Nekomonogatari [Shiro]

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Monogatari Series, Second Season não merece apenas um review. A adaptação de cinco mais um livros [light novels] que compõem a Segunda Fase desta franquia de tomou de assalto a animação japonesa será resenhada livro a livro, personagem a personagem. E para essa verdadeira missão convidamos a Marcela do bom blog Otomegatari para esta série de artigos múltiplos sobre um anime múltiplo. Mas já falamos demais, com a palavra a nobre convidada…

Yaho!… Espera, acho que estou no lugar errado…

Mais ou menos. Apesar de ser estritamente contra lugares estranhos com gente esquisita, fui convidada pra vir espalhar a palavra de Nisio Isin para outros horizontes e além. Sim, vim contaminar até o Argama com Monogatari Series!

E, para piorar ainda mais, com uma review de Nekomonogatari [Shiro]! Espero que estejam prontos para mais e mais divagações sobre a história da deusa das asas, dos gatos e dos tigres – Hanekawa Tsubasa. Apertem os cintos e peguem seus extintores de incêndio – as palavras a seguir podem pegar fogo sem aviso prévio.

Nekomonogatari [Shiro]: O que houve, onde estou?

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Eu não acho que posso contar isso habilidosamente como o Araragi-kun poderia, mas vou deixar para a sorte e tentar o meu melhor. Afinal de contas, é sem dúvidas a maneira como qualquer um contaria sobre sua própria vida.

Nekomonogatari [Shiro] foi a primeira novel a ser adaptada em Monogatari Series Second Season, sendo a novel que inaugura a Segunda Fase de Monogatari. Ah, sobre as fases… Monogatari Series tem atualmente e, possivelmente, somente três fases, intituladas muito sabiamente como “Primeira Fase”, “Segunda Fase” e “Terceira Fase”.

A Primeira começa em Bakemonogatari e vai até Nekomonogatari [Kuro]. Gosto de classificar essa fase como sendo uma apresentação bem superficial sobre os personagens principais da trama. A história de cada garota e seu primeiro problema com kaiis e a história do próprio Araragi Koyomi e seu encontro “estopim” com Kiss Shot Acerola (yum!) Heart Under Blade (tem uns hífens aí no meio, mas nunca sei onde são).

A Segunda é a que estamos vendo ser adaptada agora, que conta com seis novels, em ordem de lançamento: Nekomonogatari [Shiro], Kabukimonogatari, Hanamongatari, Otorimonogatari, Onimonogatari e finalizando em Koimonogatari. Essa fase é o aprofundamento em especial das garotas de Monogatari, especialmente pelo fato singular de todas estarem narrando suas próprias histórias, com exceção de Kabukimonogatari, narrada tradicionalmente pelo Araragi. Pelos próprios subtítulos de algumas delas, é possível perceber um “avanço” com relação a última kaii: Tsubasa Tiger [Tsubasa Cat], Mayoi Jiangshi [Mayoi Snail], Suruga Devil [Suruga Monkey], Nadeko Medusa [Nadeko Snake].

Assim como o problema da kaii evolui, as personagens também evoluem. Tendo elas como narradoras, entramos muito mais profundamente em sua essência – com o Araragi narrando, só podíamos ter o ponto de vista dele a respeito de cada uma, como por exemplo, relacionado a Nadeko. Não dando muitos spoilers, mas a Nadeko é uma das personagens que mais muda. Não digo em desenvolvimento em si, crescimento… Mas uma virada de 360° na personalidade que, na verdade, sempre esteve lá, mas como só a víamos pelos olhos cinzentos do Araragi, ficamos cegos quanto a isso.

A Terceira Fase é a mais enigmática porque as novels ainda estão em lançamento e os processos de tradução do japonês para o inglês é extremamente letárgico. Começa em Tsukimonogatari e… sabe se lá até onde vai. De verdade, eu não sei. Tem uma novel que o Nisio anuncia e cancela sazonalmente, Zokuowarimonogatari.

Ergo, a Primeira é somente uma introdução superficial. A Segunda é o desenvolvimento, literalmente falando, de tudo. A Terceira… obviamente, é a conclusão. Mas que conclusão será… Estamos no aguardo, Nisio.

Finalmente voltando ao assunto em questão, Nekomonogatari [Shiro] é a primeira novel a não ser narrada por Araragi. A vez no palco é de Hanekawa Tsubasa, a Representante das Representantes. A história sobre seu encontro com um tigre flamejante, rejeição, crescimento e, finalmente, o primeiro voo com suas próprias asas.

