Genki Review – Ping Pong de Taiyo MATSUMOTO

Ping Pong, é um mangá de drama e, pasmem, Ping Pong! Um dos novos quadrinhos trazidos pela JBC em dois volumes, que iremos dissecar cada detalhe, sem spoilers. Basta arrumar a sua raquete “Equilogue” de fibra de carbono, pegar um bocado de doces e entrar com a gente nessa partida.

Capa do mangá "Ping Pong".
Na imagem, a capa do mangá “Ping Pong”.

A Sinopse

Acompanhamos a história de dois amigos do colégio, o espontâneo e cheio de si, Yutaka Hoshino (mais conhecido como Peco), e o introspectivo e sério, Makoto Tsukimoto (conhecido como Smile, por ironicamente nunca sorrir). Ambos são os melhores jogadores de tênis de mesa (Ping Pong) do seu clube escolar, contudo as perspectivas distintas destes dois garotos em relação ao esporte vão entrar em conflito diante dos rumos que a rotina necessária para se tornar um atleta vai exigir deles.

A adaptação em anime!

Também é importante lembrar que Ping Pong ganhou uma adaptação animada, “Ping Pong: The Animation” de 2014, dirigido e roteirizado por Masaaki Yuasa, com a colaboração de EunYoung Choi. A animação foi produzida pelo estúdio Tatsunoko Production e, em seu lançamento, foi aclamado por críticos e profissionais do ramo como um anime diferente do comum.

Esse texto não tem como objetivo comparar a adaptação para anime com o material original, mas basta dizer que, lendo o mangá, você, leitor, entenderá facilmente o porquê desse trabalho cair nas mãos de alguém como Yuasa.

Cena do anime de Ping Pong, mostra quatro personagens na beira da praia.
Na imagem: Ping Pong: The Animation

Ouça também nosso podcast sobre Masaki Yuasa e suas obras: ANIKENCAST #017 – KAIBA (MASAAKI YUASA)

A arte

Os traços de Taiyo MATSUMOTO podem não agradar todo mundo, por serem “diferentes. Existe uma grande influência de estilo dos quadrinhos europeus na sua identidade, com traços soltos à mão livre, sem se preocupar muito com as proporções ou perspectivas, linhas mais grosseiras e personagens muitas vezes exageradamente caricatas. 

Quadro do mandá "Ping Pong", mostra a frente de um estabelecimento com várias bicicletas estacionadas em frente.
Na imagem: quadro retirado do mangá, Ping Pong

A “inconsistência” é proposital, permitindo que os quadros e enquadramentos, dentro ou fora das partidas de ping pong, sejam bastante interessantes e ousados. Os closes, perspectivas, movimento dão uma vida única para a narrativa visual deste mangá, que vai facilmente fisgar e dificilmente cansar você leitor com  as soluções malucas que MATSUMOTO propõe para determinadas cenas.

Quadro do mangá, Ping Pong, mostra a disputa entre dois jogadores, um de camiseta branca e outro com camiseta preta.
Na imagem: quadro retirado do mangá, Ping Pong

A Edição

A edição de “Ping Pong“, distribuída pela JBC, tem uma qualidade excelente. O tomo com mais de 500 páginas é muito fácil de manusear e a abertura do encadernado é muito bem diagramada, não prejudicando nenhuma arte ou balão de fala. O papel de alta gramatura é ótimo (embora, algumas vezes, tenha sido responsável por fazer com que uma certa pessoa achasse ter pulado algumas páginas sem querer, dada a espessura do papel…).

Não a dúvida que é um dos melhores trabalhos apresentados pela JBC!

Quadro do mangá "Ping Pong", mostra um jogador, de camiseta branca, rebatendo a bola.
Na imagem: quadro retirado do mangá, Ping Pong

O único outro detalhe que vale pontuar é a que editoras mais “recentes” têm nos acostumando mal com algumas sutilezas em seus produtos, dando a sensação de ter algo faltando nessa edição de Ping Pong em alguns momentos.

Para agregar à qualidade do material, poderia ter uma pequena biografia do autor nas orelhas da sobrecapa ou alguma informação “extra”. Outra questão importante é a quantidade de notas de rodapé ao longo do mangá, que também seriam muito bem-vindas na forma de glossário ao final da edição.

A história

O enredo do quadrinho segue nossos dois protagonistas, Smile e Peco, mostrando as diferentes visões deles sobre o esporte. Enquanto um quer apenas se divertir, o outro enxerga no esporte um holofote para o seu ego.

Cena de "Ping Pong: The Animation" - Mostra o personagem Smile, em movimento, com sua raquete.
Na imagem, Ping Pong: The Animation

Também somos apresentados a outros personagens que orbitam o esporte e nos mostram o quão amarga pode ser a vida dedicada a se transformar em um atleta profissional.

Quadro do mangá "Ping Pong", mostra um personagem, de jaqueta preta, sentado em um banco, e outro mais atrás, com o mesmo uniforme.
Na imagem, quadro retirado do mangá, Ping Pong

Esses inúmeros conflitos vão, aos poucos, levando a história a um caminho um tanto melancólico, que nos faz questionar se apenas divertir-se com aquilo que gosta já não é o suficiente. O mangá de Taiyo MATSUMOTO é, em seu primeiro volume compilado pela JBC, um drama pesado e cheio de conflitos internos de seus personagens, convidando você, leitor, a também ter suas próprias discussões internas – como,  se vale a pena comprar essa edição. E a resposta é, SIM!

Se gosta de animes de esporte, ai curtir nosso icônico: Fala OTAKU 165: FALA OTAKU 165 – MANGÁS E ANIMES DE ESPORTE – PARTE 2!

Kaed, é formado em design(seja lá o que isso queira dizer) e ilustrador de fundo de quintal, gosta de dissecar e falar groselha sobre quadrinhos e animação com piadinhas no meio para descontrair e não parecer um esnobe de monóculo, além de ser uma tiete em tempo integral dos seus artistas favoritos de mangá. Para conferir um rabisco ou outro desse desocupado, confira o @dudesken no Instagram.