Tag Archives: Mangás

Mas afinal, por quê #VergonhaJBC?

Se você estava online no feriado de 15 de Novembro e segue o twitter de algum blogueiro dessa nossa “blogsfera animística”, você provavelmente se deparou com a hashtag #VergonhaJBC. O motivo de tal manifestação foi a extrema baixa qualidade do novo mangá da Editora JBC, Kobato. E não digo qualidade quanto à história, mas sim qualidade quanto ao material usado pela editora para imprimir o mangá. Apesar do tom de brincadeira que cercou a hashtag, temos um assunto bem interessante para analisarmos.

Não é de hoje que eu reclamo da qualidade dos mangás nacionais. E meu intuito nunca foi de prejudicar uma editora X, Y ou Z. Sempre que comparei edições americanas com brasileiras (1, 2) eu fiz com o verdadeiro propósito de mostrar para as pessoas que podemos almejar algo além do que nos é oferecido. Sempre quis mostrar que não é para nos contentarmos com um trabalho porco pois é assim e pronto.

O #VergonhaJBC fez o assunto voltar a tona e em conversas com outras pessoas, algumas pessoas me indagaram sobre o que iria ser feito a partir dali. Se ia se limitar a uma brincadeirinha de Twitter ou se os blogs iriam realmente tentar uma conscientização em massa de seus leitores para a falta de qualidade do produto nacional e exigir uma resposta das editoras?

Eu posso dizer que a cada vez que compro um novo mangá eu torço para que as editoras melhorem a qualidade de seus volumes. Agora que muitas resolveram adotar o formato trimestral de publicação, estava na hora de adotarem também um aumento na qualidade de seu produto. De nada adianta um leitor esperar três meses pra uma nova edição se ela vai vir no mesmo formato tosco e podre que vinha quando era mensal.

“Ah, mas aí teriam que aumentar o preço… no mínimo 15 reais por volume”.

Uma mudança de 5 reais (4 no caso da JBC) em três meses não pesaria nada no bolso do comprador médio de mangás (e se realmente pesa é bom começarem a reavaliar se gastar dinheiro com mangá está valendo a pena), então isso não é um problema.

Para ilustrar esse post, gostaria de dar um exemplo visual para vocês perceberem como a escolha do papel é importante para um bom produto final. Recomendo que cliquem para aumentar a imagem.

Nesse exemplo eu escaneei um mesmo quadro do volume 1 nacional de Bakuman (a esquerda) e do volume1 americano (a direita) para comparação. A primeira coisa que se nota – já que num scanner não dá pra você ver a finura/grossura de um papel – é a diferença de tonalidade do “branco”. Repare que na edição brasileira o “branco” é bem acinzentado enquanto que na edição americana o “branco” é branco. É válido confirmar que ambas as capturas foram feitas com o mesmo scanner sob as mesmas configurações.

E sabem o que essa diferença de tonalidade acaba causando? Uma grande diferença de contraste. Reparem que apesar de bem parecidos, os “pretos” da edição americana parecem mais pretos que os “pretos” da edição brasileira. Isso se deve ao fato de que nosso olho suaviza o preto frente ao seu contrate direto (“branco”) não ser tão branco quanto deveria ser. Inclua aí um desbotamento natural da tinta em virtude da qualidade material do papel e temos um desastre. Isso porque eu não comparo com a edição japonesa… o que seria um esculacho.

Ainda não é parte da cultura “mangazeira” o espírito colecionável. Apesar de termos pessoas interessadas em manter coleções, como vimos nesse post do Gyabbo, o espírito de colecionador ainda não é um conceito de massa (como o é no caso dos fãs brasileiros de quadrinhos ocidentais e DVDs, por exemplo). Mas mesmo assim, como consumidor, eu quero sempre o melhor produto. Se isso que a gente tem fosse o melhor que o Brasil pode oferecer, eu não poderia fazer nada, mas como sei que não é, como sei que essa falta de qualidade é comodismo das editoras, eu vou continuar criticando.

