vista dela, sua importância é quase tão grande quando a de Shinji, fazendo dela uma coprotagonista – sobretudo nos momentos finais da obra.
Coprotagonista
São personagens fundamentais em narrativas, pois desempenham papel semelhante ao dos protagonistas, mas sem carregar o fardo de conduzir a trama principal. Colaboram com a trama principal ou podem conduzir uma trama paralela com relevância equivalente. A saga Crônicas de Gelo e Fogo é mestra em mostrar uma quantidade imensa de personagens alternando o papel de protagonista – de fato, pode-se dizer que esta obra possui basicamente vários coprotagonistas e nenhum protagonista verdadeiro.
Existem outros personagens em Evangelion que, embora não sejam tão cruciais para a história quanto Shinji, Gendou e Rei, têm a sua relevância. Temos a outra piloto do EVA, Asuka (já citada), a Major Katsuragui, o espião Kaji, os colegas de classe de Shinji… todos eles são personagens que, em algum momento, ajudam a história a andar.
E repare aqui que, no caso de Evangelion, todos estes personagens servem para fazer o protagonista apático, Shinji, tomar decisões que, de outra forma, ele não seria capaz de tomar.
Deuteragonista ou Coadjuvante
São personagens que, no meio da trama, terão um papel crucial, um momento chave que ajudará (ou dificultará) as ações do protagonista. Não podem ser considerados coadjuvantes personagens bucha-de-canhão, como os stormtroopers de Star Wars. Em termos narrativos eles NÃO são considerados um obstáculo efetivo ao protagonista (sim, eles atiram, ou tentam, mas nós sabemos que eles estão lá só para fracassarem). Um coadjuvante (antagonista ou não) é um personagem que terá pelo menos uma função importante na narrativa, como Han Solo, Yoda, Darth Maul ou Jaba.
Quando estiver construindo a estrutura da sua história, tenha em mente estes papéis básicos para seus personagens. Não é incomum que muitos escritores criem protagonistas fracos porque não pararam para pensar que as ações principais devem partir dele (ou, no caso de Shinji, criar coadjuvantes bons o suficiente para convencê-lo a tomar estas ações). Ou mesmo criam um antagonista banal que faz com que, no final, o próprio protagonista pareça apático.
Bem, após esta pequena pincelada sobre a estruturação dos personagens dentro da trama, agora iremos passar para a parte divertida: os arquétipos!
Arquétipos: Inspiração para personagens
O que são arquétipos? Outra palavrinha que vem do grego: arché: principal ou princípio e tipós: impressão, marca. É o modelo ou impressão de alguma coisa. É um conceito explorado em diversos campos de estudo, como a Filosofia, Psicologia e a Narratologia, este último o nosso negócio aqui nestas aulas.
Pegando emprestado do mestre Jung, do campo da Psicologia, arquétipo é uma espécie de imagem incrustada profundamente no inconsciente coletivo da humanidade, refletindo-se em diversos aspectos da vida humana, como sonhos e até mesmo narrativas. Ele explica que “no concernente aos conteúdos do inconsciente coletivo, estamos tratando de tipos arcaicos – ou melhor – primordiais, isto é, de imagens universais que existiram desde os tempos mais remotos“. Numa aula mais para frente vou falar sobre a Jornada do Herói e esta coisa de “tempos mais remotos” ficará mais clara.
Um arquétipo é, basicamente, um modelo de personagem que o leitor imediatamente reconhece e joga certas projeções da sua própria experiência (e dos pré-conceitos do inconsciente coletivo) sobre ele, fazendo pré-julgamentos. Por exemplo: num conto de fadas temos o arquétipo da Madrasta, uma mulher “intrusa” em uma família que será, por definição, a antagonista do(a) protagonista. De certa forma, em qualquer história onde haja uma madrasta ou mesmo um padrasto o leitor já estará condicionado a pensar que tal personagem será um inimigo ou, no mínimo, não será agradável.
Os estudiosos Joseph Campbell e Christopher Vogler, considerando a definição junguiana, também sugerem interpretações. Para Vogler os arquétipos devem ser usados como máscaras das quais os personagens de uma história dispõem, utilizando-as temporariamente conforme a necessidade do andamento do enredo. Que tal uma história onde uma madrasta que parece ser má revela-se, no final, uma boa pessoa?
Campbell, por sua vez, vai além da narrativa: para ele os arquétipos fazem parte de todo ser humano, como órgãos de um corpo, fenômenos biológicos. Ou seja: todos nós estamos interpretando “arquétipos”, querendo ou não!