Tudo começa quando ela encontra um tigre do tamanho de um elefante no seu caminho pra escola – um tigre que não faz “gao”. E, para kaiis, no momento que você faz contato visual, não há mais saída. Dessa vez o Araragi não está nem um pouco perto para ajudar, então resta para a Senjougahara e a Hanekawa resolverem esse problema sozinhas enquanto a Hanekawa trilha seu caminho para se tornar “humana”.

O sono perfeito, o doce pesadelo e a insônia de chocolate

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Agora. Chegou a hora de acordar desse pesadelo.

Como a Hanekawa é a única que teve até agora mais de um arco para falar sobre si, tem três aberturas diferentes e trabalhadas de uma maneira impressionante pela ligação que elas possuem entre si e com relação a história. E para entendermos essa relação melhor, precisamos analisar elas de maneira cronológica. Sendo assim, começaremos por Nekomonogatari [Kuro], seguindo para Bakemonogatari e termina em Nekomonogatari [Shiro]. Vamos lá.

Primeiro, o nome da música executada em cada uma – perfect slumbers, sugar sweet nightmare e chocolate insomnia. De uma obra para outra há uma evolução, um caminho sendo percorrido para o despertar da Bela Adormecida.

Inicialmente, a Hanekawa está completamente absorta em seu sono. Não há perspectiva nenhuma para um despertar… Ela está obtusa. É o ápice do que seria a “Hanekawa” que o Araragi vê – uma santa, perfeita, um monstro. E, em Neko Kuro, a Black Hanekawa está em seu estado mais selvagem, atacando indiscrinadamente qualquer um. Apesar de ela realmente ter sido absorvida pela Hanekawa e ter sido possuida por quem supostamente possuiu, esse é o momento onde a Representante das Represantes está mais presa a sua kaii. De uma maneira meio estranha… Está dormindo dentro da Black Hanekawa.

Mas logo o sono se torna inquieto. A segunda aparição da Black Hanekawa, dessa vez, bem mais tranquila. Apesar da maneira de agir da Hanekawa não ter tido grandes mudanças ao longo de Bakemonogatari, ela começa a se afastar mais da kaii. O fato da Black Hanekawa estar se tornando cada vez mais um eco distante aponta para um despertar em breve.

E, finalizando, quando finalmente acorda – não só a música, mas os aspectos visuais da abertura também apontam para isso: a Hanekawa começa dentro de uma caixa, com um timer de chocolate preto se aproximando do que seria a hora do despertar dela. Quando finalmente para, o chocolate muda de cor, tornando-se branco. Obviamente, a transição entre Neko Kuro e Neko Shiro. Após isso, as referências são claras: o abrir dos olhos, a ação de se esticar. A principal delas que apresenta a ligação com o tema de Neko Kuro, perfect slumbers, é o momento me que ela se encontra em um campo de flores.

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Deja vú? É, por aí.

Nos momentos finais da abertura de Neko Kuro ela está em um campo de flores com o Araragi aos seus pés. As flores… Bom, não tenho certeza de quais sejam, meu chute é que sejam camélias, mas as que importam são as da nova opening – girassóis, as flores que sempre estão viradas para o sol.

O vestido branco, as orelhas de gato e a faixa preta que ela passa a usar representam o que seria a absorção que ocorre no final de Nekomonogatari Shiro. Deixando de ser puramente branca e passando a se misturar igualmente com seu lado ruim, suas emoções ruins… seu lado negro.

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Para finalizar, se já não ficou tudo bem óbvio, aquela entra em seus momentos finais com a Bela Adormecida (como é descrita na própria letra da música) dentro da “caixa” que esteve presa durante todo esse tempo, dormindo. Ela desperta e – um detalhe minúsculo mas que percebi há pouco tempo: a ” lua ” dentro da caixa.

Na Lua, haviam os dois gatinhos martelando um sino de casamento. Quando a Hanekawa sai da caixa e abre suas asas, ela derruba a versão miniatura da lua e ela é deixada de lado. Minha interpretação disso é que seria uma referência a rejeição do Araragi. O “casamento”, o “beijo do príncipe” para acordar a Bela Adormecida… No momento em que o símbolo do casamento é jogado pra escanteio [na verdade, com essa tarjinha preta, parece censura de mangá hentai], é uma demonstração de que ela “superou” o Araragi e, finalmente, pode abrir as asas e voar sozinha.

Viajei só um pouco, né? Bom, seguindo em frente…

QUALITY, a câmera do espaço e um pouco sobre a trilha sonora

“‘O episódio meu e o do Araragi-san vai sair na próxima novel!’

