Category Archives: Genshiken

A Onda de Mudança de Gerações no Âmbito da “Diversão” em Genshiken II Volume 1/ Genshiken Volume 10 (Parte 2)

Esta é uma tradução de um post do blog Tamagomagogohan para mais informações, leia no início da Parte 1.

Links para as outras partes:

Parte 1

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As Impressões de uma Lacuna na Nova Geração de Genshiken

Acredito que este quadrinho de Nidaime torna esse contraste fácil de entender.

… Nossa… eles são… tão jovens!

Os três novatos do clube estão juntos aos antigos membros no apartamento da Ogiue (o lugar onde a Ogiue desenha seu mangá). Madarame e Sasahara estão obviamente entre os “garotos mais velhos”.

Se você observar a proporção de homens para mulheres, verá que o número de mulhores é maior que o de homens (apesar de uma certa excessão), e ainda que nenhuma delas está particulamente preocupada em evitar os outros. Se não me dissessem que isso era um grupo de otakus eu nunca teria adivinhado.

Claro que vocês podem dizer que é porque isso é só um mangá, mas mesmo assim, todos alí parecem estar se divertindo.

Entre eles, existe um personagem destacado, sentada no sofa com um olhar meio amargo no rosto: Yajima.

Entre os calouros, existe um garoto que se veste de mulher… ou devo dizer, um “otoko no ko.”[5]

O que a Yajima tem a dizer sobre tudo isso é inacreditavelmente fofo.

“Eu sou… bem avessa [muito resistente] a isso.”

Os sentimentos da Yajima para com a questão são, de certo modo, a ponte entre os diversos conceitos do que significa “divertir-se” em Genshiken. Ela está presa no meio da ponte e isso a deixa frustrada.

Se vocês olharem para a geração anterior, teve o episódio em que Madarame se opõe à “moda”, embora não fizesse o menor sentido. Mesmo ele mudando de idéia depois, o modo como Madarame e Yajima se distanciam é parecido.

O próprio termo “ota” é pouco usado em Genshiken.

Nesse volume, a única pessoa que fala esse termo além da Yajima é a Ogiue, e no sentido negativo de “ota”. A fala da Yajima no quadro acima, “Já que somos otakus, isso não importa”, praticamente resume tudo.

Por outro lado, você tem outra novata, Yoshitake (a garota de óculos no meio do sofá), que opostamente a Yajima exclamou, “meninas otakus e fujoshis são diferentes!” usando o termo positivamente.

Yoshitake determinou seu próprio status. Ela se considera uma “fujoshi” e não esconde isso. Apesar da própria Ohno ter percebido que era melhor se assumir do que esconder, com Yoshitake não tivemos nem essa evolução.

Bem, como vocês devem suspeitar, nem Yajima nem Ogiue se importam com moda. Eles estão bem usando um mero jeans. Mas de novo, se eu comparar a Ogiue de hoje com o que ela era quando usava os casacões, seu senso de moda se tornou bem mais apurado. Aquela gravatinha fica bem bonitinha nela. Já os jeans, eu não consigo entender.

O “otoko no ko”, Hato, é surpreendentemente estiloso. Yoshitake, que também parece ter um guarda-roupa bem variado, se mostra uma garota com gostos artísticos e literários bem variados. Mesmo Yabusaki, do clube de mangá, usa um pouco de maquiagem.

Yajima percebe essa diferença para com eles e isso a incomoda.

Ela originalmente se juntou ao clube porque pensou, “Eu gostaria de fazer algo divertido”, e seguiu com esse pensamento. Ela tem um complexo de inferioridade, mas isso também tem a ver com seu hobby otaku. Ela nunca foi apresentada a uma situação traumática, muito menos ela carrega algum fardo.

Diferente da Ogiue e da Ohno, ela não enfrentou um processo de iniciação intenso.

Mesmo assim, ela encara fortemente seus sentimentos de que existe uma forte e ireeconciliável diferença no que ela acredita ser um “otaku” e o que ela vê.

Ela pensa até que ponto uma pessoa chega pelo bem do “divertir-se” e seu coração fica perplexo com isso.

Basicamente, ela questiona a existência de Hato como um “otoko no ko”.

(continua em breve na Parte 3)

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Notas de Tradução:

[5] “Otoko no ko” (男の娘) é um trocadilho com a palavra para garoto “otoko no ko” (男の子), subsitui-se o kanji de “criança” pelo de “garota”. Poderia se traduzir para “trap” (“armadilha”, em inglês), um termo bem conhecido na internet que significa uma garota muito bonita, mas que na verdade é um cara. Eu preferi deixar o termo em japonês em virtude do trocadilho no kanji.

Esta é uma tradução de um post do blog Tamagomagogohan […]

Angela X Mada X Saki – Genshiken Cap. 65 (e um pouco do 64)

Nossa… já fazem dois meses desde a última vez que postei uma análise de um caítulo de Genshiken. E acreditem, não foi por minha culpa. Quer dizer, por um lado foi. Afinal, é culpa minha eu não saber japonês o suficiente para conseguir ler no original (e a falta de furigana em Genshiken torna tudo mais difícil). Mas a questão é que o tradutor tirou férias e com isso eu e outros fãs analfabetos no idioma japonês ficamos a ver navios. Recentemente ele retornou, mas ao mesmo tempo um outro grupo assumiu a tradução para o inglês e lançou os dois capítulos que faltavam, o 64 e o 65. E sendo assim, vamos a mais um encontro “O CAPÍTULO DE GENSHIKEN DESSE MÊS FOI INTERESSANTE” (eu tava precisando falar isso, rs)!

Quando comentei sobre o capítulo 63, lembro de ter ficado extremamente ansioso pelo capítulo 64. Seria finalmente o encontro da Ogiue “moderna” com uma antiga “inimiga” do seu passado “perturbado”. Pois esse encontro não aconteceu. Mas apesar deu ter ficado de certa forma frustrado, o duelo entre passadoXpresente se deu de uma forma bem interessante nesse capítulo. Porém, não vou me ater muito a ele no momento. Quero fazer um post específico envolvendo os acontecimentos do capítulo 64. Vamos direto para o final…

“Madarame tem… dedos muito bonitos, sabe?”

