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A volta dos que não foram… – Genshiken Cap. 63

Eu tenho evitado vir postar no hype logo após ler um capítulo de Genshiken. Isso me faz segurar um pouco a empolgação e analisar melhor o que aconteceu no capítulo em questão. Sendo assim, posso dizer com clareza de que esse capítulo foi o mais “cheio” desde o início da “Era Nidaime”. Muita coisa acontecendo, muita coisa para se observar e um personagem retornando da cinzas.

Nesse capítulo, Ogiue está exausta depois de ter virado a noite trabalhando em um dojinshi extra para a Comiket. Sendo assim, ela manda Sue em seu lugar para tentar ter algumas horas a mais de sono. Yabusaki não fica nada contente com a substituição e muito menos com a fila que começa a se formar na frente do seu estande quando os portões se abrem. O motivo é a popularidade do mangá profissional da Ogiue, contrastando com o que ela havia colhido de feedback online e gerando uma invejinha saudável. No lado de fora da feira, Ohno, Angela, Hato, Yajima, Yoshitake, Tanaka e Kuchiki enfrentam a enorme fila desse primeiro dia de Comiket.

Descobrimos então que essa é a primeira vez de Hato na feira e que isso o está deixando tenso, afinal, ele está ali para comprar doujinshis BL e é um homem. Fingir ser uma mulher, como normalmente ele faz, pode causar muitos problemas em um ambiente como esse. Sendo assim, Ohno bola um plano B para Hato. Ele irá fazer cosplay… de um personagem feminino. Sim, cretino, mas como isso é algo “comum” no Japão, as pessoas entenderiam “melhor”. Seguindo a tradição do clube, Hato se fantasia de Yamada, uma personagem de Kujibiki Unbalance (a série fictícia favorita dos membros do Genshiken).

O capítulo termina com uma figura conhecida dos leitores retornando: Nakajima.

Para começar com as análises, somos apresentados à leitura oficial do primeiro nome do pseudônimo da Ogiue, Ogino. Outra observação linguística da série, é a evolução do vocabulário da Sue. Todos lembramos que quando ela apareceu pela primeira vez, seu domínio da língua japonesa se limitava a citações de animes. Em sua segunda aparição, ela já estava bem melhor em seu aprendizado, mas ainda era extremamente limitado. Quando ela decidiu ir estudar no Japão, tivemos uma significativa evolução, com ela podendo se comunicar tranquilamente sem ter que citar animes o tempo todo. Porém, o autor decidiu por colocar todas as suas falas em katakana representando assim seu sotaque estrangeiro e sua “não-fluência” na língua. Porém, pelo pouco que eu pude observar, tivemos vários momentos em que as falas da Sue são escritas em hiragana, não em sua totalidade, mas palavras específicas. Ao que parece seu desenvolvimento vem se acelerando recentemente, um reflexo da vivência da personagem no ambiente nativo da língua.

Outra análise fica a cargo da ideia que Hato tem na diferença entre cosplay e crossdressing. Impressionante como ele fica mais tenso quando está de cosplay. Pois ali ele se entende como um homem fantasiado de uma personagem feminina tentando enganar homens e mulheres para tornar o ato dele comprar doujinshis BL menos embaraçoso. Diferente de quando ele se veste de mulher e assume tal personalidade, inclusive com mudança de voz. Naquele momento é como se um segundo Hato o tivesse “possuído”. Mas detalhes da mente “Hatoniana” já foram analisados no post do capítulo 61.

Temos ainda a escolha dos cosplays da Ohno e da Angela. Elas se fantasiaram das versões angelicais das protagonistas do anime “Panty & Stocking with Gaterbelt” da GAINAX. E é curioso como a personalidade de ambas se ajusta de certa forma às personagens em questão. Angela sempre deu a impressão de ser bem mais sexualmente ativa do que os outros membros do Genshiken, assim como Panty. Ohno tem um gosto um tanto estranho para homens, carecas e mais velhos, Stocking também tem lá seus problemas com o sexo masculino. E se querem uma análise mais “física”, como bem lembrou Ogiue Maniax, os peitos da Stocking são maiores do que os da Panty, assim como os da Ohno são curiosamente maiores do que os da Angela (afinal a lógica diria que os da americana seriam maiores que os da japonesa).

