Young Black Jack – Primeiras Impressões

Muito antes do Dr. House, existiu Black Jack…

Guia Completo Temporada de Outono 2015Young Black Jack (ヤング ブラック・ジャック ) é uma adaptação para anime do manga de Yoshiaki Tabata e Yuugo Ookuma que vem sendo publicado na revista Young Champion desde 2011. Produzido pela Tezuka Productions, a obra foi lançada na temporada de outono de 2015. A história é um prequel de Black Jack, criação de Osamu Tezuka, e narra os acontecimentos da juventude do protagonista, o misterioso Kuroo Hazama.

O primeiro episódio de Young Black Jack começa estabelecendo um contexto histórico, o que chama atenção: estamos em 1968, o ano em que explodiram protestos e manifestações no mundo inteiro, como os do Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos e a Primavera de Praga. Infelizmente, essa ambientação serviu apenas como um recurso para que o estudante Kuroo Hazama, o futuro Black Jack, pudesse realizar sua primeira cirurgia. Entretanto, foi apenas o primeiro episódio. Se a abertura é alguma indicação do que vai acontecer a seguir, há chances de termos um plot bem interessante como um todo.

abertura

Cena da abertura de Young Black Jack, em que aparecem referências à Guerra do Vietnã.

No que diz respeito à narrativa, houve alguns problemas na condução do episódio, como o acidente que acontece logo no início. A impressão que dá é que o menino ficou um longo tempo parado na linha do trem, praticamente pedindo para ser atropelado e os adultos que estavam por perto simplesmente ficaram olhando! Um trabalho de edição mais ágil talvez pudesse expressar melhor a sensação de urgência e impotência da tragédia. A dramaticidade chegou perto do exagero em certos momentos, se bem que isso pode ser necessário para tornar interessantes coisas que na verdade são bem chatas, como a preparação para uma cirurgia, ou a própria cirurgia em si. Quando o Kuroo tirou a camisa, não pude deixar de pensar nos garotos de Free!, e os malabarismos com o bisturi e as suturas me lembraram a “cena das batatinhas” em Death Note, que o Paulo Graveheart descreveu tão bem em vários Fala, Otakus.

Também pareceu estranho que a Okamoto, sendo uma residente, se deixasse comandar por um estudante daquele jeito, mas, levando em conta que se tratava de uma emergência e que a história se passa nos anos 60, quando o machismo no Japão era ainda pior do que atualmente, dá para relevar.

boy meets girl

A residente e o estudante: quem manda nessa relação?

Por outro lado, a apresentação do protagonista foi boa, pontuada em cenas significativas que funcionaram também para ajudar a contar a história. Por exemplo, nos primeiros minutos, nós vimos Kuroo sentado no parque, executando uma cirurgia imaginária, demonstrando sua dedicação ao estudo. Em seguida, a discussão com os manifestantes mostra a personalidade forte e incomum do personagem. Assim, quando ele decide operar o menino atropelado apesar de ser ainda um estudante, não nos parece tão absurdo. Foi especialmente boa a cena em que Kuroo não consegue segurar a caneca por que suas mãos não param de tremer, e vemos pela primeira vez em seu rosto uma expressão insegura. Assim nós temos, logo no primeiro episódio, uma boa visão geral do protagonista: ele é o Black Jack que conhecemos dos outros animes, brilhante e com personalidade forte, porém ainda jovem e inexperiente.

Na parte técnica, a reconstituição histórica está muito boa, o trem, os carros, e o figurino dos personagens realmente remetem à época retratada. A animação não teve falhas notáveis à primeira vista. A trilha sonora não impressionou, mas foi eficiente. Quem chegou a acompanhar os animes antigos pode ter estranhado o design do jovem Black Jack, mas na verdade o anime apenas está sendo fiel ao traço do manga, que é bem diferente do original de Tezuka.

shaky

Um momento de vulnerabilidade do protagonista durão.

No geral, apesar de algumas falhas e do excesso de drama em alguns momentos, foi um episódio que despertou interesse em continuar assistindo a série.

Ah, sim, e sobre a referência ao Dr. House lá no início do texto, existiu um crossover House/Black Jack! Na história, Black Jack é contratado pelo PPTH para substituir o dr. Kutner, e entra em conflito com House, mas no fim os dois acabam reconhecendo a competência um do outro. Foi um comercial para a TV japonesa quando do lançamento dos DVDs das duas séries. Confira abaixo:

Sobre liviasuguihara

Instrutora de inglês, "arteira", amante de animes e mangás. Você também me encontra no Twitter (@lks46), no Behance (https://www.behance.net/lksugui7ac5), e no Instagram (liviasuguihara).

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2 thoughts on “Young Black Jack – Primeiras Impressões”

  1. Adorei seu texto Lívia! Só discordo a respeito da trilho sonora, eu simplesmente me apaixonei principalmente pela opening e achei ela bastante impressionante, sim!
    Eu nunca assisti os animes antigos mas gostei muito do visual moderno do Black Jack. Na verdade eu li muita gente que estranhou o visual dos outros personagens, mas eu particularmente achei uma boa escolha dos autores dessa adaptação, pois o protagonista precisava dessa alteração visual para chamar mais atenção nos tempos atuais, mas ao mesmo tempo mantiveram os traços do Tezuka em outros personagens! Eu gostei disso!
    Além disso eu acho que o que faltou nesse primeiro episódio foi uma melhor demonstração da cirurgia, espero que não continua assim tão genérico, porque não foi o bastante pra me impressionar. Apesar disso gostei do contexto geral e continuarei acompanhando!

    1. Valeu, Karina! Não li o mangá (acho q não tem nem scan…) mas disseram que é bem detalhista . a biografia do personagem é bem rica, é provável que alguns episódios não foquem em cirurgias e sim no drama dos personagens, como foi o episódio 2. Vamos ver, por enquanto estou gostando bastante ^^

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