Com essa frase Kio Shimoku encerra o capítulo 64 deixando muitos fãs atentos para o que viria acontecer no capítulo seguinte. Eis então que leio o capítulo 65 e dessa vez não há frustração. Há pela primeira vez um real “conflito” Angela X Madarame.

É o 3º dia do Comic Festival, o dia dos doujinshis para homens, e a turma está toda junta (tirando Sasahara e Ogiue, que ainda está doente). Angela decide então dar em cima de Madarame, que graças à barreira do idioma fica meio perdido em tudo que está acontecendo. Hato percebe que seu senpai precisa de ajuda e abandona seu dever como cosplayer para ajudá-lo (deixando a Ohno bem triste no processo). No decorrer do capítulo, nós vemos dois núcleos. Uma conversa entre Hato e Madarame e outra entre Angela e Ohno. O assunto, obviamente é a inesperada (?) atitude de Angela.

Após comprarem todos os doujinshis que precisavam, Hato e Madarame sentam um pouco para relaxar. Hato então decide perguntar a Madarame o que ele acha a respeito da investida da Angela e ele tem uma reação um tanto interessante.

Madarame, através da sua nerdice extrema e da sua ilusão com a Kasukabe, nega que possa haver um interesse real por parte da Angela. Além disso, ele insiste em dizer que não tem interesse em garotas 3D, só 2D, mas Hato sabe a verdade sobre Kasukabe (ler capítulo 61).

Temos aí dois pontos. O primeiro é Madarame não conseguir entender como uma estrangeira, loira, extremamente gostosa, veria num cara como ele. Nesse ponto, meio que consigo criar uma certa ligação com o personagem se me lembrar de meus tempos na escola. Há pouco tempo fui a uma festa que reuniu muitos amigos dos meus tempos de 5ª-6ª série (hoje em dia 6º-7º ano, se não me engano). Nessa festa soube que uma menina era bastante interessada em mim nessa época. Haviam me falado a respeito, mas eu nunca dei bola pois não acreditei ser possível. Achei que era uma pegadinha de alguém. Acabou que não era, mas eu tinha 13-14 anos.

Mas o segundo ponto é bem mais relevante. Quem lê Genshiken sabe que Madarame nutre um romance pela Saki Kasukabe. Apesar deu achar a relação entre eles bem interessante, a coisa atingiu um patamar unicamente platônico. Não há mais espaço para eles como casal. Porém, Madarame não consegue ver isso e ainda anda com a Saki na cabeça quando se trata de assuntos do coração. E apesar de eu também conseguir me ligar a esse sentimento, acho que é hora dele pular esse obstáculo, principalmente com a Angela na linha de chegada.

Na outra extremidade temos a própria Angela. É real a indagação de porque ela é interessada no Madarame.

Bem, a própria explica que gosta de Madarame há algum tempo, desde que ele a ajudou a ler uma revista sobre animes na sala do Genshiken (cena que só foi mostrada no anime e nesse capítulo através de um “flashback”). Não há como saber ao certo o que a atraiu em Madarame, mas é certo que não parece ser um romance como o da Ogiue com o Sasahara, algo que foi crescendo e evoluindo.

Eu arrisco dizer que a Angela não quer uma certa profundidade ao buscar esse relacionamento com Madarame. Ela simplesmente parece ter uma queda por caras como ele, de certa forma desiludido e sem esperança em sua nerdice.

Na fala em que ela diz “Mas Saki se formou e Madarame ficou com o coração partido, certo? Você sabe o que eu penso? Madarame merece ser mais feliz” (imagem acima), ela deixa claro saber da paixão platônica dele e parece agir com um sentimento protetor para cima dele. Pode-se dizer que para a Angela, o Madarame é moe, na mais pura definição da palavra. E acreditem, não é a primeira vez que escuto isso.

O grande desfecho disso tudo é que eu estou do lado da Angela. Apesar de gostar da Saki e da relação MadaXSaki, sei que o melhor para ele seria ficar com a Angela. Pelo menos por enquanto. Espero que isso aconteça e que seja bem escrito.

Haverão pessoas que mais uma vez irão questionar o realismo da série dizendo ser mais uma obra em que “nerds babacões conquistam as garotas gostosas”. Mas se você tirar o olhar superficial da coisa e partir para uma análise mais profunda, há muita coisa a se tirar daí. Resta saber como Kio Shimoku vai trabalhar esse assunto que, de certa forma é delicado ao público otaku.

O final do capítulo, com Madarame encontrando Kousaka, com certeza vai ser um gancho para toda a memória da Saki dar voltas na cabeça dele e mais uma vez temos uma promessa de um capítulo interessante. Estarei no aguardo.

Nossa… já fazem dois meses desde a última vez que […]

A Onda de Mudança de Gerações no Âmbito da “Diversão” em Genshiken II Volume 1/ Genshiken Volume 10 (Parte 1)

INTRODUÇÃO:

Não há dúvida para quem visita o blog de que meu mangá favorito é Genshiken. É uma obra para a qual eu realmente gosto de gastar tempo e me dedicar a sua análise. Não só para entretenimento, mas para observar todo o fenômeno ao qual ela se refere, no caso, os otakus. Por todos esses anos pesquisando e analisando Genshiken eu aprendi muita coisa. Pouco já foi publicado aqui no Anikenkai.

Numa dessas pesquisas, me deparei com um texto do blog japonês Tamagomagogohan traduzido para inglês pelo meu colega blogueiro do Ogiue Maniax. Era um post onde o autor mostrava o que sentia para com essa segunda fase de Genshiken. Como eu achei o texto interessante e pertinente (principalmente agora que recebi minha cópia do Volume 10), pedi autorização para ambos e posto aqui o texto traduzido para meus leitores.

