Lúcifer e o Martelo, Volume 2

Nada e ao mesmo tempo tanta coisa acontece nesse segundo volume de Lúcifer e o Martelo.

“Não importa se é personagem da ficção ou real. Todos choram quando alguém morre.” CRESCENT, Noi, página 177

Já leu a resenha do Volume 1, aqui mesmo no Argama?

Um volume praticamente inteiro focado em desenvolvimento de personagem é uma das formas mais fáceis de ver quem realmente tem interesse em uma obra teoricamente também focada nas batalhas. Se perdemos um pouco do equilíbrio que seria necessário para a obra ter maior alcance e popularidade, diversos capítulos focados principalmente no dilema de “o que é ser adulto?” dão uma camada de profundidade sobretudo sincera, até um pouco mesmo crua.

São capítulos e situações de verdadeira rotina (slice-of-life) vividos pelos protagonistas da série, acrescidos da nobre presença de Hangetsu Shinonome, o Cavaleiro de Cachorro, aquele personagem mais velho que parece irresponsável mas na verdade é um grande exemplo de vida em suas virtudes e fraquezas. Apaixonado pela irmã de Samidare, consegue entrar na vida desta como na nossa, página a página, de café da manhã em café da manhã. Aliás, essa repetição de treinamentos e passagem de tempo lenta mas contínua é um dos triunfos deste mangá que consegue passar um bom senso de progressão e envolvimento.

Outro personagem que surge neste volume é o pai de Samidare, que consegue tanto trabalhar a temática do que significa ser adulto quanto também adiciona um senso de família geralmente tão artificial nos quadrinhos japoneses; sua passagem é breve, afinal os protagonistas são as ainda crianças. Falando em passagem breve…

De repente, não mais que de repente, mais um Boneco de Barro ataca e Hangetsu, o Paladino da Justiça, dá a sua vida pelo ainda relutante Anamiya. O mundo é cruel e uma vida é ceifada de uma forma crua, seca, assustadora. E é o lento processo de absorção deste forte impacto que irá conduzir os capítulos finais do volume, deste final de prólogo cuja página é finalmente virada pela chegada do insano e interessante Mikazuki Shinonome, irmão mais novo de Hangetsu, em alguns aspectos a outra metade de Anamiya. “Dois homens marcados pelo destino!! Como se fosse um filme de quinta categoria!!”, ele diz.

Lúcifer e o Martelo consegue mostrar já nesse Segundo Volume um belo e progressivo desenvolvimento de personagem pronto para dar frutos ainda maiores mais a frente; para isso, tivemos que desacelerar o ritmo dos acontecimentos justamente para poder pontuar melhor este processo. É a melhor abordagem para o tipo de história que o autor se propõe a contar, mas acaba sendo às custas de uma maior popularidade entre quem lê “pela ação”, “pelo romance”; o coração desta fábula é um drama que se preocupa com seus personagens e é isto que teremos após o fim deste prólogo. Que comecem os jogos!

Bom: Bom desenvolvimento de personagem; diálogos (às vezes, o que fica nas entrelinhas destes) interessantes
Ruim: “Ação” de menos para alguns
Meta(linguagem): Um anime dentro do mangá, por que não?

Quer uma outra opinião a respeito deste mesmo assunto? Confira a resenha da Karina no Gyabbo!

Editora: JBC
Preço sugerido: R$ 13,90
Páginas: 216 (4 coloridas)

Não É Minha Culpa Que Minha Pesquisa No Google Sobre A Capa Teve Um Resultado Assim

Nada e ao mesmo tempo tanta coisa acontece nesse segundo […]

One thought on “Lúcifer e o Martelo, Volume 2”

  1. Mais um excelente post, Cuerti!

    Não li o mangá ainda pra comentar sobre pontos em específico, mas a escrita e a elaboração do texto em particular prende o leitor mesmo sem ter lido o mangá.

    Bom saber que está deixando as calcinhas antes irrelevantes fluírem.

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