Completo citando aqui o trabalho que o Blog do Jotacê faz expondo os problemas das empresas de home video no Brasil. Muitas delas podem parecer meras reclamações de um grupo específico, mas com o tempo foram ganhando importância e obtiveram sucesso em muitas das suas reivindicações. Claro que é necessário um trabalho por parte dos que estão reclamando. Mostrar  o que está errado, o por quê está errado e como pode ficar. Torço pra daqui a alguns anos eu ler esse post e dizer que estou feliz dos nossos mangás nacionais não serem mais publicados na mesma qualidade que forro de gaiola de passarinho.

Para fechar, postarei as imagens que me foram fornecidas pelo @PaninaManina nos comentários do post-review de Kobato mostrando a extrema falta de qualidade dos mangás da JBC. (clique para ampliar)

Na boa, mas passou dos limites mesmo…

P.S.: Irei procurar alguma resposta da Editora JBC pois ela também tem o direito de se manifestar (apesar de seu silêncio quanto ao assunto parece demonstrar que ela não está nem aí… mas…). Assim que obtiver uma resposta volto a postar aqui.

Se você estava online no feriado de 15 de Novembro […]

Entrevista: O que vem a seguir para Takehiko Inoue (parte 1)

Você já deve ter ouvido o nome Takehiko Inoue. Se não ouviu, deveria ter ouvido. Ele é um dos maiores mangakas do Japão e dono de um nível artístico que poucos conseguem alcançar. Ele é o autor de séries como Vagabond, Slam Dunk e REAL. Suas obras são lidas e admiradas em todo o mundo. Hoje, com 44 anos, o autor passa por uma certa crise em seus trabalhos. Vagabond está paralisado há mais de um ano (mas parece que vai voltar em breve) e seus outros trabalhos também estão sofrendo. Mas mesmo assim, ele busca melhorar cada vez mais como artista e essa entrevista é uma prova disso.

Ela trata do mais novo trabalho de Inoue, um livro, que vem acompanhado de um DVD, intitulado Pepita: Takehiko Inoue encontra Gaudi, com data de lançamento fixada em 12 de Dezembro desse ano. Nesse projeto, o veterano mangaka decide se aventurar na obra arquitetônica de Gaudi, um dos maiores arquitetos da história. Nessa entrevista, Inoue dá um panorama geral de como foi desenvolver o projeto.

httpv://www.youtube.com/watch?v=0480XbKzlcs

Originalmente publicada na revista Nikkei Enterteinment, está sendo traduzida para o inglês pelo blog The Eastern Edge e agora, em português, pelo Anikenkai. Vale lembrar que o The Eastern Edge foi o mesmo com o qual firmei parceria para a série de posts Uma conversa entre Takehiko Inoue e Eiichiro Oda (se ainda não leram, confiram!!).

A entrevista será traduzida em partes. A ideia é tê-la completamente traduzida até o dia do lançamento do material. Por isso fique ligado aqui no Anikenkai para conferir as próximas partes e espero que vocês gostem pois eu, com certeza, gostei e gostarei de traduzi-la para vocês. A matéria foi publicada toda na primeira pessoa, com Inoue como narrador.

————————————————————————————–

O que vem a seguir para Takehiko Inoue (parte 1)

Originalmente, isso não era algo que eu tinha decidido fazer por mim mesmo. Eu comecei esse projeto depois de me fazerem uma oferta. Quando li pela primeira vez o projeto, a primeira coisa que pensei foi, “Por que eu?”, não tenho a menor noção quando o assunto é arquitetura. Meu conhecimento sobre a obra de Gaudi era praticamente zero. Fazer uma viagem e o tempo que isso iria me afastar dos quadrinhos era uma forte preocupação. Vagabond está atualmente em hiato, e os trabalhos em geral não estão progredindo bem, então parte de mim se perguntava se eu realmente deveria aceitar um trabalho como esse nesse momento.

No entanto, eu já estava fazendo certas coisas um tanto diferentes do trabalho normal de um autor de quadrinhos.  A The Last Manga Exhibition foi diferente,  assim como o trabalho nos murais de Shinran para o Higashi Honganji.