Para ler o texto, é bom conhecer Genshiken, mas mesmo que não conheça ou só tenha ouvido falar, é uma leitura válida sobre como um mangá pode continuar mesmo tento uma mudança relativamente drástica em seus protagonistas.

TRADUÇÃO:

Por se tratar de uma tradução do japonês, existem muitos termos que perderiam muito do sentido em uma tradução. Estes foram mantidos e uma nota foi adicionada a respeito deles ao final do post. Assim como certas citações.

As imagens usadas aqui foram usadas no post original, obviamente aqui traduzidas para o português para entendimento da maioria dos leitores.

Espero que gostem.

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Genshiken II [Nidaime] Volume 1 ou Genshiken Volume 10 saiu!

 

Bem… é…

Genshiken Volume 1 saiu em 2002.

Realmente já faz quase 10 anos…?

 

Quando Genshiken foi lançado, era comum compará-lo com Kyuukyoku Choujin R.[1].

Como obras individuais eles são completamente diferentes, e não há porque compará-los diretamente (brevemente, em R temos o Cluble de Fotografia, estudantes do Ensino Médio, e nenhum interesse otaku entre seus membros, enquanto que em Genshiken temos a Sociedade para o Estudo da Cultura Visual Moderna, estudantes universitários, e é baseada em um grupo de otakus). Porém, quando você olha para as diferentes faixas-etárias entre os membros e como há uma certa lacuna entre as gerações das obras na maneira como eles “trabalham” seus hobbies, a comparação acima fica mais fácil de entender do que poderia-se esperar. É sobre ver como eles gastam seu tempo livre se divertindo.

Isso foi tão discutido que eu já perdi a conta. Fez parte da história dos anos 2000.

No entanto, para os leitores mais novos, o mundo de R foi um certo tipo de fardo, e a razão é a presença opressora dos veteranos.

Eu amo Tosaka-senpai e o resto deles, mas se você me disser, “Eles são um incômodo”, eu não poderia negar.

Não só isso, mas por comparação, Madarame-senpai em Genshiken, é bem mais suave, seguindo uma filosofia de viver pacificamente a todo custo. Quando você olha para isso, é algo meio fofo, mas você também pode ver que a relação senpai-kouhai [veterano-calouro] é bem mais tênue.

Esse é a primeira lacuna entre as gerações.

E agora, esta é a segunda.

O número de pessoas que leram Genshiken e se tornaram otakus por causa dele aumentou.

Eu aposto que pessoas que acabaram de ler isso pensaram, “Pera aí, o que?”

Eles diriam, “’Se tornar’ um ‘otaku’? Isso não é algo que se decide da noite pro dia, não é mesmo?”

Está certo, mas durante os anos 2000, o sentido da palavra “otaku” se tornou incerto. Não mais significava que você era um “fora-da-lei”, e não mais tinha uma conotação negativa na cabeça das pessoas. Dito isso, tudo também depende de com quem você está falando.

A cartada final veio no dojinshi [fanzine] que Shinofusa Rokurou desenhou para a edição especial do Volume 9 (o volume final) de Genshiken. [2]

É basicamente isso. Eu acredito que há pessoas hoje que nunca leram ou viram Genshiken (já que está esgotado), mas vocês não vão se arrepender de lerem. O mesmo vale para Mozuya-san Gyakujousuru.[3]

Yasuhiko Yoshikazu[4] disse uma vez, “Para um cara como eu, que odeia otakus, Genshiken é um mangá cheio de amor aos otakus que foi feito para exterminar os otakus.” Sentimentos bem conflitantes esses, não é? Mas eu o entendo.

Hoje em dia existem cada vez mais pessoas que não são “bonitas apesar de serem otakus”, mas sim “bonitas enquanto são otakus.” Isso não tem a ver com aparência física, muito menos só resultado final do ressentimento; na verdade, o que mudou é que ser otaku agora significa que você está curtindo um “hobby divertido”. Genshiken é uma obra que foi desenhada estando relativamente consciente disso.

Não é minha intenção formular uma teoria de como as gerações são diferentes depois disso. Não importa o que eu diga, o importante é perguntar para si mesmo, “O que eu pessoalmente acho?” No entanto, eu acredito que o número de pessoas que podem sair e admitir “Eu sou otaku” aumentou.

Para alguém como eu que viveu na época de enclausuramento otaku e pensava, “eu não posso falar que sou um otaku”, isso é uma sensação bem estranha.

Mesmo assim, eu diria que o que temos agora é o situação mais saudável.

Esse contexto pode ser observado na maneira como Genshiken foi feito. A geração do Madarame consiste de otakus que são relativamente reclusos que tentam ocultar seus hobbies e não aspiram se mostrar aos outros quanto a isso.

Ohno ao mesmo tempo também esconde seu hobby, mas é o tipo de pessoa que quer poder compartilhar esse hobby com os outros.

Kousaka e Sue simplesmente e livremente mostram ao mundo quão otaku eles são e como eles curtem ser, enquanto Sasahara é o tipo de pessoa que “viu a luz” só após entrar na faculdade.

Eu costumava enxergar a existência do Kousaka como uma fantasia, mas eu percebi que pessoas como ele realmente existiam.

 

O Volume 9 saiu em 2006. Se passaram quase cinco anos.

Agora nós temos o Volume 10.

E nele os personagens são bem diferentes do que costumavam ser.

Se os tempos mudaram, os personagens em Genshiken também mudaram, em termos de onde eles vem e como seus pontos de vista são.

Daqui em diante vou escrever a respeito das respectiva perspectiva da nova personagem Yajima assim como a de Madarame.

 

(continua em breve na Parte 2)

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Notas de Tradução:

[1] Kyuukyoku Choujin R é um mangá de Yuuki Masami, publicado na Shounen Sunday de 1985-1987. O personagem principal era um robo adolescente chamado R. Tanaka Ichirou.

[2] Assim como o Volume 6, saiu uma edição especial do Volume 9 de Genshiken que veio com um doujinshi de bonus, diferente do Volume 6, ele não foi acoplado à edição americana do mangá.

