Henshin+ 2013 – Impressões da correspondente Gabriela N.

Olá!!!

Pessoal, como vocês já devem saber, ontem eu estava presente no evento Henshin+ idealizado pela Editora JBC como correspondente do Gyabbo! E hoje vim aqui compartilhar as minhas impressões (afinal, os acontecimentos vocês já ficaram sabendo através do nosso live-blogging).

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Créditos da foto para o pessoal do Manga no Mori.

Em primeiro lugar eu fiquei abismada ao chegar e ver uma fila tão grande, ainda mais por o evento ser realizado em um sábado de manhã (preguiça feelings). Fiquei muito feliz por o público estar prestigiando uma inciativa tão legal como essa, porque já que a intenção da editora era de se aproximar do público, sem este o evento perderia o seu propósito. Achei acertada também a escolha do local, não muito grande ou arriscado, afinal casa cheia sempre passa uma ótima impressão.

Mas é claro que a presença pontual (e em massa) do público não inibiu o “elemento Brasil”. Apesar de estar com a casa lotada, o evento começou 44 minutos após o previsto. A explicação fornecida para o atraso foi a de problemas técnicos com o telão, que só foram resolvidos mais tarde. A intenção era que a abertura do evento fosse um vídeo, o que não se mostrou possível.

 Outro problema grave foi a dificuldade de encontrar sinal no local. Praticamente nenhum celular conseguiu sinal dentro do auditório e muitas pessoas tiveram dificuldades para se conectar ao Wi-Fi da Livraria, o que gerou um leve pânico entre os blogueiros presentes. Ou talvez o pânico tenha ficado apenas por minha conta, que só consegui acesso à Internet na segunda parte do evento, a mesa redonda que discutiu a situação dos quadrinhos nacionais.  Eu sei que esse tipo de problema escapa do controle da organização, mas talvez escolher outro local com melhor conexão para uma próxima vez seria interessante.

IMG_0008De qualquer forma, com 44 minutos de atraso o evento começou e ninguém mais conseguiu lembrar dos problemas diante da simpatia e carisma de Fábio Yabu. Foi muito emocionante ver o carinho que Yabu demonstra ter por seu trabalho (ele repetiu várias vezes que o sucesso está em escrever coisas nas quais você acredita) e fico muito feliz que ele seja correspondido pelos fãs, já que Combo Rangers ficou na memória afetiva de muita gente.

Acho muito interessante que esse retorno não mostre apenas a parte heroica, mas também a vida cotidiana dos personagens, como a escola. Creio que essa seja uma escolha acertada por gerar um certo grau de proximidade com o leitor. As historinhas também acontecerão em um local onde muitas pessoas possuem poderes, mas a maioria os usa apenas em benefício próprio, o que imagino que criará diversas discussões válidas.

Combo Rangers Universe: todos compra!!!

finais_1024Depois da palestra de Yabu, foi anunciada uma das maiores novidades do evento, o Concurso Nacional de Mangás que se der certo será possivelmente uma das coisas mais legais dos últimos tempos, abrindo as portas para muitos talentos que passam por aí desapercebidos por falta de oportunidade. Essas foram as informações transmitidas no evento:

Concurso Nacional de Mangás

  • Período de inscrições: de agosto ao mês de dezembro;
  • As histórias devem conter de 24 à 32 páginas e serão julgadas por uma banca de especialistas (Fábio Yabu será um dos jurados);
  • O concurso terá a parceria do Consulado Japonês, havendo a possibilidade de que o vencedor se inscreva também para o Internacional Manga Awards (e por favor, isso é MUITO legal). Mas a inscrição internacional é opcional;
  • Possivelmente os 5 primeiros colocados serão compilados em um volume publicado pela JBC (vejam bem, Cassius não deu sinal de certeza quanto à isso);
  • Existe a intenção de que o concurso seja anual (de novo palavras indefinidas como “intenção”);
  • Informações adicionais somente em agosto.

Depois disso começou a comentadíssima mesa redonda de discussão sobre o mercado de quadrinhos no Brasil. Ao mesmo tempo em que a roda manteve a informalidade agradável de uma conversa entre amigos, também não caíram no extremo de parecer uma mesa de bar, mantendo a seriedade e postura exigidas pelo evento, e a conversa foi muito interessante de se acompanhar.

IMG-20130608-WA0011[1]Sidney Gusman falou bastante sobre o seu trabalho com Maurício de Sousa, que sem sombra de dúvidas é o maior expoente do gênero quadrinhos no Brasil. Dentro desse assunto, ele comentou sobre as refinadas graphic novels que estão sendo lançadas, sendo que a primeira delas foi Astronauta Magnetar, que segundo ele foi um grande sucesso de crítica e público. Agora nos resta esperar pela edição de agosto que trará aventuras da Turma da Mônica (a.k.a. a turminha mais querida do Brasil) e mais pra frente sairão os volumes do Piteco e do Chico Bento.