Neste exato momento você, leitor, pode estar interpretando o “arquétipo do otaku” e deixando muitas das ações que você toma na sua vida serem influenciadas pelo arquétipo que o inconsciente coletivo fez para você! Será que você compra este monte de mangas porque quer mesmo? Será que você lê o Genkidama todos os dias porque você realmente gosta das matéria, ou só está fazendo isto porque é o que se espera de você?
Bem… deixamos a parte da psicologia de lado e voltemos à narrativa.
Os arquétipos são uma boa ferramenta como ponto de partida para construir seus personagens. Enxergar os arquétipos como facetas da personalidade, possibilidades (boas ou más) para o protagonista, entendê-los como personificações das diversas qualidades humanas.
A autora Vyctoria Lynn Schmidt escreveu um livro chamado 45 Masters Characters. São diversos arquétipos femininos e masculinos. Alguns deles podem parecer até um tanto preconceituosos, mas é ESTA a ideia: estamos lidando com ideias do inconsciente coletivo humano e este é cheio de estereótipos. E estes mesmo preconceitos podem ser usados para surpreender o leitor.
Naturalmente, criar um personagem que seja 100% fiel à um tipo de arquétipo pode soar vazio e clichê. Um personagem realista geralmente é baseado em mais de um arquétipo, e mesmo assim é usado apenas como uma base. Não há nenhuma regra que diga que não podemos criar um personagem masculino usando arquétipos femininos e vice-versa. Como já foi dito, é apenas uma base. E vamos à alguns deles:
O Homem de Negócios
O viciado em trabalho, vendo o sucesso como prioridade em detrimento de amizades. Racional e lógico, tendo necessidade de ver tudo organizado. Não é um bom marido ou pai. Usa regras e ordens para evitar seus sentimentos. É o arquétipo clássico do detetive como Sherlock Holmes, Dr. Spock, Hercule Poirot e Tio Patinhas.
O Sovina
Quando o Homem de Negócios cruza os limites e passa a ter sede de poder. Só enxerga o trabalho, gosta de humilhar e manipular as pessoas, vendo-as como simples peças em um tabuleiro. Muitas vezes acredita estar fazendo o certo. Como Ebenezer Scrooge de Um Conto de Natal de Charles Dickens.
O Protetor
É aquele que busca proteger todos que estão em sua volta. O “mocinho” clássico que protege os fracos e oprimidos pela simples satisfação de fazê-lo. O grande escoteiro, como Super-Homem, Goku e Rocky Balboa.
O Gladiador
É aquele que não sente prazer em proteger, mas sim em destruir, tendo ganância e desejo de sangue. Possui um comportamento altamente impulsivo e imprevisível, não se importando com nada ao seu redor. Kratos, do jogo God of War, é um exemplo.
O Recluso
É o arquétipo de quem gosta de ficar sozinho, não se sentindo a vontade na presença de muitas pessoas. Pode ter uma vida interior privilegiada e um espírito criativo, que utilizado de forma exagerada leva o personagem a se perder em suas próprias fantasias. Costumam ser inteligentes, tendo grande conhecimento. Por exemplo Fox Mulder (Arquivo X), Victor Frankenstein, Dr. Jekyll.
O Bruxo
Busca o conhecimento para fazer o mal aos outros e ao ambiente, sendo altamente egoísta. O extremo do solitário, buscando evitar pessoas e sempre destruindo-as caso cruze com elas, muitas vezes culpando suas existências por sua própria miséria, estando ele certo ou não. Exemplos: Drácula, Dr. Hannibal Lecter (Silêncio dos Inocentes) e Randle Patrick (Jack Nicholson em Um Estranho no Ninho).
O Tolo
O homem-menino. Tem ótimo relacionamento com crianças, pois possuem várias semelhanças. Ama piadas e faz amigos por onde passa. Muitas vezes age com inconsequência, pois está sempre buscando viver o agora, sendo um espírito livre. Adora ser o centro das atenções. Como Joey Tribbiani (Matt Leblanc em Friends), Cosmo Kramer (Michael Richards em Seinfeld).
O Abandonado
É o mendigo, vagabundo ou ovelha negra da família que se conforma com a sua situação. O personagem que mais precisa de ajuda, mas que ao mesmo tempo não quer ser ajudado. Ele se resigna à sua condição miserável e se deixa levar pela vida, acreditando na inevitabilidade do seu triste destino. Shinji Ikari, de Evangelion, teria este arquétipo.
