Ano Hi Mita Hana no Namae o Boku-tachi wa Mada Shiranai

Como dito aqui diversas vezes, do artigo de apostas para Abril/11 [AQUI] ao meu review do primeiro episódio de Ano Hana [AQUI], inicialmente o grande motivo para assistir Ano Hana era ser o novo anime, e desta vez uma história original, do mesmo time [character design, diretor e roteirista] que realizou ToraDora! – e que retornará em Janeiro/2012 para Ano Natsu -, um dos grandes sucessos dos últimos anos e um muito bom anime de comédia romântica que em sua segunda metade tem um forte componente dramático.

E a história do grupo de cinco amigos que dez anos depois ainda estavam traumatizados com a perda do sexto elo do grupo Chou Heiwa Busters [algo como Super Perturbadores da Paz, adequado para um grupo de crianças que tinham uma “base secreta” e só queriam se divertir] teve um primeiro episódio de qualidade e que apontou o caminho do que deveria ser a obra: um tearjacker de primeira no qual esses cinco amigos pudessem ao final crescer e ficarem em paz com tudo o que aparece reprimido naquele primeiro episódio – porque Menma [e sua morte] é um monstro, um tabu que separou e corrompeu a amizade do grupo e um componente que levou Jinta a situação do início, de ser um NEET, um hikkikomori, uma pessoa que morreu e esqueceram de enterrar.

E a tábua de salvação de Jinta – e por extensão, de todo o grupo – é a aparição do fantasma [ou seria alucinação?, é a grande tentativa de mistério da série] de Menma [apelido de infância de MEiko HoNMA], a única pessoa que não mudou, a única pessoa cujos defeitos são perdoados pelo roteiro de Mari Okada. E é aqui que a série assume seu aspecto otaku – junto com Fractale [que era só o começo – olha como anda Guilty Crown…], Ano Hana é prova que o conhecido bloco da Fuji TV começa um movimento que o afasta do público casual que era o alvo fundamental do projeto [no início havia foco em jovens adultas, com adaptações de mangas como Hachimitsu to Clover e Nodame Cantabile] e aproxima-o do fã hardcore de animes, assimilando suas preferências.

Oras, Menma teria dezesseis anos se estivesse viva, mas o corpo do fantasma/alucinação é de uma menina de doze – e as atitudes [inclusive a letra] são as que ela teria com seis anos, quando morreu. Além disso, é a única personagem que não usa roupas normais [no período atual] e sim um vestido branco que simboliza pureza. Sim, Menma é uma personagem idealizada e feita na medida para o público que procura uma esposa ao assistir animes – e uma parcela do sucesso do anime vem da fofura da personagem, que não é uma criança normal mas sim uma idealizada de modo a provocar um sentimento de proteção. Sim, Menma é moe.

Oposto a Menma, temos os cinco outros personagens da série, especialmente Jinta Yadomi [ou Jin-tan [-tan é um honorífico que indica grande afeição pela pessoa, incluso certo grau de respeito e um tico de reverência; a série é notória por usar diversos tiques que dão um feeling japonês a esta, do jeito que o fandom ocidental adora], como era conhecido pelos amigos na infância], nosso referencial. Sendo um espelho do espectador, ao longo da série ele sai da posição passiva do início para uma ativa, de retorno da liderança perdida juntamente com o grupo… mas nem tanto.

Ano Hana não é uma série para dar um tapa na cara do espectador, e sim para abraçá-lo, mostrar um ponto de vista que o agrada, mostrar uma realidade que infelizmente não é possível. E esta realidade é Menma, a garota que amava [e tinha o sentimento correspondido], continuando e pela qual daria o mundo se pudesse – mesmo que uma pessoa de carne e osso como Naruko Anjou toma a coragem que não teve em dezesseis anos e confessa seu amor por Jinta, sabe que não tem como fazer frente a Menma – que afinal não é mais uma pessoa de verdade.

E esse polígono amoroso no qual a série apoia-se é assustador e baseado no escapismo, em uma perfeição que não tem como existir – a série admite em seu final que realmente aquilo tudo uma hora tem que acabar, até para podermos crescer, mas sinaliza como o mundo seria melhor se aquela menina não tivesse morrido [a série não explica o que não precisa ser explicado, até porque ela foca em termos boas lembranças de Menma]…

Quanto aos outros quatro personagens, especialmente o duo formado por Anaru e Yukiatsu [ATSUmu MatsuYUKI ], são bons personagens complementares – e até são razoavelmente bem construídos – mas que servem para a história principlamente como escada para os dois protagonistas, que afinal eram os líderes naturais há dez anos e continuam sendo agora. Note que estes dois personagens, justamente os que mais se esforçaram [Tsuruko [ChiriKO TSURUmi] também se esforça, mas a série dá pouca ênfase – e tempo na tela – a ela e a Poppo], são os preteridos em prol do amor dos protagonistas – amor daqueles em que há um casamento! – e cujo esforço parece ter sido em vão. Afinal, Jinta ainda é o líder, Menma, pura, inocente e amada.