Eu senti que esse tempo na Espanha seria como continuar a corrente desses outros trabalhos. Eu senti que atráves de Gaudi eu iria ganhar a oportunidade de realizar várias coisas, e ser guiado a respostas que estavam na minha cara, mas que eu não conseguia ver.

Eu sempre fui uma pessoa que aceitou trabalhos sem planos ou guias e seguindo o instinto, mas dessa vez é algo ainda maior pois é Gaudi, e isso foi um ponto importante para mim.

Com quadrinhos, se você os queima, eles se vão ou se se param de ser publicados, uma hora se perdem. Contruções se mantem por um longo período de tempo, não é? Eu posso não parecer, mas sou muito tímido e fico imaginando se seria embaraçoso ver algo que você fez ficar lá no meio de uma cidade (risos). Eu imagino o que as pessoas que deixam coisas como essa no mundo se parecem, e com o que Gaudi, que fez aquele prédio que parece como algo vivo, se parece. Eu achei Gaudi admiravelmente interessante.

A arquitetura de Gaudi e seus outros trabalhos são amplamente conhecidos, mas que tipo de pessoa ele era, e o que estava nas suas raízes (que o fizeram daquela maneira) não.

Eu pensei que se eu poderia conhecer sua história, haverial algo que eu poderia sentir em seu trabalho.

Então, eu aceitei o trabalho pensando que se eu pudesse transmitir para outras pessoas o que eu obtiver fazendo isso, especialmente para as mais jovens, isso o daria um significado real.

(continua na parte 2)

Você já deve ter ouvido o nome Takehiko Inoue. Se […]

Anikencast #009 – Misoginia em Bakuman

Olá, queridos ouvintes! Cá estamos com mais um Anikencast!

Nesse programa, DidCart e Starro reuniram Fábio Sakuda (Ação Magazine), Darko (JCast) e Dri SweetPepper para uma mesa redonda sobre misoginia em Bakuman. O mangá, ao mesmo tempo que muito aclamado, recebe várias críticas por como suas personagens femininas são tratadas e retratadas.A misoginia está realmente presente na obra? Será um problema pessoal do autor? Isso condena a qualidade do mangá? Essas e outras várias questões são colocadas na mesa para a discussão.

Não deixem de comentar mandando e-mails para [email protected], dando reply no meu twitter ou comentando aqui no post! O assunto PEDE sua opinião!

Índice:

00:00:00 – 00:02:50 -> Introdução

00:02:50 – 00:15:20 -> Comentários sobre o cast passado e sobre a nova temporada de animes

00:15:20 – 00:58:25 -> Mesa redonda “Misoginia em Bakuman”

00:58:25 – 01:10:11 -> Considerações finais e despedidas

Escutem o podcast:

Duração: 70min

Olá, queridos ouvintes! Cá estamos com mais um Anikencast! Nesse […]

Para que servem os reviews?

Quando comecei a ver animes pela internet, lá pelo início dos anos 2000, era muito difícil você conseguir uma série inteira. Não digo nem que não haviam disponíveis, os fansubs já estavam atuando na rede. A grande dificuldade era a velocidade. 256kbps era velocidade da luz pra quem migrava dos (nem sempre) 56kbps da conexão discada, mas para quem baixava arquivos de vídeo da internet ainda era pouca. Então pegar uma série de 24 episódios era um martírio. Principalmente quando descobri o .avi, afinal, quando se vê em qualidade melhor, não se quer retroceder para um rmvb, por exemplo.

E além da dificuldade tecnológica de se acessar os animes, tem também a falta de informação. Pouco se sabia sobre o que acontecia na terra do sol nascente. Sendo assim, era necessário termos alguma fonte de conhecimento sobre as séries que valiam a pena ser assistidas. Não dava pra gente pegar só pra “ver qualé”. Era muito tempo pra baixar um episódio. Então os reviews eram uma excelente forma de se conhecer séries novas e saber se elas valiam a pena ou não serem assistidas. Você lia vários reviews, de várias séries, escritos por várias pessoas… era algo necessário.

