Safras da Shonen JUMP: 2013

Vamos falar das séries que entraram e saíram da SHONEN JUMP em 2013!

“Sua vida é fruto de suas ações. Não culpe a ninguém, exceto a si mesmo.”

Joseph Campbell

Bem-vindos às noites de segunda-feira do Gyabbo!, onde os bizarros são normais!

Comecei a falar sobre as “safras” da JUMP: períodos onde novas séries surgem como frutos verdes e outras, que apodreceram no pé, são descartadas. Hoje irei falar das séries que vieram e se foram no ano de 2013.

É muito importante que você já tenha lido os dois posts anteriores, ESTE e ESTE para compreenderem o que vou falar neste aqui. Bora lá!

Shonen_Jump_2013_Issue_37-38

Ano de 2013

O ano anterior não fechou muito bem para a JUMP. Três sucessos haviam se despedido (Bakuman, Reborn! e Nurarihyon no Mago) e dos doze lançamentos, três se tornaram retumbantes fracassos: Sensei no Bulge, Takamagahara e Retsu!! Date-Senpai (que ainda estava “vivo” no início do ano, mas não resistiria muito tempo). Duas grandes apostas também estavam naufragando logo depois de sair do cais: Hungry Joker e Shinmai Fukei Kiruko-san!.

Mas ainda havia esperança. Quatro séries estreantes conseguiram cair no gosto do povo: Haikyuu!, Assassination Classroom, PSI e Shokugeki no Soma, com destaque para o segundo. A “Escolinha do Professor Molusco” se tornaria um hit quase instantâneo na revista e estava conseguindo vendas assustadoras com seu primeiro e segundo volume!

Vamos agora aos lançamentos e cancelamentos do período. Lembrando que algumas séries que aparecem aqui (sobretudo algumas das canceladas) eu já fiz meus comentários no post anterior.

Safra 1

Estreias: Koi Suru Edison e World Trigger

Cancelados: Kurogane Kendo e Retsu!! Date-Senpai

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Koi Suru Edison, manga de comédia, criado por Watanabe Kizuku. Como próprio nome já diz, o enredo tem a ver com o inventor americano Thomas Edison. Dizem que sua ultima invenção foi na forma de um parafuso estranho e todo o conhecimento de Edison foi inserido nesse parafuso – que está atualmente alojado dentro da cabeça de uma garota do ensino médio.

Geralmente mangas de comédia não costumam ter grandes desempenhos fora do Japão, porque o humor é sempre uma coisa muito local. Os ocidentais não entendem e, quando entendem, não acham tanta graça. Mas no caso de Koi Suru Edison parece que nem os próprios japoneses entenderam e mandaram a série embora logo. Eu achei um alívio que usaram o nome do fanfarrão do Thomas Edison para esta série…

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World Trigger, série de ação e sci-fi criada por Ashihara Daisuke. Num fatídico dia na cidade futurista Mikado, um portão para outro mundo se abre. Monstros chamados de “Vizinhos” aparecem e a fraca tecnologia humana é inútil para combatê-los. Mas um grupo misterioso, conhecido como Agência Fronteira, cria um sistema de defesa contra os Vizinhos. Yuuma Kuga, o personagem principal, é um destes “Vizinhos”, mas aparentemente ele quer ajudar a humanidade.

Esta série é um exemplo de ganho de anime precoce: nem completou dois anos na JUMP e já recebeu sua versão animada. E o mais impressionante é que seus rankings nem são tão altos assim – seu primeiro ranking foi o sexto e atualmente ele sempre se mantem por volta do décimo lugar na maioria das TOCs. Por enquanto World Trigger resiste, mas se o anime não ajudar nas vendas, pode ser que esta série venha a se despedir em breve.

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Kurogane Kendo, manga de vida escolar, esportes e uma pitada de sobrenatural, criada por Haruto Ikezawa. Conta a história do jovem Kurogane Hiroto, um rapaz brilhante em todas as matérias da escola, mas uma negação para qualquer esporte. Ele decide entrar para o time de kendo e percebe que seu olho consegue ver os movimentos do adversário com extrema clareza, mas seu corpo lerdo não consegue se aproveitar disto.

Esta foi uma série que passou totalmente despercebida por mim, o que é uma pena, pois parecia divertida. De fato o pequeno elemento sobrenatural na história lembrava muito Hikaru no Go e talvez esta “mesmice” tenha sido o calcanhar de Aquiles da série. Durou oito volumes, fazendo uma campanha decente dentro da JUMP.

