Eu não pretendia postar nada até o próximo domingo, até por ter gostado muito do meu post sobre o movie Summer Wars, mas um acontecimento nesse fim de semana me fez mudar de ideia. Neste sábado e domingo (12 e 13/12) aconteceu o evento Anime Jungle Party, o maior da cidade (sou de Manaus). Não fui ao evento por não ver mais graça em eventos tem um bom tempo, mas isso fica pra outra discussão. A questão é essa:
Atualização em 12/01/2014: O vídeo não existe mais no Youtube.
Esse rápido vídeo mostra um segurança “solicitando” a saída de um grupo de cosplayers do Shopping Manauara, possivelmente o maior da cidade e recém inaugurado. Para quem não é da cidade, infelizmente em Manaus temos o histórico de enfrentamento de emos e galerosos em alguns shoppings da cidade, o que poderia explicar em parte a atitude do segurança.
Antes de tudo, devo afirmar que não houve violência, afinal, a forma como o segurança tratou a todos foi de forma normal, como espera-se de um profissional da área (o que infelizmente é difícil de encontrar).
Sei que muitos vão dizer “Mas é ridículo ir de cosplay pro shopping”, “Eles estão errados mesmo, não sabem onde se vestir, tem que ficar só nos eventos”, mas evoco o Art. 5o II :
ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
O Art. 5o IV:
é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
E por último o Art. 5o IX:
é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.
Todos esses parágrafos retirados da constituição possibilitam a livre expressão de qualquer pessoa, da maneira que ela achar melhor, portanto que não infrinja outros pontos da lei, prejudique a outrem ou estejam em anonimato, o que em momento algum aconteceu neste caso.
Apesar de concordar que seria preferível o uso de roupas mais comuns em um lugar público como um shopping, acredito porém no que dizia Voltaire:
Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até o ultimo instante seu direito de dizê-la.
E por mais idiota que possa ser ir a um shopping fantasiado, enquanto estiverem dentro da lei, que tenham o direito de se expressarem como quiserem. O que temos aqui é o simples medo do desconhecido, alimento do preconceito.
Sendo assim, a forma como os cosplayers foram tratadas infelizmente se trata de preconceito contra minorias, afinal, quem escolhe o jeito certo de se vestir, de se portar, de se viver?
Por isso que eu sou a favor de uma manifestação pacífica no mesmo shopping onde vários cosplayers irão para passear, andar, comprar, lanchar. Sem gritaria, sem algazarra, como pessoas normais como somos.
E você? O que acha? Acredita que eles deveriam mesmo saírem do shopping por causa das suas roupas diferentes ou tem o direito de ficarem e se vestirem como querem?
Denys acredito que dependa bastante do caso. Se esse pessoal estiver no shopping apenas passeando normalmente e sem incomodar as outras pessoas não vejo problema. O ponto é que pelo menos na maioria dos casos aqui em São Paulo os cosplayers são um pouco abusados e fazem um “auê” danado. Ai vejo a necessidade de um segurança ou algo assim pedir para esse pessoal se retirar, pois estão realmente incomodando as outras pessoas e ai entra questão de etiqueta mesmo.
@leandro Nisishima
Concordo plenamente, Leandro, e como disse no tópico, caso não estejam prejudicando ninguém, tem todo o direito. E como nesse caso não estavam prejudicando ninguém, estavam sendo pedidos a se retirar por puro preconceito mesmo
Se eles não estavam fazendo nada, foi discriminação. Se é preconceito, é caso de polícia. Se fazem beijaço em protesto contra perseguição à beijos gays, seria, sim, caso de protesto.
Discordo de vc em um ponto.
Se o Shopping tem como regulamento, restrição a certo tipos de trajes para a entrada no Shopping, eles estão certo.
Não sei como é aí no seu estado, mais muitos estabelecimentos tem regulamentos do tipo de roupas q pode ou nao se usar para entrar.
Tem certos restaurantes que não se pode entrar com qualquer roupa, outros estabelecimentos que é proibido entrar sem camisa, outros que não se pode entrar de chinelo/sandala, em certos foruns só se entra de terno e gravata, etc
Se é uma norma do Shopping não poder entrar fantasiado/ com alegorias, então os seguranças fizeram o certo.
