Editorial #01: Nós, A Tropa de Elite dos Otakus

Editorial #00: Seis Meses, Resumo e BlogRoll

Dezessete pessoas no Brasil assistiram esse anime.

Sim, você é especial.

Certo dia estava passando em frente a uma lan house quando vi um jovem adulto assistindo seu episódio de Naruto em um site que transmite anime via streaming. Outra vez presenciei uma conversa de elevador no meu trabalho sobre os mangas spinoff de Cavaleiros do Zodíaco. Nos dois casos, temos exemplos de pessoas que mesmo estando, sim, fora do público-alvo deste blog, tem ao menos certo interesse na animação japonesa. Pena não lembrarmos que eles existem.

Tudo bem que um artigo sobre as emissoras de televisão japonesa realmente é para poucos, mas mesmo assuntos recorrentes no fandom de anime que se reúne dos fóruns às redes sociais na internet nem existem para esse interessado em desenhos, em cultura pop de uma maneira geral. Honoríficos? Papel transparente? Que importa?

E isso que não levei em conta algo específico como este post do parceiro Gyabbo! a respeito das Primeiras Impressões, verdadeira febre nos blogs de anime e relacionados brasileiros [inclusive aqui!]. Recordista de comentários, mostra que esta minoria vocal que lê o suficiente sobre anime para saber como um blog da área funciona é quem dá vida a lugares como este.

Porque sim, a internet foi uma ferramenta mágica ao possibilitar que pudéssemos encontrar pessoas com gostos semelhantes aos nossos – tão semelhantes que podemos agora debater de forma mais complexa e específica assuntos dos quais gostamos – e isso trouxe a consequência bem-sacada pelo @didcart de

que essa homogeneidade acaba gerando uma monotonicidade nas interações do grupo. As pessoas pensam igual demais para terem uma discussão mais profunda sobre o assunto ou para saírem da zona de conforto e abrirem seus horizontes.

Sim, discutimos nossos Chihayafuru e Sakamichi no Apollon enquanto ignoramos o que acontece fora da redoma – sim, o sucesso estrondoso de Another entre quem está começando no hobby ou apenas pensa neste como mais um tentáculo da cultura pop a que tem acesso é prova de que até aqui, em uma forma de entretenimento com tão pouca crítica, quem se proclama fazer parte desta acaba se afastando dos demais.

Que sim, estão assistindo O Anime Mais Popular do Brasil, que ao contrário do que imaginam é Naruto Shippuuden ou ao menos nostalgiando os bons tempos de Pokémon ou Shurato. Sim, há diferentes pessoas com diferentes gostos para anime – porém, por afinidade, comodidade e espírito de grupo preferimos nos juntar com pessoas que pensam o mesmo que nós – diferenças, as vezes significativas, a parte, todos sabemos o nome de três estúdios de animação e alguns nomes de dubladores de anime. Dubladores não, seiyuu.

Claro que tem vantagem em poder discutir a fundo [ou apenas temos conversa de bar] por que CLANNAD é bom e Angel Beats! não, mas acabamos perdendo maior contato com muita gente que tem o mesmo hobby que o nosso mas cuja onda está em uma frequência diferente.

E não é por alguém assistir esporadicamente anime por preferir tokusatsu, séries americanas ou K-Pop que sua opinião deve ser ignorada como infelizmente o é. Sim, somos uma Tropa de Elite – o que não melhora em nada a nossa vida – e sabemos até demais sobre nosso hobby, mas faz falta pessoas e pontos de vista realmente diferentes, interessantes e que agreguem. E enquanto não ao menos tentarmos olhar para fora da caverna, o mundo lá fora nem sequer existirá.

Editorial #00: Seis Meses, Resumo e BlogRoll Sim, você é […]

27 thoughts on “Editorial #01: Nós, A Tropa de Elite dos Otakus”

  1. É um discurso bonito, Cuerti, é bacana refletir sobre essas coisas (principalmente quem lida com o público através de blogs), mas sem praticidade alguma. Sempre haverá exceções, que curte isso, e aquilo lá. Que estará disposto a se fazer presente em ambas as discussões, mas no geral, tanto um lado, quanto o outro, são separados por uma linha tênue. Não querer romper essa linha, não é errado. Só se sai da zona de conforto, por motivos maiores do que a simples boa vontade de trocar ideias.

