Review: Lúcifer e o Martelo – Vol. 01 (JBC)

Há muito já se fala sobre Lúcifer e o Martelo, também conhecido como Hoshi no Samidare. Falam o suficiente para eu já poder tranquilamente considerá-lo um “clássico cult” no meio dos mangás. Por causa disso, fiquei bem surpreso quando a JBC anunciou que traria o título para o Brasil. Uma aposta arriscada que agora podemos ver se valeu a pena ou não.

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Um dia, o jovem antissocial Yuuhi Amamiya acorda e encontra um lagarto falante chamado Noi em seu quarto dizendo que precisa da ajuda dele, um suposto cavaleiro, para ajudar a princesa a impedir a destruição do mundo.

Peraí… para tudo… WHAT?

Bem, assim como nós, Yuuhi também achou aquilo tudo uma completa alucinação… até descobrir que o lagarto era real e que a ameaça da destruição do mundo também era. Porém, para ele, tanto faz tanto fez o mundo ser destruído. Seria até melhor que fosse. Sendo assim, ele se nega a ajudar Noi. Isso até ele conhecer a princesa Samidare, que todo esse tempo tinha sido sua vizinha. Mas não vá pensando que ele se apaixonou por ela e decidiu se unir para salvar o mundo. Não. O fato é que, assim como ele, a princesa também quer destruir o mundo, mas não quer deixar que um grande martelo gigante enviado pelo poderoso Animus faça isso no lugar dela.

A graça de Lúcifer e o Martelo está aí, na constante quebra de expectativa que o mangá nos entrega. Afinal, em uma olhada superficial, ele não parece nada além de mais um shonen de batalha na qual um menino “comum” é jogado em uma batalha para salvar o mundo ajudando uma princesa pela qual ele provavelmente se apaixonará no final. Todos os cenários e situações clichês do gênero estão lá. Mas é só ler, mesmo que apensar esse primeiro volume, e ver que a coisa não é bem assim.

Lúcifer e o Martelo se mostra como uma sátira do próprio gênero em que ele está inserido. Para começar, ele foi publicado em uma revista seinen, o que já causa um certo estranhamento. Coloque no plot então uma princesa que quer salvar o mundo para destruí-lo depois e um herói que só está junto dela porque compartilha dessa sua vontade e temos nossa sátira.

>> Poucas palavras #06: Prophecy, Lúcifer e o Martelo e Sailor Moon – Editora JBC — No Gyabbo

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E ela é boa, não tenho como negar isso. É engraçado e até certo ponto revoltante o fato de o tempo todo o protagonista dar um tapa na cara da sua expectativa. Não é incomum ver relatos de pessoas que não o suportam e posso dizer que nem eu mesmo gosto dele, mas de alguma forma tudo aquilo ali, toda aquela quebra de expectativa e o cenário nonsense, se encaixa. É legal ver como o Noi é quase que uma representação do leitor na história. Ele quer que o Yuuhi siga o seu dever de proteger a princesa e salvar o mundo, só que isso não acontece. É um conceito interessante.

No entanto, o maior inimigo, e maior amigo, de Lúcifer e o Martelo pode ser sua popularidade.

Muitos irão atrás do mangá graças ao que se fala dele internet a fora. Eu mesmo tomei conhecimento dele pelo quanto as pessoas falavam para eu lê-lo. Porém, esse primeiro volume ficou muito longe da MASTERPIECE que as pessoas caracterizam esse mangá como. Sim, eu sei que é injusto definir toda uma obra apenas pelo primeiro volume, mas é isso que eu tenho em mãos no momento e, nos 8 capítulos que fazem parte desse volume eu não vi motivo para tanto hype em cima dessa série. Os personagens não me conquistaram, não ainda, as situações mostradas ainda não me impressionaram…

Porém, como eu mesmo disse, a popularidade do mangá também é sua maior amiga. Por causa dela, eu estou disposto a continuar a lê-lo e acho que todos também deveriam. Pode ser que quebremos a cara. Pode ser que, de fato, o mangá não esteja a par da sua fama, mas algo me diz que vale a pena tentar. Esse primeiro volume me fez, pelo menos, querer ir para o volume seguinte. Não porque a história ou os personagens me deixaram doido para saber o que está por vir, mas porque eu sei que se eu parar aqui posso perder um excelente mangá.

É uma situação ruim, que eu não gosto de estar quando leio um mangá. Gosto de ler algo que me agrada do começo ao fim, mas as vezes é preciso arriscar um pouco e, com Lúcifer e o Martelo eu estou disposto a fazê-lo. Daqui a algumas edições saberemos se eu fiz uma escolha certa ou não. Eu quero acreditar que o mangá é mais do que ele se mostrou nesse volume, foi assim que me venderam. Conto com isso.

No mais, a JBC fez um excelente trabalho de edição, trazendo páginas coloridas, bom papel e um prefácio exclusivo para a edição brasileira escrita pelo autor da obra, Satoshi Mizukami, algo que eu achei bem legal, devo confessar. O mangá será publicado em 10 volumes, como no original, mensalmente e custando R$13,90. Fico na espera dos próximos volumes, vamos ver para onde isso está indo.

Sobre Diogo Prado

Tradutor, professor, host do Anikencast, apaixonado por quadrinhos, apreciador de jogos eletrônicos e precoce entendedor de animação japonesa.

Você pode me achar no twitter em @didcart.

Há muito já se fala sobre Lúcifer e o Martelo, […]

7 thoughts on “Review: Lúcifer e o Martelo – Vol. 01 (JBC)”

  1. Estou na mesma expectativa que você. Como ouvi falar muito bem do mangá, vou continuar comprando os volumes. Pessoalmente, gostei do primeiro volume, mas não vi nada tão impressionante como dizem por aí. Espero que eu quebre a cara.

  2. Comigo foi o contrário. Nunca nem tinha ouvido falar do manga, então comprei sem nenhuma expectativa e acabei fisgado. Simplesmente adorei o manga, a falta de vontade do protagonista, o desespero do Noi e a graça da Samidare. Até as piadas com calcinha me agradaram, por incrível que pareça.
    Eu, pelo menos, recomendo bastante, justamente por ser um manga diferente do que se esperaria.

  3. Assim como você, o hype dos fãs da obra me fez esperar algo incrivelmente bom, mas na realidade nesse primeiro volume temos apenas um bom mangá. Confesso que simpatizei com o universo e os personagens e também tive a sensação de que continuar a colecionar e ler é o correto, porque posso perder uma boa história.

    Vamos aguardar o volume 2 e ver se realmente é tudo isso.

  4. Eu também não gostei tanto no começo devido ao hype, mas depois o mangá sobe muito. Hoshi no Samidare é um mangá que alguém tem que entrar sem hype nenhum, pq assim vc gosta mais desse comecinho.

  5. O início dele é um pouco lento mesmo, a partir do segundo volume ele melhora, ele não tem grandes picos de qualidade, ele vai mantendo uma constante de desenvolvimento sem parar até o final que é muito bom.

    1. Acho que isso define bem a coisa, ele é uma linha pra cima na qualidade, mas possui pouquíssimos momentos “de pico”. Eu acho isso muito bom.

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