Tem bishonen no seu anime favorito?
Sempre tem um nos animes e mangas. Dependendo da história pode ser um vilão, um alívio cômico, um personagem secundário ou até mesmo o protagonista. O bishonen está em todas e faz muito sucesso, sim senhor.
Bishonen (美少年) significa literalmente “belo jovem”. Nos animes e mangas ele frequentemente é descrito como “tão bonito que parece uma menina”. Embora tenha mais destaque em obras shojo e yaoi/BL, é um tipo de personagem que também aparece com uma frequência crescente em mangas e animes shonen. Curiosamente, a aparência feminina não quer dizer necessariamente que o personagem terá também um comportamento de estereótipo feminino ou que se interesse por homens. Muitos bishonens são retratados como bons de briga e bem sucedidos com as mulheres.
O conceito de bishonen tem raízes antigas. No clássico Genji Monogatari, escrito por volta do ano 1.000, o príncipe Genji é descrito como possuindo uma “beleza transcedental” que poderia fazer um homem “desejá-lo como a uma mulher”. Nos seus primórdios, as gueixas, profissionais cuja função é entreter homens com sua beleza e talento artístico, tinham sua versão masculina, os taikomochi. No tradicional teatro Kabuki, do qual apenas atores homens participam, a estrela principal é o onnagata, o ator especializado em papéis femininos. A ideia é que quando a beleza e o talento são extremos, eles ultrapassam a barreira do gênero e são respeitados e admirados por isso.
Se você reparar bem, verá que mesmo nas obras claramente voltadas para o público masculino, os personagens bishonen não costumam ser vistos pelos outros homens com desprezo e sim com admiração e, às vezes, um tanto de inveja pelo fato de os bishonens serem populares com as mulheres. O Shun de Cavaleiros do Zodíaco, o Kurama de YuYu Hakusho, o Griffith de Berserk, são apenas alguns exemplos de bishonens respeitados e admirados pelos outros homens de seus respectivos grupos. Mesmo quando insinuam uma orientação sexual diferente, como o Reo (Leo?) Mibuchi de Kuroko no Basket, isso é apenas uma informação a mais e não afeta muito nem a história nem os demais personagens. No máximo, rende uma cena cômica ou outra – o que costuma gerar algumas reclamações por parte dos críticos sobre a falta de aprofundamento nesse tipo de questão, mas isso é assunto para outra hora.
A verdade é que a cultura japonesa tem uma forma muito particular de encarar questões relacionadas à sexualidade de modo geral. O preconceito em relação à homossexualidade, por exemplo, não é moral ou religioso, é social. Trocando em miúdos, a sociedade japonesa não condena a homossexualidade por acreditar que se trata de um pecado, mas sim por poder representar um impedimento para a manutenção da tradição, que exige que o homem se case com uma mulher e, principalmente, que tenha filhos. Pode-se dizer que para os japoneses a sexualidade da pessoa não é da conta de ninguém desde que essa pessoa cumpra o que seriam suas obrigações para com a comunidade – obrigações estas que, entre outras coisas, ainda hoje também incluem formar uma família tradicional.
Outra particularidade importante é a separação entre a realidade e a fantasia. Para os japoneses, no mundo da fantasia – que engloba desde animes e mangas, filmes, novelas, até casas de gueixas, maid cafés e host clubs – tudo é permitido. Homens vestidos de mulher, meninas com fantasias sexy, nada é julgado, tudo é aceito. Os bishonens, mesmo aqueles de carne e osso como os atores de kabuki e os idols masculinos, pertencem ao mundo da fantasia e, lá, são geralmente respeitados, mesmo usando maquilagem e roupas vistosas. Fora desse mundo, no entanto, as regras são outras. No mundo real, da família, da escola e do trabalho, a sociedade japonesa cobra disciplina, discrição, recato.
Se na Antiguidade os bishonens – tanto reais quanto imaginários – serviam para entreter e agradar outros homens, atualmente eles existem muito mais para divertir as mulheres, consumidoras cada vez mais numerosas e vorazes.
