Venha conhecer Zetman, da editora JBC, onde a brutalidade e inocência coexistem e a “esperança” nasce nas páginas finais.
Quando o 21º anúncio desse ano da editora JBC foi Zetman, admito que a hipótese de colecionar um manga longo de tema aparentemente batido com o “garoto superpoderoso que vira herói” passou longe. Mas a curiosidade mata o gato… pela carteira nesse caso! A arte espetacular da capa não me permitiu deixar de dar uma conferida no primeiro volume e esse foi o meu erro – ou acerto. Minha reação após fechar aquele opúsculo de tentação foi indubitavelmente sentar e lamentar porque meu querido dinheiro escarnecia da minha cara ao concluir que novamente eu fui fisgada por esse peixe.
Zetman conta a história de Jin, um garoto de rua com habilidades e força excepcional que vive com um senhor que diz ser seu avô, chamado Gorou, em um barraco simples. Apesar da vida sem muitos privilégios, ele recebeu ensino básico de seu avô e noções morais de não utilizar a violência para resolver tudo. Apesar disso, Jin aproveita de suas características sobre-humanas salvando pessoas em situações de perigo, mas cobrando recompensas exorbitantes no intuito de juntar dinheiro para comprar uma casa para os dois. Infelizmente as pessoas o interpretam de forma errônea e geralmente não pagam.
O plot inicial da história está nos assassinatos por dilaceração que estão acontecendo com cada vez mais frequência e de forma misteriosa no Japão. Esses homicídios estão ligados aos “players”, indivíduos geneticamente modificados e criados por uma corporação comandada pelo sr. Amagi. Esse seres, no entanto, fugiram há dez anos e este homem está agora à procura de Z.E.T., a única “cobaia” que deu certo e é capaz de eliminar os defeituosos.
Apesar do poder sobrenatural, Jin não deixa de ser e agir como uma criança normal. Ele tem seus sonhos simples e não gosta de estudar. Mesmo agindo como um “justiceiro”, a crueldade do mundo não o afeta, desde que não seja com alguém próximo dele, é claro. Extremamente inocente, ele não entende sentimentos básicos como amor, ao qual ele se refere como “calor”, ou tristeza, nem sabe assimilar porque “água” começa a brotar de seus olhos. Jin é um personagem extremamente rústico, mas não passa de uma criança aprendendo sobre a vida, o que gera cenas extremamente bonitas.
Muitas perguntas não são respondidas nesse primeiro volume, o que realmente instiga o leitor a querer descobrir e entender melhor o que se passa na história. O avô de Jin é uma pessoa misteriosa, que claramente possui um passado obscuro, mas que quer proteger o garoto dessa corporação e para isso usa o disfarce de morador de rua. No meio da história, o manga sofre uma reviravolta, método bastante manjado, mas que nunca falha quando bem utilizado, o que é o caso de Zetman. A primeira parte do volume apresenta os personagens centrais e a vida relativamente tranquila do protagonista. Já na segunda parte um acontecimento abala a estrutura dele, trazendo por consequência o amadurecimento do personagem e a introdução de outros.
Zetman é um manga seinen que mistura ação, drama e ficção científica, lançado em 1989 como one-shot por Masakazu Katsura, ganhando anos mais tarde uma continuação mais elaborada. Publicado pela Weekly Young Jump, da editora Shueisha no Japão, consta com sua primeira fase concluída com o total de 20 volumes, que segundo o autor terá continuação, mas ainda sem previsão. Possui também uma adaptação para anime de 13 episódios. A editora JBC já trouxe do mesmo autor Video Girl AI e DNA² para o Brasil, duas obras bastante diferentes de Zetman por ter um conteúdo mais voltado para romance e ecchi.
A edição de Zetman da JBC ficou muito bonita, com capa fosca no mesmo estilo de Another, páginas coloridas e sem erros de ortografia. Mas como nem tudo é perfeito, o formato do manga é um pouco frustrante sendo 12 x 18, o mesmo de Soul Eater. Uma obra como essa merecia um tamanho maior, sem falar no tão que a “crise do papel” atacou novamente e aqui temos daquele fininho que você vê o outro lado da página. O preço é salgado, sim, mas a história é tão sensacional que faz esses detalhes serem insignificantes quando você está lendo.
Recomendo fortemente Zetman, que tem tudo pra ser uma obra formidável com ação, mistério, drama e até romance, por que não? Esse primeiro volume já abriu espaço para esse tema de forma sutil. O traço do Katsura é estupendo, com cenas detalhadas e claras de se entender. Até mesmo as lutas são bem elaboradas, com sequências de quadros facilmente compreensíveis, mas também frenéticas. O que você está esperando pra colecionar Zetman? Corre, porque essa obra é imperdível!
Ótimo post Gyaboo!
Zetman é provavelmente um dos melhores mangás publicados no Brasil, e gostei demais do trabalho da JBC nele. Só vou ter que comentar dois pontos em que discordei do texto.
1- O papel não me pareceu tão ruim quanto o pessoal tem reclamado. Ok, é mais fino, tanto que o mangá a lombada não ficou tão “grande” quanto se esperava. Porém eu não tive problema com transparência em no meus dois volumes.
2- ” formato do manga é um pouco frustrante sendo 12 x 18″. Mas é o formato japones, mesmas medidas. Ele não é grandão lá também, é só conferir no Amazon.
Fora isso, concordo com tudo que foi dito no post. :D
https://itadakimasuanimes.wordpress.com
Olá Flávio, que bom que gostou do texto!
Na verdade, pessoalmente eu também não me incomodo com o tipo de papel e em Zetman isso foi “o de menos” diante da história sensacional, mas é uma informação técnica que eu não posso simplesmente deixar passar, entende?
Quanto ao formato, eu já imaginava que a versão em japonês fosse nesse mesmo tamanho, mas, quando eu vi o volume novo de Hellsing, bateu uma invejinha. Eu acho que a arte seria mais valorizada se Zetman fosse maior, mas isso são detalhes que eu posso relevar durante a leitura rs
Obrigada por seu comentário! ^.^