Mas e hoje em dia? Não temos mais os mesmos problemas. É possível pegar uma série de 50 episódios em menos de uma hora. Assistir ao primeiro episódio de várias séries por temporada para decidir se continua assistindo ou não se tornou um hábito comum. Nós sabemos meses antes o que está pra sair no Japão. Pra que ler reviews hoje em dia então? Como os leitores se relacionam com os reviews?

Em busca de uma opinião que combine com a sua.

Por mais estranho que isso possa soar, as pessoas, buscam os reviews hoje para reafirmar suas próprias opiniões sobre determinada série. Por exemplo, o espectador comum assiste a Usagi Drop e gosta do que vê. Vai no site/blog/forum/etc que ele frequenta e começa a ler os reviews da série. Ele acha um review que lhe agrade, que fale bem da série e decide adotar os pontos expostos pelo avaliador como seus. Caso ele encontre reviews negativos, é capaz dele postar só dizendo que o avaliador não entende nada de animes e que a opinião dele é uma bosta.

Poucas vezes alguém lê um review sem ter prévio conhecimento da série e, muito menos ainda, muda de opinião dependendo do que foi exposto pelo avaliador.

Repare então que a mídia especializada teve que se adaptar a essa tendência de seus leitores. A maioria dos blogs/sites/etc agora pouco fazem reviews de séries que já acabaram. Só quando elas tem alguma polêmica envolvida ou são muito underground/antiga. De séries recentes, pouco se fala. O que fazemos agora (sim, me incluo) é postar “primeiras impressões”. São reviews rápidos, de um episódio só, que ainda mantém a razão de aconselhar e guiar os leitores no mundo de estreias que acontece a cada temporada. Com isso, obrigam os avaliadores a verem os episódios assim que saem e postarem suas impressões o quanto antes. Deixa passar uma semana ou duas e seu review já perde valor, porque um mar de gente já baixou o primeiro episódio pra “ver qualé”.

Mas ainda assim, mesmo com essa mudança, o público ainda enxerga os reviews como um reforço de sua própria opinião. Algo para dar apoio ao simplório “gostei/não gostei” do espectador comum. É algo que não podemos chamar de errado. É algo que é, simples assim. Cabe a nós nos adaptarmos aos novos leitores que aparecem.

A grande crítica que eu faço a toda essa realidade é que isso acaba deixando os avaliadores relaxados. As pessoas não mais procuram pautar suas avaliações em argumentos fortes. Muitos reviews acabam sendo umas centenas de palavras que poderiam ser resumidas em um “gostei” ou “não gostei”. Não há mais a necessidade de provar ao leitor que seu ponto de vista é válido. Que ele deve acreditar no que você diz porque você está dando motivos para ele fazer isso. Afinal, ele está lendo seu review depois de já ter uma própria opinião formada. Não importa os argumentos que você dê. Importa se ele concorda ou discorda da sua opinião final.

—————————————-

Qual sua opinião sobre esse assunto? Comente!

Fiz esse post pautado em observações pessoais minhas. É óbvio que existem exceções. Existem ainda leitores que buscam reviews como forma de conhecer uma série, ou saber se vale ou não assistir a uma série, mas eles são minoria hoje em dia. Não digo que foi uma evolução para o pior, só foi uma mudança. Não tem como dizer se foi pior ou melhor. Tem argumentos bons para ambos os lados. Por isso, não tome esse post como uma ofensa caso você não se enquadre nesse “padrão” exposto aqui. 