[3] Mozuya-san Gyakujousuru é um mangá de Shinofusa Rokurou. Publicado na Monthly Afternoon (a mesma revista de Genshiken) desde 2008, é sobre uma garota com um transtorno bipolar cujo nome refere ao seu descobridor, Dr. Josef Tsundere.

[4] Designer de personagens para Mobile Suit Gundam e muitos outros animes. Atualmente desenha Gundam: The Origin.

INTRODUÇÃO: Não há dúvida para quem visita o blog de […]

A Onda de Mudança de Gerações no Âmbito da "Diversão" em Genshiken II Volume 1/ Genshiken Volume 10 (Parte 1)

INTRODUÇÃO:

Não há dúvida para quem visita o blog de que meu mangá favorito é Genshiken. É uma obra para a qual eu realmente gosto de gastar tempo e me dedicar a sua análise. Não só para entretenimento, mas para observar todo o fenômeno ao qual ela se refere, no caso, os otakus. Por todos esses anos pesquisando e analisando Genshiken eu aprendi muita coisa. Pouco já foi publicado aqui no Anikenkai.

Numa dessas pesquisas, me deparei com um texto do blog japonês Tamagomagogohan traduzido para inglês pelo meu colega blogueiro do Ogiue Maniax. Era um post onde o autor mostrava o que sentia para com essa segunda fase de Genshiken. Como eu achei o texto interessante e pertinente (principalmente agora que recebi minha cópia do Volume 10), pedi autorização para ambos e posto aqui o texto traduzido para meus leitores.

Para ler o texto, é bom conhecer Genshiken, mas mesmo que não conheça ou só tenha ouvido falar, é uma leitura válida sobre como um mangá pode continuar mesmo tento uma mudança relativamente drástica em seus protagonistas.

TRADUÇÃO:

Por se tratar de uma tradução do japonês, existem muitos termos que perderiam muito do sentido em uma tradução. Estes foram mantidos e uma nota foi adicionada a respeito deles ao final do post. Assim como certas citações.

As imagens usadas aqui foram usadas no post original, obviamente aqui traduzidas para o português para entendimento da maioria dos leitores.

Espero que gostem.

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Genshiken II [Nidaime] Volume 1 ou Genshiken Volume 10 saiu!

 

Bem… é…

Genshiken Volume 1 saiu em 2002.

Realmente já faz quase 10 anos…?

 

Quando Genshiken foi lançado, era comum compará-lo com Kyuukyoku Choujin R.[1].

Como obras individuais eles são completamente diferentes, e não há porque compará-los diretamente (brevemente, em R temos o Cluble de Fotografia, estudantes do Ensino Médio, e nenhum interesse otaku entre seus membros, enquanto que em Genshiken temos a Sociedade para o Estudo da Cultura Visual Moderna, estudantes universitários, e é baseada em um grupo de otakus). Porém, quando você olha para as diferentes faixas-etárias entre os membros e como há uma certa lacuna entre as gerações das obras na maneira como eles “trabalham” seus hobbies, a comparação acima fica mais fácil de entender do que poderia-se esperar. É sobre ver como eles gastam seu tempo livre se divertindo.

Isso foi tão discutido que eu já perdi a conta. Fez parte da história dos anos 2000.

No entanto, para os leitores mais novos, o mundo de R foi um certo tipo de fardo, e a razão é a presença opressora dos veteranos.

Eu amo Tosaka-senpai e o resto deles, mas se você me disser, “Eles são um incômodo”, eu não poderia negar.

Não só isso, mas por comparação, Madarame-senpai em Genshiken, é bem mais suave, seguindo uma filosofia de viver pacificamente a todo custo. Quando você olha para isso, é algo meio fofo, mas você também pode ver que a relação senpai-kouhai [veterano-calouro] é bem mais tênue.

Esse é a primeira lacuna entre as gerações.

E agora, esta é a segunda.

O número de pessoas que leram Genshiken e se tornaram otakus por causa dele aumentou.

Eu aposto que pessoas que acabaram de ler isso pensaram, “Pera aí, o que?”

Eles diriam, “’Se tornar’ um ‘otaku’? Isso não é algo que se decide da noite pro dia, não é mesmo?”

Está certo, mas durante os anos 2000, o sentido da palavra “otaku” se tornou incerto. Não mais significava que você era um “fora-da-lei”, e não mais tinha uma conotação negativa na cabeça das pessoas. Dito isso, tudo também depende de com quem você está falando.

A cartada final veio no dojinshi [fanzine] que Shinofusa Rokurou desenhou para a edição especial do Volume 9 (o volume final) de Genshiken. [2]

É basicamente isso. Eu acredito que há pessoas hoje que nunca leram ou viram Genshiken (já que está esgotado), mas vocês não vão se arrepender de lerem. O mesmo vale para Mozuya-san Gyakujousuru.[3]

Yasuhiko Yoshikazu[4] disse uma vez, “Para um cara como eu, que odeia otakus, Genshiken é um mangá cheio de amor aos otakus que foi feito para exterminar os otakus.” Sentimentos bem conflitantes esses, não é? Mas eu o entendo.

Hoje em dia existem cada vez mais pessoas que não são “bonitas apesar de serem otakus”, mas sim “bonitas enquanto são otakus.” Isso não tem a ver com aparência física, muito menos só resultado final do ressentimento; na verdade, o que mudou é que ser otaku agora significa que você está curtindo um “hobby divertido”. Genshiken é uma obra que foi desenhada estando relativamente consciente disso.

Não é minha intenção formular uma teoria de como as gerações são diferentes depois disso. Não importa o que eu diga, o importante é perguntar para si mesmo, “O que eu pessoalmente acho?” No entanto, eu acredito que o número de pessoas que podem sair e admitir “Eu sou otaku” aumentou.

Para alguém como eu que viveu na época de enclausuramento otaku e pensava, “eu não posso falar que sou um otaku”, isso é uma sensação bem estranha.