Bem Denys…É como o Leandro disse aí em cima, depende do caso. Nos eventos que ocorrem na Unicsul, aqui em Sampa, sempre tem um pessoal que vai comer alguma coisa no shopping do lado, o Anália Franco. Eu mesma já fiz isso algumas vezes, e da última vez, tava vestida de lolita. Já vi barrarem cosplays “grandes” e também não permitem que ninguém entre com armas ou objetos (como esse báculo da Sakura do vídeo), mesmo que completamente inofensivos. E já vi pessoal causar no shopping, mesmo não estando de cosplay…isso já deixa o pessoal do shopping com o pé atrás da orelha. Sei que em dia de evento o número de seguranças aumenta pra caramba, e mesmo quem não tá fazendo nada acaba levando bronca….
@Mr.X
Concordo com você, se no regimento do shopping existisse algo que dissesse expressamente que é proibido entrar com determinadas roupas, eles teriam o direito de pedir que saíssem. Mas em nenhum momento o regulamento foi usado, o que provavelmente demonstra que essa lei não existe.
@Camila
Eu sei Tk, mas nesse caso específico estavam apenas lanchando e com roupas diferentes, nada demais.
@Denys
É, nesse caso aí é tenso eles serem retirados do shopping por nada, nem mesmo aqui, se o pessoal tá só lanchando ou andando, eles não fazem nada, só ficam de olho mesmo…aliás…esse FDS tem o Ressaca lá na Unicsul, quero só ver xD
Saudações!
Sabe Denys, acho que não há tanto exagero por parte do segurança neste caso.
Como você frisou, existem certos “enfrentamentos culturais” ( se é possível classificar assim ) aí em Manaus, que em boa parte ( na minha opinião ) pode explicar a atitude do segurança do shopping.
Tal fator já é razão muito da grande para o segurança ficar com o instinto mais aguçado, por precaução. Além do que, ele foi profissional ao extremo ( parabéns para ele neste caso, pois há muitos maus exemplos de conduta “profissional” por aí ). E reagiu bem ao ser ameaçado de ser processado ( como se isto pudesse ocorrer ).
Agora, as pessoas precisam aprender a ter um certo limite para tudo que venham ou queiram fazer. Não acho ( e friso: acho apenas, não dou certeza ) que seja necessário o shopping estampar uma placa na sua entrada e/ou arredores com uma espécie de regulamento, para que as pessoas saibam sobre como se portar ou se vestir. Isso deve vir da pessoa, sem necessidade de ser “cobrado” para tanto…
O grupo estava em paz, até aí ok. Não fizeram baderna, estavam tranqüilos. Porém, o segurança agiu dentro dos limites dele, também. Para tudo há um limite ( creio eu ).
Gostaria, Denys’ de saber se tenho a sua autorização para fazer uma breve chamada deste caso no “NETOIN!”.
Ótima postagem!
Até mais!
@Carlírio Neto
Eu até não condeno o segurança, ele me pareceu ter tratado todos de forma educada, fazendo seu trabalho. A crítica aqui é mais contra o preconceito contra aqueles que são diferentes.
Por mais que não muito apropriado (e eu concordo com isso como comentei no post), só acho que eles estão no seu direito como cidadãos, por isso acredito que deva ser defendido.
Gyabbo!
Finalmente alguém com uma opinião sensata sobre o caso, valeu por isso Denis. Eu já tinha visto o vídeo e estava inconformada com os extremismos opostos em opiniões.
Apoio a idéia de manifestação, não somente pelo acontecido, mas também como uma forma de informar a mais “leigos” que existe uma cultura assim, que não são apenas delinquentes fugidos de algum hospício ou festa de carnaval ^^
Vou dar uma de chato e só discordar de uma coisa. Se for apelar para o aspecto jurídico da coisa, o shopping é propriedade particular e eles podem barrar quem quiserem de entrar lá ou não, sem dar justificativa alguma.
Agora, se for medir o mérito do negócio, concordo totalmente que é um preconceito imbecil. Direito de barrar eles têm, mas não significa que seja correto exercê-lo.
@Conrado
Bem, eu não tenho real conhecimento jurídico, só sei coisas básicas, não sei como funcionaria nesse caso. Vou dar uma pesquisada.
Bom dia a todos,
Bom sugiro uma atitude diferente Denys. Se a questão é combater o preconceito, entao uma represalha mesmo que pacifica (na minha opinião) so trará um pouco mais de antipatia para a classe, no caso os cosplayers.
