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JBC em nova fase… as novidades e o que vamos ganhar com tudo isso

Visão geral do evento.

Ontem tivemos a coletiva/conferencia da editora JBC sobre suas mudanças no departamento editorial. Como eu não pude me deslocar do Rio para acompanhar pessoalmente, solicitei ao meu correspondente interestadual Paulo Henrique, vulgo @graveheart, para que fizesse a cobertura pelo Anikenkai. Além de observar bem o que estava sendo falado por Cassius Medauar, gerente de conteúdo, Edi Carlos, gerente de marketing, e Leo Lopes, gerente de comunicação, pedi para que ele desse uns cliques dos bastidores e ele o fez. Quais foram as novidades? O que vamos ganhar com essas mudanças?

Para começar, o evento em si já foi um diferencial. Não diria que foi uma coletiva de imprensa na melhor definição do termo, afinal foi aberta ao público interessado, mas o fato deles terem tomado a iniciativa, e sendo a primeira do gênero, foi algo extremamente válido.

Edi Carlos, Leo Lopes e Cassius Medauar

Não tivemos grandes anúncios, mas a editora começou a criar um vínculo com os veículos que falam sobre seus produtos e poderão usá-los futuramente para anúncios maiores como, quem sabe, Samurai X e YuYu Hakusho em edição definitiva? Mas ao invés de falarmos sobre o que eles podem fazer, vamos falar sobre o que eles fizeram.

Começando por Sakura, a novidade principal foi a de que o preço mais elevado da edição não se deve só a um maior número de páginas coloridas, mas sim a uma melhora no papel geral da publicação. Além de Sakura, todos os mangás receberão uma melhora no papel de impressão, não tão grande, mas melhor. Essa notícia emendou com outro anúncio: o de que a partir de agora cada título será tratado de maneira diferente. Alguns terão páginas coloridas, outros contra-capa colorida, papel melhor, dentre outros. Isso também irá gerar preços diferentes para as publicações regulares da editora.

Dih (Chuva de Nanquim) fazendo uma pergunta, Leo Kusanagi (Mithril) a frente atencioso, Juba (J-Wave) prestando atenção à pergunta e Trevisan (LeddHQ), careca, ao fundo dando uma risadinha.

Mas no que isso seria vantagem? Simples: eles irão dar atenção a exigência de vários públicos. Teremos aqueles mangás para as pessoas que querem simplesmente ler e depois jogar embaixo da cama e teremos também mangás para aqueles que querem ler e depois deixar uma coleção bonita na estante, com páginas coloridas, capa melhor trabalhada, etc. Uma evolução, sem dúvida, mas uma preocupação a mais para a editora, afinal, que tratamento dar para que mangá… uma questão interessante que terá que ser respondida a cada novo título. O que foi deixado de promessa pela editora é de que se o título tem páginas coloridas nos tankohons japoneses eles também o terão aqui no Brasil. Promessa interessante, não?

Estamos falando de novos mangás, mas não podemos esquecer de que a JBC anunciou há algum tempo sua parceria com o Crunchyroll, serviço americano de streaming de animes. Muito pouco se falou desde então e durante o encontro eles deram mais alguns detalhes. A empresa foi um tanto apressada no anúncio e pouca negociação foi feita desde então pelos mais diversos problemas. No entanto, a JBC está empenhada em aprender mais sobre o mercado de licenciamento, que está esquecido no Brasil quando o assunto é animes. Vamos torcer para que dê tudo certo pois só temos a ganhar com bons animes vindo oficialmente para cá.

Leo Lopes conferindo o vol. 1 de Freezing

Voltando para os mangás, uma das minhas grandes preocupações sempre foi com os títulos mais adultos. A JBC tem um bom catálogo de títulos shonen, mas seinens são praticamente inexistentes. A entrada de Freezing começa a abrir as portas para essa demografia e quando perguntados sobre a questão pelo Paulo a resposta foi de que eles virão, mas não poderiam dar mais detalhes. Anotem essa promessa. Será que um dia teremos Genshiken por aqui? Nunca o título teve mais chance de ser publicado.

Interação, pós-evento, da blogsfera…

Basicamente essas foram as informações relevantes dadas pela JBC, e se tem algo que podemos ver disso tudo é que sim, a JBC quer mudar para melhor e parece que o grande cabeça por trás disso é o gerente de comunicação Leo Lopes, tendo, claro, suporte de seus colegas de trabalho. Que a empresa continue com essa ideia de se comunicar melhor com a imprensa e com os leitores, que seus produtos melhores cada vez mais e que os leitores retribuam comprando. Afinal, se o trabalho é bem feito, não vejo por quê não comprar. Se a JBC publicar Genshiken com as páginas coloridas e um bom trabalho de tradução, vai pro cofre aqui do QG e isso é uma promessa minha.

Para saber mais sobre a coletiva/conferência/encontro, confira o post atualizado minuto a minuto feito pelo Chuva de Nanquim e esperem em breve um vídeo no Video Quest, eles estavam lá captando imagens…

Leo Kitsune gravando para o Video Quest

Visão geral do evento. Ontem tivemos a coletiva/conferencia da editora […]

Coluna do Fred: More money, more problems?

Oi, Fred aqui.

O Diogo já escreveu muito da minha opinião sobre o aumento dos preços dos mangás da JBC. Doze reais pelos produtos que eles oferecem realmente é abusivo…

Mas eu, que pensava no momento da notícia que jamais iria fazê-lo, ainda pretendo continuar comprando da JBC.

Não me levem a mal. Posso dar desculpas como “ah, só quero terminar minha coleção, blablabla”. É uma conduta normal do ser humano: Quando sabe que está fazendo algo repreensível, ele começa a tentar justificar o porquê de suas atitudes. Eu não vou me dar a esse trabalho. Eu só quero ler Hunter x Hunter e, infelizmente, a JBC é quem publica.

Hoje em dia, a JBC tem sido alvo de ataques constantes que, via de regra, acabam minimizando o serviço porco das outras editoras. Tudo bem que eles editam os mangás deles em guardanapos de lanchonete usados, mas isso não redime o serviço ruim das demais. A Panini cancela mangás e atrasa outros constantemente (sim, eu leio Kekkaishi). A Conrad, que Deus a tenha, eu nem preciso comentar. Newpop, apesar de terem feitos bons serviços até o momento, é extremamente inconstante em seus lançamentos…

Enfim, o mercado todo tem seus problemas e pagamos muito por isso. Tanto para o pessoal que quer um produto de qualidade, quanto pro pessoal que só quer ler.

Mas isso quer dizer que estou defendendo a JBC? De forma nenhuma. Os valores que eles cobram são irreais? Com certeza. Cobrar valores altos por produtos bons é uma prática normal do mercado. Cobrar valores altos por produtos ruins é burrice. Eu não sei de que forma tentaram justificar, se é que o fizeram, mas é um valor alto demais pra um produto com qualidade de menos.