    1. Sei da impraticidade do discurso, mas senti vontade de expressá-lo – até por isso um Editorial, algo mais pessoal que a média. Fora que além de opinativo acho informativo em expor de forma [não tão clara quanto gostaria] algo que efetivamente no fandom.

  2. Diagnóstico preciso do comportamento desse “núcleo duro” do fandom, que exclui (as vezes intencionalmente, as vezes não) o fã mais casual. E defendo que isso é ruim para nós. No mínimo, podemos conversar muito com cada vez menos pessoas. Só que a coisa é ainda mais ampla: estamos baixando mp4 e lendo scan online porque poucos produtos são lançados aqui, para nós. E poucos são lançados porque nós somos poucos.

    Mas apesar do que eu mesmo disse, não acho que a coisa seja tão reativa assim. Nossas empresas é que são muito acomodadas e pouco profissionais mesmo. Numa época em que a TV só reprisava Pernalonga, Pica-pau e Chaves ad eternum e os desenhos japoneses eram baratos, uma emissora começou a colocar vários deles no ar. Isso começou a criar esse nicho do qual nós somos os representantes hoje. Oportunidades surgiram, vieram os mangás, e mais animes também. E eventos. E … em algum momento isso começou a acabar.

    Quem é “de fora” só conhece Naruto mesmo (e Dragon Ball, e Cavaleiros, e outras velharias), e depois de assistir todas as temporadas de House e CSI acha que assistir um desenho japonês com ninjas do qual ouve falar mais ou menos bem pode ser interessante. Mas se ele contar isso para seus amigos “normais” eles não vão entender, e se ele contar para algum amigo “otaku” ele vai menosprezá-lo, pois afinal ele só viu Naruto. Daí esse cara não fala mais pra ninguém e volta a assistir Simpsons.

    Esperar as empresas voltarem a dar atenção ao nosso nicho acho perda de tempo. Pode acontecer ou pode não acontecer. Se acontecer ótimo, se não acontecer não aconteceu, não podemos fazer muito a respeito. O que podemos fazer é algo que diminua o fosso que separa o otaku do, como costumamos chamar depreciativamente, narutard. E isso na prática se traduz em que tipo de ação?

    Eu particularmente gosto de viver em função das temporadas no Japão e não me importo de ler scan, mas acho que gostaria muito mais se houvesse um mercado nacional.

    1. Sei que as empresas estão falhando, mas principalmente entre 1995 e 2005 existia toda uma conjuntura externa que permitiu esse boom da cultura pop japonesa, principalmente dos animes, e que não existe mais. O momento é desfavorável, e mesmo lá fora o que acontece é tentar estancar a sangria. E isso se reflete aqui.

      Outro fator que pouca gente leva em conta é a profissionalização maior das TVs atualmente. Podemos reclamar do Pânico, do Hoje em Dia, do Celso Portiolli, mas o fato é que o Brasil como um todo está crescendo e a geração atual quer algo mais bem-acabado, quer uma grade com a qual se identifique [lembrando que a preferência pelo filme dublado é uma grande questão atualmente para quem está ligado em cinema]. E assim tapar buraco com desenho japonês ou Raul Gil faz cada vez menos sentido. Infelizmente.

      Acho que esse artigo sobre o fim da TV Globinho [que resume o fim dos programas infantis na TV aberta] ou e esse sobre como mesmo o Japão não faz animes mainstream como antes mostram como a coisa anda feia.

      1. Eu li esses artigos já, quando saíram =) Concordo que não dá para esperar muito das empresas, por isso mesmo disse que não devemos contar com elas. Mas no que diz respeito a nós, certamente há o que possa ser feito.