Seria mais sensanto e inteligente, que, se a raiz do problema é preconceito por desconhecimento, por que nao entrar em contato com o shopping e sugerir um disfile ou algo do tipo?! Seria muito mais eficiente, pois ao invez de ir contra o estabelecimento, voces estariam junto ao mesmo promovendo uma atividade cultural (querendo ou nao cosplay é um movimento cultural de origem no Japão, e recentemente tivemos a comemoração da imigração dos japoneses para o Brasil, eis uma boa justificativa) assim disseminando o movimento para a cidade, ganhando visibilidade e derrubando preconceitos!
Eu mesmo tenho uma radio de música japonesa, voltada pra cultura em geral e me proponho a apoiar a causa caso seja tomada essa atitude!
No mais, perdão pelos erros de escrita e se falei alguma bobagem!
@Rubens Junior
Acho sua ideia ótima, realmente boa. Mas parto do pressuposto de que se o shopping nos expulsou é por que não nos quer lá, então não entraria em acordo. Mas seria realmente uma ideia melhor
Bateu uma vergolha alheia forte por esses caras harharhar, mas enfim acho ridiculo mas é direito deles, eles tinham é que sapecar um processo no shopping afinal a lei permite isso.
Cara, nao acho que o termo “nao no quere la” seja tao valido assim! Pelo contrario, somos consumidores e o que qualquer estabelecimento comercial quer é nossa presença. Porem convenhamos, cosplay nao é um traje adequado para se usar e estar em muitos lugares.
Mas de qualquer forma fica ai minha ideia. Respito igual pus (de maneira mais informal e cheio de erro de escrita no video que botaram no youtube), nao é batendo boca com o segurança que nós vamos conseguir mudar alguma coisa. Ele realmente so estava cumprindo o papel dele como funcionario do shipping e diga-se de passagem foi muito respeitoso, nao se alterou (diferente da menina que mostrou o sutiã, que por sua vez so contou pontos contra).
De qualquer forma me ponho a disposição!
Denys, é muito bom o post, parabéns.. É muito importante que haja alguém que defenda o assunto de forma pragmática, sem eventuais indignações ou subjetividade que possam ser evidenciados no caso de envolvimento pessoal…
Não creio que nada se justifique por “maioria” como foi citado em um dos comentários.. Se fosse assim, os “manos” que infestam minha cidade seriam proibidos de entrar no shopping, já que são inúmeros os casos que envolvem até polícia… (Sem contar que a “maioria” citada é totalmente relativa, não há dados numéricos que comprovem, nem estatísticas reais, são puramente especulações subjetivas baseadas em senso comum…)
Talvez a questão seja ainda a relativa “novidade” da tendência.. O crescimento consideravelmente recente do estilo faz com que não tenha havido tempo para aceitação.. E então muita gente cai na velha “resistência ao novo, ao diferente”…
Concordo plenamente com a “manifestação” pacífica, mas sem baderna… É importante que as pessoas que não conhecem vejam os cosplayers como pessoas normais que praticam um hobby diferente (algo que andamos fazendo é tirar fotos com crianças.. faz com que vejam nosso lado humano e esportivo ^^)…
Enfim.. não censuro o segurança pelo trabalho – extremamente profissional, por sinal – afinal, trata-se apenas de um traço cultural irraigado.
Perdão por estender-me tanto =X
Boa sorte ao pessoal de Manaus ^^
Bacana o texto, mas, Shopping Centeres não são ambientes públicos e sim particulares, onde a entrada é regida por normas internas, aqui em SP tem shop chique que vc não pode entrar de chinelo por exemplo, portanto, é muita choradeira a toa
Meus parabéns pelo post, Dennys. Achei bastante eloquente e respeitoso, e nenhum pouco extremista, o que é incrível, depois de tudo que tem sido dito.
Primeiramente, não acho que um cosplay seja uma forma completamente inapropriada de se ir a um shopping, o correto seria dizer que é “pouco usual”. Muitas pessoas não estão acostumada a ver outras fantasiadas perambulando em locais comuns, mas isto não significa que os fantasiados estão errados, estão simplesmente expressando uma forma de cultura diferente da mais popular no nosso país. É tão desrepeitoso pedir para que cosplayers se retirem do shopping quanto pedir para que um hindu usando suas roupas típicas também o faça, ou ainda que um rastafari tire os “dredge” (não sei como se escreve…). Pode paracer que as comparações são exageradas, mas isso acontece porque se tem automaticamente um menosprezo em relação ao cosplay.
