Livro – Battle Royale: o polêmico sucesso japonês

O que você faria se fosse preso em uma ilha e tivesse que lutar até a morte contra os seus colegas de classe em um jogo em que só um pode sobreviver? Conheça Battle Royale, o polêmico sucesso japonês.

A premissa acima, de Battle Royale, uma franquia de enorme sucesso causou tanta polêmica que ele foi desclassificado na fase final do prêmio Japan Grand Prix Horror Novel em 1999.

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Esse é o dilema de Shuya Nanahara ao ter a sua turma escolhida para participar do jogo anual. Os estudantes são levados para uma área isolada onde recebem um kit de sobrevivência com uma arma para se proteger e matar os concorrentes – as armas variam de garfos de cozinha à metralhadoras. Nos pescoços de cada um dos estudantes é colocada uma coleira rastreadora que monitora sua localização e se estão vivos, além de ser capaz de matá-los se estiverem em um dos quadrantes proibidos. O jogo acaba quando só restar uma pessoa viva.

A justificativa é provar a crueldade do ser humano e como não é possível confiar em ninguém – nem nos melhores amigos da escola ou nos interesses amorosos. É claro que, sendo o governo de um país totalitário e um livro dos gêneros distopia e ação, o verdadeiro objetivo é o controle da população. Nesta instância, surgem as comparações com Jogos Vorazes (para muitos, Battle Royale é a grande inspiração para a franquia norte-americana). Todavia, enquanto a saga de Suzanne Collins foca na sociedade como um todo, Battle Royale trabalha o jogo em si e é nele que reside a sua metáfora, não poupando detalhes sangrentos.

Elenco do Live Action, o ator Takeshi Kitano e a atriz Chiaki Kuriyama (Kill Bill) estão no filme.

Elenco do Live Action, o ator Takeshi Kitano e a atriz Chiaki Kuriyama (Kill Bill) estão no filme.

A turma de Shuya consiste em 42 estudantes ao todo, sendo 21 rapazes e 21 moças. Todas as personagens são individualizadas, possuem características e gostos próprios, mesmo que só sejam mencionadas em um único parágrafo. Shuya é o típico herói: carismático, corajoso, proativo. Chega a ser incômodo o número de garotas apaixonadas por ele – em certo momento, a impressão de que ele seja feito de açúcar e chocolate é forte.

Outras personagens como o misterioso Shogo, a amigável Noriko, a forteTakako e o genial Shinji, destacam-se justamente por serem tão diferentes de Shuya. O principal antagonista masculino entre os estudantes é frio e calculista, aparentemente sem emoções, até mesmo em sua forma de decidir se participaria do jogo ou se recusaria. A antagonista feminina, por sua vez, foi moldada pelas circunstâncias de sua jovem vida, o que não apaga o erro de suas ações antes e durante o jogo. Os dois já estão ligados a uma vida de crimes aos 14 anos e incentivam outros colegas a seguiram caminhos similares. Todavia, enquanto ele ignora as emoções, ela as domina e usa para manipular os adversários como sua maior força.

Contudo, o verdadeiro vilão da história é o “professor” Kinpatsu Sakamochi (uma referência a um professor da série japonesa San-Nen B-Gumi que durou 32 anos, na qual o professor Kinpachi ajuda e aconselha seus alunos). Sakamochi é a perfeita representação do sistema opressivo: ele é autoritário, sádico e cruel. A crítica a um sistema de ensino exigente, excludente, que incentiva a competição entre os alunos e que é de poucos vencedores toma forma através dele. Dessa maneira, Battle Royale em muito funciona como metáfora para as escolas japonesas.

Mangá em 15 volumes com roteiro do autor original e arte de  Masayuki Taguchi.

Mangá em 15 volumes com roteiro do autor original e arte de Masayuki Taguchi.

A escrita de Koushun Takami é envolvente, veloz e prática, o ritmo se mantém por todas as 666 páginas. O autor utiliza muito bem a alternância de pontos de vista na história, permitindo que conheçamos com mais aprofundamento as personagens. Em uma distopia atolada por tantas mortes, nenhuma era somente um cadáver vazio de conteúdo e personalidade. Battle Royale é a única obra do autor que antes de sua publicação trabalhava como repórter de política e economia.

O livro foi publicado em 17 países, ganhou dois filmes live action e três versões em mangá. A editora Globo o lançou neste ano com uma tradução impecável e trabalho gráfico de qualidade, contendo extras como mapas e lista de estudantes. A Conrad lançou a adaptação em mangá com 15 volumes da obra original, enquanto isso, a NewPop prometeu lançar ainda este ano um dos spin-offs da franquia. O filme saiu em 2007 pela Visual Filmes e foi renomeado para Batalha Real.

Battle Royale é recomendado para fãs da saga Jogos Vorazes e para aqueles que gostem de distopias e de histórias que usam sem restrições o gore.

Título: Battle Royale

Autor: Koushun Takami

ISBN: 9788525056122

Preço de Capa: R$ 49,90

Número de páginas (edição brasileira): 664

O que você faria se fosse preso em uma ilha […]

2 thoughts on “Livro – Battle Royale: o polêmico sucesso japonês”

  1. Um livro apocalíptico que tem 666 páginas, será que foi proposital? 0__0

    Ótima indicação, Naty, acho legal os fãs de mangás e animes se interessarem também por livros, é uma experiência enriquecedora!

  2. Vi o filme, tenho o mangá e o livro, a recém to na página 70, mas já da para dizer que é melhor que o mangá, ficou mais explicado e o autor dá um toques que fica mais fácil sentir o terror que as pessoas estão passando, quanto ao filme não sou muito fã da atuação dos japoneses…

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