Safra 2

Estreias: Soul Catcher(S), Mutou Black e Smoky B.B

Cancelados: Shinmai Fukei Kiruko-san, Hungry Joker

Encerrado: Medaka Box

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Soul Catcher(S), um manga sobre música orquestral criado por Shinkai Hideo. Kamine Shuuta é uma pessoa que pode ver o coração de uma pessoa (literalmente) sabendo se a pessoa está com ele partido, ferido, radiante etc. Tokisaka Hibiki é um saxofonista no clube de música e quando Shuuta escuta seu saxofone, percebe que ele pode curar os corações das pessoas com sua música. Como podem ver, o manga tem uma pitadinha de sobrenatural também.

Esta série caiu fora da JUMP, mas sob uma chuva de protestos dos fãs (até porque coisas muito piores ficaram na revista quando Soul se foi). Mas como consolo, ela não foi “cancelada”, mas sim “transferida” para a JUMP NEXT – uma versão mensal da SHONEN JUMP que tem por objetivo apresentar o trabalho de novatos e abrigar algumas séries mais conhecidas para melhor impulsionar as vendas.

Lá, além de Soul Catcher(S) ainda temos um mangá spin off de Beelzebub e vários calouros tentando emplacar one-shots para se tornarem futuras séries dentro da JUMP. Quem sabe, mais para frente, falamos desta revista.

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Mutou Black, série ambientada no Japão da era Meiji, criado por Daijirou Nonoue. Contava a história de Yukiji, um mestre de uma arte marcial semelhante ao aikido que tem por objetivo apenas se defender, e também garantir a integridade física tanto sua quanto do oponente. Uma característica peculiar sua é que ele possui um estranho cabelo bicolor. Na tentativa de encontrar um discípulo para seu dojo, ele acaba encontrando um garoto muito promissor… e que também tem cabelo bicolor.

Ai… o fim desta série me deu uma dor no coração! E a razão é porque ela durou míseros 12 capítulos! Acho que nunca, na história da JUMP, uma série durou tão pouco! Corrijam-me caso eu esteja equivocada. Alguns dizem que o motivo dela ter acabado tão cedo pode ter sido, em parte, a decisão do autor ao ver o grande desinteresse do público nela logo nos primeiros capítulos. Porque sua posição nos rankings era sempre rasteira.

Talvez o motivo da sua impopularidade foi o personagem principal – que era uma espécie de “Kenshin Himura” chato. De fato eu li a série e o roteiro estava bem fraquinho… mas eu esperava que melhorasse. A arte era belíssima e eu espero de todo o coração que o autor esteja planejando sua volta. Aquele traço bonito faz falta!

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Smoky B.B, manga de Komiyama Kenta e Kawada Yuuya. Um jovem calouro, Hayata, está com seus pais cheios de dívidas e encontra no baseball uma forma de ajudar nas contas da casa. Uma garota misteriosa esta disposta a ajuda-lo se ele entrar no clube da escola.

Outro manga de esportes de baseball, como muitos. Para conseguir se superar ele precisaria ter um algo mais. E este algo mais, infelizmente, não veio. O protagonista era fraco, a história era fraca e a arte boa. Naufragou rapidinho. Acho que quase tão rápido quanto Mutou Black.

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Medaka Box, de Nisio Isin e Akira Akatsuki. Conta a história de Kurokami Medaka, a presidente da associação de estudantes de sua escola. Ela criou uma caixa onde os estudantes podem colocar pedidos de ajuda – daí o nome da série. Juntamente com os membros da associação de estudantes Zenkichi, Akune e Kikaijima, Medaka enfrenta os desafios na escola, onde vários estudantes possuem poderes sobrenaturais.

Confesso que fiquei na dúvida se colocava Medaka Box como “encerrado” ou “cancelado”. Acho que foi um misto de ambos! A série teve seu momento de sucesso, teve anime, teve muitos fãs e terminou vendendo razoavelmente bem. Porém, em seus últimos capítulos, seus rankings estavam rasteiros. Bom… fica registrado o seu término decente, com 22 volumes no total. Nada mal.

Safra 3

Estreias: Kurokuroku, Ginga Patrol Jako e Hime Doll

Cancelados: Cross Manage, Koisuru Edison e Mutou Black

Encerrados: Sket Dance

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Kurokuroku, nomezinho chato, hein? Obra de Nakamura, Atsushi, conta a história de Yusa Chiaki, uma estudante colegial comum cujo lema é simplicidade e frugalidade. Um dia, indo  procurar um emprego de meio período, ela é perseguida por criaturas chamadas kappas e um misterioso homem a resgata. Mais um shonen de porradaria, ambiente escolar e sobrenatural.

Outra série que não me despertou interesse nenhum. Achei tão sem sal… e os leitores também. Teve um desempenho medíocre.

