Tag Archives: Yakuza

Outrage – Violência e Traição na Yakuza

Takeshi Kitano é conhecido por seus filmes sobre a yakuza, porém, ele ficou dez anos sem retormar essa temática até que chegamos a Outrage. Um filme cru, sem muito romantismo, que nos mostra uma corrente de traições em uma das instituições do crime mais respeitadas do mundo.

A História

Durante o tempo que passou na prisão, o chefe Ikemoto fez um pacto de irmandade com um chefe de fora de seu clã, Murase. Sendo avisado pelo seu oyabun (chefe do clã a que pertence) de que esse pacto não estava sendo visto com bons olhos, ele ordena a um de seus subordinados, Otomo, que “dê um trato” em Murase. Apesar de saber que se tratava de uma traição, respeitou as ordens de seu chefe e fez o trabalho. Porém, essa ação desencadeou uma reação em cadeia que revelou não só Ikemono, mas boa parte de seu clã tinha “culpa no cartório”. Otomo agora tenta sobreviver no jogo como um peão da velha guarda cujos costumes não mais interessam a quem quer o poder da organização.

Comentando…

Eu escolhi esse filme por dois motivos claros: 1 – Eu sempre me interessei por filmes sobre mafia (qualquer que sejam) e 2 – porque tava de fácil acesso lá no Netflix. Conhecia o diretor apenas de nome e não sabia nada sobre esse filme. Em uma pesquisada rápida, vi que não se tratava de uma bosta, então fui em frente.

O filme é recheado de boas atuações, cenas dramáticas, cenas de violência e muito conteúdo que, para as pessoas que não estão acostumadas com os rituais e estruturas da Yakuza pode ficar um tanto confuso no começo.

É difícil acompanhar tantos nomes, cargos, quem é subordinado de quem, etc. Eu mesmo só consegui identificar quem seria o personagem principal já com alguns bons minutos rodados. E mesmo assim eu pude perceber que o filme não tem bem um personagem principal, existe um núcleo principal onde as coisas acontecem. Mas obviamente que a maioria das coisas acontece em torno de Otomo, então vamos deixar ele como o principal.

Como eu disse na introdução, esse filme é cru. Não tenta romantizar a Yakuza e apesar de mostrar-nos as grandes casas, belos carros, finos ternos, etc, também nos mostra a realidade dos ternos amassados, da violência, dos “escritórios” improvisados, etc.

Outro destaque, é que esse não é um filme de época. Tudo se passa nos tempos atuais e isso nos mostra como a yakuza é ainda uma realidade muito presente no Japão moderno. A cena em que um yakuza está sentado numa barraquinha de comida na rua e a cada visitante que chega ele vai falando que tá fechado só porque ele tá lá e não quer ninguém do lado dele exemplifica bem isso. O dono da barraquinha não tem poder nenhum ali.

Tecnicamente falando…

Outrage tem uma estética que oscila entre o cult e o maisntream. Não há grandes efeitos especiais, mas há um certo senso de grandeza no que é mostrado. A cena inicial do filme com a reunião dos chefões é um exemplo disso. Apesar da falta de falas e de toda a narrativa visual, existem muitas pessoas em cena, num cenário grandioso, com carros, figurinos, cenografia, etc.

A direção e edição de Takeshi Kitano pode ser um pouco confusa de se absorver no começo. Não segue bem as tradições do cinema a que estamos acostumados, principalmente ao fato de não dedicar tempo explicando o que se passa na tela. As coisas acontecem e cabe ao espectador assimilá-las.

Para fechar…

Esse filme é altamente recomendado. Principalmente se você se interessa por esse mundo do crime organizado japonês. É um retrato não romantizado e um tanto destrutivo da organização que representa um significativo aspecto da cultura japonesa. Não é um filme bonito. Os atores não são bonitos. As cenas não são bonitinhas. Mas é um filmaço. Não chega a ser o Poderoso Chefão da yakuza, mas vale a assistida.

Takeshi Kitano é conhecido por seus filmes sobre a yakuza, […]

Editorial 005: Dia Internacional da Mulher, Yakuza na Marie Claire, Kindle, Japonês na UFRJ

Hoje é dia 8 de março, também conhecido como “Dia Internacional da Mulher”, um dia para as mulheres de todo o mundo lembrarem de suas conquistas através dos tempos. Parabéns a todas as mulheres do universo nesse dia. Mas é por causa delas que estou escrevendo esse editorial num intervalo que estou tendo entre duas idas à cozinha. Uma para fazer o almoço para minha mãe e outra para fazer uma torta de maçã que levarei para minha namorada mais tarde… porque convenhamos, muito melhor uma deliciosa torta de maçã que uma rosa.

No mais, tendo mencionado minha mãe, veio a cabeça algo que a mesma me mostrou hoje agora há pouco enquanto almoçávamos… a revista Marie Claire. Mas por que diabos estou mencionando essa revista aqui no Anikenkai? Uma matéria bem interessante sobre o trabalho de um fotógrafo belga que ficou dois anos acompanhando o dia a dia da Yakuza. Exatamente, o camarada vivenciou dois anos das vidas de uma das gangues da perigosa e respeitada máfia japonesa.

Acho que desde que comecei com o Anikenkai nunca havia pensado que poderia tirar uma pauta de alguma edição da Marie Claire, mas aí está. Recomendo a leitura da matéria. Claro que não recomendo que comprem a revista só para isso, mas se estiverem em algum consultório de médico/dentista/psicólogo/etc, leia. Edição de Fevereiro de 2012.

