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Primeiras Impressões – Aku no Hana

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As vezes não conseguimos entender muito bem o que faz a cúpula de produção de um anime tomar certas decisões na hora de adaptar as obras que tem em mãos. No caso de Aku no Hana, o uso de uma técnica chamada rotoscopia, uma espécie de avô da captura de movimento. Uma técnica que sempre foi polêmica em muitos dos momentos em que foi usada.

Para mim é uma técnica ultrapassada e estúpida que pega todos os bons elementos de uma encenação live-action e joga no lixo, assim como pega todos os elementos de uma animação e joga no lixo, criando um combo dos elementos ruins de ambas as partes. Legal né? Só que não. O resultado do uso dessa técnica em Aku no Hana foi desastroso.

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Na história, Takao é um menino vidrado em livros, principalmente nos de Charles Baudelaire, francês, considerado um dos precursores da poesia moderna, cujas temáticas não reinam no plano do belo, mas no plano do sujo, do caos, da destruição, do podre e por aí vai. Em um dia como outro qualquer, Takao ve na sala de aula uma sacola com as roupas de ginástica de sua grande musa, Saeki. Em um surto, o menino rouba as roupas, mas é flagrado por Nakamura, uma menina bem estranha que habita sua sala. A vida do menino nunca mais será a mesma depois disso.

Olha, eu já havia comentado via Twitter sobre o mangá de Aku no Hana, mas, de maneira breve, para não me estender muito, resumirei o que eu acho:

Aku no Hana conta uma história interessante, um drama psicológico denso cujo desenvolvimento ruma para uma imersão em sentimentos de depressão e autodestruição dos protagonistas. Até aí tudo bem. No entanto, tudo acontece de forma muito complacente com a sequencia de fatos. Parece que tudo que acontece no universo é friamente calculado para potencializar esse drama tornando-o muitas vezes desnecessariamente exagerado, tal qual muitas obras que tocam na temática do bullying o fazem. Apesar disso, a história de Aku no Hana ainda motiva o leitor a saber até onde aquilo vai chegar, o que é uma característica louvável, no entanto parece que todos os personagens na obra tem severos problemas psicológicos. Parece irreal demais que eles tenham se juntado em tamanha coincidência de eventos. Sim, Aku no Hana me pareceu forçado demais. Mas ainda assim é um bom mangá e, caso você esteja no estado de espírito de consumir uma obra do gênero, é uma leitura recomendada.

Tendo dito isso, vamos ao anime.

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A adaptação feita pelo estúdio ZEXCS sob direção de Hiroshi Nagahama (Detroit Metal City) resolveu extrapolar nos elementos experimentais do mangá em que se originou. Se o mangá de Aku no Hana experimentava trazendo uma narrativa densa, carregada e por aí vai, o anime resolveu criar chocar também no elemento estético. O traço original foi completamente deturpado frente ao uso da técnica de animação escolhida.

Entusiastas de animação que me perdoem, mas ao assistir Aku no Hana eu me senti vendo um filme de baixíssimo orçamento, em 5 quadros por segundo com um filtro tosco de “efeito anime” posto pelo estagiário. É dessa forma que eu interperto a “experiência estética” de Aku no Hana, infelizmente.

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Mas, nem tudo é uma bosta nessa adaptação. Tenho que fazer justiça e pontuar os bons aspectos desse anime que tanto está chacoalhando e irá chacoalhar ainda mais o fandom.

Para começar, os cenários. Lindos, muito bem trabalhados e inseridos. Pena que os personagens parecem tão deslocados dentro dele, quase que como num chroma key de quinta categoria. Mas estamos aqui para falar das qualidades desse anime, então o destaque fica para com a ambientação e, de certa forma, com o roteiro, pois estão ligados.

O anime acontece de forma muito lenta e gradual. Só para vocês terem uma ideia, nesse primeiro episódio tudo foi preparado para o menino olhar a roupa da menina na sala. Só isso. Pegá-la? Só no episódio seguinte. Começar o plot de verdade? Chuto só no terceiro. Se eu vou aguentar até lá? Não.

