Toradora! – Review

A clássica história de romance onde duas personagens decidem se ajudar em prol de conquistar seus amores não correspondidos resume bem “Toradora!”, mas não é porque algo é esperado que não pode surpreender não é? Será que esses quase 10 anos fizeram bem para obra? Vamos tentar descobrir!

 

Toradora é um anime que circula ou já circulou o radar de muitos. O anime felizmente está agora a um clique de distância graças à Netflix, mas como sempre, antes de tudo;

Toradora!, originalmente foi uma história de ligth novel escrita por Yuyuko Takemiya e ilustrada pelo artista Yasu, em meados de 2006 até 2009. Ao todo foram publicados dez volumes, ganhando posteriormente uma adaptação para mangá em 2007 pela editora ASCII Média Works, e finalmente uma adaptação animada pelo estúdio J.C Staff, em 2008.

 

(Aqui nós iremos observar apenas a versão animada da série!)

Nessa história acompanhamos Ryuji Takasu, um adolescente colegial que está perdidamente apaixonado pela sua colega de classe, Minori Kushieda (vulgo, Minorin), melhor amiga da co-protagonista, Taiga Aisaka, que por sua vez está perdidamente apaixonada pelo melhor amigo de Ryuji, Yusaku Kitamura. 

Tanto Ryuji como Taiga compartilham uma peculiaridade de má fama no colégio, Ryuji herdou de seu pai  olhos ameaçadores, fazendo com que seus colegas tenham medo dele, e Taiga pode ser baixinha, mas é realmente ameaçadora! Juntos irão se ajudar na conquista por suas paixões não correspondidas, se metendo em problemas graças às suas personalidades divergentes, e peculiaridades chamativas. 

 

As aberturas do anime.

 

Já ouviram em algum lugar que a abertura de um anime diz exatamente o que ele quer transmitir? Bem, isso não é verdade 100% das vezes, mas em Toradora! isso pode ser observado.

 

A primeira abertura é cheia de ritmo e mostra a composição de cores da animação, traduzindo a emoção que os episódios dessa fase vão nos conduzir.

 

Já a segunda…Bem, ela parece o clássico clichê de encerramento choroso e melancólico, somado ao final da abertura onde as personagens protagonistas olham pra câmera como se estivessem num comercial de pasta de dentes, traduz o que a segunda parte será, exagerada e teatral, mas vamos por partes.

 

A primeira parte da animação é focada no bom humor e em explorar a inocência do romance juvenil, é de se imaginar que essa parte foi responsável por capturar a atenção dos fãs já que as personagens são muito bem desenvolvidas dentro da sua proposta, e carismáticas.

 

E embora seja uma ideia de enredo clichê, isso não é sinônimo de defeito nenhum para a obra. A primeira parte de Toradora! prova isso com maestria, é o arroz com feijão bem feito.

 

Mas, esse anime também tem seus problemas, e antes de destrinchar a segunda parte dessa obra, é preciso falar da última personagem protagonista do anime, porque sim, ao todo são cinco personagens protagonistas, sendo que dois deles (os interesses amorosos), estão mais próximos, se uma comparação desleal com o cinema, de um elenco de apoio para os outros restantes.

 

Sabemos que um “character design” é uma das chaves de uma boa produção, nos ajuda a identificar a personalidade das personagens e destacar seu “protagonismo” nas obras, embora o pessoal de Beyblade leve esse assunto um pouco além.

Ami Kawashima não tem só um “character design” sem expressão no anime, ela em si é uma personagem muito confusa na trama. Kawashima figura boa parte do tempo da animação junto aos protagonistas assim que é introduzida na história, porém entre agir como uma espécie de antagonista para Taiga, ou um apoio emocional para Ryuji, criadores propõem apenas ideias das quais a personagem “flerta”, mas não passam de nada além desses flertes.

 

Poderíamos até considerar a personagem como um pedaço a parte do enredo, onde Kawashima está refletindo sobre como os seus colegas a enxergam, uma pessoa responsável, madura e independente, e suas dúvidas pessoais sobre si mesma; mas isso é rapidamente resolvido, fazendo com que a personagem embora tenha um espaço muito grande na animação, não seja muito relevante.

Já na segunda parte da animação, o problema não está em como as coisas acontecem, mas a velocidade e o drama exagerado em que são apresentados. As personagens passam a ter conflitos muito mais teatrais, regados de momentos de melancolia, que um bando de adolescentes não teria. Isso faz parecer que a qualquer momento irá acontecer um repentino “School Days” na série, assim como foi a transição repentina de atmosfera de uma parte para outra.

 

No geral, Toradora! é um bom anime para se acompanhar, caso você já não tenha o feito ainda. Os problemas, embora pareçam irritantes a princípio, conseguem ser contidos pelo carisma das suas personagens. E se o anime conseguiu sobreviver ao tempo? É importante destacar que em nenhum momento houve uma sexualização das personagens, e estamos falando de um anime de 2008, parece que “sobreviver ao tempo” passou a ser uma prática abandonada por uma maioria de produções posteriores e atuais. 

 

(Eita!? Isso foi uma lacração? Na real eu só queria encerrar com uma frase pomposa. Enfim, assistam Toradora!) 

 

Revisão: Deise Bueno

 

Kaed, é formado em design(seja lá o que isso queira dizer) e ilustrador de fundo de quintal, gosta de dissecar e falar groselha sobre quadrinhos e animação com piadinhas no meio para descontrair e não parecer um esnobe de monóculo, além de ser uma tiete em tempo integral dos seus artistas favoritos de mangá. Para conferir um rabisco ou outro desse desocupado, confira o @dudesken no Instagram.