Eu só acho que o caminho não é pensar quê, parando de comprar da JBC ou malhando só ela, as coisas vão melhorar. Estou esperando Kekkaishi 15 desde março e até hoje nem sinal de vida. E olha que já é trimestral… No fim das contas, comprar mangás no Brasil tem sido mais uma questão de escolher qual veneno você quer. Seja lá a escolha, você sempre sai lesado.

Ah, mas devo dizer que no meio desses problemas, a entrada L&PM foi um belo sopro de esperança. Lançaram dois gibis com ótima qualidade, preço não muito diferente dos praticados pelas velhas conhecidas e publicaram tudo de uma tacada só. Fiquei honestamente impressionado. Espero que tenhamos mais casos como esse para ajudar nosso mercado a melhorar. Eu ainda vou comprar Hunter x Hunter, mas espero muito que não caia no conto do vigário de querer ler outro mangá da JBC, até porque errar é humano, persistir é burrice.

Oi, Fred aqui. O Diogo já escreveu muito da minha […]

Aumento de preços nos mangás da JBC… quanto mais vamos ter que pagar por lixo?

Mangá é a nossa língua!“… esse é o slogan da autodenominada “maior editora de mangás do Brasil”. Hoje em dia, ao ler essas “afirmações” não consigo evitar uma risadinha no canto da boca. “Sacanear o consumidor é a nossa língua!” deveria ser o slogan da editora. Afinal, ela está se especializando em usar a falta de opção (legalizada) melhor para empurrar para seus leitores produtos de baixíssima qualidade a preços cada vez mais altos.

Deu no Chuva de Nanquim que a editora em questão estará aumentando o preço de seus títulos de R$10,90 para R$11,90. Como o próprio autor da notícia afirma, isso não seria um problema real já que são questões do mercado pois se os preços das “matérias-primas” aumentam, é natural que o produto final tenha seu reajuste. A concorrente, editora Panini, também reajustou seus valores de R$9,90 para R$10,90 não faz muito tempo.

A grande questão é o lado dos consumidores. Reajustes seriam naturais se a qualidade dos produtos fosse boa. Afinal a empresa está reajustando para poder continuar prestando um bom serviço e não ter que diminuir a qualidade de seus produtos para não ter prejuízo. Mas esse não é o nosso caso, é? Afinal produtos de qualidade e mercado nacional de mangás não combinam nem um pouco.

Em qualquer mercado que se preze sempre existiram produtos caros e produtos baratos… vamos a alguns exemplos:

Você quer comprar açafrão? Beleza… você pode ir no mercadinho e comprar aquele pozinho amarelado que tem mais corante que açafrão por R$2 a cada 100g ou você pode ir numa lojas especializada e comprar em estigmas por R$50 a cada 1g! Resta saber o quão exigente é a pessoa que está usando o tempero. Se ele quer um produto melhor, vai pagar mais caro, se quiser um produto mais meia-boca só para dar um “toquezinho” no prato tem a opção barata.

Querem um exemplo mais próximo da nossa realidade? Você quer ler uma história em quadrinhos? Beleza… você tem a opção de comprar uma revista padrão da Panini por uns R$10 e ler em papel de qualidade média e impressão também média, mas você não quer só ler aquela história e jogar fora, quer ter na coleção, aí você tem o encadernado, custando uns R$30, mas com papel de melhor qualidade, impressão boa, etc.

O ponto que eu quero chegar com esses exemplos é mostrar que o consumidor brasileiro de mangás não tem opção. Ele fica a merce do que as editoras (e eu coloco no plural aqui) trazem pra ele na qualidade que for e ele se vê “obrigado” a comprar o produto da maneira que for se quiser ler aquela história através de meios “oficiais”.

Em um mundo onde importar mangás está cada vez mais fácil, produtos americanos e japoneses já não são mais bens de consumos de poucos “felizardos”. Basta você se interessar que você consegue comprar com certa facilidade. Claro que ainda é mais prático ir na banca e comprar o mangá na hora que você quiser, na sua língua e poder ler ele logo assim que você sair de lá. Eu não vou condenar quem prefere fazer dessa maneira por comodidade ou porque, de fato, não se importa em ter um material de qualidade. Porém, é bom que saibam que vocês estão comprando um produto de qualidade inferior a um preço que não corresponde em nada a ela.

Para fins de comparação, vamos a preços médios de mangás em outros lugares do mundo:

Nos EUA -> R$18

Na França -> R$17

Na Argentina -> R$15

No Japão -> R$11

Claro que aí não está incluso os custos de frete, mas é só para dizer que todos esses países tem publicações de qualidade MUITO superiora à nossa e apresentam valores não tão mais caros.

Se você não se incomoda hoje em dia com a qualidade da JBC ou das outras editoras nacionais não vai ser um reajuste de um real que vai te fazer parar de comprar, mas se você já não está contente com o trabalho delas e ainda aumentam os valores, é bom pensar se vale a pena. Afinal, quanto mais vamos ter que pagar por lixo? Eu sei que quando Air Gear acabar eu paro, de vez, de comprar mangás por aqui até um dia, quem sabe, a qualidade resolver valer a pena. Tenho pena dos fãs de Soul Eater… boa sorte, pessoal.

“Mangá é a nossa língua!“… esse é o slogan da […]

Resposta aos comentários do post sobre #VergonhaJBC

Em meu último post, expus minha opinião sobre o que foi o #VergonhaJBC. Como era de se esperar, o post rendeu um bom número de comentário. Alguns a favor, outros contra… a questão é que o assunto deu uma agitada nos leitores do Anikenkai. Em virtude da quantidade e da boa qualidade dos argumentos apresentados contra e a favor do meu texto nos comentário, quis respondê-los de uma forma adequada: um post-resposta. Por enquanto irei me ater a isso pois não quero saturar o blog (que não é só sobre isso).

Porém, antes de começar a responder ponto a ponto, quero deixar alguns comentários gerais:

1 – Agradeço a todos que comentaram, contra ou a favor. É para esse tipo de “discussão” que eu escrevo aqui.

2 – Eu entendo, até mais que o normal, de como funciona a manutenção de uma empresa no Brasil. Sei de todos os encargos federais e de todas as dificuldades que se enfrenta para fazer um serviço honesto em nosso país.

3 – Em momento algum quis faltar com respeito à classe social X, Y ou Z. Meu comentário foi simplesmente em virtude de conscientizar as pessoas de que se 5 reais fazem tanta diferença, é melhor você investir seu dinheiro em outra coisa que não mangás, até a situação melhorar. É assim que faço quando estou sem dinheiro e assim que aconselho os outros a fazerem. Se soou desrespeitoso meu comentário, peço desculpas.

4 – O motivo de tal manifestação é o de mostrar para as pessoas que tem sim como melhorar. Eu não quero fazer propaganda de compras no exterior, mas quero que o mercado daqui melhore para que eu não precise recorrer a importações para abastecer minha coleção.

Agora sim, vamos às respostas:

Ryoko disse:

Discordo. Mangá tem que ter um apelo popular, se aumentar o preço no intuito de aumentar a qualidade significar agradar meia-dúzia de burgueses, prefiro que continue do jeito que está.

