REVIEW: Gugure! Kokkuri-san

60223lAcompanhar Gugure! Kokkuri-san foi sem dúvida muito prazeroso. Um mês se passou desde a conclusão de seu anime e ainda sinto saudades. Com um humor sensacional, adaptando perfeitamente o estilo 4-koma (tirinhas de quatro painéis) para anime, Gugure! se mostrou uma ótima comédia, mas percebi uma outra face da obra que merece ser comentada mais a fundo…

Por mais episódico que tenha sido, ao final eu tive certeza de que cada episódio foi um passo adiante na missão de nos passar a seguinte mensagem: a importância da família. Não apenas Kohina, nossa pequena heroína, vivia uma vida solitária no início da história, mas sim todos os personagens. Por mais que a aproximação dos personagens tenha ocorrido de maneira casual e divertida, afinal Gugure! é uma comédia, acho importante apontar que a permanência de cada um deles na vida um do outro não foi trivial – divertido para nós, espectadores, mas com certeza cansativo para eles!

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Em meio a tantas confusões, problemas e discussões, por que aqueles personagens tão diferentes se mantinham unidos? Obviamente o amor pela Kohina foi a razão primeira que fez com que eles se conhecessem, mas é percebível que cada um, à sua maneira e de acordo com suas necessidades, realizavam um esforço individual em não destruir a instável teia de relacionamentos que haviam conseguido criar em torno da Kohina. Naturalmente, em especial os quatro principais (Kohina, Kokkuri-san, Inugami e Shigaraki), os personagens passam a viver como uma família. Desta maneira, assim como em uma família amorosa, os atritos e diferenças são colocados de lado em prol do bem comum da casa.

Sem impor essa compreensão para o espectador, Gugure! sutilmente produziu uma organização familiar padrão (pai, mãe, criança e bicho de estimação), ainda que os personagens sejam o mais longe do convencional possível. Esse é provavelmente o maior charme do anime pra mim, conseguir convencer que uma raposa, um tanuki, um espírito amaldiçoado de um cão (sim, a lenda do Inugami é pesada assim) e uma garotinha poderiam formar uma família tão linda e especial.

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Desde o princípio Kokkuri-san foi representado de maneira bem maternal, cuidadoso com o lar e super dedicado à criação da Kohina, exatamente como uma tradicional dona de casa japonesa. Seu laço com a Kohina desde o primeiro episódio se mostrou muito forte, mas assim que os demais personagens foram surgindo, comecei a suspeitar que havia a intenção de trabalhá-los como uma família, ainda que sem mencionar isso diretamente. Um episódio justificou minha expectativa muito bem:  o episódio 6, “Kohina, o ciclope e Shigaraki!”.

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Neste episódio, um filhote de ciclope é atraído pela sensibilidade de Kohina até ela e, graças à fofura do monstrinho, ela decide cuidar dele. Inugami se sente rejeitado (assim como qualquer cachorro se sentiria) e Kokkuri-san se opõe à atitude de Kohina e a proíbe de manter o monstrinho (como uma mãe superprotetora). Shigaraki, no entanto, deposita um voto de confiança em Kohina, permitindo que ela cuide do ciclope escondido de Kokkuri-san. O tanuki assume a exata postura de um pai, se mostrando mais propenso a aceitar a independência dos filhos, mas ainda assim ficando por perto para protegê-la caso algo de ruim aconteça. E ele, de fato, a protege – ganhando a cicatriz no rosto, a maior prova de seu sentimento paternal quanto à Kohina.

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Em resumo, Shigaraki pode até ser um imprestável que não trabalha e bebe o dia inteiro, mas é um homem (ou melhor, tanuki) de bom coração, que demonstra carinho e cuida de sua “filhinha” Kohina. Para não comentar sobre o episódio 8, em que seu interesse pelo Kokkuri-san (a “mãe”) é explicitamente apresentado… Como se não bastasse tantos indícios, ainda tivemos o hilário episódio 11, em que todos bebem a água rejuvenescedora de Kokkuri-san e se transformam em crianças, resultando em uma Kohina desesperada cuidando dos bebês.

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Ainda que de maneira casual, o episódio mostrou como a inversão dos papéis pode ser doloroso para uma criança. Kohina, que era cuidada por eles, agora precisaria cuidar de seus pais e cachorrinho. Claro que uma confusão dessas deixaria qualquer um desestabilizado e o foco com certeza foi na comédia, assim como no anime por um todo, mas eu realmente gostei dessas mensagens subentendidas, de ver essa família sendo construída e testada de tantas maneiras diferentes. Gugure! Kokkuri-san não foi simplesmente um anime muitíssimo divertido de acompanhar, mas apresentou também personagens queridos, de maneira que no último episódio tudo que eu conseguia pensar era “espero que sejam felizes, continuem assim”.

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Ao fim, uma certeza: eu, pelo menos, quero mais Gugure! Kokkuri-san. Alguém mais na torcida por uma nova temporada?

Sobre Clara

Sou apaixonada por quadrinhos desde que me entendo por gente, mas desenhar tem espaço no meu coração há mais tempo ainda. Nas horas vagas, costumo ler, assistir anime e fingir que toco piano. Quando não estou tendo pesadelos, estou sonhando com as figures que nunca terei. </3

Acompanhar Gugure! Kokkuri-san foi sem dúvida muito prazeroso. Um mês […]

2 thoughts on “REVIEW: Gugure! Kokkuri-san”

  1. Foi muito divertido acompanhar essa turminha do barulho aprontando altas confusões semana após semana. Kokkuri-san foi uma das melhores coisas que assisti ano passado, gugure kokkuri-san é amor S2.

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