Em segundo lugar, nao acho que o segurança foi tão respeitoso quanto todos estão dizendo. Claro que não houve agressão física, mas isso não significa que ele não tenha desrepeitado os cosplayers. Em momento algum ele ofereceu argumentos convincentes ou fortes o suficienbte para insistir que os cosplayers se retirem do shopping, ele repete insistentemente as mesmas palavras, ignorando as palavras e argumentos das “vítimas” da situação.
Além do mais, o pedido dele foi preconceituoso e desnecessário. Ha sete anos frequento eventos de anime em São Paulo, e é de praxe que quando o evento se encaminha para o fim eu e meus amigos partamos para o shopping mais próximos afim de um abrigo seguro e uma alimentação mais apropriada. Normalmente, os eventos acontecem próximos ao Shop. Anália Franco ou o Shop. Sta Cruz. Sempre fui acompanhada de muitos cosplayers, e o shopping vira praticamente um segundo evento, havendo cosplayers posando para fãs que permanecem no estabelecimento. Claro que os frequentadores do shopping acabam prestando bastante atenção na situação incomum, mas nunca vi a necessidade de uma atitude tão drástica.
Sei que o shopping é um bem particular, mas que se apresenta como um local público. Se existem restrições de vestimenta, eles tem a obrigação de informar quais são, para que tais inconvenientes não tenham espaço.
Mas, além dos cosplayers, tem um detalhe bastante ignorado. Não são apenas os fantasiados que estão sendo vitimas do preconceito, mas também seus amigos e acompanhantes, mesmo que vestidos de maneira mais comum. Isso depreende que o preconceito é mais amplo do que simplesmente um repúdio a maneira de se vestir, mas também a maneira de pensar e se entreter, sendo que otakus não são necessáriamente criminosos.
Termino aqui meu longo e incomodo comentário, e desculpe tomar tanto espaço. Mas não acho que o segurança ou o shopping tenham razão, mesmo que existam brigas de tribos em Manaus, isso é generalizaçãpo, que pode ser considerada como preconceito e/ou ignorância, claro que quem deve ser processado não é o segurança, e sim o shopping.
Até mais, e desculpe os erros de portugues.
Gente, é a coisa mais normal do mundo sair de um evento e ir lanchar com os amigos depois. Nem todo mundo leva roupa comum, e vai e volta pra casa de cosplay mesmo, então sem problemas.
O brasileiro, infelizmente, é um intolerante ao que é diferente. Eu fico profundamente chateada ao ver que a pessoa só é vista com “bons olhos” se estiver usando o modelito padrão da novela das 8.
Menos intolerância, mais CONSCIÊNCIA, por favor.
Escrevi no blog…
Mas acho só umacoisa: é o shopping quem deve ser processado.
Pq se o shopping é processado, o mesmo vai buscar quem fez a m#$%.
Sacaram?
Abraços,
Sandra Monte
http://www.papodebudega.com
Só pra constar, não sou a Petra que postou ali em cima, apesar do comentário dela ser muito coerente. =)
Estou curiosa para saber no que deu a manifestação pacífica. Por favor, não deixe de nos contar.
Boa sorte!
É meio complicado esse assunto …
Alguns casos carregam ‘histórico’ … aqui no Rio, por exemplo, tem local que aceita qualquer evento, qualquer cosplay desde que não seja de Anime porque da última vez que sediaram um evento de Anime houve briga de irem parar na polícia. Daí convencer aos donos do espaço que justamente o nosso grupo não dá problema fica meio difícil né?
Sou fã de Arquivo X então meu “cosplay” não me impede nem de entrar em prédio de órgão público hehehe mas tenho amigos no Conselho Jedi e na AFERJ e é muito legal participar de um evento com cavaleiros Jedi e até Klingons perambulando pelas salas … no último fomos eu de agente do FBI (com crachá e tudo) e o Spock almoçar no KFC … por aqui o máximo que acontece é o pessoal olhar torto pra gente tipo: “Quem são esses doidos?”.
Acho que vou acabar bancando o advogado do diabo, mas vamos lá:
tem uma coisa que escapa à lei (que é intencionalmente generalizante), que é o bom senso. E começo pelo ponto mais óbvio: a mocinha que se fez de esperta, de descolada e abriu a fantasia mostrando a roupa de baixo. Ainda que se possa considerar um ato ofensivo em si, foi também um ato de total falta de bom senso. Daí, pego o gancho: bom senso é uma questão cultural, e eu vou entender se alguém me disser que é normal ir ao shopping no Rio de Janeiro trajando roupa de banho. Assim como deve ser “mais normal” (comum) ir ao shopping trajando fantasia de cosplay em São Paulo.
