Hora do Anime para Mulheres Adultas, Parte 2

Hora do Anime para Mulheres Adultas, Parte 1

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Após uma edição algo mediana do evento em 2011, será que um Otona Joshi no Anime Time maior e mais ambicioso também conseguiu ser melhor?

Otona no Joshi no Anime Time, é um compilado de três episódios baseados em três mangás one-shot, de diferentes autoras. Conforme já comentamos aqui anteriormente, houve uma edição única deste projeto em 2011. Desta vez, tivemos três episódios exibidos em março deste ano que retratam a história de mais três mulheres adultas e seu cotidiano.

O primeiro deles é Yuuge (Supper), da autora Yamada Eimi. A história fala de uma mulher separada, de 20 e alguns anos, quase 30, que descreve seu dia-a-dia e um pouco de sua “história” de vida enquanto cozinha e… só.

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Mimi é uma mulher que até poderia ser exemplar por ter deixado o marido que não amava para viver sozinha, justo numa sociedade tão conservadora quanto a japonesa. Entretanto, durante os 25 minutos de episódio, ela cozinha e conta fatos do seu cotidiano chato. É chato porque ela não faz nada mais do que cozinhar para o seu companheiro, o recolhedor de lixo que conheceu enquanto punha a sacola do seu lixo (obviamente) para fora.

E, minha nossa, que vida de merda que esta mulher tem! Aquela primeira impressão que poderíamos ter sobre Mimi, de que ela seria uma jovem mulher independente e decidida, sem medo de repressões por ter saído da casa do marido, cai por terra quando vemos quão submissa ela é a este novo “amor”. Sua rotina é cozinhar, esperar o amado, jantar com ele, transarem e irem dormir. Ponto. Ela não tem expectativa alguma na vida, é deprimente. Pior ainda quando o cara a compara com um animal de estimação, que está sempre em casa à espera dele… E ela acha isso lindo.

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A gente tem é vontade de pegar nos ombros dessa mulher e sacudir bastante pra ver se ela cai em si e dá um jeito na vida, arruma um emprego ou alguma atividade que a faça se sentir uma pessoa de respeito, não um mero objeto. Engraçado é essa brincadeira do atual namorado ser um recolhedor de lixo, ela demonstra ser algo parecido com isso mesmo, e precisa de um homem para “reciclá-la” de seu passado, pff.

Já a animação, como dito no post anterior, é feita com “fotos e filtros aplicados”, pois bem, neste episódio é onde fica mais clara a distinção do que é real e do que é animado. É interessante ver a personagem e o objeto com a qual ela está interagindo claramente desenhados e o resto do ambiente sendo composto por coisas “de verdade”.

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Curiosamente, ao pesquisar sobre a autora (vulgo recorrer à Wikipédia), vi que ela escreve sobre temas transgressores e polêmicos para a sociedade japonesa, mas no caso de Yuuge, ela não foi muito feliz.

O segundo episódio desta edição, e o melhor na minha opinião, é Jinsei Best 10 (Life’s Best Ten), de Mitsuyo Kakuta. Desta vez temos Hatoko, uma mulher de negócios e independente que está completando os 40 anos e começa a listar os dez melhores ou  mais marcantes momentos de sua vida.

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Neste ínterim, surge o convite para a reunião de sua turma da escola e ela começa a lembrar do seu primeiro namoradinho, ainda mais porque o seu nome consta como um dos organizadores, e logo vem aqueles questionamentos: será que ele se lembra dela? Será que ele casou? Entre tantos outros questionamentos…

Os fatos deste episódio são bem mais leves e descontraídos, e também divertidos. Aquela ansiedade em rever alguém que marcou o seu passado, ainda mais quando você não está envolvida com ninguém no presente,  pode gerar acontecimentos inusitados. Hatoko se sente insegura, afinal não sabe como reagir e o que dizer ao encontrá-lo, então ela fica bolando várias situações à caminho do tal encontro. O “namorico” dos dois foi bem breve e infantil, durou três semanas, mas claro que para uma garotinha é muito marcante, ainda mais quando dali ocorre o seu primeiro beijo.