Sim, mangá tem que ter apelo popular. Mas ser popular significa ter uma qualidade péssima? Por que? Podemos ter um produto popular com um padrão mínimo de qualidade. Manter as coisas do jeito que estão é ir contra o desenvolvimento natural de negócios. Isso implica que a empresa não se desenvolve já que seu consumidor não existe. Dessa forma ela investe muito pouco em expansão de mercado. Se o mercado não cresce, a empresa não pode melhorar. Vira um ciclo vicioso que não favorece em nada ambas as partes.

Ryoko disse:

O mercado já é pequeno, fragmentá-lo não é a melhor opção. Para o tamanho do nosso mercado, dividir o público em “quem quer qualidade” e “quem não quer” só vai piorar a situação.

O mercado é pequeno porque as empresas não tem visão de crescimento. Essa falta de visão de crescimento é sustentada por leitores que não se importam em ter uma maior qualidade. Como disse acima, um ciclo vicioso que não favorece nenhuma das partes.

Danpl disse:

Porque não mostrar as diferenças entre as editoras e porque a JBC anda sendo a pior? ia dar uma ideia melhor sobre os problemas e semelhanças da JBC pra outras editoras eu acho que isso sim ia ser motivo pra vergonha da Jbc

Excelente sugestão. Como já disse no Twitter, a JBC não pode servir de bode expiatório enquanto as outras saem “ilesas” do processo. A JBC tem sim problemas próprios, mas o mercado como um todo sofre com falhas parecidas.

Suna disse:

Não é preciso sair do país pra comparar: A Panini fez e faz um trabalho melhor (não perfeito), cobrando menos por volume do que a JBC. Aumentar o preço não é solução, é lucrar fácil com um público submisso, em sua maioria.
Eu não estou colecionando nenhum mangá, mais por falta de espaço, mas compro aleatoriamente.
Falta vontade de colecionar também porque esse padrão de publicação não é feito pra isso. Quem quer guardar mangá amarelado, despedaçando e com certas “adaptações” sem sentido? Não dura nem dois anos. Tem uns que se a gente quiser ler pela segunda vez tem que pegar com mais cuidados que à um recém nascido. –’
Ainda tem esse maldito formato meio tanko, as páginas borradas, e essa tal “Edição Especial” que é uma *utaria sem tamanho.

A Panini tem vários problemas assim como a JBC, mas no geral (no tratamento físico dos mangás), faz um trabalho melhor que a concorrência. Mas esse trabalho melhor ainda não é o ideal e constantemente falha em apresentar um bom produto, mas ainda assim é superior ao da JBC. E sim, de fato o produto brasileiro não visa colecionadores. Uma pena, pois colecionadores são parte importante da cultura “quadrinesca”. Infelizmente as editoras ainda não os veem como um mercado valioso de fato aqui no país. Isso acontece porque a maioria dos colecionadores de mangás compram fora do país. Uma pena.

Rozeex disse:

É impossível comprar um mangá no padrão norte americano pelo mesmo preço em uma banca, isso tirando o frente, pois no Brasil há impostos altos para tudo e infelizmente não temos retorno, mas o grande problema se dá por parte das editoras não melhorarem com o tempo e nem TENTAR algo para isso, ao invés disso ocorre o contrario como vemos a JBC que não tenta nem se igualar com a sua maior rival que é a Panini, o resultado será pessoas cada vez mais buscando importar esse produtos e diminuindo ainda mais o numero de compradores que já não é muito e elas (editoras) parecem não fazem questão nenhuma de aumentar ou manter tal número.

Um perfeito raciocínio. É bem por aí que eu penso. Eu sei perfeitamente como no Brasil, manter honestamente uma empresa é um trabalho árduo e custoso. Sei que as editoras não podem de uma hora pra outra colocar um material de qualidade absurda, custando 50% a mais, e achar que tudo vai ficar bem. Claro que não. Eu tenho noção dos encargos pelos quais as editoras passam aqui. No entanto, como o leitor expôs, o que me preocupa é o silêncio das editoras quanto à expectativa de crescimento.

Lilian Kate Mazaki disse:

Contando com o fato de que um volume no Japão vende muitas vezes a quantidade de cópias do que aqui e que, só para exemplificar, a carga de impostos para manter um funcionário aqui é assombrosamente maior do que e boa parte do mundo … sim, o “papel” é mais caro.

O ponto aqui é não é puro e somente a parte física do produto que causa isto. Existe toda uma gama de custos associados à produção que faz com que as empresas (editoras) mantenham o nível pífio em suas obras.

Não é SOMENTE por “não estar nem aí”. Pesquisem sobre os tipos de tributação que uma empresa esta sujeita, para começar a entender que não é de graça que a qualidade é inferior.

Não estou dizendo que deveria continuar assim, estou também querendo frisar que (SIM, no Brasil, afinal é a realidade que conhecemos) não é só bom boa vontade que algo seria modificado.

Raciocínio correto também, mas no entanto, a questão central é que não temos como saber mais profundamente sobre o mercado editorial brasileiro pois, por motivos desconhecidos, a tiragem dos volumes não é divulgada. Deveria ser, mas não é. Então usar o argumento de que as editoras estão fazendo o possível com o pouco que tem existe, mas não é tão válido por falta de dados. Mas ao mesmo tempo eu sei que isso é verdade e volto a dizer, a mudança não pode ser imediata, mas é necessário que as editoras tenham plano de crescimento, mas não há evidencias de que eles existam por aqui.

Ryoko disse:

Então é isso, continuem reclamando sem considerar os fatores externos e com a mente de um burguês de Coapacabana.

Meu caro, seu comentário é extremamente paradoxal. Você me acusa (pelo que pude definir por burguês de Copacabana) de ser parcial no meu modo de pensar e de que estou sendo influenciado pela minha classe social e posição geográfica, mas ao fazer isso você se coloca numa posição superior para pensar sobre o assunto. Não deixe seus bons argumentos (que respondi acima) sejam jogados no lixo por uma declaração de ignorância.

Termino aqui meu post-resposta. Não deixem de comentar pois é através dos comentários que há discussão e geração de conteúdo.

Em meu último post, expus minha opinião sobre o que […]

Kobato Vol. 1 – Um novo mangá para você!

Nesse feirado da Proclamação da República muitos de vocês provavelmente lerão algum mangá. Se forem até a banca, verão que a JBC colocou a venda o primeiro volume de Kobato, obra do grupo CLAMP, serializada na Sunday GX e posteriormente realocada para a revista New Type, onde permaneceu até o ano presente. Num total de 6 volumes encadernados, a JBC nos trás uma edição com uma boa tradução de Rica Sakata, mas uma péssima qualidade no tratamento do material.

Kobato é uma menina doce, impulsiva e um tanto inocente quanto ao mundo. Sua missão na Terra é conseguir encher sua garrafinha com os corações das pessoas que ela ajudar, para assim realizar seu desejo de ir para um determinado lugar. Ela conta com a ajuda de Ioryogi, um espírito em forma de cachorrinho de pelúcia, que a guiará durante essa missão.