Porém, apesar deu gostar dessas curiosidades, isso tudo fica em segundo plano ao chegarmos ao final do capítulo e o retorno da Nakajima. Da última vez que ela apareceu na série, foi como um furacão na cabeça da Ogiue. Na época o passado dela ainda a assombrava e sua insegurança era enorme consigo mesma e com todos ao seu redor. A presença da “amiga” a fez reviver tudo aquilo trazendo grandes tormentos de volta. A Ogiue se desenvolveu, cresceu e amadureceu e é bem diferente da da época, mas mesmo assim, nunca houve um confronto direto com a Nakajima. E isso irá acontecer no próximo capítulo. Não consigo esconder minha empolgação para isso. Posso dizer que o capítulo 64 será um dos mais aguardados por mim em toda a série. Não vejo a hora de lê-lo.

Eu tenho evitado vir postar no hype logo após ler […]

Minhas suspeitas estavam CORRETAS! GENSHIKEN CONTINUA!

Desde o capítulo 59, não estava mais presente a tag “serializado por tempo limitado” nos capítulos de Genshiken Nidaime. Eu percebi isso e já comecei a cantar a bola de que o departamento editorial da revista mensal Afternoon estava querendo colocar a série de volta como “serialização permanente”.

Com a divulgação do capítulo dessa semana, essas minhas suspeitas se concretizaram! Logo na primeira página do capítulo desse mês…

EXCELENTE NOTÍCIA! E se não fosse o bastante, foi anunciado o primeiro volume a ser lançado dessa nova fase…

VOLUME 10! E NÃO GENSHIKEN NIDAIME #1!! Mais uma EXCELENTE notícia! Genshiken será continuado mesmo. Isso me deixa muito feliz como fã! Depois de 5 anos a série volta com tanta força assim! Valeu, Afternoon! Valeu, Kio Shimoku!

Aguardem mais comentários sobre esse capítulo em breve!

Desde o capítulo 59, não estava mais presente a tag […]

A Dualidade do Otaku – Genshiken Cap. 61

E cá estou eu, com um atraso de mais de 10 dias, postando a respeito do último capítulo de Genshiken que saiu no final do mês passado. Apesar do carnaval ter colaborado, não foi ele o único motivo deu não ter feito esse post até agora. Quem costuma ler o blog sabe que Genshiken é uma série com a qual eu me importo bastante e antes de escrever qualquer coisa a respeito dela eu costumo pensar bastante. Porque uma vez escrito, lá ela estará. Eu posso editar, apagar, fazer o que eu quiser, mas a mensagem provavelmente já passou para umas centenas de pessoas. Mas o momento de reflexão já passou e o que eu quero agora é falar sobre Genshiken! Vamos lá…

Nesse capítulo 61, intitulado “Daydream Believer”, igual à música dos The Monkeeys, que facilmente pode ser usada como trilha sonora em sua leitura. Digo isso porque uma tradução para esse título seria “sonhar acordado” e é basicamente o que vemos Hato fazer durante uma de suas visitas à casa de Madarame para se trocar. Mas vamos deixar isso para depois e começar falando da Ogiue, que também teve uma participação nesse capítulo.

Juntamente com a Sue, ela está conversando com Yabusaki e Asada. Curiosamente, o cenário que vemos é que Yabusaki agora se considera parceira da Ogiue nos doujinshis, mesmo ela não sabendo nada a respeito disso. O motivo? Ogiue disse que estaria fazendo um doujinshi para comemorar o final de Haregan (que para os que não entenderam é uma clara referencia ao final de Hagaren, Full Metal Alchemist). O grande problema, como vimos há alguns capítulos, é que ela, além do doujinshi, tem que terminar o manuscrito para sua serialização. A capacidade para desenhar da Ogiue é incrível, mas a grande questão é sua paixão e sua “Fujoshice”. Como vemos no último quadrinho do capítulo, ela se deixa levar facilmente por sua paixão. Não sabemos quanto isso pode influenciar na sua vida profissional.

Durante a discussão, ela deixa escapar “Hato-kun”, sendo esse o sufixo para homens, Yabusaki pergunta se um homem entrou para o Genshiken dessa vez, e Ogiue imediatamente tenta remediar falando que confundiu e que é “Hato-san” mesmo, um sufixo mais genérico e inventou uma desculpa qualquer. Eles sabem do problema que será quando descobrirem quem de fato é o Hato, assunto discutido previamente em outro capítulo.

Mas é aí que Hato é introduzido no capítulo e o foco passa a ser ele. Como eu já venho falando, não sou muito fã dessa linha que Kio Shimoku está tomando ao destacar demais o Hato dentre os outros novatos, mas esse capítulo foi interessante. Foi interessante porque serviu como um bom complemento para o capítulo anterior onde o Hato revela que faz cross-dressing para poder observar o Yaoi de uma outra perspectiva. Perspectiva essa que nesse capítulo foi materializada na forma de um versão do Hato com peruca, peitos e que flutua pelada por aí acompanhando o mesmo.

