Animage’s Anime Grand Prix 2010 Comentado

E finalmente sai o resultado do Animage’s Anime Grand Prix, provavelmente a lista de melhores animes do ano mais respeitável do Japão, em sua edição 2010.

Saiba mais da história, de vencedores passados e das demais categorias no excelente blog sobre o assunto Anime Grand Prix, que faz um trabalho no mínimo admirável e vale a sua visita, enquanto vamos com a lista dos 20+5 melhores animes lançados entre Abril de 2010 e Março de 2011 na opinião dos leitores das revistas Newtype e Animage, da editora Kadokawa, devidamente filtrada pelos editores das mesmas:

01. K-ON!!
02. Mobile Suit Gundam Unicorn
03. Mahou Shoujo Madoka Magica
04. Yojou-han Shinwa Taikei [Tatami Galaxy]
05. Angel Beats!
06. Karigurashi no Arrietty
07. Durarara!!
08. Macross Frontier ~Sayonara no Tsubasa~
09. Kimi ni Todoke 2nd Season
10. HeartCatch PreCure!
11. Bakuman
12. Mobile Suit Gundam 00 ~A Wakening of the Trailblazer~
13. Working!!
14. Hourou Musuko
15. To Aru Majutsu no Index II
16. Colorful
17. Ore no Imouto ga Konna ni Kawaii Wake ga Nai
18. Star Driver ~Kagayaki no Takuto~
19. Sengoku BASARA 2
20. GIANT KILLING

21. Katanagatari
22. HIGHSCHOOL OF THE DEAD
23. Shiki
24. Gekijouban Bungaku Shoujo
25. Tantei Opera Milky Holmes

Claro, como toda lista – principalmente as coletivas – ela nunca é satisfatória o suficiente para todos. Mas esta é, principalmente se considerarmos a popularidade medida pelas vendas de discos [DVD+BD] no Japão, uma lista precisa do ano que se passou, mesclando a popularidade geral com um tico do toque dos leitores da revista e um filtro de qualidade dos editores.

O primeiro aspecto a chamar a atenção é o primeiro colocado, K-ON! – finalmente o prêmio se rende a um anime dedicado a mostrar meninas menores de idade vivendo sua vida e sendo objeto de desejo do público majoritariamente masculino que assiste a esse tipo de obra a despeito dos menos informados às vezes confundirem-se e afirmarem que obras assim são shoujo, provavelmente devido a ausência de ação.

Esta tendência não surgiu ontem, e acho que prêmios dados a Gankutsuou e Higashi no Eden, obras de qualidade mas de popularidade limitada, foram uma tentativa de manter certo “padrão”. Não deu.

Talvez melhor escolha fosse dar o prêmio para Mahou Shoujo Madoka Magica, prova que uma boa história pode surgir em qualquer gênero e ambientação – K-ON!! tem animação, direção e clima impecáveis, mas como destacado no review da série a ausência de uma história deixa um certo vazio ao longo da série.

Sim, há outros animes famosos principalmente por suas personagens femininas [principalmente Angel Beats!, Working!! e Ore no Imouto], mas a variedade do prêmio é de certa forma impressionante.

Das quinze séries de TV posicionadas entre as vinte primeiras posições, quatro [HeartCatch PreCure!, Bakuman, Star Driver e Sengoku BASARA 2] passaram em horário nobre e outras duas [Yojou-han Shinwa Taikei e Hourou Musuko] no conhecido bloco noitaminA – se contarmos que GIANT KILLING teve reprise no horário seguinte a Bakuman durante a exibição deste, metade dos animes não são exclusivamente para o público otaku – o que é uma boa notícia.

Afinal, de que outra forma teríamos uma boa atualização do mahou shoujo para a nossa década [HeartCatch PreCure] ou o público feminino/fujoshi – que ainda é pequeno comparado ao masculino – tendo sua chance de curtirem mesclas de ação e romance na era Sengoku [Sengoku Basara] ou atual [Star Driver]? Não é todo dia que surge um Sekaiichi Hatsukoi [review AQUI ou AQUI] para este público.

E entre três animes bons, mas burocráticos [apesar dos finais terem sido recompensadores], temos o que este humilde blogueiro considera o Melhor Anime de 2010, Yojou-han Shinwa Taikei ou Tatami Galaxy – talvez não a melhor, mas a mais acessível dos quatro animes do obrigatório diretor Masaaki Yuasa fez até aqui.

Como K-ON!! ou Madoka Magica, não revoluciona mas impõe um padrão alto para futuras obras – e pela qualidade do diretor e sua coragem em sacrificar um alcance maior para poder experimentar [o episódio 10, um grande monólogo, é o ponto alto desta experimentação], é o anime cult do ano.

Bakuman, Hourou Musuko e Giant Killing podem ser até modorrentos de assistir em certos pontos, mas possuem finais fortes e exceto Bakuman [que continua em sua Segunda Temporada], amplamente satisfatórios.

Aí está a diferença destes para o também bom Kuragehime, porém com um final desapontador – e cruel, ao sabermos que uma segunda temporada é praticamente impossível. Reclamam de Hourou Musuko por praticamente bater o manga no liquidificador para obter outro produto, mas isso teve um objetivo: é uma história com começo, meio e fim – um grande feito do diretor Ei Aoki [Fate/zero; Ga-Rei Zero].