‘Não é uma previsão se você anunciar direto!’

Não é mais nem uma previsão. É uma divulgação.”

Um pouco para a parte técnica. Neko Shiro está muito longe de ser a adaptação mais bonita de Monogatari. Na verdade, o próprio Bakemonogatari começou acima da média e terminou com… Acredito que alguns se lembrem da versão de TV do episódio 10, arco da Nadeko. O verdadeiro PowerPoint da SHAFT em pleno funcionamento.

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Em Shiro, o que foi mais notável foram os camera shots de longe que só iam se afastando cada vez mais. A maior tempo em que a história se passava na minúscula casa da Senjougahara, a câmera era extremamente afastada e as personagens, pouco detalhadas, em alguns momentos com foco em suas expressões a determinadas afirmações mas inevitavelmente retornando à câmera distante.

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O momento verdadeiramente mais crítico foi o encontro final entre Black Hanekawa com o Kako. O diálogo da cena em questão é incrível, mas os aspectos visuais tornaram muito cansativo de assistir a esse primeiro momento do encontro/batalha. Tiveram alguns momentos em que eu pausei o episódio só pra achar onde estava a Black Hanekawa. Sério, eu não tava enxergando ela. Era um ponto branco com algumas partes azuis, só. Realmente, a cena em questão não havia como ser muito frenética, mas merecia pelo menos algo um pouco mais próximo dos personagens e frames de suas expressões. A imagem distante e estática dos dois era entediante.

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Em compensação, houveram alguns pontos altos com a animação realmente esperada para um estúdio desse porte. Válido mencionar a sugestiva e altamente aguardada cena do banho entre a Senjougahara e a Hanekawa que, a meu ver, foi executada da melhor maneira possível. Na novel não há relatos detalhados a respeito do banho em si, só algumas menções feitas pela Hanekawa, logo, a maneira como a censura foi utilizada e o quão pouco foi mostrado adaptou muito bem, tornando a deixar o ar “misterioso” que está presente na própria escrita.

Aliás, bela jogada do Nisio: cortou o cabelo das duas e, vendo as silhuetas, é difícil dizer quem agarra quem. Sasuga Nisio.

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Além desse vangloriada cena, outra a se mencionar é a da carta para Black Hanekawa no quinto episódio. Novamente, não havia melhor maneira de se adaptar esse momento decisivo. A carta constitiu o maior capítulo da novel e era uma preocupação minha qual a maneira que eles usariam pra colocar aquilo de uma maneira visual – não é uma carta nem um pouco curta e que de maneira alguma pode ser reduzida. Como eles vão mostrar o conteúdo de um jeito que a pessoa não se canse? As transições de imagens, mostrando o sonho de vigiar ao redor do mundo dela e, ao mesmo tempo, a busca de um lugar, refletiu de uma maneira SHAFT o que a Hanekawa escreveu.

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Entretanto, eu, no meu ponto de vista altamente otimista, acredito que haja bons motivos para esses momentos tão parados na animação. Além do fato de que isso tudo vai ser corrigido no Blu-Ray [assim como o episódio 9 de Bakemonogatari foi inteiramente refeito no lançamento em home video] há de lembrar que essa é a adaptação de Monogatari mais longa até agora. Bakemonogatari teve 15 episódios, Nise 11, Neko [Kuro] 4. Estamos falando agora de cerca de 25-26 episódios. E, sendo realista, Nekomonogatari Shiro não é a novel que mais vende. Em termos de popularidade, a personagem favorita obviamente é a Senjougahara – a Hanekawa não chega nem no Top 3. É mais do que óbvio que as injeções de qualidade sejam feitas naquilo que vai proporcionar mais vendas, multiplicar esses números.

Além disso, há razão em economizar nas cenas mais estáticas para que as cenas de ação sejam melhor executadas, apesar de não ser do agrado, é o caminho mais lógico quando há um aperto no orçamento.

Ah! O adendo sobre a trilha sonora. Algumas das músicas “clássicas” de Monogatari Series permanecem, dando um ar de “bem vindo de volta”. O ponto a destacar são três novas. Não sei os nomes ainda, mas elas só tocam durante um momento ao longo dos episódios: durante a Carta, no monólogo do Kako e seu combate com a Black Hanekawa.

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A música da Carta tem um sentimento estranho. Com uma pegada meio latina lembrando músicas típicas mexicanas, combinou de maneira bizarra com a cena. Enquanto assistia a Hanekawa viajando de lugar pra lugar com aquela música, só pude imaginá-la como uma imigrante ilegal, passando por cima de tudo que fosse muro de fronteira. E quem sabe se essa não foi a intenção? Ela passa por muitas áreas semelhantes a desertos, parecendo um pouco Velho Oeste também.