J. M. Trevisan falou sobre Ledd e sobre o nosso caro Portal Genkidama. Já Guilherme Kroll foi doce ao dizer que criou a Balão Editorial pensando em coisas que ele gostaria de ter lido.Também foram colocadas em pauta as adaptações de clássicos da literatura para HQs, que são compradas em massa pelo Governo. Achei a discussão honesta por falar claramente que alguns desses materiais são muito bons, enquanto outros não. Além de que não teve hipocrisia: se um livro é chato em romance, dificilmente será MUITO LEGAL em HQ. Mas é fato de que os quadrinhos ajudam a aproximar o público mais jovem, atualizando a linguagem. Também achei extremamente válida a discussão sobre pirataria: será que o consumidor geral brasileiro pagaria por um produto digital sendo que ele pode baixar gratuitamente no mesmo formato (em qualidade inferior, é verdade, mas ainda assim)?

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Depois da mesa redonda se iniciou a parte final do evento, que teve que ser bem apressada devido ao atraso (independentemente de o evento ter começado tarde, ele terminou às 14 horas como previsto, por conta da locação do espaço). E aí veio a grande decepção para muitos (para mim não porque eu já não esperava nada): a tal edição de Death Note Black Edition que, afinal, não tem nada de mais.

Só se impressiona com a edição quem nunca pegou em um mangá gringo, porque é isso que ela parece, um mangá estrangeiro padrão. Eu sei que é covardia comparar as edições brasileiras às internacionais, mas supostamente deveria ser uma edição de luxo, e tudo o que eu vi nela foi simplicidade. Exceto por algumas poucas páginas coloridas e um papel melhor do que o antigo, a edição nem é tão legal assim (apesar de ser infinitamente superior que sua antecessora).

A capa é cartonada e o volume não possui as famosas bordas pretas características da edição gringa, e Cassius não escondeu: a decisão foi tomada por reução de custos. Imagino que o público tenha ficado boquiaberto diante de tanta sinceridade, porque logo ele disse que a gráfica não deu nenhuma garantia de que a tinta preta não seria transferida para a mão dos leitores, numa clara tentativa de amenizar o clima (por mais que a explicação fosse verdadeira, e eu realmente acredito que seja, ela foi colocada dessa forma, meio “panos quentes”).

Death-Note-Black-Edition-Editora-JBCPelo que eu me lembre essa já é a terceira vez que a JBC relança Death Note, primeiro vieram os volumes serializados, depois aquela caixinha com a coleção completa e agora a Black Edition, o que deixa bastante óbvio que Death Note vende. E vende porque é ótimo.

Mas eu pessoalmente acredito que a compra da nova edição seja válida apenas para aqueles que não conseguiram colecionar da primeira vez e agora terão a oportunidade de adquirir uma edição com qualidade superior à anterior. Mas acho bastante ingênuo que alguém que já possua os volumes compre a nova edição com propósitos de colecionador. Quando colecionador se dispõe a gastar dinheiro com seu hobby, espera um produto excelente em troca.

Capa japonesa do volume #1 de Ao no Exorcist

Capa japonesa do volume #1 de Ao no Exorcist

Também aconteceu uma retrospectiva em vídeo, mostrando quanta coisa bacana a JBC lançou esse ano. Foi falado um pouco sobre Genshiken e King of Thorn, que provavelmente sairão ainda em junho, e então foi anunciada uma das grandes novidades do dia: o aguardadíssimo lançamento de  Blue Exorcist (Ao no Exorcist) que levou a platéia ao delírio.

Foi então aberta a sessão de perguntas, onde uma moça fez a relevante pergunta se o prelúdio de Another, Another 0 será lançado por aqui. Cassius então disse que como o quadrinho foi lançado em edição especial acompanhando DVDs, é difícil que ele saia por aqui, porque eles dificilmente vão conseguir negociar o mangá separadamente.

E quando tudo parecia já ter acabado, as luzes se apagam e é lançada a bomba: Sailor Moon finalmente é da JBC! Assim, sem mais informações adicionais, ficamos sabendo que o famoso mangá das guerreiras lunares será lançado no Brasil, com o selo que na minha opinião sempre foi mais próximo do seu perfil (não sei porque, mas nunca achei Sailor muito a cara da Panini, tem um jeitão de JBC, né? Acho que essa minha impressão se deve ao histórico da editora com as mahou shoujo da CLAMP).

Bem que poderiam aproveitar o lançamento do mangá para passar de novo o anime na televisão né? Que saudades!

“Uuuuuum caleidoscópio é meu coraçãaaaao”

Ai, calma, vídeo errado:

Agora sim.

Após o final do evento, muitas pessoas se aglomeraram em torno do gerente de conteúdos da editora, Cassius Medauar para fazer perguntas. Eu não o conhecia, e fiquei surpresa com a simpatia dele, que foi muito atencioso e solícito com todos os presentes, não respondendo às pessoas monossilabicamente, ele realmente prestou atenção nas perguntas e se preocupou em dar as melhores respostas possíveis, sendo sempre muito sincero.