Conforme Hato vai entrando no apartamento de Madarame, como de rotina, a cabeça da fantasminha explode com suas análises da situação e do possível cenário BL que estava se formando. Hato, após um banho, acaba adormecendo na cama de Madarame e quando este chega ele se sente extremamente envergonhado com a situação, muito disso derivante dos pensamentos de seu alter-ego flutuante.

Porém, Madarame consegue acalmar o rapaz e comenta o fato dessa ser a primeira vez que vê Hato vestido como homem. Para compensar a arrumação que o Hato faz costumeiramente no apartamento, Madarame decide cozinhar jantar para eles. Conversa vai, conversa bem e a cabeça de Hato começa a funcionar. Ele passa a considerar a possibilidade de que Madarame esteja realmente requerendo algo com ele e isso o perturba.

Hato então para a conversa e afirma para Madarame que não é gay. Madarame sem entender a afirmação, fica sem resposta. Quando indagado ele simplesmente fala o que pensava: BL e cross-dressing eram só o hobby de Hato e que ele em momento algum considerou a possibilidade dele ser gay. E mesmo após o Hato tendo jogado mais uma pergunta capciosa, ele simplesmente rebate com o fato de que ele não pensou em fazer com ou receber nada do Hato pois ele estava vestido como um homem. A conversa termina e Madarame está dormindo. Mesmo apesar da insistência do fantasminha para que algo aconteça, Hato se recusa, afinal ele não “joga nesse time”.

Todo esse cenário foi criado para mostrar justamente a dualidade do personagem. Como é possível alguém gostar de Yaoi da maneira que o Hato gosta e ainda afirmar que não é gay? Dá realmente pra separar esse tipo de coisa? Se encaramos o fantasminha como o sub-consciente de Hato, ele mesmo fica na dúvida se ele é ou não gay. De fato, um prato cheio para psicólogos de plantão, mas ainda mais uma discussão para o fandom no geral. Uma situação dessas é possível?

Essa situação me fez reforçar minhas esperanças na habilidade de Kio Shimoku como autor. Mesmo ainda achando que ele poderia aproveitar mais os outros personagens também, fiquei feliz com o rumo que esse “arco” com o Hato tomou. Principalmente com a cena final onde Hato esbarra numa estante e encontra as fotos da Kasukabe que o Madarame guarda. É aí que a fantasminha entra e diz que é o “tipo de moe que dá pena”. Hato então se vira e diz que ela “não entende os mistérios do coração dos homens”. É curioso pois ela é ele afinal.

Uma coisa é certa ao final de tudo isso. Kio Shimoku ainda consegue escrever histórias que nos fazem pensar e a indagarmos a nós mesmos. E e isso que eu gosto em Genshiken, o seu enorme poder de meta-linguagem e reflexão em cima de uma cultura.

E cá estou eu, com um atraso de mais de […]

Capítulo 60: Nova peruca, mesmas perguntas…

Olá a todos e cá estou eu para comentar o mais novo capítulo de Genshiken, o de número 60. Porém, antes de começar, gostaria de esclarecer que eu não esqueci de comentar o capítulo 59, eu só não comentei mesmo. Há vezes em que você lê um capítulo e a sua melhor arma é o silêncio. Porém, se quiserem ler um bom post a respeito do capítulo em questão, podem contar sempre com o Ogiue Maniax (em inglês).

Contrariando todas as espectativas dos fãs ao redor do mundo, o capítulo 60 não nos trouxe uma história centrada na Ogiue, mas sim no Hato. O curioso dessa decisão é que praticamente todas os capítulos dessa segunda fase rodaram, de certa forma, ao redor do personagem e só agora Kio Shimoku resolveu desenvolvê-lo um pouco.

Ogiue está prester a ter seu primeiro mangá publicado e está correndo contra o tempo. Para entregar antes do deadline, ela conta com a ajuda dos novos membros, e da Sue, na finalização das páginas. Nesse momento nós podemos observar novamente a insegurança de Yajima quanto a suas habilidades artísticas e sociais. Ela novamente se compara com Hato e afirma que ele é perfeito em tudo. É mais bonito que ela e desenha muito melhor que ela, além de ser uma pessoa carismática e que luta Judô. É interessante perceber que ela sabe que tem esse complexo de inferioridade e que o Hato simplesmente o potencializa.

No outro dia, durante uma conversa entre Yajima e Yoshitake, um rapaz se aproxima e pergunta a respeito da misteriosa menina de cabelos marrons que só aparece a tarde na faculdade. Isso as leva correndo para o apartamento da Ogiue para repassar o ocorrido. Porém, ao chegar lá, Hato está usando uma nova peruca e isso serve como catalizador da pergunta central desse capítulo, frente aos problemas que ele vem causando ao clube: Por que o Hato se veste de mulher?