O bishonen dos animes e mangas é voltado majoritariamente para as meninas e sua evolução acompanha as mudanças nos gostos delas através dos anos – e também a moda, claro. Assim, os bishonens de vinte, trinta anos atrás eram bem esguios, magros mesmo, e tinham uma grande elegância. Hoje, estão mais musculosos, atléticos, e a elegância cedeu lugar à “fofice”. Parece que as mulheres japonesas, antes tão recatadas, estão se atrevendo a admirar abertamente o corpo masculino. É certo que, em comparação com as garotas ocidentais, as japonesas ainda são extremamente tímidas, mas que as coisas estão mudando, estão.
Por fim, acredito que dá para dizer com razoável certeza que a figura do bishonen nos animes e mangas tende a crescer cada vez mais, mesmo nas obras voltadas para o público masculino.
E então, meninas, qual o seu bishonen favorito? E vocês, meninos, o que pensam dos bishonens em animes e mangas?
FONTES
Sempre tem. :)
Lendo isso, me veio à mente o Alto Saotome, de Macross Frontier, que é um piloto que adora sua profissão tipicamente masculina, mas cuja família tem uma tradição de atores de teatro kabuki, e ele era um desses atores antes de fugir dessa vida, rsrs. Os colegas de trabalho atuais dele, principalmente o Michael, zombam bastante desse lado e o apelidaram de “princesa” (Alto-hime). É um exemplo de anime um pouco diferente do típico príncipe-bishounen-perfeito, e é um personagem que adoro, aliás!
Enfim, obrigada pelo post, Livia! Sempre muito interessantes seus posts sobre a cultura japonesa. ^_^ Até mais!
Personagens fora do padrão são sempre muito interessantes! Eu gostava do Kurama porque apesar do jeitão sério, de “sr. Perfeito”, ele tinha algumas das lutas mais engraçadas… XD
Obrigada pelo comentário, Chell!
~“beleza transcedental que poderia fazer um homem “desejá-lo como a uma mulher”~ isso me fez lembrar de quando o Naruto conheceu o Haku…que situação kkkk
Mas o Shun é de longe o meu favorito !
Hahaha, verdade, esse Naruto, hein? E ainda teve a beijoca no Sasuke XD
O Shun além de bishonen tem a arma mais legal dos Cavaleiros ^^
Valeu pelo comentário, Joanna!
Parabéns pelo seu Trabalho. E em relação ao personagens bishonens, eles não me incomodam.
Oba, muito obrigada, Guilherme! É ótimo saber que entre os apreciadores de mangás e animes tem bastante gente que não tem preconceito contra bishonens ^^
Bleach tem bishonen por todos os lados… Melhor, praticamente só tem bishonen e acho que esse é um dos fatores que fazem com que o mangá ainda tenha algum fôlego nas bancas… Eu gosto muito de personagens bishonen, na infância, Shun e Kurama estavam entre meus preferidos (E ainda estão :D).
O character design de Bleach é muito bonito, foi a primeira coisa que chamou minha atenção. Pena que todo o resto tenha decaído tanto com o tempo.
Shun e Kurama são lindos! Também gosto muito dos dois =^__^=
Valeu pelo comentário, Fernanda!
Sem dúvidas Hotohori de Fushigi Yuugi,ele é lindo!
Ah, o Hotohori e seus longos cabelos… *__* E, melhor de tudo, é lindo e engraçado!
Obrigada por comentar, Hikari!
Realmente estão sempre presentes, as vezes incomoda um pouco quando só estão lá pra cumprir cota de fetiches, no entanto quando são bem construídos representam um aspecto interessante da cultura japonesa.
Mas o que eu mais gostei mesmo no post foi como você descreveu que “A verdade é que a cultura japonesa tem uma forma muito particular de encarar questões relacionadas à sexualidade de modo geral.”, esse paragrafo e o seguinte colocam perfeitamente em palavras o pensamente que sempre tive a respeito desse assunto, através da impressão que as obras me passaram ao longo do tempo.
O texto ficou muito legal, obrigado por compartilhar com a gente. bye bye
É verdade, quando são mal trabalhados os bishonens se tornam a versão masculina das menininhas moe, haha…
Puxa, eu é que agradeço por suas palavras, é sempre bom saber quando um texto agrada ^^
Ahhh esses bishonens s2 vcs podiam fazer uma lista dos bishonens mais lindjos pra nossa alegria *0* kkkkkkkkkkk
Ia ser uma lista bem longa, eu acho =^__^= E sim, é uma ideia bem bacana, vou ver como podemos encaixar essa lista num post futuro.
Obrigada por comentar, Corujita!