Mesmo assim, eu diria que o que temos agora é o situação mais saudável.

Esse contexto pode ser observado na maneira como Genshiken foi feito. A geração do Madarame consiste de otakus que são relativamente reclusos que tentam ocultar seus hobbies e não aspiram se mostrar aos outros quanto a isso.

Ohno ao mesmo tempo também esconde seu hobby, mas é o tipo de pessoa que quer poder compartilhar esse hobby com os outros.

Kousaka e Sue simplesmente e livremente mostram ao mundo quão otaku eles são e como eles curtem ser, enquanto Sasahara é o tipo de pessoa que “viu a luz” só após entrar na faculdade.

Eu costumava enxergar a existência do Kousaka como uma fantasia, mas eu percebi que pessoas como ele realmente existiam.

 

O Volume 9 saiu em 2006. Se passaram quase cinco anos.

Agora nós temos o Volume 10.

E nele os personagens são bem diferentes do que costumavam ser.

Se os tempos mudaram, os personagens em Genshiken também mudaram, em termos de onde eles vem e como seus pontos de vista são.

Daqui em diante vou escrever a respeito das respectiva perspectiva da nova personagem Yajima assim como a de Madarame.

 

(continua em breve na Parte 2)

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Notas de Tradução:

[1] Kyuukyoku Choujin R é um mangá de Yuuki Masami, publicado na Shounen Sunday de 1985-1987. O personagem principal era um robo adolescente chamado R. Tanaka Ichirou.

[2] Assim como o Volume 6, saiu uma edição especial do Volume 9 de Genshiken que veio com um doujinshi de bonus, diferente do Volume 6, ele não foi acoplado à edição americana do mangá.

[3] Mozuya-san Gyakujousuru é um mangá de Shinofusa Rokurou. Publicado na Monthly Afternoon (a mesma revista de Genshiken) desde 2008, é sobre uma garota com um transtorno bipolar cujo nome refere ao seu descobridor, Dr. Josef Tsundere.

[4] Designer de personagens para Mobile Suit Gundam e muitos outros animes. Atualmente desenha Gundam: The Origin.

INTRODUÇÃO: Não há dúvida para quem visita o blog de […]

Genshiken Vol. 10! Saiu a capa!

E saiu a capa do volume 10 de Genshiken que será lançado no Japão essa semana:

Junto do lançamento, teremos um evento em Akihabara em que várias lojas estarão com cartões postais contendo artes exclusivas! Uma pena eu não estar no Japão… mas se vocês souberem de alguém que esteja, por favor, me deem o contato dessa pessoa! Vamos ver se eu consigo um desses postais. Para mais informações e as artes desses cartões, vocês podem ver o post do Ogiue Maniax!

E saiu a capa do volume 10 de Genshiken que […]

A volta dos que não foram… – Genshiken Cap. 63

Eu tenho evitado vir postar no hype logo após ler um capítulo de Genshiken. Isso me faz segurar um pouco a empolgação e analisar melhor o que aconteceu no capítulo em questão. Sendo assim, posso dizer com clareza de que esse capítulo foi o mais “cheio” desde o início da “Era Nidaime”. Muita coisa acontecendo, muita coisa para se observar e um personagem retornando da cinzas.

Nesse capítulo, Ogiue está exausta depois de ter virado a noite trabalhando em um dojinshi extra para a Comiket. Sendo assim, ela manda Sue em seu lugar para tentar ter algumas horas a mais de sono. Yabusaki não fica nada contente com a substituição e muito menos com a fila que começa a se formar na frente do seu estande quando os portões se abrem. O motivo é a popularidade do mangá profissional da Ogiue, contrastando com o que ela havia colhido de feedback online e gerando uma invejinha saudável. No lado de fora da feira, Ohno, Angela, Hato, Yajima, Yoshitake, Tanaka e Kuchiki enfrentam a enorme fila desse primeiro dia de Comiket.

Descobrimos então que essa é a primeira vez de Hato na feira e que isso o está deixando tenso, afinal, ele está ali para comprar doujinshis BL e é um homem. Fingir ser uma mulher, como normalmente ele faz, pode causar muitos problemas em um ambiente como esse. Sendo assim, Ohno bola um plano B para Hato. Ele irá fazer cosplay… de um personagem feminino. Sim, cretino, mas como isso é algo “comum” no Japão, as pessoas entenderiam “melhor”. Seguindo a tradição do clube, Hato se fantasia de Yamada, uma personagem de Kujibiki Unbalance (a série fictícia favorita dos membros do Genshiken).

O capítulo termina com uma figura conhecida dos leitores retornando: Nakajima.

Para começar com as análises, somos apresentados à leitura oficial do primeiro nome do pseudônimo da Ogiue, Ogino. Outra observação linguística da série, é a evolução do vocabulário da Sue. Todos lembramos que quando ela apareceu pela primeira vez, seu domínio da língua japonesa se limitava a citações de animes. Em sua segunda aparição, ela já estava bem melhor em seu aprendizado, mas ainda era extremamente limitado. Quando ela decidiu ir estudar no Japão, tivemos uma significativa evolução, com ela podendo se comunicar tranquilamente sem ter que citar animes o tempo todo. Porém, o autor decidiu por colocar todas as suas falas em katakana representando assim seu sotaque estrangeiro e sua “não-fluência” na língua. Porém, pelo pouco que eu pude observar, tivemos vários momentos em que as falas da Sue são escritas em hiragana, não em sua totalidade, mas palavras específicas. Ao que parece seu desenvolvimento vem se acelerando recentemente, um reflexo da vivência da personagem no ambiente nativo da língua.

Outra análise fica a cargo da ideia que Hato tem na diferença entre cosplay e crossdressing. Impressionante como ele fica mais tenso quando está de cosplay. Pois ali ele se entende como um homem fantasiado de uma personagem feminina tentando enganar homens e mulheres para tornar o ato dele comprar doujinshis BL menos embaraçoso. Diferente de quando ele se veste de mulher e assume tal personalidade, inclusive com mudança de voz. Naquele momento é como se um segundo Hato o tivesse “possuído”. Mas detalhes da mente “Hatoniana” já foram analisados no post do capítulo 61.