  3. Não tenho muito o que acrescentar sobre, tudo que eu poderia escrever aqui está no post e nos comentários, então ok.

    Curti o post, Cuerti, realmente você deveria fazer mais alguns. :B

  4. Outro fator que ninguem nunca lembra é a censura. As leis do nosso pais.

    Oque passava antigamente sem censura oj passa todo censurado.
    oque antigamente podia passar em todos os horarios oj so pode passar depois das 9 da noite.

    por que a tv globinho acabou ? por que não da dinheiro mais.
    criarma uma lei que proibe passar comercial sobre briquedos, pois faz as criaças pedirme para os pais.
    resultado : programação infantil sem poder vender comercial = prejuizo.
    Nosso pais tem uma cultara difenrete, leis diferentes , a classificação indicativa acabou com a possibilidade de animes no brasil isso é FATO.
    As emissoras so tieveram uma escolhar para poder mantar animes de manha : retalhalos, censuraros, oque faz com que fiquem sem graça.
    quem não lembra da epoc auqe passava CDZ sem censura nen uma , tinha espaço para produtos da serie. dava lucro. Hoje isso não existe.
    Se tem um grande vilão por traz do mercado de animes Hoje em dia com certeza é o proprio governo e o povo que o levou a criar essas leis e censuras.

    1. Discordo. Não é possível afirmar que tenham sido leis, censura, modificação e alteração do original que tiraram os animes da TV. Exporei três argumentos contra essa ideia, sempre divulgada mas nunca comprovada, vamos lá.

      Primeiro, não há estudo ou qualquer análise que comprove serem os animes modificados piores em termos de audiência do que seriam se não fossem alterados. Estou aguardando um argumento forte que comprove que sangue e violência gratuita tornam uma história automaticamente melhor. Ainda, é importante nos lembrarmos aqui que essa discussão toda trata dos não fanáticos, daqueles que não são nós, e essas pessoas não possuem contato prévio com a obra, sendo portanto incapazes de ver a adaptação na tela e saber que é uma adaptação. Sim, eu que conheço o One Piece original odiei os cortes, alterações e montagens, mas quem nunca viu One Piece na vida não teve como irritar-se com uma alteração dessas e abandonar a série. É perfeitamente possível rearranjar os elementos de uma história, modificá-la, e ter um resultado final melhor que o original (não afirmo que seja o caso do exemplo, é apenas uma questão retórica de princípio).

      Segundo, ao importar-se tanto com classificação indicativa, propaganda para crianças e o horário matutino, assume-se que anime é produto para crianças. Nada poderia estar mais longe da verdade. Com ou sem alterações, Evangelion e Death Note não passariam na TV Globinho ou no Bom Dia & Cia. Se o problema pudesse ser resumido a passar um programa para crianças em horário para crianças, por que ao invés de Três Espiãs Demais e Ben 10 não passavam Precure e Digimon? Não precisariam alterar nada. Não obstante, a escolha foi pelo produto americano à despeito do similar japonês. Por quê? Pergunte para a Globo. Creio que a resposta seja bem óbvia: estamos na esfera de influência cultural americana, não da japonesa. De qualquer forma isso não passa nem perto das nossas leis.

      Terceiro, mesmo assumindo que o resultado final de uma modificação seja sempre inferior e que isso tenha sido responsável por matar o anime na TV, cabe lembrar que nenhum anime foi modificado no Brasil, eles sempre vieram já modificados dos EUA, e não foi por solicitação dos licenciadores nacionais, portanto a nossa lei nada tem a ver com isso. Animes vêm modificados dos EUA para o Brasil desde que o primeiro anime chegou ao Brasil via EUA, o que inclui alguns dos animes mais antigos a passarem no país, não se tratando portanto de fenômeno recente. Como dado adicional, acho importante citar que alguns animes foram modificados no próprio Japão, antes mesmo de serem oferecidos ao mercado americano, para facilitar a sua aceitação por esse.

      Resumindo: animes não são só para crianças, há animes para crianças similares aos cartoons americanos que passam em nossa TV e que poderiam passar sem cortes, não é possível afirmar que uma alteração sempre reste pior do que o original e ainda por cima a ponto de provocar uma queda na audiência, e por último mas não menos importante, os animes que passaram modificados em nossa TV já vieram modificados dos EUA (e em alguns casos, do Japão!).

      O único ponto em que concordo: nossa propaganda para crianças foi restrita sim. Mas a programação infantil das TV’s, e o anime em particular, já vinham em queda desde antes disso. Naturalmente temos aqui um problema e só um louco negaria isso.