E aos que ficaram interessados pelo trabalho do fotógrafo belga, ele foi publicado no livro ODO YAKUZA TOKYO e está a venda no site do autor, http://www.antonkusters.com pelo preço de EUR 49,59… algo em torno de R$116,00. O frete me pareceu um tanto caro, para o Brasil, algo em torno de EUR 20,00 (+- R$50,00), mas o conteúdo e a edição parecem de altíssimo nível. Aceita paypal. Mais informações você encontra no site.

Por sinal, já que estamos falando de livros, vamos emendar mais um assunto e falar sobre o Kindle. Quem acompanha essa coluna sabe que eu comprei um na minha viagem aos EUA e estou testando várias de suas funcionalidades desde então. A qualidade mais recente que descobri foi a de que ele é muito mais confortável de se ler em um ônibus que um livro normal.

Isso se deve ao fato de ele ser muito leve,  oque facilita o manuseio durante a viagem; ao fato de você só ter que apertar um botão para mudar as páginas, o que evitar ficar chacoalhando o livro pra lá e pra cá o tempo todo; e obviamente ao fato da qualidade da tela ser impecável, melhor que qualquer outro tablet existente no mercado no quesito leitura. Já deu pra ver que eu me apaixonei mesmo pelo bichinho né? Meu companheiro nas viagens de ônibus para a faculdade, que ficaram bem mais longas esse ano.

E falando em faculdade (nossa, to bom nesse negócio de emendar assuntos…), já tive minhas primeiras aulas de japonês por lá e digo uma coisa a vocês… mesmo sendo a primeira semana, o ritmo é frenético e a cobrança muito forte. Totalmente diferente de um curso de japonês comum. Fiquem de olho caso queiram seguir por essa carreira, que a coisa não é tão simples quanto parece. Tem que gostar muito. Vou sair da faculdade expert em caligrafia japonesa.

Mas não vou desgastar esse assunto por enquanto… teremos bastantes oportunidades para falar sobre ele. Por essa semana é só. Não deixem de comentar e ler os outros posts do Anikenkai.

Hoje é dia 8 de março, também conhecido como “Dia […]

SANCTUARY, o mangá que a Conrad nunca terminou, mas deveria ter terminado.

Por mais incrível que possa parecer, poucas pessoas que eu conheço já leram Sanctuary. O mangá foi lançado aqui em 2006 pela Conrad em formato tankobon. Infelizmente ela só chegou a lançar seis edições, das doze originais, num período de dois anos. O cancelamento inesperado pela editora e a pouca atenção que o mangá recebeu provavelmente afastaram o público dessa obra. Porém, Sanctuary é um mangá incrível e altamente interessante. A história fica por conta de Sho Fumimura (responsável por Hokuto no Ken) e a arte fica por conta de Ryoichi Ikegami (responsável, dentre outros, pela arte de Crying Freeman). Dois excelentes mangakas unidos em uma excelente obra.

Akira Hojo é um jovem chefe da yakuza, a máfia japonesa. Chiaki Asami é um jovem político que tem como objetivo ser o mais novo membro do parlamento japonês. Dois homens bem diferentes, mas que são antigos amigos dos tempos em que ambos lutavam pela sobrevivência nos campos de extermínio no Camboja durante o governo dos Khmers Vermelhos. Há estimativa de que durante o regime de extrema esquerda, cerca de dois milhões de pessoas foram mortas. O Camboja na época, tinha apenas sete milhões de habitantes. Após migrarem para o Japão, os dois amigos decidem tornar sua nova casa em seu “santuário”. Porém, os caminhos escolhidos são bem diferentes.

Sanctuary conta a história desses dois amigos lutando por seus objetivos. A história por si só já me despertou extremo interesse. Gosto de história sobre máfia e também gosto de histórias sobre manipulações políticas. Junte os dois e já tem minha atenção. A ideia de colocar dois cambojanos em posições de destaque em organizações tipicamente japoensas também me atraiu. E se a história já não fosse interessante por si só, veio acompanhada de um excelente trabalho de arte.

O traço de Ryoichi Ikegami é extremamente detalhista trazendo assim um forte realismo às cenas. Expressões faciais intensas que passam bem a emoção e intenção dos personagens. É necessário dar destaque também ao erotismo presente na série, fruto do trabalho do artista. Lembrando que o foco nessa história não é o erotismo, mas ele está bem presente, assim como está presente nos universos da yakuza e da política como bem sabemos.

Fico triste em ver que pouca gente no Brasil conhece esse título. Quem conhece, muitas vezes é só de ouvir falar, ou de ler em algum lugar falando sobre os cancelamentos da Conrad. Foi triste também a decisão da editora em cancelar o mangá, mesmo sabendo que eles devem ter tido seus motivos. Por sorte, hoje temos diversas opções para conferir esse material. Tirando a internet, o mangá foi publicado nos Estados Unidos pela Viz e é facilmente encontrável em sites como a Book Depository. Também a opção de se comprar a edição japonesa em livrarias virtuais como a BK1 ou até mesmo tendo sorte de achar a coleção completa no bairro da Liberdade em São Paulo.

O importante é que essa obra seja lida e que os fãs de animes e mangás possam conferir esse trabalho do qual gosto muito. Um excelente retrato de dois extremos da sociedade japonesa.

Obs: Esse post foi motivado pelo anúncio do retorno dos autores em um novo mangá. Mais informações: Maximum Cosmo

Por mais incrível que possa parecer, poucas pessoas que eu […]