Entretanto, na minha opinião, faltou bom senso aos cosplayers manauaras: o hobby não é difundido no estado, há histórico de confusões e badernas por um grupo que, queiram ou não, é muito fácil de se confundir (por quem está fora do hobby) aos cosplayers. Faltou bom senso, sobraram ameaças vazias de quem não sabe, por exemplo, que um segurança particular, dentro de um espaço particular tem, sim senhores, poder de polícia. Ele pode pedir identificação de quem entra no estabelecimento que ele guarda. E isso não é muito, isso não infringe o direito de ir e vir de ninguém.
Só que as pessoas, nessa nossa sociedade de eternos adolescentes, acha que “direito” é só gozo, sem responsabilidade, sem compromisso com regras implícitas e boa convivência. O resto é reclamar de um direito que não possuem (“ir e vir” – um espaço privado! Vou requerer meu direito de “ir e vir” à casa dessas pessoas!), se negarem a cumprir um dever que podem ter (e tinham, se identificar ao segurança) e jogar pro alto completamente o que restava de respeito (tirando a roupa). Lastimável.
O hobby sofre preconceito? Sofre, sofreu e ainda sofrerá. Porque (ao menos no vídeo) ninguém conversou ou respeitou. Ameaças e atos ofensivos denigrem o próprio hobby, fomentar a ignorância e a incompreensão por parte de quem está fora da panelinha também.
Quanto a garota que mostrou os seios no biquíni; o segurança falou diversas vezes que eles teriam que tirar aquelas roupas, várias vezes. Ela acabou irritada e faz aquilo.
Eu até concordaria com você Lucas, mas isso se eles tivessem ido ao shopping justamente pra causar esse efeito. Mas na verdade foram simplesmente para se alimentarem, logo, nem pensaram na possibilidade.
A juventude só pensa nos seus direitos? Pode até ser, mas continua sendo um direito e sofrer preconceito continua sendo algo ruim.
E por última, não, um segurança de shopping não tem poder de polícia dentro do estabelecimento privado.
Denys, o meu comentário está parcialmente duplicado, se você puder apagar o que não saiu por inteiro, agradeço.
Cara, dizer que ela “acabou irritada e fez aquilo” não é argumento. Não representa maturidade, não traz benefício a quem curte o hobby numa boa: do contrário, dá munição a quem critica apontando que os cosplayers iam “causar”. Depois da lambança feita, fica difícil discutir intenções. Qual foi o resultado? Uma balbúrdia, uma garota tirando a roupa. Pra quem está de fora, que tava lá lanchando com a família, fazendo compras, qual a impressão ficou? Exatamente essa: o segurança estava corretíssimo tentando tirar alguns baderneiros de dentro do shopping. Tão certo que eles (os baderneiros) até fizeram… Baderna! Como disse, faltou bom senso e consciência aos cosplayers, no sentido de resolver a questão racionalmente, pelo bem do hobby.
Cara, eu sou policial. Um segurança, dentro de sua área de atuação (desde que privada e/ou sancionada pelo poder estatal quando pública), ele tem poder de polícia sim. Isso é um termo jurídico. Não quer dizer que ele se torna um “policial honorário”, mas sim que ele tem poder de policiar. Pedir identificação de quem entra, sai ou circula, zelar pelo patrimônio, atuar em situações de flagrante delito (isso é um direito que assiste a qualquer cidadão) e até mesmo fazer uso da força, desde que respeitadas as leis de proporcionalidade.
Já deletei, sem problemas.
Tudo bem, admito meu erro quanto a parte do segurança, desconhecia esse poder todo.
Mas a questão da garota não é exatamente assim. Os cosplayers estavam em paz, sem fazer baderna alguma, até serem “solicitados” a se retirar, preconceito puro. A revolta em um momento desses é natural
Denys, não é “esse poder todo”: pense nos seguranças de banco, por exemplo, ou nos porteiros de grandes prédios comerciais, que exigem que você se identifique ao entrar, que seja fotografado e assine um documento. É um tanto óbvio, e quando a cinegrafista se nega a identificar-se alegando que ele não é uma autoridade policial, bem, ela comete uma bobagem baseada num desconhecimento: ele realmente não é autoridade policial, mas foi imbuído de poderes (pelo proprietário do estabelecimento) de por ele (o espaço) zelar. Controlar quem entra e quem sai faz parte disso, concorda?