      Apesar disso, mesmo que houvesse um grande problema em relação ao governo, eu diria dele o mesmo que já disse das empresas: não podemos fazer muita coisa a respeito. Mas há sim coisas que podemos fazer em relação ao nosso próprio comportamento e que podem agregar mais pessoas a nossa ainda pequena comunidade. É isso o que podemos fazer, é isso o que importa agora, é isso o que eu defendo. E quanto mais crescermos, mais teremos influência sobre os demais grupos, e aí talvez não apenas tenhamos o prazer de contar com mais amigos que compartilham os nossos mesmos gostos, como poderíamos quem sabe ter um novo renascimento do mercado nacional (mas não é esse meu objetivo e não vislumbro hoje essa possibilidade não importa o que aconteça, só acho que estamos excluindo gente demais mesmo e não me sinto bem com isso).

      1. Bom meu poste não é sobre quem foi “excluido” e sim mais do por que os animes morreram no brasil.

        sobre seu 1° ponto. O unico mercado que já existiu no brasil foi o mercado infantil, não diria que sangue e violência torna uma obra melhor mais que chama atenção e agrada isso com certeza.
        vamos pegar uma obra máxima por aqui (vão me xingar + to nem ai) Dragon ball z, tira a violência e o sangue oque que sobra? nada n exista nada em dragon ball, além disso! historia? única historia q dragon ball tem é aparece um inimigo que quer destruir a terra ( sabe-se lá por que) eles lutam ganham e fim.
        E ISSO VENDE!!! E MUITO !!!!

        2°: Animes é um mercado que não vive sozinho ! nem aqui E NEN NO JAPÃO ! animes são feitos para vender algo não pra agradar fã. Quando tinha animes por aqui se engana aquele que acha é só um contrato entre emissoras de exibir anime.

        Quando vinha um anime para cá já vinha TODA UMA ESTRATEGIA DE MARKTING. Acha que era coincidência um anime passar na tv e no dia seguinte já ter caderno mochila chiclete salgadinhos tudo vendendo da marca ? claro que não já era tudo planejado.

        Isso movia um grande mercado

        Poe que a globo e não só ela prefere comprar desenhos a animes? simples é muito mais barato de licenciar de trabalhar e divulgar. existem parcerias dos estúdios como por exemplo da Warner com o SBT.

        3° muitos animes realmente vem censurado dos EUA mais isso tem motivos imagina o cenário. a globo compra um anime, antes dela poder exibir ela deve mandar uma copia do anime( do jeito que ela vai exibir) pro governo entoa este vai dar uma classificação indicativa de QUE HORARIO ele pode passar.

        Agora vc sabe que oque vc esta comprando não vai passar nessas regras, você tem duas opções comprar original e fazer os cortes VOCÊ MESMO ou compra um já quase todo censurado e não ter esse trabalho.

        qual você faria ?

        Mais AH é só passar o anime em outro horário. Só que isso nunca ira acontecer por nossa cultura já cravou de desenho ser coisa de criança. mais digamos que por milagre alguém resolva por animes um horário por exemplo 10 da noite. oque a emissora iria ganhar com isso ? programação da tv é feita para VENDER COMERCIAL ! é isso que da dinheiro teria de ter produtos muito booms relacionados pra poder manter o horário lucrativo. coisa que não existe por aqui.

        OS tempos mudaram, e isso matou a indústria de animes simples assim.

        Você percebe como isso vira uma bola de neve ?

        Censura >> gera menos interesse no produto(sim anime é 1 produto) >> menos dinheiro entra >> menor enternece em adquirir os caros animes japoneses pelas emissoras >> menos animes >> menor mercado >> dai entra proibição de propagandas >> o pouco lucro que existia diminui cada vez mais >> não vale mais a pena investir >> horário passa a dar prejuízo já que não pode fazer programas >> emissora resolve tirar de vez e por outra coisa que de maior retorno >> fim da TV globinho.

        E realmente como você disse não podemos fazer mais nada. o estrago já foi feito e acredito eu é irreparável.

