Cinco Animes Que Prometiam…

…mas falharam miseravelmente.

Com o gigantesco número de informações disponíveis atualmente ao público fã de anime ao redor do mundo acabamos passando de um papel mais passivo, acompanhando somente animes testados e aprovados pela audiência japonesa para um mais ativo que inclui a experiência de aguardar por meses um grande lançamento e palpitar intensamente quais serão os futuros sucessos, os eventuais escolhidos com alguma chance de tornarem-se clássicos.

Se assim conseguimos testar o nascimento de obras que serão lembradas por muito tempo como Code Geass e Suzumiya Haruhi, existem ao menos um número igual de outras séries que frustram as expectativas dos espectadores de tal forma que é bem possível que alguns fãs tenham vertido verdadeiras lágrimas de ódio por estas. Vamos relembrar alguns destes exemplos e ver tanto as razões de tanta espera quanto ao porquê da imensa decepção originada por cada uma destas obras.

Basquash!

Shoji Kawamori havia acabado de emplacar juntamente com a emissora MBS e o estúdio Satelight o grande sucesso Macross F; como a exploração direta da franquia agora viria na forma de filmes, era necessário uma nova ideia para capitalizar alguns dos trunfos apresentados nesta série como a bela apresentação visual presente [destaque para o bom uso de CG em cenas de ação] e a mistura de ação, romance e algum elemento musical.

Porém, Kawamori veio com uma ideia mais apropriada para um shounen de esporte; a história de Dan, um garoto hiperativo e obcecado por basquete – e no planeta Earthdash, jogar basquete é uma ação que fica mais legal se usados os robôs gigantes que dão o título –ao anime] que busca ser a lenda; uma ideia que conseguiu uma grande quantidade de dinheiro a disposição [graças desde a conhecida produtora Pony Canyon – a mesma de K-ON! – até uma parceria com a Nike que fez os robôs basqueteiros usarem tênis], mas que conheceu uma produção complicada, que deu origem ao fracasso.

Para começar, essa ideia é adequada para um público mais geral, portanto, seria recomendada exibição em horário nobre – mas o que aconteceu foi a alocação daquela nas madrugadas da emissora parceira; e sendo conhecedor do que o público que vê anime a essa hora quer, o diretor tratou de colocar elementos para este fã hardcore. Virou uma bagunça até bem coordenada pela boa direção da série, mas que não empolgava – e tendia ao fracasso comercial.

Porém esses elementos para o otaku – particularmente a presença de um grupo idol, que inclusive canta a primeira abertura – chegaram a irritar certos produtores da série; então, o diretor foi demitido e a trama modificada, deixando sinais claros de que foi corrigida ao longo do caminho. Claro que o resultado não poderia ser bom; é no minimo decepcionante e chega a ser medíocre o resultado desta série conturbada de vinte e cinco episódios que somente três anos depois de seu final já tratou de ser completamente esquecida pelos fãs de anime; a série não faz sentido como um todo, e a tentativa de um arco final épico revela-se somente chata e cheia de clichês.

Vale lembrar que até mesmo aspectos como a animação da série foram prejudicados – percebe-se claramente ao longo dos episódios como o orçamento fantástico disponivel no começo tem um tratamento com tendência ao decorrer da série – quando a equipe já tem consciência do fracasso comercial que a série é. Tanto que foi citada a intenção de se refazer o anime, desta vez focando-se no público geral citado acima, mas até essa ideia já deve ter sido abandonada a essa altura do campeonato.

Chaos;Head

Chaos;Head, a primeira Visual Novel realizada na parceria entre as empresas 5pb e Nitroplus, é uma competente obra do gênero, sendo elogiada principalmente por sua história e pelo tema abordado – a distorção da realidade; sim, é uma obra de pura fantasia, algo não tão comum nesta mídia. Como tantas obras do gênero, logo ganhou uma adaptação para TV anime de 1-cour [12 episódios] executada pelo estúdio MADHOUSE [com colaboração do Imagin].

Com uma primeira metade discutível mas intrigante, logo a série ganhou – principalmente aqui no Ocidente – um razoável culto de seguidores ansiosos para ver o próximo episódio da série. Mas mesmo aqui diversas pessoas já apontavam o ritmo apressado e algo desconjuntado apresentado pela série e principalmente a parte técnica extremamente sofrível – mas, claro, enquanto a premissa estivesse intrigante, porque não acompanhar?