A primeira explicação de Hato é de que ele decidiu se vestir de mulher na faculdade pois na época do colégio ele foi perseguido e maltratado ao se revelar um garoto que gostava de yaoi, um “Fudanshi”. Se vestindo de mulher ele seria mais facilmente aceito em um clube tipo o Genshiken, onde ele poderia conversar e “praticar” o seu hobby tranquilamente. Ou seja… Hato não é um transsexual. Ele não quer ser uma mulher por causa de um conflito interno de gêneros ou algo do tipo, mas sim por aceitação.

É curiosa aqui a reação da Yajima. Frente a toda essa explicação, a palavra que martelou sua cabeça foi “perseguido”. Ela provavelmente deve saber o que é isso e provavelmente já sofreu isso no passado. Arrisco dizer que sua personalidade fechada e seu complexo de inferioridade derivam de perseguição dos colegas de escola na infância. A tão crítica Yajima agora se sente totalmente culpada e isso acentua ainda mais seu complexo já que ela se sente ainda pior por ter sido movida por um ciúme besta.

Porém, ela tira forças para mais uma pergunta: Se todos do Genshiken já sabem que ele é um homem e não têm nenhum problema quanto a isso, não há motivos para ele se vestir de mulher mais. Então porque ele continua?

Nesse momento, quem responde não é Hato, mas sim Yoshitake. Usando de sua perspicácia, uma característica um tanto incomum no meio em que ela se encontra, ela revela o motivo: Começou a ficar divertido. Numa espécie de “fetiche”, citando clássicas histórias de “troca-de-corpo”, como algo que ela acredita que os homens fantasiam constantemente. Como ele se viu transformado em uma mulher tão bonita, ele não iria parar.

Com essa explicação, Yajima surta pois uma completa idiotice como essa está causando vários problemas. Mas Hato interrompe e diz que não é só isso. Que ao se vestir de mulher ele consegue se ver por um outro ângulo, inclusive sua “relação” como Madarame, explorada no capítulo anterior. Na verdade, isso pode, graças a Deus, mudar a ideia de que o Madarame chegou a propor um certo “interesse” em Hato sem “motivo”, parece que Hato influenciou aquilo… mas é melhor deixarmos isso de lado.

Por fim, fica no ar a questão do gênero. Que por mais que Hato seja uma garota perfeita, a Yajima ainda o vê como homem. É claro que a Yoshitake não pôde perder a oportunidade de dar uma alfinetada e dizer que foi por causa do que a Yajima viu no capítulo 58 embaixo do vestido do rapaz.

Para finalizar, Ogiue. Como meu colega do Ogiue Maniax bem lembrou, eu já vi essa cena em algum lugar…

Capítulo 47 / Capítulo 60

Ah… referências… até a próxima.

Olá a todos e cá estou eu para comentar o […]

Eles aguentaram o tranco? (ou Genshiken cap. 58)

Uma semana antes sem nenhum post. Nossa… acho que foi o máximo que eu consegui ficar sem postar nada. Mas tive meus motivos. Agora não os tenho mais e vamos a um post muito importante!

Antes de começar o post (que já está deveras atrasado por vários motivos), gostaria de dizer o quanto fico feliz de poder escrever aqui no Anikenkai sobre capítulos novos de Genshiken. Quando comecei o blog tudo de Genshiken já havia sido publicado e ou exibido. Em muitos de meus posts escrevi sobre ou mencionei Genshiken, mas eu não tinha a mínima esperança de que eu pudesse comentar “ao vivo” com vocês, conforme algo novo fosse saindo. Pegar o hype do momento, sem poder analisar o todo, tendo só a parte para comentar e repercutir com os leitores.

Eu comecei a acompanhar Genshiken em 2005 quando o primeiro anime já tinha encerrado e o mangá estava sendo finalizado. Porém, por problemas de acesso, só fui ler o final do mangá em 2007 quando o segundo anime de Genshiken já tinha estreado. Foi em 2008 que eu comecei a pesquisar ainda mais sobre a série e a pensar mais sobre ela. Desde então eu não parei e o Anikenkai é muito fruto do meu gosto e interesse em Genshiken.

Por essas e outras, poder estar comentando com vocês, leitores, mensalmente, a medida que um novo capítulo sai é extremamente satisfatório! Espero que vocês gostem de ler esses posts assim como eu gosto de escrevê-los.