Naturalmente, eu também fui falar com ele. Primeiro eu o perguntei se já que Sailor Moon será lançado pela JBC, se eles também trarão Codinome: Sailor V, mas Cassius me disse que não pode comentar nada sobre Sailor, além do fato de que o título é oficialmente da JBC. Ele comentou cheio de alegria sobre a licenciação do mangá depois de tantos anos, segundo ele Sailor foi um dos primeiros mangás que a JBC se interessou e lançar, e o procurou na mesma época de Sakura, estando em negociações desde então. Vitória pra JBC!

Também o questionei se seriam disponibilizadas assinaturas para a Black Edition, e ele disse que provavelmente não já que por se tratarem de livros, o transporte seria mais complicado.

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Enquanto eu aguardava para fazer minhas perguntas à Cassius, ele foi questionado por um menino que queria saber se a JBC planeja lançar material Yaoi. Cassius foi sincero e afirmou que a JBC no momento está em busca de materiais que atinjam um grande público geral, e não pretende lançar mangás de nicho por enquanto; e se o fizer será em formato diferenciado, com tiragens reduzida e provavelmente voltado para as livrarias.

Aproveitando o embalo, eu perguntei então se a JBC não planeja lançar material mais adulto, que acaba agradando um público bastante amplo (como a Panini está fazendo com os excelentes Monster e 20th Century Boys). Cassius disse então que sim, a JBC planeja trazer material mais diferenciado, sendo que Another e Diário do Futuro foram os primeiros passos nessa direção.

Minhas impressões gerais:

Capa japonesa do volume #1 de Sailor Moon

Capa japonesa do volume #1 de Sailor Moon

Apesar de problemas técnicos e da falta de pontualidade, a JBC se mostrou extremamente eficiente ao elaborar uma programação dinâmica e interessante, capaz de prender a atenção dos espectadores durante todo o evento. Cassius Medauar se mostrou um excelente anfitrião, conquistando a platéia com seu carisma e atenção.

No entanto eu não entendi a falta de objetividade em muitos dos anúncios da editora. Por diversas vezes foram proferidas palavras que geram dúvidas e incertezas, o que não corresponde à imagem da JBC como uma das mais tradicionais editoras de mangá do país. Muitos foram os momentos em que a editora soava como uma iniciante, o que nós sabemos que está longe de ser verdade.

A JBC cresceu muito nos últimos tempos, reconheceu suas falhas, melhorou o padrão de qualidade, lançou títulos interessantes e estabeleceu uma ligação muito pessoal com seus consumidores. Todas essas são qualidades de uma empresa sólida, o que não combina com anúncios vagos e imprecisos.

Ponto alto do dia:

A camiseta mais legal do mundo, com um tiranossauro hipster, que o Yabu estava vestindo.

IMG_0007Brincadeira. O saldo do evento foi bastante positivo, foi interessante e contou com lançamentos de tirar o fôlego (Mas a camiseta do Yabu era super legal também).

Até a próxima,

Mallu

PS: Gostaria de agradecer ao Lucas, do blog Guia do Otaku, que em um momento de desespero onde eu não conseguia me conectar me emprestou seu laptop por 5 minutinhos para que eu conseguisse me comunicar com o Denys. O mundo precisa de gentileza, e a sua não será esquecida.

PS2: A Eliana tinha uma vibe meio Lady Gaga de vanguarda né?

Olá!!! Pessoal, como vocês já devem saber, ontem eu estava […]

15 thoughts on “Henshin+ 2013 – Impressões da correspondente Gabriela N.”

  1. É uma pena que o evento seja somente em São Paulo, e que a qualidade dos mangas não seja tão boa quanto as estrangeiras. Mas muito interessante, vou garantir meus volumes de Death Note, que não tive a oportunidade de comprar. Matéria muito bem escrita, meus parabéns

    1. Realmente, se você não tem a primeira edição, a Black Edition será uma excelente compra! como eu disse, a edição é MUITO superior à anterior, mas infelizmente não dá pra comparar nossos mangás com os estrangeiros.
      A Black Edition nacional, no entanto, é bem parecida com a americana, (que é muito parecida com a “normal” de lá, só que tem um papel melhor as famosas bordas pretas, que não devem fazer lá grande falta na edição nacional, eram só uma frescurinha mesmo). Mas eu não a considero edição “de luxo” não…

      Obrigada pelos elogios à matéria, fico feliz que vc tenha gostado.

  2. Particularmente, não fiquei decepcionada com a nova edição de Death Note. Nunca peguei numa edição de luxo americana (já peguei uma normal de Hellsing),que com certeza são melhores. Mas, não me acho no direito de reclamar dessa nova edição brasileira, pois é bem melhor que a grande maioria dos mangás já lançados aqui.

    Sobre o resto, fiquei empolgadíssima com o lançamento de Blue Exorcist! Adorei o anime e li um pouco do mangá, e acho, sinceramente, que vai fazer um tremendo sucesso por aqui. Espero que a JBC faça uma edição tão caprichada quanto a de Diário do Futuro, porque Blue Exorcist merece.

    Um abraço!

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