Começando os post de Primeiras impressões dessa nova temporada de verão 2012, iniciamos por um anime que para muitos – principalmente os fãs de Chihayafuru – estava sendo bastante aguardado: Chouyaku Hyakuninisshu: Uta Koi.
Nas sinopses iniciais o que aparecia era que Uta Koi seria uma interpretação super liberal da antologia de poemas do período japonês Heian (de 794 a 1185), a Hyakuninisshu. Essa antologia que reúne 100 poemas de 100 poetas e poetisas diversos daquele período é um dos grandes marcos da literatura e da própria história japonesa por ser um registro de como vivia a aristocracia nipônica da época.
Dos 100 poemas, somos rapidamente avisados que a atenção do anime recai nos 43 que tratam sobre o amor, algo que o próprio nome da série já entrega: “Uta Koi”, traduzido rasteiramente como “poemas de amor”.
Assim, neste primeiro episódio – e deve seguir nesta fórmula até o fim – somos apresentados a duas histórias de amor com base em poemas chaves. Primeiramente temos a história de um aristocrata mulherengo que se apaixona pela filha de outra família tradicional, mas que está predestinada a casar com o imperador.
Apaixonado à primeira vista, Narihira envia seguidos poemas para Takaiko, sendo sempre rechaçado. Mas como o vento que supera todas as barreiras (adaptando de um dos poemas apresentados), o “playboy” vai ao encontro de sua paixão e acaba convencendo-a da sinceridade da sua paixão, terminando por ambos se envolverem em um caso secreto de sexo e um amor impossível.
Não há, porém, a ideia de dar um final feliz, respeita-se em Uta Koi parte do contexto histórico. Narihira é obrigado a fugir e Takaiko casa-se sim com o imperador, tendo um filho para sucede-lo.
Na outra metade do episódio temos a segunda história, dessa vez ultra-romântica, apresentando-nos o irmão mais velho do playboy da história anterior. Diferente do seu irmão, Yukihira possui uma bonita e devota esposa, mas por necessidades políticas precisa se ausentar da presença da mesma, que apesar de manter sua postura de nadeshiko – a esposa ideal japonesa -, sofre pelo afastamento do marido, acontecendo o mesmo com ele.
Digo que a história é ultra-romântica por, diferente da primeira, termos aqui um amor perfeito, onde homem e mulher se sentem em posições iguais dentro do seu relacionamento marcado por um forte sentimento que apesar das agruras que a distância causa nunca poderá ser quebrado por sua sinceridade.
Uta Koi não chega a ser um material surpreendente, mas certamente é bastante agradável para aqueles que dão uma atenção especial à história japonesa e suas tradições culturais. É claro, também é preciso ser um fã de romances, dos mais idealizados, como poucas coisas além de uma bela poesia pode criar.
A animação do estúdio TYO Animations (Tamayura, Ika Musume) é mediana, mas a verdade é que animação aqui pouco importa, já que é nas palavras, nos diálogos e nas metáforas que reside o verdadeiro poder em trabalhar com esse tipo de fonte. Por isso, mais importante do que a animação é a arte, que apesar da estranheza dos grossos contornos no traço dos personagens, é bonita e segura em apresentar bem o mundo aristocrático japonês do século VIII ao XII.
Porém, se o anime acertou nas suas adaptações dos poemas utilizados (incluindo aqui o famoso poema que dá nome eu anime Chihayafuru) neste primeiro episódio, dando a eles momentos realmente belos, o desenvolvimento das histórias acaba sendo sacrificado pelo pequeno tempo que cada uma possui – aproximadamente 10 minutos.
E quando uma obra se propõe a contar uma história com começo, meio e fim nesse curto espaço de tempo, mesmo um diretor como Kenichi Kasai (Aoi Hana, Honey & Clover) que já se mostrou competente em articular lentamente seus propósitos, acaba se atrapalhando e apresentando histórias “picotadas”, principalmente ao ainda tentar equilibrar esse forte senso de romantismo idealizado com cenas de comédia simples (e não muito eficientes).
São sacrifícios necessários para fazer a coisa andar, mas no fim tira um pouco do impacto e do envolvimento do espectador com as histórias.
Uta Koi dificilmente será uma série perfeita, mas acredito que entre tantos poemas a serem adaptados, vários nos trarão histórias singelas e sensíveis, prontas para derreter uns corações por aí.
Difícil imaginar, porém, que a série faça sucesso, aqui e no Japão. Seu tema mais restrito e menos usual para o público brasileiro, ainda que não se necessite de nenhuma experiência prévia com esses poemas (que são explicados em uma linguagem mais acessível após a leitura do original) e o período histórico japonês em questão, deve afastar várias pessoas, mas quem assistir deve sair satisfeito e olhará mais uma vez de forma diferente para esses poemas que marcaram a literatura japonesa.
Ainda não vi, mas desiludi-me com a arte ao ver os screens. Traços grossos?
Sim, os traços tem essas linhas grossas, mas na hora acaba nem incomodando, entra no clima da arte.
Gyabbo!
Bom eu ao contrário gostei dos traços do anime e me interessei em assistir :D
Assisti, Muito fofo, mas acho realmente curto demais, a arte é linda, parece artesanal…
Se eu não me engano, tem um episódio de Chihayafuru que comentam sobre esses dois poemas, acho que é no jogo da Kana-chan na final do torneio da classe D. O Komanu-kun, se bem me lembro (posso estar errado XD), comenta sobre o modo como a Kana-chan assimila essas cartas em especial, e que quando ela ouve uma das duas ela espera pela outra em seguida.
Muito bacana! Já vi que vou curtir muito esse anime! :D
Ela comenta sobre a carta do rio Tatsuta no episódio 6
Eu gostei do primeiro episódio de Uta Koi, mas tem uma coisa que me intriga, Gyabbo você não acha que com essa troca de personagens em todos os episódios o animê pode se prejudicar no quesito empatia?
Na minha opinião o telespectador não vai ter tempo o suficiente para se identificar com o personagem, e isso pode tirar umas pessoas da frente da TV (ou do computador).
Isso é um ponto interessante, Iron, de fato essa troca de personagens pode prejudicar na empatia com o espectador. No entanto também pode ajudar a quem não quer ou não costuma acompanhar a série inteira, já que ela pode ver qualquer episódio a qualquer momento.
Gyabbo!
pois ao contrario,pois com o desenrolar da trama os personagens esquecidos são lembrados existindo algumas historias em spin-off.
o interessante que em varias historias existem os antigos personagens principais de episódios passados.
esse anime é mt bom,a animação não incomoda em nada pois eu até gostei muito do estilo de animação e de suas texturas,me lembrou um pouco mononoke que é uma das obras mais lindas que eu já vi…
perfeito anime.
Adorei o primeiro episódio… essa mistura de comédia com literatura japonesa ficou excelente.
Não cheguei a me incomodar em nenhum momento com a animação, resolvi dar uma chance ao estúdio e ele me surpreendeu, ficou muito legal. Fora que usar textura em roupas é tendência, LOL.
As músicas da série são ótimas, a Abertura foi uma das que eu mais gostei de todas da temporada. Até o rapzinho no final ficou bem com a proposta do anime, ficou divertido. Espero que os próximos episódios sigam a mesma linha de comédia do primeiro.
PS: A explicação do começo sobre conhecer Hyakunin Isshu por meio de jogos e a citação à uma carta no meio do episódio foram muito legais.
Parece ser um anime diferente,vou dar uma olhada.