No capítulo desse mês de Genshiken, nós tivemos a oportunidade de ler a primeira história focada nos novos personagens: Yajima, Yoshitake e Hato. Para quem não se lembra dos personagens pelo nome, Yajima é a garota maior, a Yoshitake é a garota menor e Hato é o cross-dresser.

Ogiue decidiu reviver a antiga publicação do Genshiken conhecida como “Mebaetame” e para isso cada membro deveria escrever seu perfil e fazer um desenho para ser inserido na revista. Como meu colega do blog Ogiue Maniax bem pontuou, a Ogiue nunca participou de verdade da revista, sendo esse um bom motivo para ela ter tomado essa decisão. Yoshitake então se convida para ir à casa da Yajima junto do Hato para fazerem seus perfis. Relutante, Yajima “aceita”, a presença dos dois em sua casa.

Quando eles passam no supermercados para fazer compras, já conseguimos perceber alguns novos traços da personalidade de cada um. Primeiramente temos o fato da Yoshitake ser o que chamamos de “magra de ruim”, aquela pessoa que come em grande quantidade mas nunca engorda. Ok, isso não é personalidade, mas eu achei um fato curioso para se comentar. A Yajima também começa a demonstrar seu desconforto diante da situação.

Tocando nesse ponto, é importante falar sobre o que leva a Yajima a agir dessa maneira. Ela é a garota mais “normal” do Genshiken. Ela estranha aquela situação como um todo. Porque há tanta gente bonita nesse clube? Era para nerds serem assim? Nós temos uma cosplayer com dotes físicos evitentes, uma presidente bem suscedida e com namorado, uma menina bem arrumada e sem problemas de socialização… até um cross-dresser que é considerado mais bonito que muita menina. O que a Yajima não sabe, é o que nós, leitores, sabemos. Que o Genshiken atual é o resultado de todo um desenvolvimento que começou lá atrás com a entrada de Sasahara e Kasukabe no clube.

Yoshitake por outro lado demonstra um constante estado de impulsividade e agitação. Ela vê com extrema naturalidade levar álcool, não vê problema em quebrar algumas regras, pra deixar a coisa mais animada na casa da Yajima. Essa por sua vez demonstra sua ingenuidade ao mencionar logo o fato delas não serem maiores de idade (no Japão a idade para beber é 21 anos) como empecilho para elas comprarem as bebidas.

Essa ingenuidade é explorada no decorrer do capítulo, sendo o foco do mesmo em sua segunda parte, quando elas começam a reunião… e consequentemente a beber. É nessa hora que ela percebe que tem um homem em sua casa. Um homem bebendo… um homem que posteriormente ficaria apagado no chão depois de beber. Isso desperta a curiosidade ingênua da personagem que decide conferir se o Hato é mesmo um homem embaixo de toda aquela maquiagem. Afinal, “uma mulher tão bonita não pode ser uma mulher de verdade”. Durante todo seu dilema moral e e curiosidade inocente, acaba que ela comprova a masculinidade de Hato tentando impedir que a Yoshitake o fizesse.

Sem me prolongar mais, esse capítulo serviu para mostrar que Kio Shimoku não perdeu a mão. Ele ainda consegue criar e desenvolver personagens interessantes que sustentam sozinhos uma história. A ideia que ele vem criando com a Yajima, o conflito entre o otaku “normal” e o Genshiken atual, promete tornar essa nova série bem interessante de ler. Eu só espero que ela não se limite a um único volume. Gostaria que fizessem pelo menos mais três, para completar doze no total. Mas aí, só Kio Shimoku e a equipe editorial da Afternoon podem decidem. O que cabe a mim é continuar lendo, analisando e comentando com vocês da melhor maneira que eu puder. Genshiken ainda é minha série preferida de todos os tempos.

Uma semana antes sem nenhum post. Nossa… acho que foi […]

Uma análise mais calma do anúncio de “Genshiken Nidaime”…

Há cinco dias li a notícia mais inesperada de toda a minha vida (depois da morte do Michael Jackson), Genshiken receberá uma continuação. Claro que fiquei muito feliz e logo vim aqui para o blog postar a notícia e dizer ao mundo como eu era grato por Kio Shimoku ter atendido a meus pedidos (desde o fim da série original e reforçada com o lançamento do capítulo extra no final de 2009).

Porém, tendo passado esse tempo e com ele o choque inicial, me sinto melhor para analisar a notícia da década.

Após o final de Genshiken, Kio Shimoku partiu numa nova jornada… escrever um mangá sobre uma mãe jovem e solteira que acaba de ter seu filho. O assunto por si só já é bem alternativo e a maneira ultra-realista que Kio Shimoku tratou do recém-nascido, tanto no traço quanto na abordagem, acabou não atraindo tantos leitores mesmo tendo uma boa qualidade. O mangá se chama Jigopuri e só teve dois volumes publicados.

