Kowarekake no Orgel

Simples, eficiente, algo belo – assim é mais esse anime moe cujo diferencial está na maneira objetivar de contar a sua história.

Um grande fato sobre a indústria de anime dos anos 2000 é o domínio do chamado moe [clique para um pouquinho mais sobre moe, incluindo minha definição do assunto], o qual é componente vital de um naco significativo dessa.

E a mentalidade de medíocres produtores e realizadores impulsionou a criação de obras baratas que veem o moe somente como fator de sustentação, buscando esconder a incapacidade de criar o que deveria ser o objetivo básico de qualquer anime – a criação de uma boa história, utilizando bons personagens.

Já Kowarekake no Orgel [caixa de música meio-quebrada], OVA independente criado pelo desenhista POP [Moetan, Yutori-chan] em parceria com o roteirista Shinichi Inotsume e o diretor Keiichiro Kawaguchi [ambos responsáveis pelos animes Hayate no Gotoku!, Nyan Koi! e SKET Dance] através do selo doujinshi Electromagnetic Wave [de propriedade de POP] para ser lançado e vendido na Comic Market 75 [Dezembro/2008], é uma prova que obras feitas basicamente para serem fofas também podem ter um roteiro básico mesmo tendo tempo exíguo de duração.

O roteiro, no qual é fácil de perceber diversas inspirações da última década [AIR, Chobits, Planetarian], conta ao longo de um verão a história do encontro [e posterior convivência] entre o humano Keichiiro [na idade de universitário, porém um trabalhador que sobrevive de bicos] e a andróide desenhada como criança Flower, a qual este encontra na chuva, abandonada, sentada e desligada em um templo.

Um belo dia, a andróide – a qual Keiichiro havia levado a um técnico para conserto, sobre o qual recebeu resposta negativa – acordou. E assim começaram os dias de convivência nos quais o humano ensina diversas coisas a andróide, e temos aqui um relacionamento no qual Keiichiro tem papel misto de pai, irmão mais velho e namorado – sim, é uma obra feita pensando [mesmo que de forma não maliciosa] no seu público-alvo; o que não invalida o drama simples e bem-executado que aparece na segunda metade, fortemente amparado na primeira e seu forte build-up.

Apesar de estar longe de ser uma obra-prima, principalmente pela absoluta falta de ambição do roteiro [com uma direção que é sobretudo correta], é um anime de trinta minutos – mais oito do razoável episódio extra onde o dia-a-dia da Flower é melhor aproveitado [além da boa sacada de encaixar elementos do roteiro principal aqui e ali] – que apesar de tudo consegue passar mais sentimento do que muito anime de doze episódios.

Flower é ao mesmo tempo o poço de fofura que se espera em um anime moe e o catalisador do arco dramático que Kenichiiro vive – tanto que uma continuação é muito improvável e o caminho de um episódio extra localizado no meio da série foi realmente o caminho correto.

Um anime certamente esquecível [nunca ajuda o fato de que o tempo para ter alguma impressão seja tão curto] mas claramente recomendável para quem busca um entretenimento que não desafia o cérebro e que tenha certo padrão de qualidade.

A animação e traço são bem agradáveis, principalmente os cenários; já os personagens são bem desenhados e sem grandes erros, mas tem fraca diversidade de expressões faciais, o que talvez incomode alguns. Já a música tem o grande pró de ser muito adequada a situação da obra e ao título desta.

Para uma tarde chuvosa de Sábado.

Simples, eficiente, algo belo – assim é mais esse anime […]

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