O Homem das Mulheres
Pode ser considerado o “homem dos sonhos”. Ama as mulheres e qualquer coisa relacionada a elas. Possui fortes amizades femininas e enxerga a mulher como igual ou superior, vendo extrema beleza em todas elas. Muitas vezes não se dá bem com homens, mas não liga pra isso. Pode ser afeminado ou não. Ryoji Kaji, de Evangelion, possui metade deste arquétipo.
O Sedutor
É aquele que vive para arruinar a vida das mulheres. Pode possuir obsessão em relação a uma mulher que não lhe dá atenção e gosta de destruir corações, pisoteando sentimentos após a conquista.
O Messias Masculino
Aquele que possui uma forte causa, muitas vezes divina. Disposto a se sacrificar e sem medir os perigos em que se mete em nome de um bem maior. Como Jesus Cristo, Luke Skywalker (Guerra nas Estrelas), Neo (Matrix), Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Robin Hood, William Wallace (Coração Valente). Ryoji Kaji, de Evangelion, possui metade deste arquétipo.
O Justiceiro
Sua palavra é a lei, porém não é um vilão no sentido de ganhos pessoais pois acredita que está fazendo o melhor para seus seguidores. Gosta de quebrar o ego das pessoas e humilhá-las para depois convertê-las. Exemplo: Charles Kane (Orson Welles em Cidadão Kane), Darth Vader (Guerra nas Estrelas).
O Artista
Está sempre em contato com suas emoções, canalizando-as para algo criativo, mas muitas vezes não as controla, podendo explodir, afetando quem estiver em sua volta. Não é bom administrador e depende de alguém para ajudá-lo. Geralmente é inseguro e demonstra constantemente sua insatisfação, se importando com o que os outros pensam dele.
O Governante
É aquele que necessita de um “reino” para controlar. Geralmente é um político ou um chefe, vivendo em excesso. Ama dominar. Não consegue enxergar todo o problema e ignora os detalhes e as emoções. Quando fracassa busca preencher o vazio com distrações nem sempre saudáveis. Quando a vontade de dominar se torna uma obsessão o personagem passa a desejar mais e mais controle. Exemplos: Don Michael Corleone (O Poderoso Chefão – Parte II). Gendou Ikari, de Evangelion, possui este arquétipo.
A Musa Sedutora
A protagonista feminina clássica. Mulher forte que sabe o que quer, de sexualidade aberta. Gosta de ser o centro das atenções, mas teme a rejeição. Embora exerça controle sobre os personagens masculinos, ela ainda tenta fazê-los com boas intenções. Exemplo: Scarlett O’Hara de E o Vento Levou e Rose de Titanic.
Femme Fatale
A antagonista feminina clássica, talvez só um pouco menos clássica do que a Madrasta. Usa suas qualidades, geralmente físicas, para controlar e manipular os homens. Seu corpo é uma arma. Exemplos: a figura da Femme Fatale foi praticamente criada por Barbara Stanwick no clássico noir Pacto de Sangue, onde ela interpreta Phyllis Dietrickson, seduzindo um vendedor de seguros com o objetivo de matar o seu marido. Outros bons exemplos são Catherine Tramell (Sharon Stone em Instinto Selvagem), Alex Forrest (Glenn Close em Atração Fatal), Elsa Bannister (Rita Hayworth em A Dama de Xangai), Madeleine Elster (Kim Novak em O Corpo que Cai).
A Amazona
É a mulher forte que possui um lado dito masculino mais acentuado. Prefere amizades femininas, mas por muitas vezes afasta as mulheres e acaba tendo mais amigos homens. Costuma agir duas vezes antes de pensar. Exemplos: Xena, a Princesa Guerreira (Lucy Lawless), Sarah Connor (Linda Hamilton em Exterminador do Futuro 2), Mulher Maravilha. Asuka Langley, de Evangelion, possui metade deste arquétipo.
A Górgona
A palavra Górgona vem da mitologia grega, são as monstros com garras que transformam os seres vivos em pedra apenas com o olhar. A medusa seria uma górgona. É uma mulher agressiva, que age com violência, quase da mesma forma que o arquétipo do Gladiador. Possui uma fúria cega e insana.
A Rainha
Atropela os outros para atingir seus objetivos e quer chegar ao topo a qualquer custo, utilizando para isso sua inteligência. Pode ser uma mulher bonita, mas não necessariamente, já que sua arma principal são suas habilidades intelectuais. Exemplos: Margo Channing (Bette Davis em A Malvada), Miranda Priestly (Meryl Streep em O Diabo Veste Prada).
