From Eroica with Love

Intriga, espionagem e muita comédia em From Eroica with Love! num dos grandes clássicos dos mangas.

“Onde quer que nos encontremos, são os nossos amigos que constituem o nosso mundo.”
William James

Bem vindos às segundas-feiras do Gyabbo!, onde os incríveis são normais!

Se você é um defensor assíduo do estilo de quadrinhos conhecido como “manga”, já deve ter ouvido que uma das suas características ditas como positivas é o fato das histórias terem um final. Uma alfinetada diretamente direcionada aos ad eternun grandes títulos dos comics americanos, como Batman, Superman e X-Men.

Acontece que o fato de possuírem um “final” não é exclusividade dos quadrinhos japoneses. Muitos comics americanos, fumettis italianos, BDs franco-belgas e quadrinhos de outras partes do mundo também possuem esta característica. Um título como Batman não é apenas uma história em quadrinhos, é uma marca. Uma instituição.

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A DC Comics e a Marvel não largam o osso dos seus grandes medalhões porque eles geram lucro certo (por enquanto…). Pode-se dizer que deste mesmo mal vivem também alguns títulos japoneses, como Dragon Ball que, até agora, não possui um “final”. Sim, o manga acabou, mas a franquia? Nem de longe! Bob Kane, o criador do Batman, desenhou e escreveu seu personagem durante muitos anos, mas um dia parou de faze-lo. Batman, tecnicamente, teve um final. Assim como Dragon Ball também teve. Conseguem notar a semelhança?

Bob Kane morreu, mas seu personagem vive. Da mesma forma que Shotaro Ishinomori também pode estar falecido, mas seus adoradores ainda podem apreciar releituras de suas obras, como Cyborg 009, Kamen Rider e outros, feitos pelas lentes de diversos artistas. Neon Genesis Evangelion segue para a casa dos trinta sempre recebendo sagas alternativas e remakes. E quantos spin-offs de mangas como Devil Man, de Go Nagai, ou mesmo Cavaleiros dos Zodíacos, de Masami Kurumada, já foram publicadas por outros autores? Encerra-se aqui a falácia de que “mangas possuem um final e comics americanas não”? Ótimo!

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Mas da mesma forma que existem, seja no norte ou sul, leste ou oeste, títulos de quadrinhos que se estendem até o infinito por causa do sucesso, existem também as obras que são feitas justamente para isto – Mangas do gênero “episódico” ou com arcos fechados, como Kochikame (1976), Asari-chan (1978), Golgo 13 (o mais antigo manga ainda em publicação, desde 1968 e que parece estar finalmente indo pro seu final), Captain Tsubasa (1982) e, por que não, Jojo’s Bizarre Adventures (1987). E não creio que, mesmo após a morte dos autores, alguns destes títulos irá se encerrar.

Hoje falaremos justamente de um destes mangas que não possuem um “final” certo. Um que talvez alguns já tenham ouvido falar, mas nunca se interessaram em conhecer. Pode ser que este artigo faça-os mudar de ideia. Vamos falar de From Eroica with Love.

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Criado por Yasuko Aoike em 1976, Eroica é um shoujo manga de estilo episódico que, como Golgo 13, também foi inspirado em séries e filmes de espionagem, como a saga James Bond. Trata-se de uma história policial recheada de comédia, quase como uma paródia dos filmes policiais. O nome é inspirado no livro do personagem James Bond, escrito por Ian Flemming, “From Russia with Love”.

O personagem principal é Dorian Red Gloria, Conde de Gloria – que assume o codinome de Eroica (e cuja aparência é totalmente baseada no músico Robert Plant do Led Zeppelin). Um lorde inglês que, entediado com sua vida de privilégios, decide se tornar um ladrão internacional. Ele sempre sai a procura das coisas mais pitorescas para roubar, como obras de arte que não possuem grande valor comercial, servindo apenas para decorar sua mansão. Ele é frívolo, sarcástico e abertamente gay. E em todos os volumes ele sempre acaba topando com seu maior inimigo, o Major Klaus Heinz von dem Eberbach.

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Klaus é um major reformado da Alemanha Ocidental (em 1976 o país era dividido em dois). Um homem sério, focado e determinado em realizar suas missões com perfeição. Seu apelido, “Iron Klaus”, não é sem razão, pois ele tenta ser sempre o menos flexível possível, sobretudo com a incompetência alheia. Embora suas missões estejam bem acima do que simples roubos de artefatos artísticos, ele acaba encontrando com Eroica no meio de uma missão e tenta captura-lo.

De personalidades completamente opostas, os dois naturalmente começam se estranhando, mas fica claro que Eroica, aos poucos, vai desenvolvendo certa afeição por Klaus – que reage a suas investidas com repugnância. Esta situação parodia a relação de personagens de filmes policias do tipo, onde o investigador ou agente secreto sempre pega todas as garotas – Klaus jamais cederá um fio de cabelo seu sequer para Dorian, ou pelo menos assim parece.

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As histórias costumam ter iguais doses de ação e comédia, quase como um Lupin III da vida (outra franquia que não acaba). A arte de Aoike deu uma ligeira evoluída (felizmente!) dos anos 70 para cá, embora ainda guarde algumas características retrôs – para a alegria dos fãs mais antigos.

A série não é um sucesso estrondoso, mas possui leitores fiéis que sempre estão comprando seus novos volumes – que se somam em 39 até agora. Porém parece que Eroica não consegue atrair novos fãs.

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Como o editor americano Jim Chadwick, do extinto selo CMX (que foi a linha de mangas da DC Comics), comentou certa vez numa entrevista: “A série funciona brilhantemente em muitos níveis: história de espionagem, ação, suspense, intriga internacional e aventura, forte veia de comédia entre as personagens etc. Há muito com o que se divertir em Eroica e seria limitador dizer que só seria interessante para quem curte yaoi.”

O mercado brasileiro não é exatamente o mais fértil para obras retrôs ou mesmo do gênero de espionagem (haja vista o lamentável cancelamento de Sanctuary, por exemplo…), mas From Eroica with Love não é difícil de encontrar em importadoras traduzido para o inglês.

Outra vantagem é que, por ser um manga episódico, é possível começar a ler a partir de qualquer volume – a história será compreendida mesmo se vocês pegarem os últimos para ler (cuja arte de Aoike está “melhor” trabalhada). Vale a espiada.

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4 thoughts on “From Eroica with Love”

  1. E eu sempre que via esse título nas listas de mangás acabava deixando de lado por causa da arte que não me atraía… Mas se é episódico e a arte evolui, vou dar uma olhada. Boas comédias sempre valem a pena! ^^

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