Mesmo que fosse uma série não-merecedora de vendas expressivas [como TWGOK; as pessoas até gostam do anime, mas não o suficiente para pagar em 12 DVD/BD correspondente as duas temporadas – valor este que dá para comprar muitas vezes a coleção dos volumes lançados até aqui].

O problema é na segunda metade tudo se desmorona progressivamente a cada episódio até chegarmos no final claramente ridículo. Chaos;Head mostra claramente que a arte de lançar perguntas no ar deve ser acompanhada de respostas efetivas – ou ao menos uma bela e inteligente cortina de fumaça que faça a discussão durar literalmente por décadas [sim, estamos falando de você, Evangelion].

Aqui simplesmente tivemos uma embalagem [animação e direção] ruim e mal-feita e uma exploração – por diversas razões, principalmente o exíguo tempo de exibição e a inabilidade dos envolvidos na obra – ridícula de um roteiro no qual havia potencial. Precisaram-se passar dois anos e meio para que Steins;Gate – o projeto seguinte da parceria citada acima – fosse adaptado para a telinha, com produção e staff diferentes, e conseguisse apagar de vez a má impressão deixada por Chaos;Head.

Minami-ke Okawari

Minami-ke foi uma das grandes surpresas do excelente 2007; um raro anime aonde a mistura de comédia e slice-of-life realmente funcionava, contava – além da obviamente afiada direção de Masahiko Ohta – com a criativa direção de arte possível somente no estúdio Daume [Shiki]; enquanto este é lembrado pelos criativos cortes de cabelo, Minami-ke tem excepcionais caretas [reaction faces] que foram usadas por muito tempo como avatares e afins.

Como toda produção de baixo custo que vende bem [neste caso, na faixa dos oito mil DVDs por disco], rapidamente ganhou uma segunda temporada – porém, em movimento raro tratando-se de anime, o Daume deu lugar ao asread e Masahiko Ohta, a Naoto Hosoda [sim, os mesmos do infame e popular Mirai Nikki]. E todo o charme, todo o diferencial foi-se embora.

Minami-ke Okawari acaba sendo somente mais um slice-of-life genérico, no máximo fofo; o timing cômico é o elemento que mais sofreu com a mudança de equipe, mas o fato de mesmo o character design ter mudado radicalmente entre as duas versões é assustador – e mostra claramente como a produção da obra foi absolutamente descuidada. Resultado: um fracasso retumbante que praticamente matou uma franquia promissora.

Naoto Hosoda saiu de cena na terceira temporada [Okaeri], e o estúdio asread teve que adequar o desenho a algo similar ao utilizado na primeira temporada; mesmo assim, o resultado, desta vez apenas mediano, fez com que a franquia fosse interrompida em sua versão animada [foi anunciado uma nova versão, mas pode muito bem ser mais um/vários OVA] e vários dos fãs entrassem em negação – afinal, Minami-ke só tem temporada.

Sora no Woto

Em Janeiro/2010 surgia, com Sora no Woto, a promissora parceria entre TV Tokyo, ANIPLEX e A-1 Pictures [estes respectivamente produtora e estúdio de animação que são meramente braços da Sony Entertaiment] denominada Anime no Chikara [literalmente, O Poder do Anime], que pretendia colocar animes originais [no sentido de feitos especificamente para a TV] e bem-produzidos [afinal, a ANIPLEX é a produtora que mais investe em animação japonesa atualmente; não é a toa que está colhendos os melhores resultados] como forma de atrair um público um pouco maior que o usual.

E Sora no Woto parecia ser uma ideia promissora; em um futuro distante, a humanidade regrediu ao ponto de estarmos em uma Idade Média pós-apocalíptica – e em uma típica cidade medieval européia [Sora no Woto inclusive baseia-se na conhecida cidade espanhola de Toledo] acompanhamos a vida do batalhão 1121, composto de cinco garotas em um verdadeiro – e algo improvável – misto de K-ON! e Haibane Renmei.