A premissa é bem simples e lembra bastante a de séries do estilo “garota mágica”, como Heartcatch Precure, mas, apesar da estrutura ser bem similar, ao que tudo indica não teremos aqui batalhas contra o “monstro da semana”. A batalha de Kobato será por ajudar as pessoas nos mais diversos afazeres. Seja ajudar uma velinha a carregar as compras, um lojista com falta de empregados, uma moça a procura de um bolo de natal… algo bem simples e ingênuo (a princípio).

Nesse primeiro volume, nós temos a apresentação dos dois personagens principais (Kobato e Ioryogi) e os primeiros passos para se ter o direito de ter a tal “garrafinha”. Pessoalmente achei um tanto arrastado. Passar um volume inteiro contando como a personagem conseguiu a “garrafinha” é um tanto demais. Até porque isso era algo que se esperava desde o começo ela ter, ou pelo menos conseguir no primeiro capítulo. Mas não, temos um volume inteiro dedicado à essa busca. No entanto, apareceram vários personagens recorrentes nesses capítulos e a aparente lentidão narrativa por ter sido proposital para nós nos acostumarmos com eles, que certamente devem aparecer em volumes subsequentes.

É interessante ressaltar também que a narrativa do mangá é bem segmentada. A cada capítulo temos uma “história fechada”. Algo que lembra muito o ritmo dos sitcoms americanos. Tirando o primeiro e o último capítulo, os outros poderiam ser lidos fora de ordem que não ia afetar o entendimento deles. Algo curioso no mínimo. Fico pensando se isso continuará a se repetir.

No aspecto técnico (das autoras, não da editora), a arte segue o padrão clamp de ser: olhos bem detalhados, cabelos cheios de movimento, rostos arredondados para as personagens femininas e traços extremamente alongados para os personagens masculinos. Há também bastante expressão no rosto dos personagens e o uso de caricaturas SD são bem comuns para contribuir nos momentos de comédia.

Passando para os aspectos técnicos da editora, temos um grande ponto fraco. A JBC parece que não quer mesmo mudar o nível de qualidade em seus mangás e aparentemente tudo está indo de mal a pior. Temos um papel extremamente fino, praticamente transparente, e que deixa a leitura mais desagradável. Mesmo quando as páginas estão juntas, dá pra ver o outro lado e isso incomoda… bastante. A impressão também fica prejudicada pela qualidade do papel, desbotando os pretos. Já está virando redundância reclamar da qualidade dos mangás nacionais. Uma pena.

Mas para não só jogar pedra, tenho que elogiar o trabalho de tradução de Rica Sakata, que, apesar deu não me lembrar de ter lido um trabalho dela, fez um ótimo trabalho aqui em Kobato. A adaptação ficou muito boa também, como no emprego de “Bobato”, na hora em que Iryogi quer sacanear a pobre Kobato. O sentido ficou mantido e, arrisco dizer, ainda melhorou o momento “comédia” para o leitor de língua portuguesa. Defendo adaptações inteligentes. Quanto menos notas de rodapé e termos em japonês melhor. Reserve-os para os momentos em que não houver maneira de traduzir MESMO.

Por fim, digo que Kobato foi um mangá que me surpreendeu. Não tem uma história complexa, mas é um diversão descompromissada e que cumpre o papel de entreter. Rende boas risadas. Recomendo, mesmo com a qualidade podre da JBC (não vou parar de falar isso até resolverem se mexer e mudar algo).

Nesse feirado da Proclamação da República muitos de vocês provavelmente […]

BAKUMAN Vol. 2 – Começando a carreira profissional

Conforme estabelecido no post sobre o volume 1, eu irei avaliar cada volume de BAKUMAN individualmente conforme eles forem saindo aqui no Brasil pela editora JBC. Sendo assim, o Volume 2 chegou às bancas já tem um tempinho, mas vamos a ele agora.

Logo no início do volume, temos a dupla Saiko e Takagi em seu caminho para o prédio da editora Shueisha apresentar o manuscrito de “As Duas Terras” para o editor. Eles estão adiantados e decidem matar um pouco de tempo para não parecerem muito afobados. Na conversa, descobrimos as motivações de Takagi para se tornar um mangaká. Gostaria de destacar nesse ponto que acho curioso a forma como o Ohba trata isso. Nos quadros em flashback ele nos mostra um cenário extremamente pesado e tenso em que o Takagi se revolta contra os projetos desenhados por sua mãe para seu futuro em “vingança” da demissão injusta do pai, mas logo depois os dois aparecem fazendo piada a respeito do ocorrido mostrando que isso não parece ser um trauma na vida do Takagi, só algo que aconteceu, nada demais.

Chega então a hora deles apresentarem seu trabalho. Ao entrarem no prédio da Shueisha, temos um panorama geral da recepção e dos procedimentos que um novato adota para poder mostrar seu trabalho. E para os que se perguntam se é realmente assim por lá, sim, é. Exatamente igual. Essa parte do mangá foi retratada com extremo realismo. Até o formulário que eles preenchem é o mesmo entregue na Shueisha “real”. Para adiantar, todo o visual do prédio da Shueisha, do departamento editorial, corredores, etc, que aparecem nesse volume são extremamente realistas. Quase “fotografias” do que eles são na realidade.

Nesse ponto somos apresentados a um personagem deveras importante para a série, Hattori Akira, o editor que aceitou dar uma olhada no trabalho dos meninos. Quando ele entra em cena, nós temos a impressão de que ele é um cara excêntrico e provavelmente doido, mas logo ele nos mostra ser muito competente no que faz e que está ali realmente para ajudar a dupla, já que ele vê futuro no trabalho deles. É interessante nesse momento do volume como Mashiro avalia Hattori com base nas informações que o tio passava para ele de como identificar um bom e um mau editor. No fim, o editor ganha a confiança de Mashiro e diz que o trabalho deles ainda precisa de tratamento, mas vai tentar inscrevê-lo no premio mensal da revista para ver o que outras pessoas acham dele.

Em seguida somos apresentados ao rival da dupla, que já havia sido mencionado na edição anterior, Niizuma Eiji. Ele sim aparenta ser muito excêntrico e não faz questão de mudar essa imagem. Um menino extremamente apaixonado por mangás e que não consegue parar um segundo de desenhar. Tem ideias fluindo em sua cabeça a todo momento e elas precisam ir para o papel. Alguns podem até considerar o Eiji orgulhoso e convencido demais nessa primeira fase do mangá. Uma figura, de fato, curiosa. Ele está pronto para ser serializado na Jump e está de mudança para Tóquio. A briga entre ele e a dupla principal está perto de começar.

De volta aos protagonistas, eles receberam a notícia de que “As Duas Terras” não ficou nem entre os finalistas, isso os deixou motivados para trabalhar em conjunto para criar uma história nova o quanto antes e tentar ganhar o grande prêmio anual da Shonen Jump, o Prêmio Tezuka. É daí que sai a ideia de “Um Milionésimo”. Hattori fica tão satisfeito com o novo trabalho que deixa os meninos com altas expectativas… mas infelizmente eles não conseguem receber nem uma menção honrosa.