Quando comecei a ver animes pela internet, lá pelo início […]

Uma Breve Análise Das Hipóteses Para O Mercado Nacional De Mangás

O meu xará, Diogo divulgou no Chuva de Nanquim, o lançamento de ‘Sora no Otoshimono’ pela Panini. Sabendo dessa notícia, vi que era o momento exato para escrever esse post. Colocarei aqui meu ponto de vista sobre o mercado de mangás no Brasil e para onde a filosofia atual das editoras poderá nos levar no futuro. Apesar de óbvio, vale lembrar que nesse post eu tratarei de hipóteses. Não há certezas no futuro do mercado no Brasil, só possibilidades, sejam elas positivas ou negativas. Leia esse post, entenda o que eu coloco aqui e, importantíssimo, não deixe de comentar dando sua opinião.

—————————————————-

Provavelmente você já deve ter ouvido falar a seguinte frase…

Quanto mais mangá na banca, melhor!

Bem, apesar de eu partilhar da mesma filosofia, não creio que o nosso mercado esteja preparado para ela.

Comecemos falando sobre a quantas anda o nosso mercado.

De fato. Nós temos bastantes títulos em publicação. Se olharmos só os sites das editoras principais (Panini, JBC e NewPop), fazemos um levantamento de mais de 30 títulos em publicação. Alguns estão paralisados por terem alcançado o Japão, podem dizer, mas a grande maioria está saindo em um ritmo mensal ou bimestral. E a cada dia temos novos mangás sendo anunciados…

Mas será que ter tantos títulos na banca assim é bom? Em uma primeira olhada não tem por quê dizer que não. Quanto mais títulos, mais opções, mais satisfeito fica o consumidor. É um raciocínio simples e provavelmente é o que a maioria dos leitores pensa. Porém, vamos colocar um tempero nesse raciocínio.

A partir desse momento, vou me focar na Panini e na JBC, as duas editoras com mais títulos em publicação e as que estão há mais tempo no mercado.

Para fins de comparação, peguemos a Shonen Jump, a maior antologia do Japão. Se uma série não está vendendo bem ou o público não está gostando dela, ela é cancelada e é dado lugar a uma outra nova. Há sempre um número fixo de mangás sendo publicado. Nem mais nem menos. Se uma falha, é cancelada e outra tenta o sucesso em seu lugar. Se pararmos para pensar que o número de pessoas que leem a Jump é muito superior ao número de pessoas que leem todos os mangás juntos em publicação aqui no Brasil, temos aí o primeiro “tempero” para pensar melhor sobre o nosso mercado.

Se uma Shonen Jump cancela sem dó séries que não estejam tendo sucesso, por que no Brasil, um mercado extremamente menor, as editoras deveriam manter títulos fracos, de pouca vendagem e com pouca repercussão entre os leitores? A realidade de cancelamentos não é nossa realidade atual. Já houve uma época em que muitos títulos foram cancelados por aqui, mas não hoje. Hoje cancelar um mangá é dar um tiro na própria cabeça. É assim que o público consumidor enxerga. “Se cancelou o mangá X, é capaz dele cancelar o mangá Y, então não vou comprar esse mangá pra não ficar com uma coleção incompleta”.

E nesse momento é capaz de você estar se perguntando se por acaso eu estou defendendo aqui o cancelamento de mangás. De forma alguma. É uma possibilidade, sem dúvida, mas seria ela viável em nosso mercado? Sem chances.

A Jump pode cancelar uma série que não faz sucesso porque o público leitor tem uma infinidade de outros títulos “parecidos” para se entreter com. Um título ser cancelado vai deixar alguns fãs chateados, mas logo eles passam pra outro mangá e fica tudo bem. Aqui no Brasil, quando um mangá é cancelado, os fãs ficam órfãos. Não tem para onde ir. Não há títulos suficientes para cobrir esse vácuo.

“Mas pera lá… títulos demais não eram um problema alguns parágrafos acima?”… E eu respondo: Só é considerado demais quando o mercado não consegue absorver tudo.

Nosso mercado é bem atrofiado. O poder de compra do público leitor é bem pequeno. Muitos dependem dos pais para comprar seus mangás todos os mês. O preço praticado pelas editoras muitas vezes está fora da realidade de muitos brasileiros. Não digo para comprar um só mangá. Mas quem quer ler, não quer ler só um mangá. Se o leitor compra cinco mangás, um número relativamente pequeno de títulos, já são mais de 50 reais saindo do bolso dele todo mês. Imagina para quem quem quer comprar a maioria dos títulos que sai? Impraticável para a maioria do mercado.

