Manhua: As histórias em quadrinhos da China!

Num país com mais de um bilhão de habitantes é lógico que eles haveriam de ter o seu próprio mercado de quadrinhos! Conheça o manhua!

Os quadrinhos asiáticos invadiram o mundo ocidental com força descomunal nos anos 90 e 2000. Embora hoje os oriundos do Japão sejam amplamente conhecidos internacionalmente, os dois outros maiores países a produzir esta arte são quase sempre esquecidos. China e Coréia do Sul também possuem um mercado vasto e interessante, mas quase sempre seus títulos são colocados na mesma embalagem do “manga”. Ledo engano. Estes dois países possuem a sua própria dinâmica de produção. E hoje vamos conhecer um pouco mais dos quadrinhos chineses, ou Manhua.

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A palavra “manhua” significa, literalmente “desenhos irresponsáveis”. Assim como os comics americanos, o manga japonês ou mesmo os quadrinhos brasileiros, eles se originaram de charges e ilustrações feitas inicialmente para provocar risos nos leitores de jornais.

No século XIX, quando a imprensa popularizou-se na República da China, os ingleses introduziram suas revistas de caricatura e situações cômicas. Estes livros eram chamados lianhuanhuas e um dos primeiros foi entitulado “The Punch China” que também era usado como veículo de propagação da nova ordem política que o ocidente queria impor ao antigo império.

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Até então estes primeiros quadrinhos eram peças soltas, publicadas a esmo em livros e jornais e, muitas vezes, não creditados. A primeira revista que oficialmente recebeu o nome de manhua foi a “Shanghai Sketch” (ou Shanghai Manhua). Trazia uma série de ilustrações, contos e – é claro – quadrinhos que ao mesmo tempo que satirizavam, também mostravam todo o glamour do modo de vida ocidental que cada vez mais entranhava-se na sociedade chinesa.

Estas revistas foram muito populares até o início da Segunda Guerra Mundial. O Japão obliterou a gigantesca China, destruindo seus meios de produção e fazendo com que a sua imprensa ficasse estagnada. Quando a guerra acabou, apesar de ter emergido do lado dos vitoriosos, o país estava destruído. O levante comunista poucos anos depois também fez com que a produção artística em geral fosse “interrompida”.

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Mas havia uma parte da China que floresceu imensamente neste período. Hong Kong, até então sob o domínio inglês, tornou-se uma metrópole rica e próspera. E lá os quadrinhos puderam florescer. O manhua ganhou as características mistas dos dois mundos de onde mais pegaram inspiração: comics americanos e mangas japoneses.

Com a popularização dos filmes de Bruce Lee, a milenar arte marcial chinesa aportou no terreno pop e milhares de quadrinhos sobre o gênero surgiram. Hoje, o chamado “kung fu farofa” (aquele que mistura arte marcial com poderes mágicos, como andar sobre a água ou golpes usando o Chi) é um gênero tão popular quando os super-heróis nos Estados Unidos ou os battle shonen no Japão.

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A influência mista dos dois mundos fez dos manhuas um estilo que mistura a narrativa mais densa típica dos quadrinhos americanos com a estética dos “olhões” dos títulos japoneses. As histórias são 100% coloridas e publicadas num formato que lembra mais os gibis americanos – apesar de saírem semanalmente, seguindo a periodicidade acelerada japonesa.

No entanto eles ainda não são muito conhecidos. Um dos motivos é que o mercado chinês é autossuficiente o bastante para não depender tanto do mercado externo – sem falar que muitos julgam, erroneamente, que manhua é só um manga de menor qualidade.

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Mas alguns nomes lentamente começam a se destacar. Um dos artistas do país que é mais conhecido hoje em dia certamente é Andy Seto, que fez a versão quadrinizada das histórias dos livros que deram origem ao filme O Tigre e o Dragão – publicado também no Brasil pela editora Panini. Outro nome que merece destaque é Situ Jian Qiao que começou a ganhar destaque com sua obra City of Darkness.

Há muito o que falar sobre os manhuas, sobretudo sobre um dos seus nomes mais icônicos: Tony Wong, o “Stan Lee chinês”. Entre outras grandes conquistas, ele até publicou um manhua do Batman! Mas isto ficará para uma próxima ocasião!

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Num país com mais de um bilhão de habitantes é […]

14 thoughts on “Manhua: As histórias em quadrinhos da China!”

  1. É muito bom encontrar matérias sobre quadrinhos de outros povos. Sei que é difícil encontrar fontes confiáveis e interessantes sobre os povos menos divulgados. Quando fui procurar sobre artistas chineses, o Tony Wong era citado mas simplesmente nada consegui encontrar sobre ele ou a obra. Parabéns pelo artigo.

    1. Realmente para conseguir estas informações e imagens tive que cavocar um pouco na internet chinesa (que, infelizmente, é cheia de vírus e propaganda…).

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