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SANCTUARY, o mangá que a Conrad nunca terminou, mas deveria ter terminado.

Por mais incrível que possa parecer, poucas pessoas que eu conheço já leram Sanctuary. O mangá foi lançado aqui em 2006 pela Conrad em formato tankobon. Infelizmente ela só chegou a lançar seis edições, das doze originais, num período de dois anos. O cancelamento inesperado pela editora e a pouca atenção que o mangá recebeu provavelmente afastaram o público dessa obra. Porém, Sanctuary é um mangá incrível e altamente interessante. A história fica por conta de Sho Fumimura (responsável por Hokuto no Ken) e a arte fica por conta de Ryoichi Ikegami (responsável, dentre outros, pela arte de Crying Freeman). Dois excelentes mangakas unidos em uma excelente obra.

Akira Hojo é um jovem chefe da yakuza, a máfia japonesa. Chiaki Asami é um jovem político que tem como objetivo ser o mais novo membro do parlamento japonês. Dois homens bem diferentes, mas que são antigos amigos dos tempos em que ambos lutavam pela sobrevivência nos campos de extermínio no Camboja durante o governo dos Khmers Vermelhos. Há estimativa de que durante o regime de extrema esquerda, cerca de dois milhões de pessoas foram mortas. O Camboja na época, tinha apenas sete milhões de habitantes. Após migrarem para o Japão, os dois amigos decidem tornar sua nova casa em seu “santuário”. Porém, os caminhos escolhidos são bem diferentes.

Sanctuary conta a história desses dois amigos lutando por seus objetivos. A história por si só já me despertou extremo interesse. Gosto de história sobre máfia e também gosto de histórias sobre manipulações políticas. Junte os dois e já tem minha atenção. A ideia de colocar dois cambojanos em posições de destaque em organizações tipicamente japoensas também me atraiu. E se a história já não fosse interessante por si só, veio acompanhada de um excelente trabalho de arte.

O traço de Ryoichi Ikegami é extremamente detalhista trazendo assim um forte realismo às cenas. Expressões faciais intensas que passam bem a emoção e intenção dos personagens. É necessário dar destaque também ao erotismo presente na série, fruto do trabalho do artista. Lembrando que o foco nessa história não é o erotismo, mas ele está bem presente, assim como está presente nos universos da yakuza e da política como bem sabemos.

Fico triste em ver que pouca gente no Brasil conhece esse título. Quem conhece, muitas vezes é só de ouvir falar, ou de ler em algum lugar falando sobre os cancelamentos da Conrad. Foi triste também a decisão da editora em cancelar o mangá, mesmo sabendo que eles devem ter tido seus motivos. Por sorte, hoje temos diversas opções para conferir esse material. Tirando a internet, o mangá foi publicado nos Estados Unidos pela Viz e é facilmente encontrável em sites como a Book Depository. Também a opção de se comprar a edição japonesa em livrarias virtuais como a BK1 ou até mesmo tendo sorte de achar a coleção completa no bairro da Liberdade em São Paulo.

O importante é que essa obra seja lida e que os fãs de animes e mangás possam conferir esse trabalho do qual gosto muito. Um excelente retrato de dois extremos da sociedade japonesa.

Obs: Esse post foi motivado pelo anúncio do retorno dos autores em um novo mangá. Mais informações: Maximum Cosmo

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