Temos ainda a escolha dos cosplays da Ohno e da Angela. Elas se fantasiaram das versões angelicais das protagonistas do anime “Panty & Stocking with Gaterbelt” da GAINAX. E é curioso como a personalidade de ambas se ajusta de certa forma às personagens em questão. Angela sempre deu a impressão de ser bem mais sexualmente ativa do que os outros membros do Genshiken, assim como Panty. Ohno tem um gosto um tanto estranho para homens, carecas e mais velhos, Stocking também tem lá seus problemas com o sexo masculino. E se querem uma análise mais “física”, como bem lembrou Ogiue Maniax, os peitos da Stocking são maiores do que os da Panty, assim como os da Ohno são curiosamente maiores do que os da Angela (afinal a lógica diria que os da americana seriam maiores que os da japonesa).

Porém, apesar deu gostar dessas curiosidades, isso tudo fica em segundo plano ao chegarmos ao final do capítulo e o retorno da Nakajima. Da última vez que ela apareceu na série, foi como um furacão na cabeça da Ogiue. Na época o passado dela ainda a assombrava e sua insegurança era enorme consigo mesma e com todos ao seu redor. A presença da “amiga” a fez reviver tudo aquilo trazendo grandes tormentos de volta. A Ogiue se desenvolveu, cresceu e amadureceu e é bem diferente da da época, mas mesmo assim, nunca houve um confronto direto com a Nakajima. E isso irá acontecer no próximo capítulo. Não consigo esconder minha empolgação para isso. Posso dizer que o capítulo 64 será um dos mais aguardados por mim em toda a série. Não vejo a hora de lê-lo.

Eu tenho evitado vir postar no hype logo após ler […]

Ataque Cardíaco – Genshiken Cap. 62

E após o esperado, porém mesmo assim sensacional, anúncio de que Genshiken voltou a ser uma série permanente da Afternoon e não mais uma serilialização limitada, eu li esse capítulo com um sorriso de ponta a ponta. Achava que nada poderia aumentar ainda esse sorriso que deixaria o Coringa intrigado. Porém, aconteceu. Mas vamos por partes.

No capítulo desse mês, Angela volta para sua 3ª visita ao Japão. Porém, não podia ser num momento pior pois ninguém está no Genshiken. Kuchiki está concentrado criando planos mirabolantes para comprar todos os dojinshis que quer no pouco tempo que dispõe na Comiket. O resto está na casa da Ogiue ajudando-a a terminar a segunda metade do seu mangá de estreia. Ela está atrasada com o trabalho graças ao dojinshi de Full Metal Alchemist que fez para a Comiket em parceria com a Yabusaki (como visto no capítulo 61).

O problema começa quando, depois de dias e dias de trabalho ininterrupto, Hato começa a perceber que sua barba está crescendo e ele não consegue se concentrar no mangá pois não aceita isso estar acontecendo enquanto ele está vestido de mulher. Para resolver o problema, eles usam os cosplays que a Ohno deixou na casa da Ogiue (também como visto no capítulo 61). Todos então decidem entrar na festa e fazerem cosplay… inclusive a Ogiue.

Para começar, nesse capítulo ficamos sabendo do nome completo dos novos personagens: Hato Kenjirou (波戸賢二郎), Yoshitake Rika ( 吉武莉華 ) e Yajima Mirei ( 矢島美怜 ). Isso por si só já valeu a leitura. No entanto, confesso que não gostei de termos mais um capítulo centrado no Hato, ou pelo menos impulsionado por ele. Temos outros personagens tão interessantes quanto para Kio Shimoku falar sobre.

Interessante observarmos também o cosplay escolhido por Ohno para Yajima. O mais revelador e constrangedor de todos. Totalmente contra a personalidade da mesma. Dá para traçarmos um paralelo com as primeiras aparições da Ogiue. Ao vermos a Yajima usando o cosplay, percebemos que ela tem um busto bem mais avantajado que as demais e que ela usa aquelas roupas largas e masculinas para esconder o corpo por vergonha. Bem parecido com as origens da Ogiue. Proposital ou não, Yoshitake está usando um cosplay exatamente oposto. Ela, que não tem vergonha de mostrar sua feminilidade, faz cosplay de uma personagem que tem esse problema.

Os cosplays escolhidos para o Hato acabaram não adiantando para muita coisa, já que eram todos de personagens cross-dressers. Temos aí um indicativo dos “planos” da Ohno para o novo integrante. Ele seria uma espécie de substituto do Kousaka, namorado da Kasukabe, que em dado momento quebrou um galho e vestiu um cosplay feminino na Comiket intrigando a todos os presentes.

O cosplay da Sue também ficou ótimo e bem apropriado, mas nenhum deles vence do cosplay da Ogiue. E quando eu vi quase tive um ataque-cardíaco. Já não bastava o cosplay da Yoshitake, me vem esse da Ogiue. Parece que foi um capítulo direcionado a minha pessoa. Não poderia ter sido uma escolha melhor. Azusa. Sim, a Ogiue se vestiu de Azusa de K-ON. Obrigado, Kio Shimoku, por esse presente.

Vamos esperar agora mais um mês para o próximo capítulo chegar e torcer para que deixem o Hato um pouco de lado para focar na Angela que acabou de voltar ao Japão. Para terminar, fica abaixo os cosplays mostrados nesse capítulo e as personagens correspondentes. Obrigado ao Ogiue Maniax por fazer essa pesquisa.

Yajima: Yagyuu Juubee Mitsuyoshi, a voluptuosa heroína de Sekiganjuu Mitsuyoshi.

Hato: Ashikaga Yuuki, o personagem cross-dresser da sequencia de School Days, Cross Days.

Yoshitake: Kurashita Tsukimi, a adoradora de águas vivas de Kuragehime e vencedora do prêmio de melhor personagem feminino do Anikenkai Awards 2010.