Todo esse cenário é criado para uma das cenas que eu acho mais memoráveis no mangá até hoje, o soco de Takagi em Ishizawa. Eu decorei o nome desse personagem BEM secundário só por causa dessa cena que me marcou bastante pois coloca em evidência tudo que BAKUMAN “prega”. O colega de Mashiro e Takagi, Ishizawa, vê o nome dos dois na Shonen Jump e vai até Takagi dizer que o grande problema do mangá deles foi a arte de Mashiro. Em seguida ele mostra umas ilustrações feitas por ele dizendo que seu traço é muito superior ao de Mashiro. Takagi fica tão irritado que parte pra cima de Ishizawa derrubando-o com um soco.

A questão aqui é o Ishizawa representa a “exploração do moe” que a indústria de animes e mangás tem se direcionado para nos últimos tempos. Esse tipo de coisa é completamente abominada tanto por Takagi quanto por Mashiro e eles deixaram isso bem claro logo no volume 1. Ishizawa nunca desenhou um mangá na vida. Só ilustrações de lolis bonitinhas. Quando ele mostrou para o Takagi aquelas ilustrações dizendo que aquilo ali era muito melhor que a arte realista do Mashiro e que venderia muito mais, foi a gota d’água e acabou da maneira que acabou. Foi uma forma de mostra para o leitor o próprio ponto de vista dos autores de BAKUMAN sobre essa “onda moe”.

Por volta do meio do mangá, a dupla se encontra com Hattori para analisarem o que deu errado em “Um Milionésimo” segundo as avaliações do juri. O que se constatou era que o problema não era a arte nem o roteiro, mas sim a temática. A temática não era apropriada para a Jump. Principalmente um personagem que seja mais adequado à Shonen Jump. Ele diz então que vão trabalhar juntos para que isso aconteça e que tem um plano para eles superarem até mesmo o Eiji em 3 anos. Esse plano deixa Mashiro descontente. Para ele, o importante é conseguir uma série o quanto antes e ficar na mão de alguém que tem planos a longo prazo é doloroso. Ao confrontar Hattori sobre caso eles tivessem um excelente mangás em mãos agora ele ainda iria insistir em publicá-los só quando se formassem daqui a 3 anos, vem o editor-chefe e interfere na conversa.

“UM MANGÁ SÓ PRECISA SER BOM. SE FOR BOM, É NATURAL QUE SEJA PUBLICADO.”

Essas foram as palavras usadas pelo editor-chefe para interferir na discussão e diz que essas palavras vieram da boca de Karo Kawaguchi, tio de Mashiro. Tomamos conhecimento aqui que o editor-chefe foi editor do Karo Kawaguchi no passado e que foi ele que teve que “despedi-lo” da Jump. Todo esse contexto serviu como uma incrível motivação para Takagi, mas principalmente para Mashiro. Ele, mais do que nunca agora, quer ser publicado.

No encontro seguinte com Hattori, a dupla mostra os personagens e storyboards mais “ao estilo Jump”… mas para a surpresa geral, todos são horríveis na opinião do editor. Ele decide então mudar a estratégia e voltar com as temáticas e personagens mais “adultos” pois esse é o estilo dos meninos e pode ser um bom diferencial para a atrair leitores. É na conversa que Mashiro e Takagi apresentam uma ideia que havia sido descartada pela dupla, “Dinheiro e Inteligência” (que na edição da JBC foi traduzido para “Grana e Inteligência”). O plot atrai bastante a atenção de Hattori e ele decide investir nessa ideia. Pede para os meninos trazerem um storyboard com objetivo de publicarem na Akamaru Jump, uma revista agregada à Shonen Jump que trás one-shots de autores novatos e sai três vezes por ano. Hoje em dia a Akamaru Jump não existe mais, ela foi substituida pela Jump Next, mas a ideia continua a mesma.

Daí até quase o final do mangá, temos o trabalho de elaboração de “Dinheiro e Inteligência” e é interessante vermos como é o trabalho de um editor com os autores para a criação de um mangá. Essa relação é um dos pilares em que se apoia BAKUMAN e em diversas situações no futuro da série ela é abordada.

Por fim, eles conseguem fazer com que “Dinheiro e Inteligência” seja publicado na Akamaru Jump. Somos também apresentados ao pseudônimo que será adotado pela dupla, Ashirogi Muto, uma mistura dos nomes do Takagi e do Mashiro. Porém, nem tudo são flores. Eiji também publicou seu one-shot de “Crow” na mesma revista que a dupla. Ele ficou em 1º na pesquisa de opinião do público enquanto “Dinheiro e Inteligência” ficou em 3º. A dupla fica arrasada e temos início à bela rivalidade entre Niizuma Eiji e Ashirogi Muto.

Mais uma vez temos uma análise relativamente longa, mas bem detalhada desse volume. Espero que vocês estejam gostando e que continuem lendo tanto BAKUMAN quando estas análises. Não deixe de deixar sua opinião sobre essa edição nos comentários!

Conforme estabelecido no post sobre o volume 1, eu irei […]

Uma Breve Análise Das Hipóteses Para O Mercado Nacional De Mangás

O meu xará, Diogo divulgou no Chuva de Nanquim, o lançamento de ‘Sora no Otoshimono’ pela Panini. Sabendo dessa notícia, vi que era o momento exato para escrever esse post. Colocarei aqui meu ponto de vista sobre o mercado de mangás no Brasil e para onde a filosofia atual das editoras poderá nos levar no futuro. Apesar de óbvio, vale lembrar que nesse post eu tratarei de hipóteses. Não há certezas no futuro do mercado no Brasil, só possibilidades, sejam elas positivas ou negativas. Leia esse post, entenda o que eu coloco aqui e, importantíssimo, não deixe de comentar dando sua opinião.

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Provavelmente você já deve ter ouvido falar a seguinte frase…

Quanto mais mangá na banca, melhor!

Bem, apesar de eu partilhar da mesma filosofia, não creio que o nosso mercado esteja preparado para ela.

Comecemos falando sobre a quantas anda o nosso mercado.

De fato. Nós temos bastantes títulos em publicação. Se olharmos só os sites das editoras principais (Panini, JBC e NewPop), fazemos um levantamento de mais de 30 títulos em publicação. Alguns estão paralisados por terem alcançado o Japão, podem dizer, mas a grande maioria está saindo em um ritmo mensal ou bimestral. E a cada dia temos novos mangás sendo anunciados…

Mas será que ter tantos títulos na banca assim é bom? Em uma primeira olhada não tem por quê dizer que não. Quanto mais títulos, mais opções, mais satisfeito fica o consumidor. É um raciocínio simples e provavelmente é o que a maioria dos leitores pensa. Porém, vamos colocar um tempero nesse raciocínio.

A partir desse momento, vou me focar na Panini e na JBC, as duas editoras com mais títulos em publicação e as que estão há mais tempo no mercado.