        “Mas há sim coisas que podemos fazer em relação ao nosso próprio comportamento e que podem agregar mais pessoas a nossa ainda pequena comunidade. É isso o que podemos fazer, é isso o que importa agora, é isso o que eu defendo. E quanto mais crescermos, mais teremos influência sobre os demais grupos, e aí talvez não apenas tenhamos o prazer de contar com mais amigos que compartilham os nossos mesmos gostos, como poderíamos quem sabe ter um novo renascimento do mercado nacional (mas não é esse meu objetivo e não vislumbro hoje essa possibilidade não importa o que aconteça, só acho que estamos excluindo gente demais mesmo e não me sinto bem com isso).”

        “Sobre nosso próprio comportamento” bom acho que é se achar muito do importante alguém pensar isso. Se alguém chegou nesse blog sem conhecer nada de animes eu gostaria realmente que tal pessoa se pronuncia-se. quem chegou ate aqui já provavelmente é um otaku, pode não ser hardcore mais já se interessa.
        “Agregar mais pessoas a nossa pequena comunidade” ou você sai por ae com panfletos nas ruas ou falando para todos que você ver pela frente para verem animes ou algo parecido. caso contrario quem gostar vai se juntar naturalmente.

        Não é 1 poste num blog que vai trazer mais pessoas, não é o seu comportamento que faria isso.

        1. Eu não disse que não existia um mercado infantil nem aconselhei as emissoras a procurarem exibir animes em outros horários. Repito a pergunta que fiz: se precisa ser infantil e se não pode ter cortes, por que não licenciar Precure e as novas temporadas de Digimon, ao invés de licenciar cartoons americanos? Enquanto não houver uma resposta satisfatória para isso, tudo o que se fala sobre o “mercado infantil” e animes é bobagem.

          Eu também nunca neguei a necessidade de um mercado de licenciamento de produtos. Falta ainda explicar então porque um Naruto sem sangue é menos licenciável que um Naruto com sangue. Acho que o sem sangue fica até mais bonitinho em lancheiras e cadernos. Mas é mentira que houvesse esse planejamento no Brasil. Nunca houve. As emissoras da TV aberta buscam apenas audiência, e com isso vender propagandas. As propagandas podem ser de produtos com a marca do programa em questão ou não, ela está ganhando igual. Aqui há outro engano: não são as emissoras que licenciam os direitos de uma marca. Quando muito, elas adquirem a série para exibição. E fica a cargo de outras empresas o licenciamento de produtos e quejandos. As nossas emissoras não adquirem sequer a venda de DVD’s (que é o produto que mais vende dos “animes para adultos” no Japão).

          Elas preferem o censurado americano para não ter trabalho? Não é isso. Há várias engrenagens em movimento aí, e essa é a menor delas. No nosso mercado abundam tradutores de inglês, mas os de japonês são poucos e caros. A própria JBC, que se orgulha de ser “meio japonesa”, já traduziu material do inglês! Outro ponto é que é muito comum, muito comum mesmo, empresas americanas comprarem os direitos para o produto em todo o continente americano – e aí não temos sequer como negociar, é o americano ou nada. Não possuo informação a respeito, mas mesmo assim acho que posso afirmar que quem quer que tenha trazido Sailor Moon para o Brasil pela primeira vez nem sabia que a Sailor Urano e a Sailor Netuno eram lésbicas. Isso foi antes de qualquer movimento moralizante que se está acusando, e veio dos EUA já editado.

          Por fim, não, eu não me acho grande coisa. Quando muito, se não consigo a simpatia de quem não é otaku, estou pelo menos conseguindo a antipatia de quem é otaku, não é mesmo? Mas esse não é o ponto. Quem foi que falou “nesse blog”? Estou comentando isso aqui porque foi aqui que esse ponto foi levantado. E se você acompanha mesmo o blog, sabe que naruteiros puros e que não manjam nada de anime em geral provavelmente estão indo e vindo desse lugar o tempo todo sim. O mesmo cara que depois no Facebook a galera se diverte escarnecendo: “só conhece Naruto dublado e se acha otaku, pff”. É desse cara que eu estou falando. E eles certamente não habitam apenas esse, mas todos os blogs do meio. Ele não vive só nesse blog, nem só em blogs, como eu, como você, como todas as pessoas desse blog. Eu jamais disse “Nahel Arhama deveria mudar de nome para Naruto Blog”. Não é esse o ponto. Esse blog não é para o fã casual, e acho que não deve mudar. Mas a nossa atitude (aquele “…e se acha otaku, pff”) pode e deve mudar, aqui e em todos os lugares.