Sue: O personagem principal de Comic Master J, um super-assistente.

Ogiue: Nakano Azusa, a mais novinha das integrantes do Hokagu Tea Time em K-ON!

E após o esperado, porém mesmo assim sensacional, anúncio de […]

Minhas suspeitas estavam CORRETAS! GENSHIKEN CONTINUA!

Desde o capítulo 59, não estava mais presente a tag “serializado por tempo limitado” nos capítulos de Genshiken Nidaime. Eu percebi isso e já comecei a cantar a bola de que o departamento editorial da revista mensal Afternoon estava querendo colocar a série de volta como “serialização permanente”.

Com a divulgação do capítulo dessa semana, essas minhas suspeitas se concretizaram! Logo na primeira página do capítulo desse mês…

EXCELENTE NOTÍCIA! E se não fosse o bastante, foi anunciado o primeiro volume a ser lançado dessa nova fase…

VOLUME 10! E NÃO GENSHIKEN NIDAIME #1!! Mais uma EXCELENTE notícia! Genshiken será continuado mesmo. Isso me deixa muito feliz como fã! Depois de 5 anos a série volta com tanta força assim! Valeu, Afternoon! Valeu, Kio Shimoku!

Aguardem mais comentários sobre esse capítulo em breve!

Desde o capítulo 59, não estava mais presente a tag […]

A Dualidade do Otaku – Genshiken Cap. 61

E cá estou eu, com um atraso de mais de 10 dias, postando a respeito do último capítulo de Genshiken que saiu no final do mês passado. Apesar do carnaval ter colaborado, não foi ele o único motivo deu não ter feito esse post até agora. Quem costuma ler o blog sabe que Genshiken é uma série com a qual eu me importo bastante e antes de escrever qualquer coisa a respeito dela eu costumo pensar bastante. Porque uma vez escrito, lá ela estará. Eu posso editar, apagar, fazer o que eu quiser, mas a mensagem provavelmente já passou para umas centenas de pessoas. Mas o momento de reflexão já passou e o que eu quero agora é falar sobre Genshiken! Vamos lá…

Nesse capítulo 61, intitulado “Daydream Believer”, igual à música dos The Monkeeys, que facilmente pode ser usada como trilha sonora em sua leitura. Digo isso porque uma tradução para esse título seria “sonhar acordado” e é basicamente o que vemos Hato fazer durante uma de suas visitas à casa de Madarame para se trocar. Mas vamos deixar isso para depois e começar falando da Ogiue, que também teve uma participação nesse capítulo.

Juntamente com a Sue, ela está conversando com Yabusaki e Asada. Curiosamente, o cenário que vemos é que Yabusaki agora se considera parceira da Ogiue nos doujinshis, mesmo ela não sabendo nada a respeito disso. O motivo? Ogiue disse que estaria fazendo um doujinshi para comemorar o final de Haregan (que para os que não entenderam é uma clara referencia ao final de Hagaren, Full Metal Alchemist). O grande problema, como vimos há alguns capítulos, é que ela, além do doujinshi, tem que terminar o manuscrito para sua serialização. A capacidade para desenhar da Ogiue é incrível, mas a grande questão é sua paixão e sua “Fujoshice”. Como vemos no último quadrinho do capítulo, ela se deixa levar facilmente por sua paixão. Não sabemos quanto isso pode influenciar na sua vida profissional.

Durante a discussão, ela deixa escapar “Hato-kun”, sendo esse o sufixo para homens, Yabusaki pergunta se um homem entrou para o Genshiken dessa vez, e Ogiue imediatamente tenta remediar falando que confundiu e que é “Hato-san” mesmo, um sufixo mais genérico e inventou uma desculpa qualquer. Eles sabem do problema que será quando descobrirem quem de fato é o Hato, assunto discutido previamente em outro capítulo.

Mas é aí que Hato é introduzido no capítulo e o foco passa a ser ele. Como eu já venho falando, não sou muito fã dessa linha que Kio Shimoku está tomando ao destacar demais o Hato dentre os outros novatos, mas esse capítulo foi interessante. Foi interessante porque serviu como um bom complemento para o capítulo anterior onde o Hato revela que faz cross-dressing para poder observar o Yaoi de uma outra perspectiva. Perspectiva essa que nesse capítulo foi materializada na forma de um versão do Hato com peruca, peitos e que flutua pelada por aí acompanhando o mesmo.

Conforme Hato vai entrando no apartamento de Madarame, como de rotina, a cabeça da fantasminha explode com suas análises da situação e do possível cenário BL que estava se formando. Hato, após um banho, acaba adormecendo na cama de Madarame e quando este chega ele se sente extremamente envergonhado com a situação, muito disso derivante dos pensamentos de seu alter-ego flutuante.

Porém, Madarame consegue acalmar o rapaz e comenta o fato dessa ser a primeira vez que vê Hato vestido como homem. Para compensar a arrumação que o Hato faz costumeiramente no apartamento, Madarame decide cozinhar jantar para eles. Conversa vai, conversa bem e a cabeça de Hato começa a funcionar. Ele passa a considerar a possibilidade de que Madarame esteja realmente requerendo algo com ele e isso o perturba.

Hato então para a conversa e afirma para Madarame que não é gay. Madarame sem entender a afirmação, fica sem resposta. Quando indagado ele simplesmente fala o que pensava: BL e cross-dressing eram só o hobby de Hato e que ele em momento algum considerou a possibilidade dele ser gay. E mesmo após o Hato tendo jogado mais uma pergunta capciosa, ele simplesmente rebate com o fato de que ele não pensou em fazer com ou receber nada do Hato pois ele estava vestido como um homem. A conversa termina e Madarame está dormindo. Mesmo apesar da insistência do fantasminha para que algo aconteça, Hato se recusa, afinal ele não “joga nesse time”.