Para fins de comparação, peguemos a Shonen Jump, a maior antologia do Japão. Se uma série não está vendendo bem ou o público não está gostando dela, ela é cancelada e é dado lugar a uma outra nova. Há sempre um número fixo de mangás sendo publicado. Nem mais nem menos. Se uma falha, é cancelada e outra tenta o sucesso em seu lugar. Se pararmos para pensar que o número de pessoas que leem a Jump é muito superior ao número de pessoas que leem todos os mangás juntos em publicação aqui no Brasil, temos aí o primeiro “tempero” para pensar melhor sobre o nosso mercado.

Se uma Shonen Jump cancela sem dó séries que não estejam tendo sucesso, por que no Brasil, um mercado extremamente menor, as editoras deveriam manter títulos fracos, de pouca vendagem e com pouca repercussão entre os leitores? A realidade de cancelamentos não é nossa realidade atual. Já houve uma época em que muitos títulos foram cancelados por aqui, mas não hoje. Hoje cancelar um mangá é dar um tiro na própria cabeça. É assim que o público consumidor enxerga. “Se cancelou o mangá X, é capaz dele cancelar o mangá Y, então não vou comprar esse mangá pra não ficar com uma coleção incompleta”.

E nesse momento é capaz de você estar se perguntando se por acaso eu estou defendendo aqui o cancelamento de mangás. De forma alguma. É uma possibilidade, sem dúvida, mas seria ela viável em nosso mercado? Sem chances.

A Jump pode cancelar uma série que não faz sucesso porque o público leitor tem uma infinidade de outros títulos “parecidos” para se entreter com. Um título ser cancelado vai deixar alguns fãs chateados, mas logo eles passam pra outro mangá e fica tudo bem. Aqui no Brasil, quando um mangá é cancelado, os fãs ficam órfãos. Não tem para onde ir. Não há títulos suficientes para cobrir esse vácuo.

“Mas pera lá… títulos demais não eram um problema alguns parágrafos acima?”… E eu respondo: Só é considerado demais quando o mercado não consegue absorver tudo.

Nosso mercado é bem atrofiado. O poder de compra do público leitor é bem pequeno. Muitos dependem dos pais para comprar seus mangás todos os mês. O preço praticado pelas editoras muitas vezes está fora da realidade de muitos brasileiros. Não digo para comprar um só mangá. Mas quem quer ler, não quer ler só um mangá. Se o leitor compra cinco mangás, um número relativamente pequeno de títulos, já são mais de 50 reais saindo do bolso dele todo mês. Imagina para quem quem quer comprar a maioria dos títulos que sai? Impraticável para a maioria do mercado.

Então temos aí um impasse. O Brasil possui um mercado pequeno, que não cresce na mesma proporção que os títulos fornecidos pelas editoras. Mas uma grande quantidade de títulos é necessária para evitar que os leitores fiquem “órfãos” quando um mangá é cancelado. Sendo assim, as editoras não podem cancelar os mangás porque também não podem fornecer títulos suficientes para cobrir os vácuos deixados por eles. Mas até quando elas vão conseguir se manter num sistema que, ao que parece, é autodestrutivo para as editoras?

Bem, a solução é mais simples do que parece.

Não digo que o que falarei agora vai solucionar todos os possíveis problemas que venham a aparecer, mas pode evitar uma crise de saturação em nosso mercado.

Reparem bem na Panini e na JBC. Se nós tivéssemos que reparar em um aspecto editorial que separa bem uma da outra, eu destacaria as opções de periodicidade como grande diferencial. Enquanto a JBC opta constantemente por publicar mensalmente seus títulos, mesmo quando esses ainda se encontram em publicação no Japão e com poucos títulos (como no caso de BAKUMAN), a Panini decide alternar entre mensal e bimestral.

O modelo da Panini é o que tem mais futuro. Eu explico.

Hoje, quem quer, lê os mangás facilmente pela internet. E não é característica do nosso mercado comprar um mangá que já se leu na internet. Pra que eu vou gastar 10 reais por mês com algo que eu já li? É uma realidade que as editoras não tem como ter controle sobre. Esse tipo de leitor, que não são poucos, arrisco dizer que são até maioria, é uma fatia do mercado que eles não atingem.

Agora pense comigo uma coisa: Se esse mesmo leitor tivesse que gastar uns 15 reais com um volume de mangá, mas dessa vez, só de 3 em 3 meses. Ou seja, 5 reais por mês. Metade do que ele teria que gastar num modelo mensal de mangá a 10 reais. E esse volume ainda viria com papel melhor, boa impressão e encadernação, já que é mais caro que o de 10 reais. É mais provável que esse tipo de leitor se interesse mais por comprar esse título de 15 reais de três em três meses do que o de 10 reais de mês em mês.

Por que? É simples. Se ele já leu o título, ele sabe se gostou ou não. Se ele gostou e virou fã, é natural ele querer ter o mangá para si, em sua coleção. Porém, tendo que pagar 10 reais por mês, acaba sendo um investimento que ele não está disposto a fazer. Enquanto que 15 reais a cada três meses por algo de melhor qualidade é algo que ele estaria bem mais disposto a pagar.

Mas três em três meses não é muito tempo de intervalo entre um volume e outro? Não pra esse tipo de leitor. Ele já leu o mangá. Ele não tem a urgência de saber o que acontece no volume seguinte. Ele está comprando pelo simples fato de ter na coleção, ou para reler, ou para ver os extras, etc. Ele não está comprando só pela história ali contida.

Então com uma mudança de filosofia na periodicidade, as editoras estariam atingindo um público que hoje elas não atingem. Não digo que todos os leitores desse tipo iriam passar a comprar mangás em banca, mas a probabilidade do número de vendas aumentar entre esse grupo é maior.

No entanto, como que ficam o público que não tem nada a ver com essa história. O público que compra mangá para conhecer a história. O público que não leu online e tá acompanhando conforme vai saindo. O que ele ganha com isso?

Para começar, ele terá um aumento na qualidade do produto, tendo como base a estratégia que coloquei acima de aumento de preço proporcional a qualidade alterando a periodicidade. Isso já é uma vantagem. Mas a perda da periodicidade mensal seria uma desvantagem para esse público. Ele tem que ter algo a mais a ganhar com essa mudança.

E ele tem. Um aumento na quantidade de títulos disponíveis. Se antes o público tinha que pagar 30 reais por mês se comprasse três títulos mensais, ele agora poderia continuar pagando 30 reais por mês, mas por seis títulos trimestrais (considerando que cada volume mensal custe 10 reais e cada trimestral custe 15). Um aumento de 100% no número de títulos comprados sem aumento no gasto mensal. Pessoalmente acho essa possibilidade bem interessante.

Apesar de “perder” sua periodicidade mensal, o leitor regular teria a possibilidade de ter materiais de melhor qualidade e uma pluralidade maior de títulos sem ter que gastar mais por isso mensalmente. Um modelo sustentável, que favorece tanto o leitor quanto à editora.

