Lúcifer e o Martelo – Editora JBC – Vol. 1

Lúcifer e o Martelo, da editora JBC, um manga com um tema e abordagens profundas, mas personagens que parecem ter vindo de um filme trash. Como resultado, uma mistura deliciosamente divertida e enriquecedora!

Logo nas primeiras páginas esse mangá chama a atenção com sua introdução cômica e tresloucada: um protagonista sério que logo que acorda dá de cara com um lagarto falante que se diz um cavaleiro, chamando-o para salvar o mundo. Ficou impressionado? Bem, pra quem já está acostumado a ler mangás de todos os gêneros, talvez nem tanto, mas o desenrolar da história tem uma marca irreverente.

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Um mal eminente que ronda a Terra, o Biscuit Hammer, é um martelo gigante que paira sobre o espaço, pronto para destruir o nosso planeta como um frágil biscoito. Este é dado como a arma mais poderosa do “Feiticeiro”, personagem ainda oculto no começo dessa história, que possui a intenção de destruir o planeta.

Mas então você, como leitor, começa a se deparar com a mensagem subliminar que tem por trás disso tudo; quem seria o verdadeiro “feiticeiro” se não nós mesmos, os humanos? O que seria esse “martelo gigante” e os outros “bonecos de barro” criados pelo feiticeiro que ficam andando pela Terra espalhando a destruição senão o que nós mesmos construímos… O excesso de tecnologia, prédios, fábricas e tudo o mais que está destruindo o planeta aos poucos?

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Bem, mas não para por aí, a verdadeira personagem que fará nosso protagonista embarcar nessa missão é Samidare Asahina, chamada de “princesa” pelos cavaleiros que se unem nessa jornada, mas não passa de uma simples garota colegial, com uma personalidade peculiar e uma força extrema.

Ela tem o objetivo de destruir o Biscuit Hammer e derrotar o Feiticeiro, embora seu objetivo final não seja salvar o planeta especificamente, o que faz com que suas intenções sejam duvidosas, tornando a história mais interessante e dispensando o velho clichê de heroína de sempre.

Uma cena que me chamou muito a atenção foi o momento em que Samidare aponta para os céus e diz para Amamiya, o nosso protagonista:

“Olha pra lá, o céu!”, “Não vejo nada – diz Amamiya”, “Mas tá lá. Aquilo que vai destruir a Terra. Apenas as pessoas que querem vê-lo, conseguem ver de fato!”

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Isso me faz refletir sobre o que a humanidade está vendo e para o que ela fecha os olhos!

Outro fato interessante são as cicatrizes internas que o nosso protagonista, Yuuhi Amamiya, carrega. Não foi um assunto que sobrecarregou a história, mas foi abordado de maneira sutil no início e bem aprofundado quando se aproximou do final do volume.

De certa forma me surpreendeu, pois é um tema sério sem ficar deslocado, não foi exagerado, coube perfeitamente e adicionou um pouco de mistério ao personagem. Algumas coisas foram parcialmente resolvidas colocando Amamiya em uma posição de teste consigo mesmo, mas claramente ainda tem muito o que ser esclarecido no decorrer do enredo.

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Obviamente aparecerão mais personagens posteriormente, neste mesmo volume já é acrescentado um cavaleiro que se apresenta para essa batalha pelo planeta. Em suma eu gostei bastante do primeiro volume, tem uma pitada de comédia, mistério e uma guerra apocalíptica eminente que cobrará decisões de cada um dos personagens.

O traço do  autor Satoshi Mizukami também me agradou, nada incrível, mas é bem feito. A edição da editora JBC está muito boa, com páginas coloridas e uma nota do próprio autor feita especialmente para a edição brasileira.

De resto, só posso dizer que aguardo ansiosa para completar esse mangá na minha coleção!

Sobre Karina Herbsthofer

Artesã, fotógrafa, escritora, otaku, comilona, amante de gatos e dança. Viciada em cheirar livros! Mora no estado de São Paulo. Escreve no blog do Gyabbo! desde 2014.

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