Com o final prematuro do mangá, já era sabido que Kio estava a procura de outro projeto, mas o que ninguém esperava era que este seria Genshiken Nidaime (ou Genshiken 2º). Parece que a recepção dos fãs ao Capítulo 56 (cap. especial que saiu junto do box da 2ª Temporada da série animada no Japão) foi boa o suficiente para motivar Kio a dar continuidade à série. Mas como ela seria? A “fórmula” será a mesma? Os novos personagens agradarão? Não é só mais um caça-níquel porque as contas chegaram e Kio-sensei não tem como pagar? É a algumas dessas perguntas que tentarei responder nesse texto.

Quanto a história, cabe a nós analisar baseado no que vimos no Capítulo 56. E desde já coloco que a formula original não será seguida. A explicação é simples. Para começar, se compararmos o c.1 com o c.56 a maior diferença é o fato de que no começo da série, o clube era composto de uma maioria masculina, enquanto que no final ele é de maioria feminina. Essa mudança por si só já irá render situações completamente novas e não exploradas na série anterior.

Outro fato interessante é que durante os 55 capítulos da série original, os personagens se desenvolveram de tal forma que não podem mais ser taxados como otakus padrão. Muita gente gosta de dizer que isso acabou afastando o publico original da série que não consegue mais se identificar com os personagens. Apesar deu discordar de algumas coisas, é realmente visível a mudança nos personagens, porém há de se ver também que isso não aconteceu do nada. O grupo evoluiu durante  a série. Os membros antigos foram influenciados e influenciaram os novos. O fator entrópico que era a Kasukabe acabou acelerando essa reação e de fato no final da série os personagens são muito mais auto-confiantes e não ficam amarrados nas diferenças entre otakus e não-otakus. Não são mais pessoas que não conseguem falar com mulheres por causa de seu estilo de vida. Essa divisória social ficou pra trás no decorrer da série.

No entanto, os membros se formaram, estão trabalhando, provavelmente só aparecerão de vez em quando e não todo capítulo. Novos membros apareceram no c.56, membros crús que não participaram do desenvolvimento conjunto que aconteceu desde que Sasahara abriu a porta do clube até a sua graduação. Sendo assim, caberá à Ogiue, remanescente da “geração” anterior, liderar esse novo grupo de membros ao lado da Ohno. Ela irá ser o Sasahara da nova série. Mas ao mesmo tempo que ela assumirá o papel do seu namorado, ela o fará de maneira diferente, pois eles são diferentes.

Quero amarrar uns pontos quanto aos novos personagens aqui. Muitos comentaram que não irão estar familiarizados com os novos personagens. Que não terão a mesma empatia que tinham com o grupo anterior. Nesse ponto, eu só posso deixar um lembrete “o grupo anterior um dia também já foi algo novo”…

Genshiken Nidaime pode ou não ser uma consequência da falta de sucesso de Jigopuri, nunca saberemos ao certo, mas temos que confiar na habilidade de Kio Shimoku em lidar com os personagens de Genshiken. Eu acredito plenamente que ele não embarcaria nesse novo projeto se não tivesse algo em mente preparado para nós. Minhas expectativas são as melhores para esse mangá.

Há cinco dias li a notícia mais inesperada de toda […]

Kio Shimoku e o uso de pseudônimos nos mangás…

Quem acompanha meu twitter sabe que eu estou desenvolvendo um novo projeto aqui pro MBB Anikenkai e que este projeto envolve meu mangá favorito, Genshiken. Durante minha pesquisa pra iniciar o projeto, tentei me dedicar a achar o máximo de informação possível a respeito do autor do mangá, Kio Shimoku. Infelizmente, o que há disponível a seu respeito são informações bem restritas e pouco precisas. Qual o motivo disso tudo? Para quem não sabe, Kio Shimoku é um pseudônimo e sua identidade verdadeira nunca foi revelada publicamente. Isso limita, e muito, o que podemos saber sobre ele além dos mangás que fez. Foi aí que eu comecei a pensar sobre o uso constante de pseudônimos na indústria de quadrinhos japoneses.

Essa não é uma prática recente, Ozamu Tezuka, o pai do mangá, no início de sua carreira usou um pseudônimo, “Osamushi”. Parece que é uma tradição da indústria que se perpetua até hoje. Algo como o “nome artístico” dos atores e atrizes ocidentais. A diferença é que você não vê a cara deles estampada por aí em tudo com é revista. A diferença é o anonimato.