Música de vilão. Não, música de vilão de JRPG de SNES! Sim, exatamente isso, perfeitamente isso, nada mais que isso. Senti alguma coisa cutucando minhas lembranças de SNES quando começou a tocar durante o monólogo dele… Vinham imagens de JRPGs e outros jogos japoneses de SNES, principalmente durante as aparições dos vilões. Um tom meio… fúnebre, macabro, um pressentimento de tem merda vindo. Devia ter salvo antes. E isso não tá muito longe do que aconteceu, né?

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a dona aranha subiu pelo tigre, veio a chama forte e a derrubou

E, obviamente, não podia faltar uma música de batalha para o curto e óbvio confronto entre as duas kaiis. Mas não é só uma música de batalha – a parte inicial, quando o Kako primeiro avança, esmagando aquelas armações de metal, começa a fazer você ficar na ponta da cadeira assistindo. A cada intervalo entre as notas, seu coração perde o ritmo. Uma brilhante representação musical do embate – um tigre gigante contra um pequeno gato selvagem. Qualquer movimento errado e o gato já era.

Então a música evolui, muda de perspectiva! O que antes era um aviso, agora é uma orquestra triunfante. De alguma forma, mesmo sabendo que o resultado não é bom para a Hanekawa/Black Hanekawa, no momento em que a música se modifica, uma pequena esperança surge. O som de triunfo, conquista, vitória, misturados aos gritos agoniantes. Você sabe que ela vai perder, é óbvio que ela vai perder, mas não consegue aceitar. A música simplesmente grita: vitória.

Queimando! Santa inveja, como arde

“‘Eu não sei tudo. Mas tudo queima.'”

E retornando à história em si…

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O gatilho da kaii dessa vez é a inveja. No dia em que sua casa pegou fogo ela viu seus pais tomando café juntos, comendo o mesmo prato. Depois de tantos anos sendo a sombra do que seria a definição mais padrão de família, depois de tantas tentativas de continuar normal por parte da garota, ali estavam os dois, naturalmente indo pelo caminho que com tanto esforço a Hanekawa sempre tentou fazer. A interação deles, aquele momento… Tanta inveja queimando dentro dela.

A trilha de fogo seguiu até as ruínas do cursinho onde Shinobu e Oshino moraram e teria chegado até a casa dos Senjougahara e dos Araragi não fosse a intervenção no exato momento em que o Kako iria queimar tudo.

Em muitas definições, religiosas, filósoficas e sociológicas, inveja seria um tipo de cegueira parcial do ser humano. Incapaz de olhar para si mesmo, consegue somente enxergar o próximo e tudo que ele possui, e, consequentemente, almejando somente isso. Não somente almejar, porque isso cairia na definição de ambição mas também desejar que o outro não tenha. O ato de ter inveja é não só querer o que o outro tem, mas querer que esse outro não tenha nada, é desejar o sofrimento do próximo. Tão forte, um desejo de destruição tão forte, que tudo poderia simplesmente queimar.

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Então, a Hanekawa seria uma vilã? Não. Ela é humana.

É perfeitamente compreensível que uma pessoa que nunca teve nada, nem uma família carinhosa ou no mínimo uma “família”, amigos ou qualquer tipo de felicidade calorosa, sinta inveja dos que a tem – é fortemente reforçada a ideia de família enquanto ela está na casa de ambas, Senjougahara e Araragi. É mostrado cada aspecto da família, inevitavelmente, a sua maioria positivos e várias vezes a narradora declara o quão bom deve ser e que “não sabe porque o Araragi-kun reclama de ser acordado pelas irmãs todos os dias”. O problema é a não aceitação desse sentimento. A Hanekawa não aceita e então nasce o Kako, assim como nasceu a Black Hanekawa do stress.

A parte curiosa de tudo isso está no desenvolvimento e na resolução – o comum é que o personagem esteja consciente do problema e o enfrente, como um herói. Normal.

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Mas, nesse caso, a Hanekawa nem sabe que o problema existe. Até o capítulo 59, esteve sempre desviando o olhar. Não, não estava fugindo. Não tinha como fugir, se nem sabia que existia algo do que fugir. Ela não enfrenta também – ela aceita. Não adianta lutar contra seu lado ruim, suas emoções ruins, tampouco cortá-las para fora de seu coração criando monstros por aí. Aceitar, compreender que é só mais uma parte sua que faz quem você é.