Eu concordo com você que a revolta em um momento desses é natural, mas expressá-la da forma como foi expressa é que é injustificado. Esse é o ponto que defendo, e que em parte serve ao segurança (até onde pude ver bem respeitoso) e à administração do shopping: os praticantes de certos hobbies são discriminados por culpa, justamente, dos praticantes desses hobbies.
Acompanhe comigo a situação: os cosplayers estão lá, de fantasias, lanchando. Problema nenhum. Daí alguém, que pode ser do chefe de segurança do shopping a uma dona de loja, se incomodou com a presença deles e pediu ao segurança que os retirasse dali (vc traz um detalhe interessante que é a questão dos “ataques emos” na cidade, o que em parte justifica o temor de quem quer que seja que tenha temido os cosplayers). Uma decisão arbitrária? Expressão de um pré-conceito (conceito prévio, sem a carga negativa estabelecida do preconceito)? Muito provavelmente.
E aí? Eu aposto, tenho quase certeza que, ao serem convidados a se retirar, os cosplayers se revoltaram, gritaram que era preconceito, evocaram direitos, espernearam que não iam sair, que era um lugar público(?).
Alguém (eu duvido) tentou conversar com o segurança? Explicar a situação de que só queriam lanchar, que vinham de um evento (também de) fantasias que ocorreu ali perto? Alguém foi solícito quando ele pediu que se identificasse? Não, não é não. Como disse, esse tipo de atitude alimenta o preconceito.
Ninguém, poucos cidadãos comuns sabem o que é um cosplayer, um emo, um rpgista, um trekker, um jedi. Na verdade, ninguém tem obrigação de saber. E, o pior, em todos esses grupos tem aqueles que curtem fazer zona. Dá pra diferenciar no olhar? Não. Mas na conversa dá. A única forma das pessoas saberem que quem suja o nome desses grupos são as exceções, é se os bons sujeitos (geralmente a maioria) agirem como tal, ou seja, como bons sujeitos, respeitadores dos limites alheios e cidadãos ciosos das leis.
E isso é tudo o que o grupo do vídeo não foi. Se comportando como adolescentes mimados, queimaram o filme dos praticantes do hobby…
Ah, desculpem, estou escrevendo tratados…
Mas é tão raro encontrar um espaço em que as pessoas estejam dispostas a discutir numa boa, sem afetação, sem serem passionais demais, que eu acabo me empolgando.
Bem, quanto ao conhecimento sobre a poder de um segurança, eu admito que não conhecia e após sua explicação eu entendo.
Com certeza muito do preconceito em cima de alguns hobbies partem por práticas dos próprios praticantes, o que não foi o caso.
Acredito ainda, que apesar de não ser a reação mais correta, “se revoltaram, gritaram que era preconceito, evocaram direitos, espernearam que não iam sair, que era um lugar público(?).”, são reações plausíveis de pessoas que tinham seu direito retirado sem justificativa.
Infelizmente eu não estava presente no caso, então não posso dizer se alguém tentou conversar com o segurança, assim como você também não pode assumir que não.
Conversando hoje com uma das atendentes da central de informação desse shopping, ela me informou que não existe nenhuma regra quanto a vestimentas, só não permitem que eventos sejam realizados no seu interior sem a permissão da gerência.
E aqui entra a questão crucial, que infelizmente o vídeo (que é o modo como eu e você temos de acessar o fato) não mostra, é como se tratou essa abordagem. Se o segurança procurou saber sobre o que se tratava aquela reunião ou se chegou apenas expulsando os participantes (e não cosplayers também).
Não precisa pedir desculpas quanto ao tamanho dos comentários, escrevo no blog justamente para debater opiniões e fico muito feliz quando elas surgem.
Se as pessoas desse estado não conhecem cosplayers, é normal que elas se assustem ao vê-los. Logo o shopping deveria, do ponto de vista econômico, retira as pessoas do vídeo, que estavam assustando os outros consumidores. Não é caso de pré-conceito, mas sim da falta desse conceito. Já houve várias reportagens e publicações sobre o tema anime, mangá e cosplay nesses últimos anos devido ao centenário da imigração, mas só isso não basta. Se os cosplayers querem mesmo serem respeitados, eles devem primeiro respeitar os regimes, leis e pedidos internos do país, onde, por mais que vocês gostem e conheçam, esses aspectos culturais todos são novos e, para alguns, invazivos.
Opa!
Me esqueci de acompanhar a discussão (sabe como é, domingão e coisa e tal).