Pena que tanto o roteiro quanto a direção são absolutamente amadores; quanto ao primeiro, é lamentável que em uma série de 12+2 episódios tenha-se preferido a abordagem de situações chatas e mal-feitas durante a maior parte de sua exibição, deixando o miolo da história somente para os três episódios finais. E a direção de Mamoru Kanbe, conhecido pelo anime de Elfen Lied, continua muito irregular com diversos momentos de ruindade explícita.

O resultado é uma série sem sal que tem como um dos pontos fortes os dois episódios extras [principalmente o último] disponíveis somente nos DVD e BD da série; nesse ponto, já era tarde demais para conquistar novos fãs dessa mistura até legal, mas medíocre de garotas fofas sendo fofas com um mundo razoavelmente interessante. Como tantos animes anteriores e posteriores [como Nichijou] provaram, sem algum grau de paixão é muito difícil convencer mesmo o mais hardcore dos espectadores a gastar os tubos em uma série – e Sora no Woto é um exemplo clássico disso.

Umineko no Naku Koro ni

Higurashi foi, mesmo sem ter tornado-se um clássico dos animes, sem dúvida uma série com grande impacto – tanto que mesmo cinco anos após o lançamento da primeira adaptação para TV, segue ganhando adaptações animadas [mesmo em OVAs de puro fanservice como é a série Kira] – e o criador do original, Ryukishi07, foi quem mais ganhou fama e reputação com isto.

Assim foi com grande expectativa que muitos aguardaram sua obra seguinte – Umineko no Naku Koro ni, mais uma mistura explosiva de suspense/mistério e horror que logo viria ganhar seu próprio TV anime, realizado pelos responsáveis da adaptação de Higurashi – incluindo a parceria da patrocinadora Kadokawa com o Studio DEEN e a diretora Chiaki Kon.

Se a parceria anterior apesar do sucesso é criticada principalmente por fanboys do original como sendo uma má adaptação, óbvio que era temerário continuá-la em uma obra comprovadamente mais complicada e cuja adaptação para uma mídia como o anime é até discutível. E o resultado é mais que desapontador, é ridículo mesmo.

Claro que comprimir mais de cem horas das quatro sound novels [resumindo, um nome para Visual Novel não-interativa; é simplesmente texto, trilha sonora e algumas imagens] originais em exíguas nove horas de adaptação é uma tarefa muito difícil; o problema é que não houve qualquer critério para a sangrenta mas necessária edição; faltou o mínimo cuidado para montar uma história minimamente coerente e o resultado foi um anime totalmente amador [mesmo a parte técnica é algo polida, mas totalmente genérica e chata – sendo que a parte sonora, único mérito da obra, é principalmente resultado do uso massivo de leves rearranjos dos originais do jogo], com um feeling imenso de inacabado e sem qualquer objetivo, cujo final é literalmente um tapa na cara do espectador. E apesar do sucesso de discussão em fóruns como o 2ch, foi um fracasso retumbante de crítica e público – portanto, não espere uma segunda temporada com alguma resposta.

…mas falharam miseravelmente. Com o gigantesco número de informações disponíveis […]

21 thoughts on “Cinco Animes Que Prometiam…”

  1. Dessa lista eu só assisti Umineko e esse eu dropei na metade.

    Um anime que apontaria como fracasso, mesmo não sendo fracasso comercial(já que está vendendo bem no Japão) é Guilty Crown. Muitos apostaram alto na série antes e depois de sua estreia mas acabaram se decepcionando miseravelmente ao ver o modo como a mesma foi conduzida.

    1. Verdade, mas como esse post é requentado e ainda não tinha passado Guilty Crown na época…

      Apesar que uma boa dica para uma eventual parte dois deste [apesar que acho que não deve sair, afinal a ideia não tem mais o mesmo impacto dantes].

    2. @jessica alguma coisa

      Zetman nunca prometeu nada, o pessoal aqui que se enganou achando que o mangá receberia uma adaptação de ponto.

  2. Assisti Chaos;Head e Umineko.Não joguei nenhuma das novels,mas tavam falando muito bem antes de sair,por isso fui conferir.Chaos foi uma merda,horrível aquilo.Umineko,nem tanto,mas também não achei bom.Agora,eu também vi Minami ke Okawari,e gostei.Não que tenha sido tão bom quanto a primeira temporada,mas não achei ruim.

  3. Chaos Head é 1 bosta mesmo.

    Umineko eu vi o anime e joguei as 8 sound novels.