Todo esse cenário foi criado para mostrar justamente a dualidade do personagem. Como é possível alguém gostar de Yaoi da maneira que o Hato gosta e ainda afirmar que não é gay? Dá realmente pra separar esse tipo de coisa? Se encaramos o fantasminha como o sub-consciente de Hato, ele mesmo fica na dúvida se ele é ou não gay. De fato, um prato cheio para psicólogos de plantão, mas ainda mais uma discussão para o fandom no geral. Uma situação dessas é possível?

Essa situação me fez reforçar minhas esperanças na habilidade de Kio Shimoku como autor. Mesmo ainda achando que ele poderia aproveitar mais os outros personagens também, fiquei feliz com o rumo que esse “arco” com o Hato tomou. Principalmente com a cena final onde Hato esbarra numa estante e encontra as fotos da Kasukabe que o Madarame guarda. É aí que a fantasminha entra e diz que é o “tipo de moe que dá pena”. Hato então se vira e diz que ela “não entende os mistérios do coração dos homens”. É curioso pois ela é ele afinal.

Uma coisa é certa ao final de tudo isso. Kio Shimoku ainda consegue escrever histórias que nos fazem pensar e a indagarmos a nós mesmos. E e isso que eu gosto em Genshiken, o seu enorme poder de meta-linguagem e reflexão em cima de uma cultura.

E cá estou eu, com um atraso de mais de […]

Capítulo 60: Nova peruca, mesmas perguntas…

Olá a todos e cá estou eu para comentar o mais novo capítulo de Genshiken, o de número 60. Porém, antes de começar, gostaria de esclarecer que eu não esqueci de comentar o capítulo 59, eu só não comentei mesmo. Há vezes em que você lê um capítulo e a sua melhor arma é o silêncio. Porém, se quiserem ler um bom post a respeito do capítulo em questão, podem contar sempre com o Ogiue Maniax (em inglês).

Contrariando todas as espectativas dos fãs ao redor do mundo, o capítulo 60 não nos trouxe uma história centrada na Ogiue, mas sim no Hato. O curioso dessa decisão é que praticamente todas os capítulos dessa segunda fase rodaram, de certa forma, ao redor do personagem e só agora Kio Shimoku resolveu desenvolvê-lo um pouco.

Ogiue está prester a ter seu primeiro mangá publicado e está correndo contra o tempo. Para entregar antes do deadline, ela conta com a ajuda dos novos membros, e da Sue, na finalização das páginas. Nesse momento nós podemos observar novamente a insegurança de Yajima quanto a suas habilidades artísticas e sociais. Ela novamente se compara com Hato e afirma que ele é perfeito em tudo. É mais bonito que ela e desenha muito melhor que ela, além de ser uma pessoa carismática e que luta Judô. É interessante perceber que ela sabe que tem esse complexo de inferioridade e que o Hato simplesmente o potencializa.

No outro dia, durante uma conversa entre Yajima e Yoshitake, um rapaz se aproxima e pergunta a respeito da misteriosa menina de cabelos marrons que só aparece a tarde na faculdade. Isso as leva correndo para o apartamento da Ogiue para repassar o ocorrido. Porém, ao chegar lá, Hato está usando uma nova peruca e isso serve como catalizador da pergunta central desse capítulo, frente aos problemas que ele vem causando ao clube: Por que o Hato se veste de mulher?

A primeira explicação de Hato é de que ele decidiu se vestir de mulher na faculdade pois na época do colégio ele foi perseguido e maltratado ao se revelar um garoto que gostava de yaoi, um “Fudanshi”. Se vestindo de mulher ele seria mais facilmente aceito em um clube tipo o Genshiken, onde ele poderia conversar e “praticar” o seu hobby tranquilamente. Ou seja… Hato não é um transsexual. Ele não quer ser uma mulher por causa de um conflito interno de gêneros ou algo do tipo, mas sim por aceitação.

É curiosa aqui a reação da Yajima. Frente a toda essa explicação, a palavra que martelou sua cabeça foi “perseguido”. Ela provavelmente deve saber o que é isso e provavelmente já sofreu isso no passado. Arrisco dizer que sua personalidade fechada e seu complexo de inferioridade derivam de perseguição dos colegas de escola na infância. A tão crítica Yajima agora se sente totalmente culpada e isso acentua ainda mais seu complexo já que ela se sente ainda pior por ter sido movida por um ciúme besta.

Porém, ela tira forças para mais uma pergunta: Se todos do Genshiken já sabem que ele é um homem e não têm nenhum problema quanto a isso, não há motivos para ele se vestir de mulher mais. Então porque ele continua?

Nesse momento, quem responde não é Hato, mas sim Yoshitake. Usando de sua perspicácia, uma característica um tanto incomum no meio em que ela se encontra, ela revela o motivo: Começou a ficar divertido. Numa espécie de “fetiche”, citando clássicas histórias de “troca-de-corpo”, como algo que ela acredita que os homens fantasiam constantemente. Como ele se viu transformado em uma mulher tão bonita, ele não iria parar.

Com essa explicação, Yajima surta pois uma completa idiotice como essa está causando vários problemas. Mas Hato interrompe e diz que não é só isso. Que ao se vestir de mulher ele consegue se ver por um outro ângulo, inclusive sua “relação” como Madarame, explorada no capítulo anterior. Na verdade, isso pode, graças a Deus, mudar a ideia de que o Madarame chegou a propor um certo “interesse” em Hato sem “motivo”, parece que Hato influenciou aquilo… mas é melhor deixarmos isso de lado.

Por fim, fica no ar a questão do gênero. Que por mais que Hato seja uma garota perfeita, a Yajima ainda o vê como homem. É claro que a Yoshitake não pôde perder a oportunidade de dar uma alfinetada e dizer que foi por causa do que a Yajima viu no capítulo 58 embaixo do vestido do rapaz.

Para finalizar, Ogiue. Como meu colega do Ogiue Maniax bem lembrou, eu já vi essa cena em algum lugar…

Capítulo 47 / Capítulo 60

Ah… referências… até a próxima.

Olá a todos e cá estou eu para comentar o […]