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Hime Doll, outro manga com toque de ecchi (desconfio que este gênero não funcione mais na JUMP, pelo menos não se não estiver atrelado a alguma coisa mais legal). Criação de Kyou Kazuro. Conta a história de Kiriyama Kyoutarou, um rapaz que deseja ser cabelereiro e vê na jovem Samejima Alto, uma infame garota delinquente, uma chance de brilhar através dela. O objetivo deste rapaz será transformar esta moça abrutalhada numa Idol – um tipo de modelo-cantora-dubladora japonesa feita para virar um hit instantâneo.

Outro manga insosso que não me despertou interesse nenhum. Nem do público da revista.

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Ginga Patrol Jako… woa, woa! Segurem os cavalos! Um manga de Akira Toriyama? SIM! A história se passa em uma ilha onde vive um estranho senhor chamado Oomori. Um dia, uma pequena espaçonave pousou na água perto de sua ilha. Era um alienígena chamado Jako. A nave de Jako está quebrada então ele tem que ficar lá até que seja consertada. Ele diz que veio a Terra para aprender mais sobre os humanos. Oomori não gosta de pessoas, mas decidiu ajudá-lo. Uma história que pode ser chamada de “prelúdio de Dragon Ball”.

Bom… era apenas uma mini-serie. Afinal, titio Toriyama não precisa trabalhar pelo resto da vida – e provavelmente seus filhos e netos também não vão precisar quando herdarem seu legado. Pelo que ouvi dizer esta historinha não foi muito bem aceita e acho que era isso que Akira-sensei queria: algo descontraído, só para ele esticar os dedos e nada mais. Eu achei legalzinho.

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Sket Dance, um gag manga com doses ocasionais de ação, aventura, suspense, romance, slice of life, drama, histórico, sobrenatural, esportes, terror… uau! Este manga tinha de tudo! De vez em quando você até se perguntava se era um shonen, um shojo, um seinen ou josei. Eita! Como assim? Simples! Seu autor, Kenta Shinohara, é um verdadeiro camaleão do traço e do roteiro! Poucos mangas eram tão versáteis como Sket Dance, pelo menos nas páginas da JUMP.

O enredo era até bem simples: três jovens, o prestativo e engraçado Bossun, a esquentadinha Himeko, e o esquisitão bonitão Switch decidem criar um clube em sua escola onde a função é ajudar seus colegas em qualquer coisa que precisarem. Qualquer mesmo! Desde investigar um mistério, montar uma banda, limpar um terreno, cuidar de um animal de estimação e montar uma peça de teatro. Os três eram pau-para-toda-obra, e o próprio manga também era assim! Cheio de personagens carismáticos, a série transitava por vários gêneros – embora se focasse, sobretudo, na comédia.

Um mangá que custou muito para sobreviver na JUMP, mas conseguiu manter-se na grade por um bom tempo, saindo com a cabeça erguida e com um anime na bagagem – deixará saudades!

Safra 4

Estreias: Hachi, Koi no Cupid e Isobe Isobee Monogatari

Cancelados: Smoky B.B.

Encerrados: Ginga Patrol Jako

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Hachi. Vou confessar: não sei nada desta série porque, devido ao nome, fica praticamente impossível pesquisar qualquer coisa na internet! A procura pelo nome no google dá muitos conflitos com os talheres japoneses e um certo cãozinho da raça akita. Só achei esta imagem porque eu sabia em que edição da JUMP a história ia estrear.

Bem… a série não durou mesmo. Mas se alguém souber mais sobre ela e quiser comentar nos comentários, por favor, fique à vontade.

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Koi no Cupid, série de Tomohiro Hasegawa. Conta a história de Yakenohara Jin, um demônio da destruição na guerra de um reino mágico. No entanto, ele decidiu mudar totalmente seu caminho. Jin queria ir para o mundo humano e agir como um cupido! E o seu primeiro caso romântico a resolver é o do adolescente Yoshimaru e a garota que ele gosta, Hanai Yuriko.

Quando eu vi imagens deste manga pela primeira vez eu pensei “Que diabos é isto?!” Ouvi falar na premissa e pensei “Interessante!”. Uni premissa com arte, roteiro e primeiras impressões: “Não vai dar certo!” pensei. E acertei. Alias, todo mundo acertou: ninguém acreditava que esta série ia dar certo…

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Isobe Isobee Monogatari, foi, certamente, uma das séries que mais chamou a atenção em 2013. Trata-se de uma manga de comédia que se destaca por ter um traço que mimetiza o estilo das antigas gravuras japonesas. Criado por Ryou Nakama, conta a história de Isobe Isobee, um preguiçoso samurai com grandes sonhos. Ele vive com sua mãe, que acredita  muito nele. Seu hobby é um tanto “otaku”, mesmo para a época: ler obras pornográficas do período Edo sem que sua mãe perceba. Mas apesar de ser ele uma piada, Isobee planeja se tornar um samurai respeitável um dia.