Para eu concluir esse post, é valido dizer que o próprio modelo japonês de publicação de tankobons funciona dessa maneira, em periodicidades quadrimestrais até. Saindo do mercado original dos mangás, temos o americano, que também segue um modelo “não-mensal” de publicação, com periodicidades trimestrais e quadrimestrais dependendo do título. Aí estão dois exemplos de mercados bem maiories que o Brasil e que viram no modelo “não-mensal” de publicação uma via sadia para seu mercado.

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Espero que eu tenha passado para vocês com clareza minhas ideias. Não coloco o que escrevi aqui como único modelo possível e, muito menos, digo que o mercado brasileiro está em crise ou estará em um futuro próximo. As chances das editoras começarem a ter que rever sua estratégia de mercado são grandes. O suficiente para eu, um mero observador, chegar a essa conclusão. Mas o mais importante desse tópico é fomentar a discussão. Comentem aqui nesse post, no twitter, em seus próprios blogs, em conversas de bar, onde seja. É importante a discussão e a crítica construtiva.

O meu xará, Diogo divulgou no Chuva de Nanquim, o […]

BAKUMAN Vol. 1 – O início de algo muito maior

Há cinco dias atrás eu coloquei no ar uma análise do primeiro volume de BAKUMAN publicado pela JBC comparando a edição nacional com a edição americana do mangá. Porém, recebi alguns e-mails de reclamação por eu não ter falado sobre a história e só fiquei “de mimimi” (parafraseando) sobre os aspectos técnicos (como papel, impressão, capa, cores, etc…). A grande questão é que esses que reclamaram estão com toda a razão. Apesar deu ser um fã confesso de BAKUMAN e um dos blogueiros que mais fala sobre a série, eu deveria ter sim falado da história de BAKUMAN, afinal, foi ela que me conquistou e não se o papel é bom ou ruim. Sendo assim, faço esse post para me redimir dessa falha e mostrar a vocês o que me conquistou em BAKUMAN desde o Volume 1. Pretendo continuar com esses reviews conforme as edições da JBC forem saindo (mensalmente) para que os leitores do Anikenkai possam acompanhar juntamente comigo (mais ou menos como faço com Genshiken nos capítulos mensais que saem no Japão).

Eu comecei a ler BAKUMAN desde que o capítulo 1 saiu na Shonen Jump, lá no já longínquo ano de 2008. Lembro que eu estava no 2º período da faculdade, começando a delinear meu futuro profissional e cheio de perguntas de como seria minha vida a partir de então, o que eu queria fazer com ela, etc. Foi então que recebo a notícia de que a dupla que fez Death Note estaria com um novo mangá na Jump e que seria sobre mangakás. Era óbvio que eu iria conferir. E assim o foi. Em 11 de Agosto (um pouco antes graças às ‘habilidades’ do fandom) estreava BAKUMAN.

O que eu li naquele primeiro capítulo foi algo extremamente interessante. Para começar, novamente a dupla de autores desafia os “padrões Jump” de ser e coloca um tema polêmico para a própria sociedade japonesa. O tio de Mashiro era um mangaká que morreu de tanto trabalhar. Caramba… a Shonen Jump era uma revista que publica mangás e ela coloca em suas páginas um caso de um mangaká que MORREU de tanto se esforçar para ser publicado na própria Jump? Achei extremamente curioso.

Mais curioso ainda foi o fato do próprio Mashiro estar com questões quanto a seu futuro muito parecidas com as que eu vinha tendo e que, com certeza, muitos dos que estão lendo esse texto também o tem, já tiveram ou vão ter. “O que eu vou fazer do meu futuro?”

No caso, Mashiro está conformado que terá uma vida medíocre como a maioria e não vê porque mudar esse status. Porém, vemos que nem sempre foi assim. Quando convivia com seu tio, em sua infância, Mashiro era extremamente sonhador, desenhava, criava histórias, personagens e queria ser um mangaká quando crescesse para poder continuar esse fluxo criativo e mostrar seu trabalho ao mundo, como seu tio fazia. Porém, em algum momento ele tomou outro rumo. Esse momento foi o “suicídio” do tio.

Sim, mais um tema polêmico para a sociedade japonesa, o suicídio. Porém, eu coloquei suicídio entre aspas pois o tio não se suicidou de fato, mas era o que Mashiro acreditava, cego pelo que os parentes o contaram. Por acreditar que seu tio foi um derrotado que não conseguiu encarar a vida de frente, ele deixou a ideia de ser um mangaká e fazer o que sempre gostou para não ser um fracassado como o tio.

Estamos falando de um mangá para um público infantil aqui. Apresentar esses temas é algo extremamente complexo.

E se isso já não fosse motivo suficiente para eu estar acompanhando o mangá, ainda temos o Takagi, o segundo protagonista da série, que nada mais é que, nesse início, o oposto do Mashiro e o fator entrópico que faz toda a história acontecer.

Basicamente Takagi é um dos meninos mais inteligentes do colégio e que tem os maiores prospectos de vida da escola. Para ele parecia que tudo daria certo na vida. Ele iria entrar numa excelente faculdade, ser contratado por uma grande empresa multinacional e ocupar um glorioso cargo de chefia. Porém, Takagi sabe muito bem o que quer da vida, e não é nada disso. Ele quer ser um mangaká. Ele sempre foi fascinado por histórias e principalmente por mangás. Porém, ele não tem nenhuma habilidade para desenhar. Mal consegue fazer bonecos palito direito.

É ele que vai até Mashiro e propõe que eles formem uma dupla e que comecem a fazer mangá. Obviamente, Mashiro nega, mas devido à insistência de Takagi e um belo empurrão na descoberta de que seu tio não tinha se suicidado, mas sim se esforçado absurdamente até a morte para conseguir o que acreditava, ele acaba aceitando e se torna o parceiro de Takagi rumo a seguir os passos do tio.

Já era. Estava fascinado pelo que iria sair dali. Nos capítulos que se seguiram, e que compõe o primeiro volume do mangá, nós temos o início do processo criativo da dupla. Uma jornada de aprendizado, cheia de referências e mensagens importantes que poucas vezes se vê num shounen.

A principal delas é a citação a “Otoko no Jouken” de Ikki Kajiwara, que fez também Ashita no Joe, mangá favorito de Mashiro na história. Essa obra escrita na década de 60 é basicamente um guia de “Como ser um homem” e durante muito tempo foi usado como manual para mangakás novatos ou aspirantes. Não quero me prender muito a isso aqui nesse post, mas digo que as 5 “regras” citadas em BAKUMAN serão o fio condutor que guiará a série. Um guia moral e profissional para a dupla em sua busca pelo sucesso na carreira de mangaká.

Por fim, fiquei extremamente interessado pelo nível de ambição dos meninos. Eles são dois moleques de 15 anos que ainda lutam pra passar de ano na escola e que simplesmente decidem de uma hora pra outra que vão se dedicar a ser mangakás. E não somente isso, mas serem mangakás na maior revista de mangás do Japão, a Shonen Jump. Haja culhões, se me perdoam o vocabulário.

