NO. 6 – Primeiras impressões

A última guerra que aconteceu na terra destruiu metade da área habitável, resultando no banimento das forças militares pela Convenção Babylon e na divisão do resto das terras em seis grandes cidades-estados. Em uma dessas cidades, a NO.6, mora Shion, um garoto de 12 anos, estudante de uma escola voltada para gênios onde o garoto se especializa em ecologia.

Tudo isso muda quando em uma noite onde um tufão iria passar pela cidade, um garoto ferido chamado Nezumi entra no quarto de Shion para se esconder enquanto foge da prisão onde ficava. Os dois rapidamente se afeiçoam, fazendo com que Shion ignore o aviso de que deveria entregar Nezumi às autoridades, resultando na retirada dos privilégios do garoto, sendo expulso para a “Cidade Perdida”.

NO. 6 é a mais nova ficção científica do bloco noitaminA, seguindo os passos de Fractale e [C]. Justamente por isso havia uma certa apreensão com essa estréia já que os dois últimos animes acabaram decepcionando os fãs. De Fractale NO.6 aprendeu que a ambientação da história precisa sincronizar-se com os seus personagens ou acabará soando como algo vago. Já de [C] o anime parece tomar o cuidado para não se desenvolver sem uma base sólida abaixo de seus pés.

Assim, tivemos no primeiro episódio de NO.6 uma caprichada apresentação do seu contexto, algo de extrema importância em uma ficção científica. A cidade perfeita NO.6 é apresentada como uma utopia plausível, para logo depois ser confrontada com as contradições que um sistema pautado em privilégios fatalmente resultaria. Lembrando uma versão (bem) mais branda de Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, a série tem um início muito promissor justamente por ter paciência consigo mesma.

É justamente pela paciência do primeiro episódio, tão criticado por alguns, que podemos ter um pulo no tempo de quatro anos quando os dois protagonistas irão se reencontrar, dessa vez para se aliarem de vez. Shion presencia um estranho caso em que uma pessoa envelhece de forma muito rápida, com um inseto saindo do seu corpo. O governo de NO.6, buscando ocultar esses fatos, tenta prender o garoto, agora com 16 anos, recebendo a ajuda de Nezumi para fugir.

Na época que saiu o primeiro episódio eu estava em viagem por Brasília e não pude conferir, ficando apenas com os comentários negativos que outros colegas soltavam no Twitter. Ao finalmente assistir, pude perceber que essas críticas não faziam muito sentido, principalmente uma que falava de um suposto yaoi/shounen-ai entre os personagens principais. Eu até poderia dar uma explicação do que porquê eu acho que isso não faz sentido algum, mas pensando melhor, isso faz realmente alguma diferença? Por mais que existam insinuações, esse fato altera em algo o valor da história? Na minha opinião, não.

Com uma animação muito boa, algo costumeiro do estúdio Bones, NO.6 também tende a satisfazer aqueles que buscam um pouco de ação. Até agora foram poucos momentos em que isso aconteceu, mas o confronto de realidades do mundo dentro/fora da NO.6 muito provavelmente resultará em cenas mais agudas de violência. A direção do anime, à cargo do ainda inexperiente nessa posição, Kenji Nagasaki, até o momento mostrou uma segurança rara, certamente promissora.

NO.6 pode desagrader alguns impacientes com seu primeiro episódio mais lento e sua narrativa desacelerada, mas a união de um roteiro instigante, uma direção afiada e a animação do estúdio Bones devem resultar em um dos principais dessa temporada.

A última guerra que aconteceu na terra destruiu metade da […]

20 thoughts on “NO. 6 – Primeiras impressões”

  1. O primeiro episódio não atendeu ás minhas expectativas, porém não cheguei a acha-lo horrível. Realmente o envolvimento ou não dos personagens até então não faz nenhuma diferença. Mas pra uns não é muito agradável ver dois homens tão próximos, pra outros (ou outras), vê-los de forma tão intima é alegria pura. Mas não levando os surtos em consideração, eu acredito que rolou uma certa química ali e eu gostei muito hehehe, ficou bem natural (curiosamente, em Shiki também teve um lance assim). Mas como é um anime sci-fi, estou ansiosa por ver isso e o segundo episódio, considero bem mais consistente e por assim dizer, melhor.

  2. Eu gostei do primeiro episódio, foi bem interessante… apesar de não achar tão explicativo assim.

    Quanto ao shounen-ai da série, isso vai muito da percepção de cada um, mas assim como em Evangelion (Kaworu x Shinji), eu não vi (até o momento) nada demais.

    Estou super atrasado nos animes, mas baixarei logo esse 2nd episódio!

    Excelente texto, Denys!

  3. @Ikari387 @Roberta
    É, acredito que vai muito da percepção de cada um, mas realmente não vi indícios sólidos de que poderia ter algo mais (não que isso seja necessário para as pessoas fantasiarem, para o bem ou para o mal).

    Gyabbo!