Então Denys, acho que o ponto central da coisa te escapou: os cosplayers, na situação, não tinham direito nenhum. O shopping é um lugar privado e que sequer é obrigado a cumprir os próprios regulamentos, oras! Imagina se você tiver de criar um regulamento para dizer quem entra ou sai da sua casa?
Você citou alguns parágrafos do famosíssimo artigo 5º da Constituição, mas como eu disse lá no primeiro comentário, algumas coisas escapam. Por exemplo, vou a um caso extremo: conhece pintura corporal? Aquela arte belíssima de se pintar os corpos semi-nus das pessoas (a mulata Globeleza, por exemplo). É lindo, não é? É uma manifestação artístico/cultural, resguardada pelo parágrafo IX que você citou. Mas se a mulata pintada entrar na igreja, o padre tem ou não o direito de lhe pedir que saia? Acho que só um maluco diria que não. É censura? É preconceito? Não. É bom senso, cada coisa tem seu espaço. O Alberto Leão falou muito bem, aí acima, e reitero: era mais racional e justo conquistar o espaço, antes de reclamar a “perda” dele.
Concordo que sobre o fato todo, nós só podemos inferir, é um vídeo curto, que edita apenas um momento da quizumba toda (o que faz dele, como prova de qualquer coisa, bem tendencioso), mas eu tô me baseando também nos comentários que se lê no Youtube. E é de lá que eu afirmo categórico a concentração de “adolescentes” mimados, reclamando direitos que não os atendem, que circulam por lá, entorno do vídeo.
E numa boa, Denys, eu já vi isso acontecer de perto. Eu já fui fissurado com RPG de mesa, era um jogador inveterado quando uma garota foi assassinada em Ouro Preto “em decorrência do jogo”, como alardearam as autoridades. Todo mundo que desconhece o hobby tinha medo. E muito jogador reforçou esse medo, andando por aí com roupas cada vez mais pretas, mais capas e sobretudos, crucifixos maiores, livros à mostra. Tomei batida policial (foi há anos atrás, eu ainda não era da polícia) e fui mandado para casa só porque conversava com essa minha galera no portão de casa.
Preconceito? Discriminação? Na minha opinião, não. Medo. Insegurança e proatividade, coisa que se espera de qualquer vigilante.
Com muito esforço a comunidade rpgística agiu com vistas a “salvar a imagem” do hobby. Conseguiram? Não completamente, mas os bons resultados que tiveram não foram obtidos com passeatas, gritos histéricos e ameaças vazias de protesto. Foi na base da conversa, foi, diferente do vídeo, mostrando que o que se imaginava sobre os RPGistas na verdade era o oposto da realidade.
Entende onde quero chegar?
Queria primeiro discordar do Alberto, por que como afirmo no post seguinte, o próprio shopping confirma que não tem problema algum pessoas irem de fantasia, o problema é apenas de interpretação do que se está fazendo com a fantasia, o que me pareceu faltar à segurança.
Lucas, eu também estive presente (apesar de num centro onde a cena é bem menor) no caso Ouro Preto e RPG, minha mãe ameaçou queimar meus livros, quase fui proibido de jogar, recebi os famosos olhos tortos pelo hobby, mas discordo de você quanto a “proatividade” de um policial. Não discordo que ele tenha que ter, ele deve ter e é melhor que peque pelo erro do que pela omissão, mas sabendo depois que determinado grupo não representa ameaça alguma, continuar querendo expulsa-lo é apenas preconceito vazio.
Pra mim (e pra muitos estudiosos) o preconceito se combate não somente com informação, mas com convívio. O próprio Kurt Lewin, grande nome nos estudos de grupos afirmava isso. Não adianta somente informar, esclarecer (mas claro que isso é não só válido, como necessário), é preciso conviver os “normais” com os “anormais” para que os “normais” percebam que não há problema algum em conviver com os “anormais”. Na verdade essa é o mote da luta antimanicomial mundial. Por isso que eu acredito que cosplayers devam sim ir à lugares públicos, sem baderna, sem gritaria, apenas para conviver.