Esse review até que se estendeu mais do que eu pensava que se estenderia. Mas acho válido dar meu ponto de vista sobre essa obra que hoje em dia tenho extremo prazer em ler. Obviamente existem pontos negativos na série, afinal, nem tudo são flores, mas posso garantir, como leitor de BAKUMAN há três anos, que vale a pena continuar acompanhando. Tive momentos em que quase desisti da série, que achei que os autores tinham perdido o rumo, mas digo que chegando aonde estou, no capítulo 143, que vale a pena ler BAKUMAN.

Para os que estão preocupados com o romance entre Mashiro e Miho, essa coisa utópica e desinteressante que foi introduzida pelo autor por razões que não cabem a esse post discutir, relaxem. Esse romance é secundário no decorrer da história de BAKUMAN.

E lembrem-se: ler a opinião alheia é extremamente importante. Mas mais importante ainda é você tirar suas próprias conclusões. Então compre, leia e analise o mangá você mesmo. Não deixe simplesmente se levar pela opinião do outro. Para mais um ponto de vista, recomendo o review do meu colega e xará no Chuva de Nanquim.

Há cinco dias atrás eu coloquei no ar uma análise […]

Rapidinhas #13 – Participação "especial" do Anikenkai em tirinha.

Existe gente que se incomoda quando é criticada ou de certa forma “sacaneada”. Mas sinceramente, eu não tenho problema nenhum quando a coisa é feita de forma criativa e pertinente. Sendo assim, fiquei feliz com a “homenagem” da @SechanKV às minhas análises de mangá aqui no Anikenkai. Confiram o trabalho dela clicando na imagem abaixo para ampliar e não deixem de conferir novas possíveis tirinhas no blog Otame!

Existe gente que se incomoda quando é criticada ou de […]

BAKUMAN pela JBC – Uma Avaliação e Comparação Com a Edição Americana

E finalmente BAKUMAN aportou em terras brasileiras. A editora responsável foi a JBC, a mesma que trouxe Death Note, outro mangá da dupla Tsumugi Ohba e Takeshi Obata, para o Brasil.

Eu como fã que sou da série, não poderia de deixar de comprar e dizer minha opinião para vocês, leitores que já conhecem ou ainda vão conhecer as peripécias de Mashiro e Takagi rumo ao sucesso no mundo dos mangakás.

Rapidamente, para quem não conhece, BAKUMAN conta a história de Mashiro Moritaka e Takagi Akito. Dois jovens amigos que decidiram trilhar um rumo diferente dos garotos de sua idade. Eles decidem se tornar mangakás. Mas não qualquer tipo de mangaká. Eles querem publicar na maior revista de mangás no Japão. A Shonen Jump.

BAKUMAN já conta com 14 volumes publicados no Japão. A JBC traz a série no formato tankobon, com 209 páginas e custando R$10,90.

Nesse post, pretendo comparar a nossa edição nacional com a edição americana do mangá. O objetivo disso é avaliar a qualidade do material que veio para o Brasil comparando-o com uma edição que considero de altíssima qualidade. Em busca sempre da melhoria do mercado nacional.

*cliquem nas imagens para aumentar

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Apresentação – Capa e Contracapa

Para começar, vamos falar dos aspectos externos da edição. A capa já foi comentada por mim em um post anterior, mas ao ter a edição brasileira em mãos, vi que os tons usados para imprimir a capa estão saturados demais. Isso fez com que as cores quentes se destacassem demais deixando o contraste com as cores frias exagerado. BAKUMAN tem excelentes capas desenhadas por Takeshi Obata, gostaria que tivessem um cuidado melhor nas futuras edições.

A contracapa, infelizmente, é a padrão da JBC: capa com a mesma arte da contracapa só que com uma tarja com informações como código de barras, preço, faixa etária e logos. Diferentemente, a edição americana traz uma pequena sinopse do que se trata o mangá e um visual diferente da capa.

Páginas Coloridas

Antes de alguém reclamar da falta de páginas coloridas na edição brasileira, elas também não estão presentes nem na americana e nem na japonesa. É padrão aos mangás da Shonen Jump manter as páginas coloridas só para a antologia semanal (onde os capítulos das várias séries saem semanalmente) ou para futuras edições especiais de luxo, conhecidas como kanzenban.

Sendo assim, antes de crucificar a edição brasileira, é bom um pouco de pesquisa.

Impressão e Papel

Nessa categoria, vou ter que falar separadamente de alguns aspectos.

Para começar, vou fazer um elogio à edição nacional e dizer que a impressão está com uma definição muito boa. Gostei de ver como conseguiram evitar o efeito moiré, aqueles quadriculados que ficam quando se redimensiona uma imagem com retícula (diferente da edição de K-ON nacional, infelizmente), como visto na imagem acima.

Porem, nem tudo são flores. Apesar da impressão ter me surpreendido nesse ponto, ela ainda peca pela falta de contraste. Diferente da capa onde o contraste foi acentuado demais, aqui temos o contrário: os pretos e os brancos ficaram mais acinzentados do que deviam. E em alguns momentos, há falhas de impressão, como visto na imagem abaixo, que deveriam ter sido evitadas pelo controle de qualidade.

Concordo que nessa edição esse problema com o contraste até que não incomoda e pode até passar desapercebido se você não tem com o que comparar. Porém, algo que não passa desapercebido é a qualidade do papel usado pela JBC em seus mangás. Papel de gramatura extremamente baixa, basicamente o “bom” e velho papel-jornal. A arte do mangá nesse caso é a maior prejudicada, principalmente com a tonalidade mais acinzentada do papel e também pelo fato dele ser quase transparente, fazendo com que o leitor veja a página de trás ao ler.

Fico feliz que esse cenário parece estar mudando, não pela JBC, mas pela Panini, que trouxe dois mangás muito bem impressos e mostrou que com um leve aumento na gramatura do papel rende um grande aumento na qualidade.

Tradução

Nesse quesito eu tenho que bater palmas para a JBC e para o tradutor Edward Kondo. Fico muito feliz da editora ter dado o tratamento que BAKUMAN merece nesse quesito. Todas as referências estão lá, com respectivas notas de rodapé explicando para os leitores, não há erros de português, regionalismos nem um discurso forçadamente informal. Gostei mesmo. Parabéns JBC e Edward Kondo pelo trabalho.

Conclusão

Provavelmente muitos de vocês já pularam para essa parte da comparação. Mas independente se leram o post todo ou não, deixo aqui explicitamente que recomendo a edição nacional de BAKUMAN. O trabalho de tradução está exemplar e a qualidade gráfica não compromete. Porém, se você realmente gosta de Bakuman e se importa em ter um material com uma qualidade técnica melhor, daí eu diria para você comprar a edição americana ou até mesmo a japonesa.

O Anikenkai aprova e edição nacional de BAKUMAN. Aprova com ressalvas, mas aprova.

E vocês? Gostaram da edição nacional? Ainda preferem comprar a edição americana ou japonesa? Deixe seu comentário!

E finalmente BAKUMAN aportou em terras brasileiras. A editora responsável […]