Então temos aí um impasse. O Brasil possui um mercado pequeno, que não cresce na mesma proporção que os títulos fornecidos pelas editoras. Mas uma grande quantidade de títulos é necessária para evitar que os leitores fiquem “órfãos” quando um mangá é cancelado. Sendo assim, as editoras não podem cancelar os mangás porque também não podem fornecer títulos suficientes para cobrir os vácuos deixados por eles. Mas até quando elas vão conseguir se manter num sistema que, ao que parece, é autodestrutivo para as editoras?

Bem, a solução é mais simples do que parece.

Não digo que o que falarei agora vai solucionar todos os possíveis problemas que venham a aparecer, mas pode evitar uma crise de saturação em nosso mercado.

Reparem bem na Panini e na JBC. Se nós tivéssemos que reparar em um aspecto editorial que separa bem uma da outra, eu destacaria as opções de periodicidade como grande diferencial. Enquanto a JBC opta constantemente por publicar mensalmente seus títulos, mesmo quando esses ainda se encontram em publicação no Japão e com poucos títulos (como no caso de BAKUMAN), a Panini decide alternar entre mensal e bimestral.

O modelo da Panini é o que tem mais futuro. Eu explico.

Hoje, quem quer, lê os mangás facilmente pela internet. E não é característica do nosso mercado comprar um mangá que já se leu na internet. Pra que eu vou gastar 10 reais por mês com algo que eu já li? É uma realidade que as editoras não tem como ter controle sobre. Esse tipo de leitor, que não são poucos, arrisco dizer que são até maioria, é uma fatia do mercado que eles não atingem.

Agora pense comigo uma coisa: Se esse mesmo leitor tivesse que gastar uns 15 reais com um volume de mangá, mas dessa vez, só de 3 em 3 meses. Ou seja, 5 reais por mês. Metade do que ele teria que gastar num modelo mensal de mangá a 10 reais. E esse volume ainda viria com papel melhor, boa impressão e encadernação, já que é mais caro que o de 10 reais. É mais provável que esse tipo de leitor se interesse mais por comprar esse título de 15 reais de três em três meses do que o de 10 reais de mês em mês.

Por que? É simples. Se ele já leu o título, ele sabe se gostou ou não. Se ele gostou e virou fã, é natural ele querer ter o mangá para si, em sua coleção. Porém, tendo que pagar 10 reais por mês, acaba sendo um investimento que ele não está disposto a fazer. Enquanto que 15 reais a cada três meses por algo de melhor qualidade é algo que ele estaria bem mais disposto a pagar.

Mas três em três meses não é muito tempo de intervalo entre um volume e outro? Não pra esse tipo de leitor. Ele já leu o mangá. Ele não tem a urgência de saber o que acontece no volume seguinte. Ele está comprando pelo simples fato de ter na coleção, ou para reler, ou para ver os extras, etc. Ele não está comprando só pela história ali contida.

Então com uma mudança de filosofia na periodicidade, as editoras estariam atingindo um público que hoje elas não atingem. Não digo que todos os leitores desse tipo iriam passar a comprar mangás em banca, mas a probabilidade do número de vendas aumentar entre esse grupo é maior.

No entanto, como que ficam o público que não tem nada a ver com essa história. O público que compra mangá para conhecer a história. O público que não leu online e tá acompanhando conforme vai saindo. O que ele ganha com isso?

Para começar, ele terá um aumento na qualidade do produto, tendo como base a estratégia que coloquei acima de aumento de preço proporcional a qualidade alterando a periodicidade. Isso já é uma vantagem. Mas a perda da periodicidade mensal seria uma desvantagem para esse público. Ele tem que ter algo a mais a ganhar com essa mudança.