É comum nos definirmos na maioria das vezes por qualidades. Exceto a galera otaku da baixa autoestima, mas dane-se vocês. Vamos sair um pouco do nicho.

Apesar de admitir que existem sim defeitos, a visão tida a respeito deles é mais como um tumor do que como um orgão, um músculo ou um osso. É algo que faz parte de nós, mas não deveria estar lá.

OBJECTION!

A evidência que nega perfeitamente essa visão é a própria Hanekawa. Por ela não ter defeitos, por ela ser perfeita ela é… imperfeita. Um monstro, uma aberração, algo assustador e o qual as pessoas não querem estar perto. Analisando então, cabe a dedução de que uma pessoa sem defeitos é tão incompleta quanto uma pessoa sem qualidades.

Não, os defeitos não são tumores mas fazem parte de nós e nos sustentam assim como as qualidades. Enfrentá-los… Não, não adianta enfrentá-los. Você vai estar se destruindo, consumindo o próprio corpo. O caminho a ser tomado é de aceitá-los. Compreendê-los e aceitá-los como uma parte que forma o ser.

Também não é pra sair por aí fazendo merda porque seu defeito é o que forma você, bobão… É evitar problemas com si mesmo, nadar com a correnteza e não contra.

Catch my drift?

Tsubasa abre as asas

“Vi diferentes faces minhas.
E, por isso, pude me tornar eu mesma.”

Como expliquei lá em cima, a Segunda Fase é o desenvolvimento mais aprofundado das garotas e Neko Shiro deixa isso bem claro.

Querem fazer o teste? Revejam Bakemonogatari. Depois, Nisemonogatari. Nekomonogatari [Kuro]. Então, finalize com Nekomonogatari Shiro. Contando que você tenha sobrevivido a tudo isso de uma vez, vai perceber uma diferença evidente: as reações.

Não há reações anormais da Hanekawa nas histórias anteriores – é tudo calculado, é tudo planejado, é tudo… perfeito. Ela não dá furos, não se perde, continua sempre perfeitamente perfeita.

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Não são mudanças bruscas, são traços que vão, lentamente, sendo adicionados a figura geral da personagem. Uma careta ali, uma frase mal colocada ali. Ou, simplesmente, não haver reação. Traços de humanidade, imperfeições, defeitos que aos poucos vão aparecendo.

É um desenvolvimento bonito de se ver, que não se resume somente ao último episódio. Sim, no último episódio ela demonstra o máximo de sua evolução e de seu crescimento, chorando pela primeira vez. Mas antes de tudo isso, antes de absorver o tigre, ela já estava mudando, sem nem mesmo perceber.

Conclusão

É lento? Sim.

A qualidade da animação diminuiu? Sim.

É Hanekawa demais? Sim.

E é ruim? Não.

Abraços.

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Monogatari Series, Second Season não merece apenas um review. A […]

7 thoughts on “Nekomonogatari [Shiro]”

  1. Saudações

    Sinceramente, falou em Monogatari Series é citar a Marcela e o Claudionor, ambos do blog OtomeGatari.

    Me lembro bem quando participei dos comentários sobre o quinto episódio, o fim do arco da Hanekawa. Falar com duas pessoas muito entendidas da obra foi deveras valoroso para mim…

    Por sinal, este post deixa tal, afirmativa por mim citada, em clara evidência.

    Até mais!

  2. M-ma… Mas como assim acabei de ler a melhor análise(? não sei nem como chamar o que eu li) já publicada?

    Não consigo mais contar quantas vezes assisti e reassisti os anteriores e devo admitir que muita, mas muita coisa escrita aí passou totalmente despercebida por mim.

    Fiquei até sem palavras aqui na hora de comentar então vou apenas elogiar esse incrível texto sobre esta incrível obra que é esse Monogatari.

  3. Belo texto, eu absolutamente adorei ver o crescimento da Hanekawa, apesar de não ter notado nem metade das referências citadas no texto, fiquei até um pouco triste de, no episódio 7, mudarem para outra saga sem ela. De novo, bom trabalho 😀

  4. Eu adoro a série e pensei: não preciso ler um texto desse tamanho.

    Depois de ler, entretanto, eu sei que teria perdido uma joia, de tão profunda e tão boa análise que foi feita aqui. Caramba: eu jamais perceberia o desenvolvimento da Hanekawa nesses termos e com tanta clareza. Muito bom perceber todos esses detalhes.

    Parabéns e obrigado pelo excelente texto.

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