    Realmente é complicado falar… deveria ser ums 40 episodiso so para os 4 1° jogos e se for ter dos 4 ultimo precisariad e + 60 episodios.

    Umineko tem muita coisa, as lutas que tem no anime entre battler e a beatrice é so 1/10 de como tem no sound novel, no anime é muito vago.
    ANime creio eu foi prejudicado pelo pouco tmepo que teve. axo que 3 cours seria um resultaod totalmente diferente.

  4. Umineko foi mesmo uma decepção. A bem da verdade, Higurashi já não me cativou a ponto de adorar, gostei e é possível que eu reveja um dia, mas não faço questão, para mim foi só um anime com mortes violentas, se o objetivo era assustar/causar medo, falhou comigo, e o “suspense” até que foi bom, mas sempre se voltou para a violência, mesmo assim o enredo era interessante, difícil dizer se é bom ou não para mim. Ah, também não gostei do character designer, em especial das duas menores (Satoko e Rika), e aqueles olhos com pupilas felinas não me impressionaram…Mas eu admito que me entreteve melhor que muito anime ultimamente.Umineko falhou pois teve um desenvolvimento ruim, e concordo com o Eduardo Ketsura, uma comédia que depois de uns episódios eu só assistia para ver a Beatrice matar (tipo Another…). E aquele encerramento a lá “bêbado em karaokê” também foi dureza, pesar que depois de ouvir umas vezes até não incomoda tanto. Ver esse post me fez lembrar que tenho de terminar de assistir Shining Tears x Wind, mas aquilo é tão sem sentido que tá difícil, sempre que pego para ver, lembro que tem alguma série que ainda não comecei, e decido protelar mais um pouco, e de novo, e de novo…(como dito no site em que baixei, parece que picaram o roteiro e colaram aleatoriamente…).
    Sobre os outros, não vi nada deles, então não opino, mas Basquash! realmente foi até o fim? Não quis ver por achar que cancelariam, talvez eu confira um dia junto com os demais…

  5. Assisti Sora no Woto e Umineko (e concordo que Guilty Crown merecia ter entrado, ou pelo menos ter um post só pra ele, a decepção com ele foi IMENSA), e tenho que concordar com o Carlos sobre Umineko: é MUITA informação e quem fez o roteiro preferiu usar a burrice retumbante do Battler como fio condutor. Provar para a bruxa que ela não existe realmente faz muito sentido, com certeza.
    Assisti Umineko e os primeiros capítulos e todo aquele gore bem feito e, bom, lindo, foi o que me segurou pelo resto do anime. Como já conheço Higurashi esperava a mesma bagunça em Umineko, então acabou não sendo tão chocante/decepcionante. Afinal, Higurashi precisou da segunda temporada pra resolver todos os mistérios de uma forma “satisfatória”, e é uma obra tão grande quanto/tão densa quanto Umineko.
    É uma pena. São dois animes que eu gostei, mas que poderiam ser incríveis se fossem feitos com mais cuidado e atenção 🙁

      1. Não cheguei a ver a versão do DVD, mas o anime foi o tabefe que eu precisava pra criar vergonha na cara e ir caçar os mangás, então no final serviu pra alguma coisa. Acho.

        Quando eu assisti Guilty Crown e fui acompanhando as críticas rasgando a seda sobre, a sua review foi a que me deu certeza que eu não estava maluca, sério.

        1. Tá certo que nem teve tanta censura, mas o que teve me incomodou, ficou meio na cara.

          E obrigado por saber que estou escrevendo para as paredes, sério mesmo, palavras assim valem mais que as barras de ouro do Sílvio Santos.

  6. Esses são os antigões..
    Os mais recentemente ‘hypados’ foram:Blood C,Another,Deadman Wonderland,Fractale,[C] e Guilty Crown

  7. Agora me sinto a mais desatualizada de todas….

    Dos que citaste, só assisti Sora no Woto,e deixei pelo começo [ainda por cima…]. Preciso retomar.Mas,sabe que tirando a parte moe (pra quê isso?),a história me pareceu interessante. E,como estou me habituando a discordar mais do que condescender com a “otakusfera”, irei continuar,sim 🙂

  8. vai se auto-fecundar seu filho de uma dama que realiza desejos extra congugais remunenarios

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