E ele tem. Um aumento na quantidade de títulos disponíveis. Se antes o público tinha que pagar 30 reais por mês se comprasse três títulos mensais, ele agora poderia continuar pagando 30 reais por mês, mas por seis títulos trimestrais (considerando que cada volume mensal custe 10 reais e cada trimestral custe 15). Um aumento de 100% no número de títulos comprados sem aumento no gasto mensal. Pessoalmente acho essa possibilidade bem interessante.

Apesar de “perder” sua periodicidade mensal, o leitor regular teria a possibilidade de ter materiais de melhor qualidade e uma pluralidade maior de títulos sem ter que gastar mais por isso mensalmente. Um modelo sustentável, que favorece tanto o leitor quanto à editora.

Para eu concluir esse post, é valido dizer que o próprio modelo japonês de publicação de tankobons funciona dessa maneira, em periodicidades quadrimestrais até. Saindo do mercado original dos mangás, temos o americano, que também segue um modelo “não-mensal” de publicação, com periodicidades trimestrais e quadrimestrais dependendo do título. Aí estão dois exemplos de mercados bem maiories que o Brasil e que viram no modelo “não-mensal” de publicação uma via sadia para seu mercado.

—————————————————-

Espero que eu tenha passado para vocês com clareza minhas ideias. Não coloco o que escrevi aqui como único modelo possível e, muito menos, digo que o mercado brasileiro está em crise ou estará em um futuro próximo. As chances das editoras começarem a ter que rever sua estratégia de mercado são grandes. O suficiente para eu, um mero observador, chegar a essa conclusão. Mas o mais importante desse tópico é fomentar a discussão. Comentem aqui nesse post, no twitter, em seus próprios blogs, em conversas de bar, onde seja. É importante a discussão e a crítica construtiva.

O meu xará, Diogo divulgou no Chuva de Nanquim, o […]

Novo Parceiro do Anikenkai: Book Depository

Olá, queridos leitores do Anikenkai. Estou fazendo esse post hoje para anunciar a parceria que o Anikenkai fez com a loja Book Depository.

A partir de hoje, se vocês comprarem qualquer livro, mangá, revista, etc da Book Depository através do banner no menu à direita, uma parcela da compra virá para o Anikenkai.

Eu já compro na Book Depository há bastante tempo e dou minha completa aprovação à loja. Além de ótimos preços, o que mais chama a atenção é o FRETE GRÁTIS PARA TODO O MUNDO! Sim, os caras enviam com frete grátis para qualquer lugar do Brasil! E querem saber o que é ainda melhor? Pra comprar não precisa nem fazer cadastro no site, é só dar checkout com PayPal!

Os mangás vem bem embalados e as encomendas costumam chegar em cerca de 1 mês (essa foi a média das minhas compras, aproximadamente).

Uma boa pedida é fazer a pré-venda de títulos que ainda vão sair porque, se o preço já não fosse bom, eles ainda colocam 25% de desconto para as pré-vendas!

Em média, o preço dos mangás fica em 16-17 reais. Uma ótima pedida, principalmente se considerarmos que por aqui cobram 10-11 reais por uma edição que não tem 1/3 da qualidade das edições americanas.

Quero deixar claro também que fui eu que busquei essa parceria e o fiz pois acredito que será de grande ajuda para os leitores que querem comprar mangás importados e que buscam por uma qualidade maior e uma variedade maior de títulos!

O site é extremamente seguro e de qualidade! Boas compras para todos!

Olá, queridos leitores do Anikenkai. Estou fazendo esse post hoje […]

Anikencast #007 – Sim, vamos falar de SHOUJO!

Olá, queridos ouvintes! Cá estamos com mais um Anikencast!

Nesse programa, DidCart e Starro se unem a Tanko (Blyme) e Valéria Fernandes (Shoujo Café) para aceitar o desafio de fazer um podcast sobre SHOUJO! Conheça um pouco da história das publicações voltadas para meninas (que muito homem lê e gosta), suas origens, sua entrada no Brasil, a situação atual do país e o que ainda está por vir!