No mangá Bakuman, de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata, os dois personagens principais querem ser mangakas e logo tratam de arranjar um pseudônimo para assinar seus trabalhos. No caso deles, temos dois artistas transformados em um através de um pseudônimo. Em Bakuman a coisa ainda é mais interessante porque Tsugumi Ohba, responsável pela história, também é um pseudônimo. Sua real identidade, seu sexo, qualquer informação a seu respeito, é mantida em completo segredo pelo departamento editorial da Shonen Jump.

Eu entendo que alguns casos o uso de pseudônimos é válido, como por exemplo um artista que quer se renovar, mudar os rumos da sua carreira, etc., porém, o uso de pseudônimos só pelo anonimato puro e simples é extremamente prejudicial para os leitores. O autor também é parte da obra. Se não conhecemos o autor, a obra está incompleta.

Como é legal ler entrevistas, como as que eu venho postando entre Takehiko Inoue e Eiichiro Oda, conhecer mais de perto os autores das nossas obras favoritas… e olha que Takehiko Inoue é um pseudônimo! Um pseudônimo público, como os já mencionados “nomes artísticos”.

O uso de pseudônimos tem seus momentos e motivos. Não cabe a mim julgar o porquê de um autor decidir se omitir de sua obra. Só acredito que isso, tornando-se permanente, seja prejudicial para nós, os leitores e fãs de tais obras.

Até o próximo post!

Quem acompanha meu twitter sabe que eu estou desenvolvendo um […]

Uma breve comparação entre as edições Americana e Japonesa do Genshiken Official Book

Quem acompanha o blog e/ou me conhece sabe que Genshiken é minha série favorita e a qual eu gosto bastante de analisar os mais diversos aspectos. Uma parte importante disso é o Genshiken Official Book, um livro contendo informações sobre a série, entrevistas, novas histórias, novas informações, dentre outros.

Nesse final de semana fui a São Paulo e, passando pela Livraria Fonomag na Liberdade comprei a edição japonesa do Official Book. Como eu já tinha a edição americana aqui comigo, decidi fazer uma comparação página a página entre as edições para saber suas diferenças e similaridades e passá-las para vocês poderem ficar mais bem informados sobre o assunto e por virtude ajudá-los a decidir que edição comprar. Lembrando que todas as fotos desse post podem ser ampliadas ao clicarem nelas.

Continue Lendo…

Quem acompanha o blog e/ou me conhece sabe que Genshiken […]

A transformação no guarda-roupa da Ogiue e os comentários da Saki

A Copa do Mundo com certeza está tirando o pouco tempo que eu tinha para postar aqui no blog, mas vamos tentar amenizar um pouco isso hoje.

Eu sou um leitor antigo do blog OGIUE MANIAX. Achei o blog quando estava para ser lançada a segunda temporada de Genshiken em anime e eu já tinha acabado de ler o mangá. Encontrei-o quando procurava mais sobre Genshiken e, principalmente, mais sobre a minha personagem feminina preferida, Ogiue Chika. Desde então me tornei fã do cara e de suas análises a respeito da série e de anime e mangá em geral. Sendo, incluisve, uma das minhas inspirações no jeito de escrever. É de autoria dele a observação inicial que motivou esse post. Lembrando que a devida autorização para uso do material foi concedida a mim pelo autor do blog.

Desde que acabei de ler Genshiken e passei a analisar a série e seus personagens, percebi que a história só aconteceu por causa de um único elemento, Saki Kasukabe. Ela não era uma otaku e estava ali pois seu novo e bonito namorado era, infelizmente para ela, um otaku. Como eu já havia elucidado nesse post, Saki era um elemento de oposição que não podia ser evitado pelos demais. Eles tinham que conviver juntos. Obviamente, em muitos momentos ela expressava sua opinião e suas idéias a respeito do grupo e vice-versa. Essa convivência diária motivou as mudanças e o desenrolar da história juntamente com o desenvolvimento e crescimento dos personagens como pessoas.

Um exemplo bem interessante, e que evidência a habilidade narrativa e o quão cuidadoso Kio Shimoku foi na criação do universo de Genshiken e de seus personagens, é a mudança pela qual passou a personagem Ogiue por causa de um comentário da Saki.