Esta série não apenas surpreendeu com o estilo de traço, mas também com o roteiro: bem-humorado e, apesar de tudo, convincente. Suas posições no rank da revista são sempre medianos, o que não é ruim para um manga desse estilo. É mais uma obra que tem todas as chances do mundo de NÃO vir ao ocidente. Uma pena.

Safra 5

Estreias: Iron Knight

Cancelados: Kurokuroku e Hime Doll

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Iron Knight, manga de Yagi Tomohiro, tecnicamente ele estreou em 2014, na primeira edição do ano (que foi lançada no mês de dezembro de 2013 – sim, os japas sempre adiantam em um mês suas publicações). A história gira em torno de um garoto com um forte senso de justiça chamado Teppei (um trocadilho com as palavras “soldado de ferro”). Seu pai é um policial e ele vive uma vida bastante normal. No entanto, um dia, monstros surgem e transformam sua cidade em ruína. Além disso, por algum motivo, a mudança súbita também possibilitou com que o corpo de Teppei se transforme em um demônio de ferro.

Esta série agradou muito o pessoal ávido por um roteiro mais pesado e uma série mais “dark” dentro da JUMP. Porém, infelizmente, a série acabou sendo muito mal desenvolvida e encerrou-se com parcos 18 capítulos. Uma pena.

……………………

Terminamos aqui os comentários sobre a “colheita” e o “descarte” de 2013.

Tivemos doze séries estreantes. Delas, apenas duas continuam até hoje (World Trigger e Isobee), embora não sejam exatamente grandes sucessos até a presente data. Uma foi “transferida” (Soul Catcher(S)) e uma foi encerrada no mesmo ano (Ginga Patrol). Todo o restante foram fracassos de dar pena! Das séries mais antigas, Medaka Box acabou se despedindo depois de uma carreira estável, mas que acabou decaindo nos últimos capítulos. E Sket Dance faz falta até hoje! Mas acabou quando tinha que acabar mesmo.

No nosso próximo post vamos falar das estreias e cancelamentos de 2014, deste ano tão peculiar que acaba de se encerrar!

Vamos falar das séries que entraram e saíram da SHONEN […]

23 thoughts on “Safras da Shonen JUMP: 2013”

  1. muito bom as analises, a jump está sempre tentando encontrar os chamos pilares da revista. agora com o fim de mangás famosos da revista vamos ver com vai ser o futuro.

  2. E como Sket Dance faz falta!! As vezes um capitulo começava com comédia e no meio fazia chorar para em seguida voltar positivo. Sei que é impossível que venha para o Brasil, mas como seria bom. O anime era ótimo também.

    1. Talvez Sket tenha mais chance porque já teve anime, mas realmente as chances são pequenas. Uma pena, é um manga muito gostoso de se ler – poderia funcionar, inclusive, naquele formatinho de Super Onze

  3. Eu sinto muita falta de Medaka Box. Até entendo a queda dos capítulos finais mas vendo a obra como um todo eu condigo entender o que o autor queria passar com aquele mini-arco.
    Medaka se tornou o meu manga favorito da Jump, pode não ser o melhor mas os temas e criticas ao sistema Junp aliado ao carisma dos personagens (Kumagawa is love, Kumagawa is life!) me conquistaram como nenhum outro manga conseguiu. Ter sido um manga shonen com uma protagonista mulher que em momento algum fica dependendo de um homem ganhou pontos comigo também. Até porque a Medaka foi muito bem desenvolvida. Se mostrando mais humana apesar de ter sido apresentada como uma santa que estava sempre certa (sendo intencionalmente não identificável para ser desconstruida e desenvolvida depois)

    1. Sim, Medaka poderia ainda estar sendo publicado se tivesse o mesmo apoio que os editores dão a um Bleach da vida (ou mesmo a um lllegal Rare, que até que sustentaram nas costas por mais tempo que merecia).

  4. Hachi é do autor de muhyo to rouji manga q fez até relativo sucesso durou 130 capitulos.
    a esse ano teve um manga q acabou tão rapido quanto Mutou foi Tokyo Wonder Boys
    boa materia

  5. Ali no post eu li que a NEXT era mensal? ela eh Bimestral, a mensal eh Square, que por sinal, conta com ao no exorcist, to love ru, e claymore ( terminado ) que tinha sido movido pra ela.

    1. Jump NEXT era, originalmente, uma revista quadrimestral (ou “sanzonal”, com algumas publicações especiais em datas importantes), depois se tornou mensal e agora é bimestral.

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