Debatemos um pouco sobre o roteiro, mas esta é uma série de diretor. Tatsuyuki Nagai pegou um roteiro mediano de Mari Okada e refinou para uma série agradável de se assistir, uma série na qual partes importantes do roteiro foram adiadas até o último e derradeiro episódio, fazendo até mesmo o “monstro da expectativa” ser bastante presente.

O fato de ser um anime original, obra na qual não há fonte para o espectador consultar previamente para saber o desenvolvimento da história, ajuda ao permitir a livre especulação de teorias sobre o rumo do roteiro, e mesmo algo previsível como Ano Hana proporcionou essa diversão extra ao fandom em tempos de internet – diversão que é um dos fortes argumentos para um colecionador dos tempos atuais comprar os absurdamente caros DVDs/BDs japoneses; afinal, é mais que um desenho, é uma experiência, um estilo de vida – antes de condenar os “otakus”, é bom lembrar que qualquer hobby é assim, principalmente no mundo moderno; quantas pessoas não viajam para o outro lado do mundo com interesses que vão de uma boa pesca até mesmo a prostituição?

Apesar das expectativas de alguns terem se dissolvido episódio após episódio e o episódio final ter revelado sobre o que afinal era a série, algo absurdamente difícil de acontecer sem que haja a insatisfação de vários em um anime que por ter os elementos certos para o atual fandom hardcore de animes fez previsível sucesso, a execução deste final foi primorosa e certamente até superou os objetivos do roteiro. O problema, afinal, este, apenas mediano. Ao menos a lição da amizade entre os cinco amigos é feita de forma natural, da desconfiança do primeiro episódio a catarse do último, em um anime que mesmo escondendo a toa diversos aspectos do roteiro [como “o que é Menma?”] tem um excelente ritmo do início ao fim, sem episódios a toa ou repetições excessivas de abordagem sobre o tema.

Longe de ser o melhor do ano, longe de ser um clássico para o futuro, mas é um anime na medida certa para os fãs do gênero drama, principalmente para quem está acostumado e gosta destes com temática mais otaku, aonde meninas puras e inocentes e garotos derrotados mas com o coração de ouro se encontram. Sim, Ano Hana é descendente direto do sucesso que os dramas feitos pelo estúdio de Visual Novels key obteve – e lá estão o toque de sobrenatural, os dois protagonistas, o tema da morte, o romance absurdamente inocente, a disposição para provocar choro no final de uma história triste.

A animação do A-1 Pictures é muito boa, principalmente pelo traço acima da média, consistente e detalhista – mesmo que a animação seja apenas fluida [afinal, a maior ação que ocorre no anime são cenas de personagens correndo], está mais do que o suficiente para TV. Além disso, é um anime de cenários muito bonitos e fotografia boa, que sem dúvida vale a pena ser visto na alta definição.

E apesar do consenso dentro de um fandom mais específico, é o tipo da série ame-ou-odeie que deve ser assistida depois de Kanon [2006] ou CLANNAD – Ano Hana pode ser um pouco mais voltada para o público casual que estas duas, mas principalmente para o público ocidental [Ano Hana pode ser para o público japonês mais uma história chorosa, como tantas outras] não é o tipo de obra certa para atrai-lo – afinal, é um “shoujo”, né? [Ano Hana obviamente é um seinen, focado no público-alvo homem e adulto – fica a pergunta para as meninas que leem este artigo, vocês gostam de algum dos personagens homens da série? Se sim, como homens?].

Sim, agora sabemos o nome da flor que vimos aquele dia. Entendeu?

Como dito aqui diversas vezes, do artigo de apostas para […]

9 thoughts on “Ano Hi Mita Hana no Namae o Boku-tachi wa Mada Shiranai”

  1. Belo texto. Ano Hana foi um bom anime, mas não chegou perto de me emocionar tanto quanto emocionou outros, até porque sou uma pessoa um tanto quanto “fria” e não conseguia me colocar no lugar dos personagens na maior parte do anime, já que os detalhes da morte de Menma só foram revelados nos ultimos episódios.

    No geral a animação agradou mesmo que ela não tenha sido requerida na maior parte do tempo como já foi dito pelo autor do post, o design dos personagem são muito bonitos e não vejo problema em relação ao moe que só percebi lendo agora e vendo as imagens, não que eu seja contra ao moe até gosto mas passou batido por mim, e por ultimo os cenários que até tiveram propaganda de mangás populares como Sekirei e Working na loja de games onde Naruko trabalhava, que até acabou sendo um atrativo para mim que ficava procurando outras propagandas.XD

    Foi uma anime muito gostoso de assistir por ser bem leve na maior parte e que teve um controle perfeito do clima passado, junto com um desenvolvimento agradável que mesclava bem as parte engraçadinhas com as mais sérias.

  2. Não sei se entendi muito bem, mas, a flor que eles não sabiam o nome se chamava Menma?
    Menma é nome de uma flor no japão?
    Ou a flor se chama Menma por que é só uma expressão metafórica para a própria Menma. Dizendo que a Menma era uma flor (metaforicamente falando), como se fosse um elogio,sei la.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *