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"Dança Comigo?" (Shall we DANSU?, 1996) – Um filme para relaxar, mesmo frente a preconceitos da sociedade japonesa

“No Japão, dança de salão é vista com muita desconfiança. Num país onde marido e mulher não andam de braços dados, muito menos dizem “eu te amo” em voz alta (…) A ideia de que marido e mulher devem se abraçar e dançar na frente de outras pessoas é para lá de embaraçosa. Dançar com outra pessoa, então, seria mal interpretado e ainda mais vergonhoso. Ainda assim, mesmo sendo japoneses, existe uma admiração secreta pelos prazeres que a dança pode proporcionar.”

É com essas palavras que começa o filme Dança Comigo?, de 1996. Dos que estão lendo que já ouviram esse nome, muitos provavelmente o remetem ao remake americano, de 2004, com Richard Gere, porém, o filme que falarei hoje se trata de uma produção japonesa e que para muitos, inclusive para mim, é infinitamente superior. Porém, evitarei ficar fazendo comparações sem sentido, mas sim falarei do filme japonês que tive o prazer de assistir.

A História

Sohei Sugiyama é um bem-sucedido contador, porém, tendo alcançado o último desejo material de sua vida, comprar uma casa, ele olha pra trás e vê que teve uma vida extremamente sem graça e infeliz. Ao dedicar sua vida ao trabalho, não pôde aproveitar a vida em família e nem curtir sua própria vida pessoal. Quando ele está voltando para casa uma noite, da janela do trem avista um prédio onde uma bonita, porém triste, mulher olha para fora da janela. Nas noites seguintes ele volta a prestar atenção naquele mesmo ponto e percebe que lá funciona uma escola de dança. Com aquilo o deixando obcecado, ele decide ir até lá a fim de encontrar a tal mulher. Mai Kishikawa é o nome dela, professora no lugar. Encantado, Sugiyama começa em segredo suas aulas. A partir desse instante, ele terá que lidar com o preconceito da sociedade japonesa para com os que dançam, as suspeita de sua própria família e esse interesse por uma jovem professora mesmo estando casado e com uma filha.

Comentários Preliminares

Foi curioso eu ter decidido assistir a esse filme. A primeira vez que soube dele, foi, como muitos, quando o remake americano foi feito. Na época, lembro de minha mãe, fã de dança, ter falado que assistiu tanto o americano quanto o japonês e dizendo que o japonês era bem melhor. Então desde 2004-2005 até hoje eu fiquei com essa ideia na cabeça, mas nunca fui lá e assisti. Minto. Assisti ao americano na televisão em algum canal a cabo… não gostei. Muito provavelmente por causa disso eu não me interessei por ver a outra versão.

Até que semana passada, fuçando o catálogo do NETFLIX, me deparei com esse filme e me surpreendi ao ver que era a versão japonesa. A oportunidade perfeita para finalmente assisti-lo. Eu o fiz e não me arrependi.

Achava que seria um filme focado em dança e que todo mundo iria dançar e ser feliz e bla bla bla. Sendo sincero… achava que seria um filme raso e sem graça. Daquele tipo que você assiste, mas esquece logo em seguida. E, tendo em vista que estou aqui escrevendo esse post, não foi o caso com Dança Comigo?. O início do filme, falando sobre como o japonês enxerga a dança já enunciava que o clima desse seria sério e um tanto denso.

Os Conflitos

Logo somos apresentados ao conflito inicial, o de Sugiyama. Ele resolveu entrar nas aulas de dança por causa da moça. Pegou gosto e decidiu continuar não só por ela, mas por si mesmo. Ainda que ele tivesse que esconder sua nova atividade de seus colegas de trabalho e de sua família, já que isso seria visto como extremamente vergonhoso e inapropriado para um homem como ele.

No decorrer do filme, somos apresentados a outros conflitos que acrescentam à ideia central… como o do superior de Sugiyama no escritório, Tomio Aoki. Ele, na presença de seus subordinados, só parece um “chefe esquisito”. Mas há anos ele se dedica à dança latina e na pista incorpora um alter ego com personalidade e atitude extremamente oposta à que ele aparenta ter. Sua maior frustração é não conseguir se fixar com uma parceira de dança para as competições que quer tanto participar. Apesar de dançar muito bem, ele acaba assustando suas companheiras por acabar se interessando só por moças bem mais jovens do que ele. O que ocorre são frustrações atrás de frustrações.

Temos também o caso de Masahiro Tanaka, um colega de Sugiyama nas aulas de dança que, a principio tinha entrado nas aulas de dança por recomendações médicas, mas que acaba por revelar, em uma cena um tanto tensa, que está ali mais para ajudar na sua autoestima depois dele ter sido rejeitado de maneira muito dura pela última menina de quem ele gostou.

Ainda há o caso da própria Mai. Durante o início do filme ela é uma pessoa fria, triste e que não parece aproveitar nada de sua vida nem de sua profissão. No desenrolar da trama descobrimos coisas sobre seu passado que a fizeram parar de se divertir como a dança, mesmo sendo uma excelente dançarina.

Comentários Finais

Fica então aquela pergunta no ar: Vale a pena assistir Dança Comigo?. Minha resposta, como já deve ter dado para perceber, é que SIM, vale a pena. Temos em cena bons personagens em uma situação que foge do lugar comum e de sua zona de conforto e ainda tem que lidar com uma sociedade que condena tal prática, mesmo ela dando tanto prazer e satisfação. Mas ainda que traga a tona todos esses conflitos, a trama é desenvolvida de forma a poder se classificada como heartwarming, um filme que faz você relaxar e aproveitar o momento assistindo de forma tranquila.

É provável que vocês tenham estranhado a escolha desse filme para abrir a Anikenkai Movie Week, mas assim como gosto de slices of life nos animes, eu gosto de filmes que falam da vida… que falam de pessoas em situações corriqueiras e comuns. Espero que vocês gostem de Dança Comigo? como eu gostei.

Termino deixando um apanhado de trailers e teasers do filme:

httpvh://www.youtube.com/watch?v=RUA7BiMsf6c

“No Japão, dança de salão é vista com muita desconfiança. […]

“Dança Comigo?” (Shall we DANSU?, 1996) – Um filme para relaxar, mesmo frente a preconceitos da sociedade japonesa

“No Japão, dança de salão é vista com muita desconfiança. Num país onde marido e mulher não andam de braços dados, muito menos dizem “eu te amo” em voz alta (…) A ideia de que marido e mulher devem se abraçar e dançar na frente de outras pessoas é para lá de embaraçosa. Dançar com outra pessoa, então, seria mal interpretado e ainda mais vergonhoso. Ainda assim, mesmo sendo japoneses, existe uma admiração secreta pelos prazeres que a dança pode proporcionar.”

É com essas palavras que começa o filme Dança Comigo?, de 1996. Dos que estão lendo que já ouviram esse nome, muitos provavelmente o remetem ao remake americano, de 2004, com Richard Gere, porém, o filme que falarei hoje se trata de uma produção japonesa e que para muitos, inclusive para mim, é infinitamente superior. Porém, evitarei ficar fazendo comparações sem sentido, mas sim falarei do filme japonês que tive o prazer de assistir.

A História

Sohei Sugiyama é um bem-sucedido contador, porém, tendo alcançado o último desejo material de sua vida, comprar uma casa, ele olha pra trás e vê que teve uma vida extremamente sem graça e infeliz. Ao dedicar sua vida ao trabalho, não pôde aproveitar a vida em família e nem curtir sua própria vida pessoal. Quando ele está voltando para casa uma noite, da janela do trem avista um prédio onde uma bonita, porém triste, mulher olha para fora da janela. Nas noites seguintes ele volta a prestar atenção naquele mesmo ponto e percebe que lá funciona uma escola de dança. Com aquilo o deixando obcecado, ele decide ir até lá a fim de encontrar a tal mulher. Mai Kishikawa é o nome dela, professora no lugar. Encantado, Sugiyama começa em segredo suas aulas. A partir desse instante, ele terá que lidar com o preconceito da sociedade japonesa para com os que dançam, as suspeita de sua própria família e esse interesse por uma jovem professora mesmo estando casado e com uma filha.

Comentários Preliminares

Foi curioso eu ter decidido assistir a esse filme. A primeira vez que soube dele, foi, como muitos, quando o remake americano foi feito. Na época, lembro de minha mãe, fã de dança, ter falado que assistiu tanto o americano quanto o japonês e dizendo que o japonês era bem melhor. Então desde 2004-2005 até hoje eu fiquei com essa ideia na cabeça, mas nunca fui lá e assisti. Minto. Assisti ao americano na televisão em algum canal a cabo… não gostei. Muito provavelmente por causa disso eu não me interessei por ver a outra versão.

Até que semana passada, fuçando o catálogo do NETFLIX, me deparei com esse filme e me surpreendi ao ver que era a versão japonesa. A oportunidade perfeita para finalmente assisti-lo. Eu o fiz e não me arrependi.

Achava que seria um filme focado em dança e que todo mundo iria dançar e ser feliz e bla bla bla. Sendo sincero… achava que seria um filme raso e sem graça. Daquele tipo que você assiste, mas esquece logo em seguida. E, tendo em vista que estou aqui escrevendo esse post, não foi o caso com Dança Comigo?. O início do filme, falando sobre como o japonês enxerga a dança já enunciava que o clima desse seria sério e um tanto denso.

Os Conflitos

Logo somos apresentados ao conflito inicial, o de Sugiyama. Ele resolveu entrar nas aulas de dança por causa da moça. Pegou gosto e decidiu continuar não só por ela, mas por si mesmo. Ainda que ele tivesse que esconder sua nova atividade de seus colegas de trabalho e de sua família, já que isso seria visto como extremamente vergonhoso e inapropriado para um homem como ele.

No decorrer do filme, somos apresentados a outros conflitos que acrescentam à ideia central… como o do superior de Sugiyama no escritório, Tomio Aoki. Ele, na presença de seus subordinados, só parece um “chefe esquisito”. Mas há anos ele se dedica à dança latina e na pista incorpora um alter ego com personalidade e atitude extremamente oposta à que ele aparenta ter. Sua maior frustração é não conseguir se fixar com uma parceira de dança para as competições que quer tanto participar. Apesar de dançar muito bem, ele acaba assustando suas companheiras por acabar se interessando só por moças bem mais jovens do que ele. O que ocorre são frustrações atrás de frustrações.

Temos também o caso de Masahiro Tanaka, um colega de Sugiyama nas aulas de dança que, a principio tinha entrado nas aulas de dança por recomendações médicas, mas que acaba por revelar, em uma cena um tanto tensa, que está ali mais para ajudar na sua autoestima depois dele ter sido rejeitado de maneira muito dura pela última menina de quem ele gostou.

Ainda há o caso da própria Mai. Durante o início do filme ela é uma pessoa fria, triste e que não parece aproveitar nada de sua vida nem de sua profissão. No desenrolar da trama descobrimos coisas sobre seu passado que a fizeram parar de se divertir como a dança, mesmo sendo uma excelente dançarina.

Comentários Finais

Fica então aquela pergunta no ar: Vale a pena assistir Dança Comigo?. Minha resposta, como já deve ter dado para perceber, é que SIM, vale a pena. Temos em cena bons personagens em uma situação que foge do lugar comum e de sua zona de conforto e ainda tem que lidar com uma sociedade que condena tal prática, mesmo ela dando tanto prazer e satisfação. Mas ainda que traga a tona todos esses conflitos, a trama é desenvolvida de forma a poder se classificada como heartwarming, um filme que faz você relaxar e aproveitar o momento assistindo de forma tranquila.

É provável que vocês tenham estranhado a escolha desse filme para abrir a Anikenkai Movie Week, mas assim como gosto de slices of life nos animes, eu gosto de filmes que falam da vida… que falam de pessoas em situações corriqueiras e comuns. Espero que vocês gostem de Dança Comigo? como eu gostei.

Termino deixando um apanhado de trailers e teasers do filme:

httpvh://www.youtube.com/watch?v=RUA7BiMsf6c

“No Japão, dança de salão é vista com muita desconfiança. […]