No início do volume 5, a Saki faz um comentário a respeito do visual masculinizado e largado da Ogiue dizendo que se ela vestissem roupas que combinassem mais com ela ficaria muito mais bonita. A conclusão do capítulo é o resultado das aventuras desastrosas da Ogiue pelo mundo da moda, porém, no decorrer dos capítulos seguintes até a conclusão do mangá, vemos que ela continuou a tentar melhorar sua aparência e renovar seu guarda roupa. Isso não é algo que percebemos de imediato e é uma mudança que, se não prestarmos atenção, passa facilmente batida. Ela é sem dúvida mais marcante após o início do namoro entre Ogiue e Sasahara. Ela passou a usar roupas mais femininas e que combinavam melhor com seu corpo, culminando com o visual escolhido por ela para a festa de formatura do Sasahara, onde vemos a personagem de saia pela segunda vez em toda a série.

Essa mudança, é só mais um dos fatores que demonstram o crescimento da personagem e a aceitação de ser quem é e da superação dos traumas da infância que ainda a perseguiam quando apareceu pela primeira vez no Genshiken.

Genshiken ainda me fascina até hoje. Ainda existem muitas coisas a serem exploradas por mim e muita coisa pode se tirar a respeito do mundo otaku através dele.

Obs: Não deixem de visitar o OGIUE MANIAX, excelentes textos, porém, só em inglês.

A Copa do Mundo com certeza está tirando o pouco […]

O desenvolvimento de Kanji Sasahara

Depois do post inicial sobre Genshiken, achei que seria legal começar uma sequência de análises de alguns dos principais personagens. A idéia me veio à cabeça pois vi que, através do estudo, se é que posso chamar assim, em cima desses personagens os leitores poderiam fazer uma análise de si mesmos e de sua relação com seu hobby.

Kanji Sasahara, antes de entrar na universidade, vivia longe dos grandes centros do Japão. Seu acesso a animes, mangás e otakuzices em geral era limitado. Ele nunca havia visitado Tóquio, tido um computador próprio ou comprado um dojinshi. Quanto a sua relação com outros otakus, apesar do mangá não deixar claro, há a idéia de que ele era isolado em seu hobby e não compartilhava seus gostos com seus colegas. Esse pode ter sido um dos motivos de Sasahara ter se tornado um garoto muito reservado e calado.

Quando entra na faculdade e visita a Feira de Clubes (onde os clubes da universidade se apresentam para os calouros), Sasahara hesita bastante antes de dar uma olhada no Genshiken e, mesmo depois de visitar o estande do clube, demora algumas semanas para efetivamente visitar a sala do grupo. Tal atitude só mostra como o personagem era inseguro com relação a si mesmo.

No decorrer da série, no entanto, após começar a frequentar o Genshiken, Sasahara passa a ficar mais confiante e se aceitar como otaku. Porém, a mudança não ocorre de imediato, ela é gradual e a cada capítulo podemos observar seu desenvolvimento. Em pontos como esse que percebemos a excepcional competência narrativa de Kio Shimoku (autor de Genshiken).

No início de sua convivência com os outros membros, ele sempre se via em situações que tinha que optar ou por continuar calado e fechado  ou por aproveitar as oportunidades do momento. Essas constantes indagações começaram a fazer com que ele percebesse que não precisava se esconder dos outros pois eles não passavam de otakus como ele. Essa epifania já ocorre logo no primeiro volume e dá início a uma série de mudanças que se potencializam quando Sasahara se torna o 3º presidente do Genshiken.

Quando Sasahara aceita a proposta de se tornar presidente vinda de Madarame, ele passa para uma segunda fase de sua vida onde não só vai ganhar mais confiança, mas como também desenvolverá uma força de vontade que nem ele sabia possuir.

No decorrer da série, Sasahara acaba conseguindo um emprego como editor de mangás, fruto de seu empenho na produção do primeiro dojinshi do clube durante sua presidência, e também consegue estabelecer um relacionamento amoroso com Ogiue. Nesse ponto, vale observar que Sasahara já não é mais o mesmo personagem do início do mangá. Autoconfiante, entusiasmado, ativo, responsável, sua relação com a Ogiue é a maior prova disso. Sua maturidade em relação a si mesmo faz com que ele consiga lidar com os problemas dela e entendê-la de uma maneira que só ele conseguiria.

Os capítulos finais, focados no relacionamento entre os dois, são uma das melhores sequências que eu já vi em um mangá. Durante toda a série, Sasahara é o personagem com que o leitor acaba tendo mais intimidade. É através do olhar dele que a história se desenvolve, nos permitindo acompanhar de perto esse desenvolvimento.

Esse é só um dos pontos que fazem Genshiken ser uma das minhas séries favoritas e uma das minhas maiores influencias na maneira como penso a respeito do meu hobby. A relação de seus personagens com nós, otakus da realidade, é inevitável e isso só torna a história ainda mais interessante.

Não deixem de comentar e até o próximo post!

Depois do post inicial sobre Genshiken, achei que seria legal […]