E vamos ver mais um pouco sobre criação de personagens em mangas!
Na Parte 1 deste texto nós vimos algumas técnicas para criar personagens. Agora vamos conhecer alguns padrões comuns de personagens nos quadrinhos japoneses.
Quem gosta de manga e lê bastante já deve ter reparado que existem certos tipos que aparecem com frequência. A verdade é que a grande maioria segue um padrão. Isso não é ruim, mesmo em termos artísticos: como já disse o J. M. Trevisan (autor de Ledd), as pessoas tendem a superestimar a originalidade. Muitos personagens excelentes, não só de mangas, mas também de livros e filmes, foram baseados nas criações de antigos mestres como Shakespeare – por exemplo, no filme Ran, de Akira Kurosawa, o senhor feudal Hidetora e seus filhos são claramente inspirados no Rei Lear e suas filhas).
Vamos conhecer alguns tipos padrão de personagens e como é possível criar em cima deles.
Exemplo 1: A Princesa na Torre
Quando se fala em Princesa na Torre, quase todo mundo pensa em Rapunzel. Na verdade esse tipo de personagem não precisa necessariamente estar trancado numa torre. A essência da ideia é uma pessoa que está presa literal ou metaforicamente à espera de um “príncipe salvador”, alguém que a salve e acaba, de alguma forma, aprendendo a se salvar. A “torre” pode ser uma condição social desfavorável (ser um escravo, pertencer a uma classe ou etnia considerada inferior), um problema emocional ou mesmo de saúde. Exemplos de Princesas na Torre: o Shinji de Neon Genesis Evangelion e a Emma de Victorian Romance Emma.
Exemplo 2: A irmandade
Eles são aquele grupo unido, tipo Os Três Mosqueteiros – “um por todos e todos por um”. Podem ser guerreiros medievais lutando por seu rei, amigos de escola se ajudando a enfrentar os problemas típicos da adolescência ou heróis com superpoderes que lutam juntos para salvar o mundo, eles são grandes amigos e funcionam muito bem em equipe. Isso não quer dizer que não haja brigas e disputas entre eles. Uma discussão aqui, um desentendimento ali podem dar uma boa apimentada na sua história. O importante é que no final, a amizade fale mais alto (ou não, caso queira subverter o padrão). Exemplos de Irmandade: Belldandy, Uld e Sculd de Ah My Godess!, os times Kaijo e Seirin de Kuroko no Basket, o time Karasuno de Haikyuu!.
Exemplo 3: Os Gêmeos
Cumplicidade e parceria são suas marcas registradas. Os Gêmeos se entendem perfeitamente, quase que lêem os pensamentos um do outro. Não precisam ser irmãos de sangue nem terem se conhecido a vida toda. O seu relacionamento é forte e profundo e mesmo que estejam em lados opostos em uma guerra ainda haverá simpatia, empatia e compreensão entre eles. A trajetória dos Gêmeos quase sempre é marcada por momentos de separação onde cada um prova sua capacidade individual e ao mesmo tempo comprova o quanto o outro lhe faz falta. Exemplos de Gêmeos: Gon e Killua de Hunter x Hunter, Miaka e Yui de Fushigi Yuugi, Kiyo e Zatch de Zatch Bell.
Exemplo 4: O Impostor
O Impostor é aquele personagem charmoso ou no mínimo interessante, porém ambíguo. Seja por necessidade ou algum problema emocional, ele mente e/ou guarda segredos. Mesmo quando é realmente um bom sujeito, o personagem tem um jeito brincalhão, descompromissado, que o leva a ser mal entendido ou encarado com suspeita. O Impostor costuma ou provar sua lealdade e ser aceito ou ficar em cima do muro até o fim, ora apoiando os heróis, ora os vilões, de acordo com seus interesses pessoais. Exemplos de Impostores: Usopp de One Piece, Hisoka de Hunter x Hunter, Gieve de Arslan Senki.
Estes são só alguns dos muitos tipos de personagens que povoam os mangas. Criando em cima de cada tipo, você consegue fazer dúzias de personagens diferentes: A Princesa na Torre pode ser um rapaz que está fazendo faculdade de Medicina pressionado pelo pai e seu príncipe salvador pode ser um velho professor que o encoraja a fazer o que realmente quer. Os Gêmeos podem ser avô e neto que se adoram e vivem muitas aventuras juntos, e assim por diante. Você ainda pode trabalhar dessa forma também em cima de personagens de filmes e livros. As possibilidades são inúmeras!
E então, o que está esperando para começar a criar seus próprios personagens?
FONTE:
“Sugu ni Dekiru Kyarakutaa Zukuri” – Comickers Manga Technique Series (livro)
Vou e comecei!
Que bom, Lucas! Compartilhe com a gente quando tiver terminado sua história! =^__^=
Devia de ter um desses sobre criação de enredo. O enredo é o mais importante.
Sugestão anotada, Micael. Obrigada!
De nada.
Um post desse sobre personagens padrão em shoujos seria legal! Shoujos tem muitos clichês! Tipo, o cara que aparece para lutar pela mocinha contra o protagonista, por exemplo Yamaken e Haru de Tonari no Kaibutsu-kun. Ou o cara que só aparece para eludir a mocinha e engrandecer o papel de salvador do protagonista como em Maruoka-san chi no Kyouikugakari ou o Kimura no começo de Ookami Shoujo to Kuro Ouji.
Sem dúvida o shoujo tem uma boa coleção de padrões ^^
Valeu pela ideia e pelo comentário, Karina!