Olá a todos! Como estão nesse carnaval, curtindo bastante? Não sou muito fã desse tipo de festa, mas até que o feriado prolongado está sendo bom, principalmente ontem quando revi vários amigos. Aproveitando pra fechar a noite, finalmente assisti a um dvd que havia comprado no início do ano e vi uma das maiores obras da animação japonesa de todos os tempos; Paprika.
Antes de começar, tenho que confessar que nunca entendi muito bem o hype que existia em cima do Satoshi Kon. Apesar de Memories ser muito bom, Paranoia Agent não passou de algo mediano para mim e Tokyo Godfathers are apenas simpático. Claro, difícil falar dele sem ter visto Perfect Blue, mas ainda sim ele não se encaixava no meu hall de favoritos.
Isso antes de Paprika.
Lançado em 2006 e animado pelo estúdio Madhouse, Paprika se trata de uma adaptação de um romance de 1993 do aclamado autor japonês de ficção científica, Yasutaka Tsutsui. Reconhece o nome? Sendo sincero eu mesmo não reconheci, mas ao começar a pesquisa para esse post, descobri que Tsutsui não é somente o autor de Paprika, mas também de outro romance adaptado para anime, um dos meus movies favoritos, Toki Wo Kakeru Shoujo.
A história gira em torno de uma revolucionária criação tecnológica que possibilita a visualização perfeito dos sonhos, uma máquina chamada “DC Mini”, criando a oportunidade de explorar de forma única o subconsciente das pessoas. Para quem gosta de Psicologia, é fácil perceber as portas que uma invenção dessa criaria no meio psicoterápico e psicanalítico. O problema é que antes desse novo tratamento ser aprovado, os “DC Mini”s são roubados e o subconsciente de várias pessoas começam a ser invadidos e deturpados.
Em meio a isso, um policial chamado Konakawa Toshimi, que após não conseguir resolver um caso começa a sofrer de uma ansiedade neurótica, é tratado de forma extra oficial (já que o tratamento não foi aprovado) por essa tecnologia através de uma garota, a Paprika. Enquanto a situação fica cada vez mais complicada, a chefe de desenvolvimento dos “DC Mini”s, Chiba Atsuko, procura encontrar uma solução para tudo, onde a realidade é constantemente posta à prova.
Em apenas 90 minutos Satoshi Kon consegue explorar de forma incrível todas essas possibilidades com uma riquíssima apresentação visual onde o diretor apresenta os sonhos e os subconscientes das pessoas, cheia de simbologias e detalhes que deixam o espectador fascinado, em um verdadeiro sonho. O roteiro, que inicialmente parece se dividir em dois plots, termina se encaixando sem falhas, mesmo após surpreender a todos diversas vezes com suas idas e vindas pela realidade e os sonhos.
A animação do estúdio Madhouse é simplesmente perfeita, um trabalho espetacular que dificilmente poderia ser feito por outros estúdios. Nada passa pelos animadores, seja confetes caindo ou os pingos da chuva escorrendo pelo para-brisa de um carro, tudo é feito com exatidão e perfeccionismo, agregando qualidade máxima àquilo que não mereceria nada menos que um trabalho perfeito.
Se enredo, roteiro, animação e narrativa são sem falhas, o mesmo podemos dizer da trilha sonora, feita por Susumu Hirasawa, constante nas produções de Satoshi. Ela consegue desde a cena inicial até o clímax maximizar todas as sensações que a obra procura passar. Outro lado interessante é o da dublagem. Não vou detalhar muito, mas só o fato da protagonista ser dublada pela ótima Megumi Hayashibara, já mostra a qualidade. Uma curiosidade na dublagem é a participação de Kon e Tsutsui em dois pequenos papéis.
Indo além
Paprika foi lançado no Brasil pela Sony Pictures em 2007, mesmo ano em que representantes do estúdio Madhouse estiveram no país para a Animacon. Além do filme com uma qualidade de imagem impecável, incluindo dublagem original, brasileira (ambas em 5.1), americana e outras, legendas em português, incluindo os extras e traillers de outros lançamentos do estúdio Madhouse, o dvd ainda conta com aproximadamente uma hora e meia de extras que são simplesmente fantásticos.