Opa! temos mais em comum do que eu pensava, Denys! Lewin, Luta antimanicomial? Está na minha seara de conhecimento…
Cara, em nenhum momento eu coloquei que os cosplayers deveriam ser colocados à parte da sociedade. Mesmo porque, por mais importante que o hobby seja na vida de um sujeito, ele é certamente muito inferior, valorativamente, do que outras coisas, como religião, por exemplo. Sendo supérfluo, seria tão estúpido impor sanções e leis próprias…
Enfim, voltando ao tema, perceba aí que o tempo todo eu defendi o “direito” dos cosplayers de frequentar onde quer que seja, mas combati (e morro assim) a forma como esse direito foi requerido: com gritos, ameaças vazias e striptease engraçadinho. Não é assim que se reclama um direito numa sociedade democrática. Nem no futebol é assim…
Cara, você acha mesmo que, pelo que se vê no vídeo, o segurança abordou o grupo de forma ofensiva? Um sujeito que age da forma como ele agiu nas imagens, te parece o tipo de pessoa que abordaria clientes de um shopping, por mais estranhos que estes pareçam, de forma truculenta? Eu duvido, duvido e duvido de novo…
Agora, o outro lado: dada a reação dos cosplayers registrada no vídeo, você acha que eles receberam a (possivelmente) polida abordagem com calma, racionalidade e civilidade? Tenho cá minhas dúvidas.
Como eu encaro essa situação toda? Como eu reagiria a ela? Como já reagi antes, quando fui injuriado: argumentaria e, diante de uma solicitação razoável do outro (identificação) atenderia. Eu não tenho nada pra esconder ou pra temer. É como eu disse: pela balbúrdia gerada, parece mais (ao segurança e aos demais frequentadores do shopping) que a segurança do lugar estava certa em querer tirar aqueles esquisitos dali… Entendeu agora qual o meu ponto?
Também é da Psicologia, Lucas?
Bem, aqui acredito que chegamos a um impasse visto a nossa impossibilidade de visualizar o fato como ele de fato ocorreu, podemos fazer apenas suposições.
Concordo que a melhor forma de exigir seus direitos não é com gritaria, balbúrdia e muito menos com strip-tease, apenas entendo todas essas reações vindo de um grupo de adolescentes que estavam sendo expulsos (certo ou não, é uma situação bem chata de se passar, seja onde for).
Acho que chegamos a um acordo: direito de estar ali os cosplayers tinham, faltou uma melhor abordagem do segurança (não por ser ofensiva ou não, mas por possivelmente não ter sido tão informativa quando deveria) e mais calma por parte dos cosplayers.
Yeap! Bacharel em psicologia pela UFMG, a apenas um semestre de distância pra enfim pegar meu título de psicólogo…
Pois é. Justamente essa falta de “visão panorâmica” da coisa que me preocupa, afinal de contas, é o rosto do segurança, que estava trabalhando, quem está sendo exposto e pixado por aí, como se fosse a reedição de Herodes. Uma sacanagem.
E penso que este evento, e a repercussão dele na página do Youtube, representa algo maior, que tenho observado: todo mundo quer reclamar seus direitos, gritam a plenos pulmões “Eu posso!” mas nunca pensam “Eu devo?”, que chama atenção para a responsabilidade individual do sujeito que age. Nessa zona aí, os dois lados estão culpados, mas me preocupa o contexto que leva a tudo isso.
E se o assunto é responsabilidade, os mesmos cosplayers que reclamaram seus “direitos” (aspas! aspas!) e ameaçaram o segurança, deveriam pensar melhor antes de espalhar por aí uma meia verdade (o vídeo) e pedir cabeças: simplesmente não é certo.
Por fim, outra coisa que tem me incomodado: você acha que o segurança viu os cosplayers e disse: “Droga, cosplayers! Vão arrumar confusão aqui, melhor limpá-los da área!”?
Não, o que ele provavelmente pensou foi “Droga, emos! Vão arrumar confusão aqui, melhor limpá-los da área!”. Infelizmente na cidade existe essa generalização, não se separa emos, otakus, cosplayers, punks, rockeiros ou qualquer “tribo”, tudo é emo e emo como sinônimo de “galeroso” (gangues, conhecidas aqui como galeras)
.-. , eu ja fui de cosplay pra rua,
vou de coplay pro manauara kkkk
mas poxa , esse cara ai, ele tem preconceito t.t , so porque voce ta vestida de tal forma, ele quer tirar do local.
e como a menina la falou , é um local público e as pessoas se vestem do jeito q quer u.ú hoje mesmo (sério foi hoje) voltando pra casa, eu vi um grupo de estudantes vestido cosplayers na rua, andando (cantando) ^^
e esse povo daqui tem que para de ser assim, eu fico puta da vida , por causa disso D:
Shopping é privado, nada contra cosplay, mas no estatuto interno do shopping proíbe mascaras e fantasias que tirem atenção das lojas e atracões