Não tivemos leitura de e-mails nesse programa por causa de problemas técnicos, mas gostaríamos que soubessem que nós lemos todos os e-mails que nos mandaram sobre o Anikencast #006 e nos divertimos muito com as histórias de vocês. Espero que vocês gostem tanto desse cast quanto gostaram do anterior!

Não deixem de comentar mandando e-mails para [email protected], dando reply no meu twitter ou comentando aqui no post!

Fiquem agora com o programa:

Duração: 90min

 

Olá, queridos ouvintes! Cá estamos com mais um Anikencast! Nesse […]

Anikencast #006 – Histórias de um Passado Animístico

Olá, meninos e meninas! Cá estamos com mais um Anikencast!

Nesse programa decidimos por reunir Didcart, Starro, Darko (JCast), Tanko (Blyme) e Juba (JWave) para contarmos histórias de quando nós começamos a ver animes e ler mangás! Foi um papo bem descontraído e com alta dose de nostalgia! Saiba quem aprendeu a ler com álbum de figurinhas, conheça os traumas envolvendo Cavaleiros do Zodíaco, debata quem era melhor “a Kira ou as meninas de Tenshi Muyo”, relembre como anime era coisa séria nos tempos de escola… e muito mais!

Se você chegou aqui vindo dos links no Nerdcast, seja bem vindo e espero que gostem e virem ouvintes do Anikencast!

Para ver, ler e ouvir:

Anikenkai no Nerdcast

Plágio de Dragonball (Vídeo do NicoNico, precisa de cadastro)

Abertura da US Manga Corps da Manchete

Primeira Abertura de Cavaleiros do Zodíaco

Segunda Abertura de Cavaleiros do Zodíaco

Trecho do BandKids com a Kira

Não deixem de comentar mandando e-mails para [email protected], dando reply no meu twitter ou comentando aqui no post!

Fiquem agora com o programa:

Duração: 100min

Olá, meninos e meninas! Cá estamos com mais um Anikencast! […]

Começou o II Ichiban Brasil! VAMOS VOTAR!

Ichiban Brasil

Vocês já esqueceram dos animes, mangás, doramas, whatevers de 2010? Espero que não pois além de termos tido peças de boa qualidade, entrou no ar o II ICHIBAN BRASIL, a premiação dos melhores da cultura japonesa! São um monte de categorias, com vários candidatos escolhidos por um juri bem variado. Porém, quem decide os vencedores são vocês, leitores do Anikenkai e fãs da cultura pop japonesa. Entre no site, vote e, se possível, divulgue! Para votar é só clicar no banner no início do post! Vamos votar!

P.S.: Genshiken está concorrendo como MAIS AGUARDADO EM 2011 na categoria MANGÁS – MERCADO NACIONAL. Sabe como é… vale avisar.

Vocês já esqueceram dos animes, mangás, doramas, whatevers de 2010? […]

Anikencast #005 – Otaku no Video

A equipe do Anikencast se une à equipe do JCast para falar dos dois OVAs que compõe a obra Otaku no Video! Lançado em 1991 pela GAINAX, Otaku no Video teve grande influencia no ocidente e até hoje serve como retrato de uma geração. @didcart, Starro, @darkonix e @Laivindil conversam sobre o anime, sobre o documentário de mentira, mas não só sobre eles. Esse podcast foi um verdadeiro papo sobre a história da Gainax, origem dos otakus como nós conhecemos, suas influencia, a meta-linguagem da obra, curiosidades e muito mais.

Não deixem de comentar mandando e-mails para [email protected], dando reply no meu twitter ou comentando aqui no post!

Trailer de Otaku no Video:

Mencionados durante o podcast:

JWave Cast sobre Zelda — parte 1
Reportagem sobre Otakus de 1985
DAICON III (animação feita por somente três pessoas da Gainax em1981)
DAICON IV (animação feita pela Gainax em 1983)
DAICON III OMAKE (um “extra” do Daicon III)

 

Fiquem agora com o programa:

Duração: 61min

A equipe do Anikencast se une à equipe do JCast […]