          Para alguns é motivo de alegria tirar sarro do fã casual porque ele não sabe o nome do Meteoro de Pégasus em japonês. Para mim, é motivo de alegria indicar um mangá ou anime para alguém de fora e que nunca pensaria em ler mangás ou assistir animes, e a pessoa gostar. Eu não me acho grande coisa. Só sei que há coisas que eu posso fazer, e sei que se eu fizer sozinho não irá adiantar nada – por isso estou sendo tão insistente. Convenhamos que, independente dos argumentos e do peso que cada um de nós atribui ao governo e ao empresariado na promoção da cultura otaku, ambos já concordamos que não podemos fazer muito a respeito. Eu só não gosto de ficar me lamentando a toa pelo que não tem solução. Por isso minha argumentação é toda no sentido de minimizar as externalidades e enfatizar que nós podemos sim fazer algo. Não estou defendendo a conversão em massa, a pregação dos valores otakus nem nada disso, estou sendo muito mais humilde: sejamos uma comunidade aberta, receptiva, e não uma comunidade fechada que faz pouco caso de quem não é membro dela e ainda dificulta a sua entrada. Até porque hoje praticamente não há mais portas de entrada pela TV, que foi por onde a maioria de nós entrou nesse mundo, é importante mantermos as nossas portas sempre abertas.

          1. ” As emissoras da TV aberta buscam apenas audiência, e com isso vender propagandas. As propagandas podem ser de produtos com a marca do programa em questão ou não, ela está ganhando igual.”

            só que quem irá anunciar produtos para um publico alvo infantil? não faz sentido colocar propaganda apenas das casas bahia para crianças assistirem, elas não terão interesse em comprar móveis (exemplo) e o publico alvo que compra esses produtos, não assistiria anime.

            propaganda é cara também, para compensar anunciar, além de audiencia, tem que se saber se o publico alvo do programa é o mesmo do produto.

    1. Li e respeito a opinião da Sandra, mas acho-a sobretudo otimista no ponto de acreditar que eventual investimento por parte de empresas brasileiras poderiam levar até a um _novo boom do anime_. Não. É assunto para um outro artigo, que precisa de muita pesquisa prévia, mas teorizo que o boom de animes no Brasil também foi possível graças a conjuntura mundial favorável na época [mesmo o boom americano tendo começado efetivamente em 1997 com DBZ no CN de lá] – assim, a queda bizantina, lenta e gradual do mercado de anime e manga por lá tem muito a ver com o que ocorre por aqui.

      Fora o que falei no post em http://nahelargama.wordpress.com/2011/12/06/o-fim-da-tv-globinh/,

      “Ao longo das últimas décadas a demografia do Brasil mudou de forma acelerada – e se ainda somos um país de jovens, o grosso da população já está na idade adulta e a taxa de natalidade já ainda muito próxima da chamada taxa de reposição populacional em um Brasil que caminha para ser velho.”

      deve ser levado muito em consideração. Cada vez tem menos crianças para fazer essas empresas lucrar. É nicho, e sim, é coisa de TV paga *cada vez mais popular*.

  5. É complicado fazer parte dessa tropa de elite que é rodiada de preconceito e valores questionaveis. Acredito que isso acaba criando restrições ao seu crescimento pois quem está dentro de tal grupo não consegue ver os defeitos do mesmo mas alguém que é de fora percebe isso e prefere se isolar pois é mais conveniente, facil e a atitude correta pois há tantos incovenientes na vida cotidiana que não podemos evitar porque não evitar os que podemos principalemente em um meio que tem como função aliviar esses infortunios. Esse provavelmente é o principal motivo do pequeno grupo de pessoas que comentam em blogs comparado com o numero de “fãs” de anime e mangá (afinal um capitulo de naruto tem mais de 150 mil visualizações em uma semana no manga project e essa pessoa tem um potencial para “otaku” como nós)e de tal comodidade citada pelo blogueiro que esqueci o nome (desculpe).