A Cuidadora
É a mulher que tem o senso de obrigação de cuidar de alguém, colocando sempre os outros na sua frente. Geralmente possui uma profissão médica e normalmente não se importa muito com a moda e nem com a beleza (muitas vezes sua beleza está escondida). É o arquétipo da mãe e esposa protetora, mas que possui muitas fragilidades. Por exemplo a Bela (de a Bela e a Fera).
A Matriarca
É a mulher que está no comando, muito forte, e comprometida, fiel e amorosa. Faz tudo para sua família e exige respeito. Nunca abandona a família e é a esposa perfeita e devota. O seu momento mais inesquecível é o dia do seu casamento. Como exemplo temos Aurora Greenway em Laços de Ternura e Dora de Central do Brasil.
A Madrasta
Não precisa ser necessariamente uma madrasta. Esta personagem evoca a mãe que nunca estará completamente “acertada” dentro de uma família e, por isto, utiliza métodos questionáveis para tentar ganhar o amor e o afeto do patriarca – muitas vezes ao custo da felicidade de todos os outros membros da família, inclusive filhos de sangue. Ritsuko Akagi, de Evangelion, possui este arquétipo.
A Mística
É a mulher de paz e misticismo, que ama ficar sozinha com seus pensamentos. Tem uma mente forte e escolheu uma vida espiritual ou causa maior ao invés de desejos terrenos. É um espírito livre que vive em seu próprio mundo. Exemplos: Phoebe Buffay (Lisa Kudrow em Friends), Annie Hall (Diane Keaton em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa). Rei, de Evangelion, possui este arquétipo.
A Traidora
É a mulher que envenena o marido, onde por trás de uma aparência bondosa se esconde grande maldade. Acredita que ninguém verá o seu lado verdadeiro. Geralmente causa enorme decepção para as pessoas em sua volta quando estas descobrem a verdade. Exemplo mais legal que me vêm à mente: Carminha, da finada novela Avenida Brasil.
O Messias Feminino
Assim como sua versão masculina, são personagens que tem uma forte causa relacionada a um grupo amplo de pessoas. Essa causa não precisa ter necessariamente conexão com algo divino. Pode facilmente conter outros arquétipos. Tem uma força interior que nunca morre e sempre se sacrificará pelos outros. Exemplos: Joana D’Arc, Maria de Nazaré, Dama do Lago (Mitologia Arturiana), Galadriel (Senhor dos Anéis por J.R.R. Tolkien), Trinity (Carrie-Anne Moss em Matrix).
A Destruidora
Não é uma vilã no sentido simples do termo. É uma vilã no sentido de proteger a qualquer custo o bem maior (como jogar bombas atômicas para acabar com a Guerra). Vê o mundo em preto e branco e muitas vezes provoca mais malefícios do que bondades. Humilha a pessoa para depois convertê-la à sua causa.
A Donzela
O arquétipo de todas as clássicas “mocinhas”. Vive uma vida alegre e não se preocupa com problemas do dia a dia. É uma mulher que corre muitos riscos, pois se acha invulnerável. Dificilmente se estressa. Pode ser uma mulher nos 40 que ainda age como uma garotinha, e no fundo não quer crescer, vivendo em um mundo onde casamento, filhos e responsabilidade não ocupam um lugar de destaque. Ela pode ou não ser ignorante ao que está à sua volta – preferindo ignorar as responsabilidades e montar sempre a fachada da garota simpática e feliz – ou talvez realmente não tenha ciência dos perigos do mundo exterior. Asuka Langley, de Evangelion, possui metade deste arquétipo.
A Adolescente problema
Mulher fora de controle, obcecada com o que é considerado “errado”, muita vezes o fazendo só pela autoafirmação. Nunca aceita a responsabilidade pelos erros cometidos e não possui moral e ética. É depressiva, egoísta e invejosa. É irresponsável e se acha acima da lei.
Bem, e aqui tivemos alguns arquétipos livremente expostos. Claro que eles podem variar de autor para autor (com mais ou menos detalhes), mas temos um apanhado inicial. Como já foi dito: arquétipos é um assunto complexo e que demanda muito estudo para quem quiser realmente se aprofundar nisto.
E aqui encerramos esta aula. Como lição de casa, tentem criar um personagem para cada arquétipo e até misturando alguns deles. É um ótimo exercício para praticar a criatividade.
Bom divertimento!
Ótimo texto,não sabia sobre os arquétipos e realmente quando o personagem so tem um deles cai muito no clichê e acaba q suas ações são previsíveis demais,n dando animo de continuar vendo a historia do mesmo,um bom uso dos Arquétipos pode criar personagens maravilhosos em todos os aspectos.
Sim, arquétipos são uma boa base, mas é importante não ficar só neles para nãoc riar personagens muitos clichês