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Durante o encontro da turma, ocorrem aquelas imagens clássicas da menina considerada feia que ficou bonita (e o contrário), ou do menino tímido que ficou extrovertido, por exemplo. A maioria das pessoas mudou tanto que Hatoko se sente deslocada, achando que ali estão apenas  desconhecidos. Durante as conversas, compara o rumo que cada um deles tomou e compara com o seu… Até que finalmente ela encontra aquele que desde o início era a principal pessoa que ela procurava.

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Assim como todos os outros colegas, ele mudou durante os anos, mas ela tem a certeza de que é ele quando confere o nome que consta em seu crachá. Daí então, conversa vai, conversa vem… E o resto eu recomendo que vocês mesmos confiram. Talvez seja aquele final bem clichê ou algo surpreendente, mas interessante de uma forma ou de outra, posso afirmar que é. Das três histórias é a mais leve e despretensiosa.

O terceiro episódio é o mais “denso”, por assim dizer. Não temos mais uma mulher solteira ou separada, mas uma que, pela situação em que se encontra, poderia estar muito propícia a largar o marido e os filhos de mão.

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Dokoka Dewanai Koko (Anywhere But Here), de Yamamoto Fumio, aborda a vida de uma mulher que já passou dos quarenta anos, é casada e tem dois filhos, além de uma mãe que, inconscientemente eu diria, a explora no sentido de querer muita atenção.

Maho acima de tudo é uma mãe muito dedicada e chega a doer o descaso que os filhos tem para com ela, quer dizer, imagino a minha mãe nesta situação, jamais conseguiria agir assim com ela. O filho mais velho é um desocupado, joga na cara dela que ficar em casa com os pais é chato, mas não faz nada da vida. A filha, ainda no colégio, some por dias e não dá satisfações aos pais, age de modo grosseiro com a mãe, a ofende e até a humilha. O marido de Maho perde o emprego e, para seguir o sustento de casa, ela trabalha em um supermercado à noite.

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Além de cumprir as tarefas domésticas, se preocupar com a família e trabalhar durante a noite, ela ainda precisa suprir as necessidades emocionais de sua mãe, que diz ser independente, mas não larga do pé da filha. No trabalho, ela também tem alguns problemas, e no auge de sua depressão acaba até quase a se envolver com um colega que tem aquele perfil bem de babaca.

Mas o pior dos problemas de Maho com certeza é a filha Hina. Além de preocupar a mãe pelos seus sumiços, é ingrata, desrespeita e ofende a mãe e ela nada mais é do que uma colegial irresponsável. Ela justifica as ofensas à mãe alegando que ela está desgostosa da vida, desanimada… Sendo que o maior desgosto dela é causado justamente pelos filhos.

Entretanto, apesar da vida “medíocre” que Maho demonstra ter ao longo do episódio, no fim das contas ela consegue algum tipo de superação, ou pelo menos começa a se animar perante aos problemas, é bom ver que ela não se entrega apesar de todos os percalços que enfrenta.

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Em suma, por serem histórias isoladas, vale a pena assistir caso você não possua outras prioridades, ou então goste bastante deste tipo de enredo beeeeeeem slice of life. Dadas as devidas proporções e dependendo do caso, é até possível se identificar com algum acontecimento ou outro. Eu gostei do que vi, pois não tinha pretensão alguma. De qualquer forma, prepare um chá quentinho e assista em algum dia em que não faça muito calor, será um bom passatempo.

Hora do Anime para Mulheres Adultas, Parte 1 Após uma […]

One thought on “Hora do Anime para Mulheres Adultas, Parte 2”

  1. HUEHUEHUEHUE muito bom, Josi, enquanto eu lia, fiquei pensando “o Cuerti está mais intimista neste post, mais casual. Que estranho, o que deu nele” e OHWAIT! Pensei, isso é texto de uma mulher, tá muito feminino, aposto que é a Josi! Fui conferir e não é que era mesmo? hahahaah (como ele escreveu o primeiro…).

    Ainda não vi nenhum, em algum momento assistirei, mas só de ler seus comentário sobre Yuuge já fiquei com os nervos a flor da pele! Ai como eu odeio essas histórias. Quer dizer, não as histórias em si, mas essas personagens palermas…uuurrghhhh >_> É estranho, mas eu não resisto em vê-las, porém. Gosto de me torturar com essas merdas.

    P.S.: esse texto ficou muito gostoso de ler :D:D

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