Le Chevalier D’Eon

Le Chevalier D’Eon tem intrigas políticas, mistério e magia negra misturadas com altas doses de drama.

Paris, 1742. O corpo de uma mulher chamada Lia de Beaumont é encontrado em um caixão flutuando no Rio Sena. A única pista para solucionar o mistério de sua morte é a palavra “Psalms” (“Salmos” em inglês) escrita em sangue na tampa do caixão. D’Eon de Beaumont, irmão mais novo de Lia e cavaleiro a serviço do rei Luís XV, decide investigar e vingá-la. Para alcançar esse objetivo ele conta com a ajuda de três pessoas que cruzam seu caminho de diferentes formas, e também do espírito da própria Lia, que em certas ocasiões possui o corpo do irmão.

Le Chevalier D’Eon foi concebido inicialmente pelo escritor Tow Ubukata como um projeto cross-media que seria lançado simultaneamente em novel, manga e anime, cada um com uma versão diferente e complementar da história e de seu protagonista. No fim, o manga acabou sendo lançado antes, em 2005, e o anime em 2006 produzido pelo estúdio Production I.G  em um total de 24 episódios dirigidos por Kazuhiro Furuhashi, o mesmo dos OVA de Rurouni Kenshin.

robespierre e lia

Robespierre (seria aquele da Revolução Francesa?) e Lia de Beaumont.

O anime tem um clima dos romances de Alexandre Dumas, inclusive D’Eon e seus companheiros de aventura são chamados de “os quatro mosqueteiros” numa clara referência ao famoso romance capa-e-espada. O design dos personagens tem um traço simples porém realista, e os backgounds são muito bonitos, retratando França, Inglaterra e Rússia do século XVIII. A animação em certos momentos é excelente, com algumas sequências de luta primorosas.

O tema de Le Chevalier D’Eon, de acordo com seu criador Tow Ubukata, é a “contradição”. No anime os Salmos, que são cânticos de louvor a Deus na Bíblia, são usados para invocar magia negra; os ricos vivem em belos palácios e apreciam música requintada enquanto os pobres morrem de fome; e o protagonista, um homem, se torna mais forte e agressivo quando seu corpo é possuído pelo espírito de uma mulher. D’Eon de Beaumont, figura histórica real, foi uma escolha a dedo como base para o protagonista. O verdadeiro D’Eon foi militar, diplomata e espião a serviço do rei Luís XV, mas ganhou fama por ter uma aparência muito andrógina, o que provocou boatos de que seria na verdade uma mulher. Sua vida foi cheia de altos e baixos, ora agindo com coragem e esperteza, ora tomando decisões aparentemente absurdas. D’Eon de Beaumont parecia ser a contradição em pessoa.

mosqueteiros

Os quatro mosqueteiros: Durand, D’Eon, Teillagory e Robin.

O D’Eon de Beaumont do anime mantém essa característica, mas se afasta da figura histórica no que diz respeito à personalidade: ele é bem menos assertivo e mais inocente, o que talvez não agrade o espectador que prefira um protagonista mais heroico. Por outro lado, quem aprecia protagonistas imperfeitos, às vezes irritantemente humanos, poderá gostar.

Quanto aos demais personagens, aqueles que gostam de bordões, caretas, trejeitos ou qualquer característica mais típica de animes poderão achá-los pouco interessantes. Os personagens de Chevalier são nobres e plebeus da Europa do século XVIII e se comportam como tal, o que pode causar um certo estranhamento e dificuldade para empatizar. De todos, talvez os que menos sofrem desse problema são Durand devido a seu charme e ambiguidade, e o jovem Robin, responsável pela maioria das poucas cenas cômicas da série.

D'Eon

D’Eon de Beaumont: quieto, pacífico, vivendo ä sombra da irmã mais velha…

possuído

D’Eon de Beaumont: possuído pelo espírito da falecida Lia, sedento de vingança!

Embora seja essencialmente um drama com doses de mistério e sobrenatural, Chevalier tem algumas ótimas cenas de ação e o ritmo nunca fica muito arrastado. Pode ser um tanto difícil de acompanhar para quem não gosta de tramas complexas ou não aceita que se use de licença poética com personagens históricos, pois na grande rede de intrigas que D’Eon e seus companheiros vão desvendando desfilam nomes famosos, de revolucionários como Robespierre a reis e rainhas como Luis XV ou Catarina II. Entretanto, para quem procura algo diferente dos animes mais populares, pode ser bem interessante.

E, assim como nos romances de Dumas, a tragédia atinge a todos em maior ou menor grau. Ninguém escapa totalmente ileso, nem mesmo o protagonista.

Saiba mais sobre o verdadeiro Chevalier D’Eon: http://www.historytoday.com/jonathan-conlin/strange-case-chevalier-d’eon

Sobre liviasuguihara

Instrutora de inglês, "arteira", amante de animes e mangás. Você também me encontra no Twitter (@lks46), no Behance (https://www.behance.net/lksugui7ac5), e no Instagram (liviasuguihara).

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