    1. Isso é o de menos, 1 – o fato de não ter visibilidade [sim, eu comentar no ChuNan me garante uma visibilidade que não tenho aqui] e 2 – o fato de muita gente simplesmente assistir um anime ou outro por diversão, com interesse apenas marginal no assunto, é o que leva a comemorarmos dois dígitos de comentários por post. *e esse blog tá meio longe disso, na média*

      1. Não sei não isso acaba criando um grupo muito fechado e com pouca diversidade, em todos os blogs vemos algo bem próximo que em outro tornando a leitura monótona e desgastante tanto nos comentários como nos post.

  6. Lol. Cheguei nesse post começando do fórum Minna Suki (já que o lado Subete nem conta mais), passei pelo Gyabbo, uma tonelada de outros blogs e acabei chegando sabe-se lá como nesse post.

    Vejo esses exemplos de fãs moderados todos os dias. Pessoal lendo Hunter x Hunter, curtindo o último episódio de Naruto e coisas assim. Já fui bem bitolado quanto ao gosto por animes, e mesmo vendo pouco ultimamente ainda sou em termos de tipos de animes assistidos, mas entendo bem o que você quer dizer.

    Não ando lendo muitos blogs de animes, então dá para imaginar que atualmente estou mais dentro do que fora do fandom (acompanho um único site, se quiser adivinhar, adivinhe). E estando mais fora do que dentro, o que ando ouvindo sobre animes é justamente sobre Naruto, Bleach e etc.

    Antes tinha muito preconceito com pessoas falando disso, mas ultimamente tem sido até engraçado ouvir esses comentários. Dentro do fandom a gente comenta coisas técnicas e nem de longe acho isso ruim. Há aquele negócio de querer valorizar as “verdadeiras obras”. Obivamente não vejo isso por parte do pessoal que está de fora. A conversa é sempre outra e totalmente informal. São dois lados diferentes sobre um mesmo assunto.

    Mas eu confesso que atualmente gosto desse lado mais informal, mesmo que o gosto da maioria do pessoal que converso não seja o mesmo que o meu (que como já disse, é extremamente hardcore); Mas é engraçdo justamente porque o pessoal que assiste animes por assistir parece se divertir mais do que o pessoal “especializado”. O pessoal especializado sempre quer comentários “construtivos”,o que não é o caso da outra parte, que até dá uma zoada básica naquilo que assiste.

    Enfim, não deixei meu nome aqui, mas você deve saber só de ler algumas linhas em específico de quem se trata. O comentário pode estar meio confuso, escrevi com pressa e até acho que falta algo para colocar que devo me lembrar só mais tarde. Se lembrar passo por aqui de novo.

    1. “Mas é engraçdo justamente porque o pessoal que assiste animes por assistir parece se divertir mais do que o pessoal “especializado”. O pessoal especializado sempre quer comentários “construtivos”,o que não é o caso da outra parte, que até dá uma zoada básica naquilo que assiste.”

      Perfeito, zerou o artigo. E todos sabemos quem você é, rs.

  7. Já vi várias vezes pessoas até do meio otaku brasileiro criticarem essa ‘panela’ criada entre a otakusferaBR. E muito se deve à existente isolação de todos esses sites, como o próprio Nahel, de um blog ajudar o outro de seu próprio nicho e nada mais, tanto é que já vi pessoas falando que vocês se auto-denominam realmente como a elite da otakusfera brasileira. Enfim, dane-se…

    Bem, é notável que não faz sentido um blog de cultura sobre a mídia japonesa interagir com um blog sobre culinária indiana, não é? Por isso cria-se essa distinção, mas, ainda assim, poderia criar-se maiores vínculos com mídias que estão ao menos indiretamente relacionadas com animes, mangás etc. Como, por exemplo, pedir opiniões para alguém que entende de cinema americano. Ou que, vá lá, o expressionismo alemão… Mídia áudio-visual, qualquer, tem relação com animes. Assim como um blog de leitura pode relacionar-se com mangás, além de já ter essa associação evidente que é a escrita, dã…

    Sobre o caso de sites como o Nahel serem ‘elites’, acho que, aceitando todos os termos, é apenas mérito de quem faz o site. É mérito de quem interessou-se, talvez pioneiramente, por um assunto e resolveu colocar um ponto de vista em tese e dissolver discussões. Apesar disso, às vezes também vejo uma puxação de saco entre um blog e outro, como estou fazendo agora, haha! Todavia, ‘acho’ que algumas coisas deveriam ser ‘despadronizadas’, como o citado Primeiras Impressões, onde pessoas que não estão familiarizadas com os blogs otaku podem sentir-se perdidas.