Mas de qualquer forma, esse ritmo lento, somado ao uso de planos fixos e de imagens de transição duradouras e uma música densa e monótona, cria todo um ambiente de tensão que condiz bastante com a história que eles estão dispostos a contar.

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Mas é aquilo, nem tudo é feito para todos. O anime de Aku no Hana não é feito para mim e provavelmente não será do agrado de muitos de vocês que estão lendo esse post.

Talvez, toda essa experiência estética funcionaria melhor no formato de um filme animado, ao invés de uma série. Sei das limitações orçamentárias de uma série de TV e elas ficam bem evidentes nessa adaptação. Talvez em um filme, com mais tempo de produção e dinheiro as coisas ficariam um pouco melhores.

A questão é que, pessoalmente falando, a adaptação de Aku no Hana não vale a pena, nem por curiosidade. É fato que a história não será tão bem desenvolvida quanto o mangá então não perderei meu tempo. Se vocês quiserem assistir, o façam, mas fiquem com o conselho de que o mangá é melhor. Fico grato por eu ter lido a história antes pois se eu tivesse assistido a esse anime primeiro não teria ficado nem um pouco interessado pelo mangá.

O Crunchyroll irá exibir Aku no Hana simultaneamente ao Japão começando segunda.

Opinião do Fred

Eu acho que Aku no Hana tem tudo pra ser o melhor anime da temporada, porque o mangá em que ele se baseia é uma obra-prima na minha opinião, porém, do jeito com que foi apresentado, está longe de apresentar o mesmo sentimento que o mangá carrega.

O excesso de enrolação obviamente tem uma razão, que é o de demonstrar o quanto o dia a dia dos personagens é monótono e vazio, porém, é tão excessivo que chega a diminuir a qualidade da história. Você não vai ver um filme com 2 horas de duração porque os dez minutos finais são legais e aqui nós temos um episódio inteiro pra chegar aonde o mangá chegou em cinco páginas.

O efeito rotoscópico não me é tão ofensivo quanto é pro Diogo, mas os personagens não parecem tão frágeis e inocentes quanto no mangá, o que diminui em muito o impacto que o mesmo causa, assim como deixa muita coisa sem sentido. No mangá, temos crianças com conflitos meio doidos, aqui, temos jovens com conflitos que não cabem tão bem. Pode ser que pro japonês seja assim, mas o Kasuga do mangá tem um aspecto bem pueril e juvenil, que se empolga com coisas pequenas e fica nervoso com bobagens, enquanto o do anime já parece um jovem formado e desinteressado. Isso muda um pouco a situação e deixa alguns pensamentos do Kasuga completamente opostos ao que ele apresenta de forma física.

Aku no hana é um belo mangá, ainda que os personagens sejam todos perturbados, eles representam aquilo que todos nós temos, um lado escuro dentro de nós e que se você deixar aflorar, pode acabar te consumindo. No fim, é uma história de relacionamentos entre pessoas com problemas e que extravasam da pior forma possível, mas que ainda assim é algo belo de se ver e acompanhar… Acho os personagens apaixonantes, ainda que seus problemas sejam uma tempestade em copo d’água, acho muito lindo ver as interações entre pessoas que parecem que estão a um centímetro de explodirem.

E o anime não conseguiu capturar esses sentimentos em momento algum. Vamos ver se no próximo capítulo teremos uma quebra de paradigmas e a série comece a correr ou se ficaremos nesse marasmo do primeiro capítulo. De qualquer forma, fica a dica: Leiam o mangá. Pode não ser sua praia, mas ainda assim é algo único. Se você gosta de um drama relacionado ao estado mental de pessoas, não posso indicar coisa melhor. Não espere nada bonito, mas espere algo especial.

Confira o resto das ‘Primeiras Impressões’ da Temporada de Primavera no ÍNDICE.

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