  4. Gosto muito mesmo das suas resenhas, esse é um dos poucos blogs que acompanho com frequencia.^^

    Não entendo o porquê das críticas ao primeiro episódio, nem tudo poder ser acelerado ou cheio de acontecimentos. Certas vezes é preciso dar tempo ao tempo, senão corre o risco de comprometer o resultado final. Eu achei o primeiro episódio fantástico e estou amando a série (apesar de serem poucos os episódios exibidos até agora).

    Animação linda, ritmo bom (apesar de alguns criticarem), op excelente, personagens muito carismáticos, dublagem (do primeiro episódio, em especial) muito boa (destaque para as passagens entre os 2 meninos), idéias (como a da ‘lua’ chorando, a ambientação do primeiro ep num dia tempestuoso, etc) muito boas. E, sobretudo, este anime me transmitiu uma magia tão gostosa e encantadora, que chegou a me lembrar da magia que Fantastic Children transmite; além disso, de alguma forma, tanto pelo vínculo estabelecido entre os garotos quanto pela trama em si, os episódios de No.6 que vi até agora me fizeram lembrar, também, de FullMetal Alchemist.

    Atualmente, é a série que mais me surpreendeu e cativou.

    Abraços!

  5. Olá.

    Primeiramente quero dizer que adoro suas resenhas, e seu blog é muito interessante, por isso é um dos poucos do tipo que acompanho.

    Eu, particularmente, gostei muito do ritmo de NO.6, e um dos principais pontos que apresento quando recomendo o anime pra alguém, então não entendo como podem reclamar, pois para mim, esse ritmo lento é o melhor para séries de ficção cientifica, onde os mínimos detalhes são os mais importantes pra se fazer suspense.

    O primeiro epi vejo mais como uma introdução ao personagens, então não tento analisar ele com tanta expectativa. Já no segundo parece mostrar um pouco do que vai acontecer e já podemos sentir mais a tensão que começa no fim do primeiro episódio, então estou esperando que o terceiro episódio realmente me prenda, como aconteceu em Madoka Magica.

    Vou acompanhar esse anime na integra, coisa que não faço geralmente.

    Parabéns pelo Blog.

  6. Não sei porque as pessoas implicaram tanto com o primeiro episódio… Eu, como fujoshi assumida, vi sim shounen-ai em No.6. Mas ter ou não um “romance” BL não faz diferença nenhuma para determinar a qualidade de uma série.
    Desde o começo eu senti um intertexto muito forte com “Admirável Mundo Novo”, e acho que ao longo da série isso vai ficar ainda mais evidente.
    Eu estou gostando muito desse anime (embora tenha sentido uma queda desde o primeiro episódio) e gostei muito da sua análise, parabéns!
    Mallu

  7. Acabei de ver o 5º episodio. Pode até ser q não seja um Shōnen-ai, mas q algumas cenas e até o próprio enredo leva a crer nisso é fato. Enfim estou gostando muito de No.6 e to ansioso para o desenrolar dessa historia…

  8. cara…Estudio bones, boa animação, historia que promete… mas o andamento ta muito lento e o que ta rolando é so uma especie de “viadagem” entre os personagens principais. Acho que ta sendo um disperdicio de criatividade colocar isso numa sci-fi tão boa.

  9. @Denis:
    Eu estou acompanhando o Anime, e já vi até o 5o. episódio. Estou gostando, mas seria hipocresia minha dizer que a relação entre os dois personagens principais não me incomoda. É o mesmo quando um Pai vê que um filho tornou-se (ou sempre foi) um homosexual: ele pode aceitar e conviver, mas nunca vai GOSTAR disso. A questão aqui, acredito, vai muito além do preconceito, para o conceito social de relacionamento, que é pautado na dupla “homem x mulher”. Novamente, digo que não tenho QUALQUER preconceito e tenho amigos homosexuais (e amigas tb), porém, sim, cenas como essas do No.6 que sugerem um relacionamento homosexual entre os personagens causam um mal estar.

  10. O anime tem um começo bem estranho,eu esperava mais dos personagens principais no ínicio,mas ficaram no estilo “viadagem” um colado ao outro,não é meu estilo de anime.Nota 2 pra esse anime.

  11. Eu acabei de assistir No.6 ontem e eu amei o anime todo!E não foi só por causa de algumas cenas que eu vou ficar odiando o anime,isso não vai mudar nada!A história já é boa por si só!E devia ter uma continuação,porque…Eu queria saber o que aconteceria depois,Shion reencontra sua mãe e depois?!Ele vai vê o Nezumi de novo?!Vai acontecer outras “aventuras”?!Mas se tivesse uma continuação eu assistiria claro,amo o anime!E parabéns pela ‘postagem’,você colocou bem o que acha!Eu concordo com você em tudo!

  12. Alguém sabe de algum anime q também tenha um romance parecido? Eu amei, achei linda a história e um lindo romance, mas não encontro nada similar…

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