Vale notar que Hourou Musuko é uma das obras voltadas para o público feminino [Edit.: É um seinen, publicado em revista focada para este público, mas a proporção de homens/mulheres que leem a obra é algo que gostaria de saber] presentes: a outra é Kimi ni Todoke 2nd Season, a oitava das animações para TV não focada no público otaku – mas vale destacar que é uma obra facilmente cara a estes [como HeartCatch], afinal é o “romance mais puro do mundo”.

Das obras mais focadas no fã hardcore, temos além das primeiras cinco séries citadas o battle shounen para otaku To Aru Majutsu no Index II [review que explica esse conceito AQUI] e o muito bom Durarara!!, deliciosa mistura de ação, mistério e romance [com certo foco nas fujoshi] com um clima cool que cativou os fãs brasileiros e fez obviamente levar o Ichiban Brasil 2011; particularmente, destas apenas Angel Beats! e Ore no Imouto são algo questionáveis – mas mesmo as duas conseguem ter elementos que justificam o numeroso fandom que possuem.

Dos quatro filmes lançados, temos desde a bagunça inacreditável que é Mobile Suit Gundam 00 ~A Wakening of the Trailblazer~, que sem dúvida não vale a posição que tem, até o muito competente e mesmo assim intenso REDLINE [que infelizmente não consegue cativar o fandom atual de anime, uma pena], passando pelos premiados Arrietty e Colorful.

Arrietty é legal é até pode merecer alguns dos vários prêmios conquistados, mas infelizmente acaba sendo uma diluição do que deveria ser o Studio Ghibli. Competente? Sem dúvida. Mais do que isso? Questionável. Já COLORFUL, “filme que junta uma poderosa história a uma bela execução” pode ser esquisito mas sem dúvida merece a atenção principalmente do espectador que tem ao menos algum apreço por obras, digamos, alternativas.

Por fim, Mobile Suit Gundam Unicorn: o único OVA presente quase leva o caneco e é um título terrivelmente desprezado no Brasil, justamente por conter robôs gigantes.

Sério, vença o preconceito e veja o Game of Thrones [é para o sci-fi o que este é para as séries de TV baseadas em livros de fantasia] da animação japonesa – animação digna de cinema contando uma história clássica em uma obra cujo objetivo é ser um refinamento de uma franquia com mais de trinta anos de vida – isso tudo dirigido pelo experiente diretor de Rurouni Kenshin, tanto a série de TV como as três séries de OVAs. Ação, política, romance – e tudo isso no espaço.

P.S.: E as cinco séries restantes, como ficam? Katanagatari e Shiki – principalmente a primeira – são duas séries cuja falta na lista principal eram o principal motivo de alguma desconfiança com o prêmio. E a presença de dois dos Melhores Animes de 2010 fazem a confiança nesta lista só aumentar.

Bungaku Shoujo é prato cheio para os fãs de drama/romance, um gênero sempre elogiado pela “crítica”, talvez até demais. Razoável, mas particularmente uma posição complementar é justa o bastante. Já HOTD é praticamente um Ikkitousen/Queen’s Blade com zumbis, e zumbis vendem. Aparecer aqui é algo completamente injusto, mas há quem curta.

E Tantei Opera Milky Holmes é uma série que precisaria de um review [sim, há carência de reviews, quem diz que não?] de alguém na blogosfera brasileira – como uma série de tão baixo orçamento e nenhuma noção por construir qualquer história é classificada como boa? Qual será o segredo? Será tão ruim que é boa ou é simplesmente uma diversão para quem for capaz de superar o o preconceito? Curioso.

E finalmente sai o resultado do Animage’s Anime Grand Prix, […]

3 thoughts on “Animage’s Anime Grand Prix 2010 Comentado”

  1. ” menos informados às vezes confundirem-se e afirmarem que obras assim [K-On] são shoujo, provavelmente devido a ausência de ação.”
    Na boa, Qwerty….é ignorância mesmo.
    Ótimo post. Estava louko pra saber o anime do ano pelo AGP.

  2. K-On só está aí pelo absurdo fandom japonês. É muito bom no que se propõe (slice), mas longe de ser o melhor do período. Além de que é uma continuação. É necessário assistir à primeira série pra ter melhor noção das personagens (apesar da ausência de história).
    A presença de Madoka e Unicorn justificam o mesmo fator fandom, apesar de serem indiscutivelmente acima da média. Madoka é bem produzido, não deixa brechas. Unicorn está inacabado. Improvável acontecer, mas poderá tornar-se uma bomba nos últimos 2 episódios.
    Tentando analisar profundamente e tirando o fator comercial em jogo, provavelmente o melhor anime para os críticos japoneses é Tatami Galaxy, se houvesse 100% de imparcialidade na eleição.
    Por fim, Katanagatari não conquista mais público pq seu roteiro deu um “soco no estômago” dos otakus no final, mas os críticos o vêem com bons olhos. Merece uma posição maior.
    Enfim, Animes, em geral com baixo potencial, uns 2-3 merecem o título de “anime épico”. Um período fraco… o próximo 2011-2012 promete bem mais.

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