    Sim, quando eu entrei para a otakusfera, me senti um pouco desnorteado. Mas, como eu rapidamente me apaixonei tanto pelos posts de vários blogs quanto pela cultura japonesa em si, em pouco tempo me senti ‘em casa’ para conhecer e visitar outros blogs. E, depois que nos sentimos ‘em casa’, fica maravilhoso interagir com cada vez mais pessoas, conhecer gente que fala e pensa de um jeito parecido com o seu, e conversar virtualmente [que pode vir a tornar-se realmente] sobre assuntos que você não conseguiria com gente ao seu redor, sem essa ferramente chamada internet. Enfim, quem denomina-se ou é chamado de elite desse meio deveria tomar a iniciativa, sim, Cuerti, de procurar outros pontos de vista em mídias diferenciadas. Como você falou dos seiyuu, dubladores não existem só no mercado japonês. Se interagíssemos com entendedores de cinema e até de dublagem brasileira, haveria as mais diversas discussões e comparações sobre essas diferenças culturais de quem está acostumado com o ‘desu’ e quem ouve bastante um ‘oh, man’. Tudo é só uma ideia, iniciada, acredito que, por Cuerti. Um bom post, boa iniciativa… ^^

    1. Opa, obrigado.

      Claro que não devo sair do que faço há quase dois anos, mas acho que além de focarmos, “especializarmos” no assunto que falamos, deveríamos também olhar para o lado, tentar pensar um pouco como aquele moleque que assiste Naruto e mesmo tentar saber mais da “cultura geral”, dos nichos adjacentes ao nosso.

      Me assusto ao saber que muita gente com blog de anime não sabe diferenciar Kamen Rider de Super Sentai – e até para fins de balanço financeiro de empresas relacionadas anime e tokusatsu são considerados a mesma coisa. Sim.

  8. Sou uma pessoa que adora animes desde que eu era criança e à pouco tempo comecei a entrar em sites sobre animes e descobri que perto de alguns fãs me sinto meio perdida, porque sou mesmo do tipo que assiste por diversão, como um entretenimento ou seja não faço parte dessa elite otaku.
    Eu sempre assisti animes na tv aberta, então sempre que ouço “não quero que esse anime passe na tv, porque vão cortar, vão dublar e vai ficar ruim” fico muito triste porque querendo ou não a tv ainda é a mídia de maior alcance da população.

    1. Eu não assisto na TV há anos, mas fico bravo com esse comportamento que você descreveu também. Quero dizer, não é porque irá passar na TV, bem ou mal dublado, com muitos, poucos ou nenhum cortes, com ou sem edições, que irá estragar o original, não é? Quem baixa o piratão (super bem legendado pelos nossos profissionalíssimos fansubs) poderá continuar baixando. É _ESSE_ tipo de comportamento que eu estou dizendo o tempo todo que nós da “elite” podemos e precisamos mudar.

      A propósito sobre os fansubs, isso sozinho renderia um tema inteiro. Achei o máximo quando vi a última campanha contra Fairy Tail na TV aberta feita por um fansub, em sua página no Facebook, que tinha a cara de pau de colocar o próprio selo nas imagens de campanha que fez. Lógico que fansubs não ficam felizes quando perdem uma fonte de renda a mais (os fansubs grandes e alguns reencoders também ganham dinheiro com download; isso não é ruim em si, mas nesse caso específico eu achei que foi de uma detestável vileza – e a “elite otaku” apoiando o/).

      1. Sério que fizeram essa campanha!
        Parece que essas pessoas não entendem que é necessário que os anime sejam transmitido na tv, porque só assim é que virá produtos legalizados, seja mangás, dvds e etc, ou esses fãs preferem ser “exclusivos” e ficar vendo outros países terem os mangás e dvds enquanto aqui não vemos quase nada. E uma coisa é certa quanto mais “exclusivo”, mais vai diminuir o mercado.

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