No primeiro, intitulado “Uma conversa sobre o “sonho””, Satoshi Kon, Yasutaka Tsutsui, Megumi Hayashibara e o também seiyuu Furuya Toru discutem a produção do movie, seus desafios em seus respectivos trabalhos, suas próprias percepções sobre a realidade e os sonhos. Tudo é feito de uma forma bem descontraída, dividida em pequenos tópicos. Sinceramente, ver esse extra me fez pensar no quão pobre é a experiência de somente baixar os animes em si e não em comprar os dvds oficiais. É uma experiência totalmente diferente. É extremamente interessante notar as características de personalidade de uma pessoa como Satoshi Kon, tão diferente daquilo que eu imaginava.
O segundo, “O sonho do mundo CG”, mostra o nível de detalhismo e a forma com que a computação gráfica é utilizada para enriquecer a animação sem que se perca a beleza de um trabalho à mão. É incrível a diferença entre uma cena com e sem CG!
Já no terceiro, “A arte da Fantasia”, procura mostrar que tudo em Paprika foi pensado de uma forma a imergir o espectador em uma experiência sensorial única. Entrevistando o diretor de arte, detalhes que nunca se poderia imaginar são apresentados .
O quarto “A Paprika de Tsutsui e Kon”, mostra as diferenças entre o que foi a obra literária Paprika e a adaptação feita por Satoshi Kon. Desde o início, o convite feito pelo autor para o diretor, passando por mais ou menos três anos de produção, incluindo a escrita dos roteiros, rascunhos, dublagem, lançamento, recepção. Aquilo que o autor gostaria, aquilo que Paprika virou, é aqui que se entende onde entra o gênio de um diretor como Satoshi Kon e suas particularidades.
Por fim
Paprika definitivamente não é uma obra para ser vista uma única vez e nem de qualquer forma. É preciso procurar assista-la da melhor forma possível. Acredito que metade da experiência que tive com Paprika teria se perdido se não tivesse visto em dvd, em uma tela grande de televisão e com os extras. Essa experiência só me fez reforçar a ideia de não baixar animes licenciados no país. Primeiro por perder-se uma qualidade a mais (isso claro, se o trabalho foi bem feito como no caso desse dvd) e principalmente para estimular a vinda de produtos oficiais e com essa qualidade para o país.
Termino esse longo post com links retirados do post do blog Mithril, de onde também retirei as imagens que ilustram esse post, onde é possível comprar o dvd, o que eu recomendo a todos que gostam realmente de anime.
Oi!!
Raramente eu comento em blogs que fazem reviews de animes, mangás e coisas do tipo, porque geralmente não concordo muito e temo gerar polêmica discordando, mas desta vez TIVE que vir comentar!
Paprika é muito, repito, MUITO perfeito, e nem preciso me descorrer em elogios ao anime longa-metragem porque você já fez um post brilhante!
É simplesmente impossível ver uma vez só, e olha que a minha experiência com Paprika foi diferente da sua! Numa noite insone, estava eu procurando o que ver pelos muitos canais inúteis da TV por assinatura e parei estarrecida quando vi um traço de anime sendo exibido na HBO. Havia perdido uns 10 minutos iniciais do desenho, então meio que fiquei perdida na história, mas depois me acertei e entendi todo o resto. E tudo me encantou, desde a história, ate a trilha sonora, e, por fim, o traço impecável!
Me formei em Letras e tive muitos períodos de Psicologia dentro do curso, e o que você disse é MUITO verdade: com o meu conhecimento mediano em Psicologia, eu ia imaginando o caos que aconteceria se os “DC Mini” existissem de verdade!! O_O
Bom, tive a sorte de poder assitir o anime completo quando passou novamente (TVs por assinatura costumam repetir muito a programação, dessa vez me valeu! hehehe) e só reforcei ainda mais meu encanto pelo anime!
Não sabia muito sobre o autor, o diretor, a resposnável pela trilha sonora e etc. Ler este seu post foi ótimo! Vou comprar o DVD para poder acompanhar estes extras, os quais seu post me deixou super curiosa!
Você escreve muito bem, estou indo fuçar outros posts do seu blog! Um abração, continue escrevendo sempre! ^_^