Jogo do Rei #01 (JBC) – Avaliando Ousama Game

Jogo do Rei 01 Capa.indd A Editora JBC tem apostado bastante no gênero de suspense. Em 2013 a editora trouxe Another, O Senhor dos Espinhos e, agora, Jogo do Rei, nome escolhido pela editora para o mangá Ousama Game, publicado em 5 volumes entre 2011 e 2012 pela editora Futabansha, que você pode conhecer por ter sido a casa de mangás como Bokuman (não confundir com Bakuman) e a adaptação de Oldboy.

Porém, independentemente de onde e quando esse mangá foi publicado, ele agora está disponível nas bancas brasileiras e eu pude dar uma conferida no que ele oferece.

A história não oferece nada de muito original. Um dia, a turma B do 1º ano do Colégio Provincial Tamaoka recebe em conjunto uma mensagem avisando que todos agora estavam participando do “Jogo do Rei”. Uma espécie de “O mestre mandou…” onde o tal “Rei” enviaria um comando para algum aluno e este deveria realizá-lo em até 24h. Caso não o fizesse, sofreria uma punição. No entanto, o que a princípio era uma brincadeira como outra qualquer acaba tomando proporções perigosas quando os comandos começam a ficar estranhos e alunos começam a morrer por não os cumprirem.

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Durante todo esse primeiro volume o autor se dedica a nos ambientar nessa “brincadeira”. Se dedica tanto que a coisa toda fica um tanto repetitiva. Podemos relevar pelo fato de que os próprios personagens estão também sem saber ao certo no que se meteram, mas ainda assim, faltou algo nesse primeiro volume que realmente chamasse a atenção. Chamar atenção na história porque na arte…

No quesito do traço, Jogo do Rei chama a atenção por sua semelhança com o traço de Takeshi Obata (Death Note, Bakuman, Hikaru no Go). Existem algumas teorias para essa semelhança, mas nenhuma foi, de fato, provada. O que se sabe é que ainda que parecido, o traço é bem bonito, apesar de apelar bastante para o clichê “linhas de ação + escurecimento + olhos esbugalhados”. Ainda assim, diria que nesse quesito o saldo é bastante positivo, mas pode ser uma decepção para quem esperava algo no estilo da capa.

Mas voltando à história, é importante ressaltarmos que ela é uma adaptação de um romance para celular, “livros” escritos diretamente para aparelhos celulares, algo bem comum no Japão (e que eu confesso não entender como faz tanto sucesso). Por causa disso é compreensível a falta de profundidade dos personagens. O que importa ali é a situação em que eles estão envolvidos, não eles mesmos. Os relacionamento entre eles é raso e baseado em arquétipos. Isso é ruim? Bem, como eu falei quando analisei O Senhor dos Espinhos, esse tipo de caracterização de personagem serve bem para o propósito de fazer o leitor assimilá-los rapidamente e dedicar mais tempo para se dedicar à situação, que é o verdadeiro foco.

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No entanto, quando vamos olhar a situação, ela acaba sendo repetitiva e os “comandos do Rei” acabam sempre se relacionando a sexo ou morte. Vamos considerar o teórico público-alvo desse mangá: jovens japoneses. Sim, o sexo é um tabu na sociedade japonesa e a morte é algo que nenhum jovem quer que chegue logo. É compreensível que esses elementos criem suspense suficiente para entreter esse público e tantos outros, mas ficar só nisso cansa além de que acaba sendo um suspense “barato” e “fácil” se pararmos para pensar. Caímos novamente mais uma vez no quesito da “rápida assimilação”. Esse tipo de coisa é necessária de se ter num romance para celulares, mas na mudança de mídia deveria ter sido mais bem desenvolvido.

Apesar da história rasa, eu acabei ficando interessada pela mesma. Essa é uma forte característica do suspense e mais ainda do sub-gênero “sobrevivência” ou “survival” em que podemos encaixar essa obra. O leitor se fideliza à história para saber como ela irá terminar. No entanto, se continuar tão repetitivo e sem nenhum aprofundamento maior, seja de algum personagem ou da situação, vai ser difícil segurá-los até o fim. Esse primeiro volume deu alguns indícios de que isso pode acontecer, mas só esperando a próxima edição para saber.

Vale a pena comprar Jogo do Rei? Ainda que eu tenha dito tudo isso, ainda digo que vale. Querendo ou não é uma história que entretém e prende o leitor, mesmo se utilizando de uma história rasa. Além disso, a arte é bonita e o trabalho da JBC tanto na adaptação quando na parte técnica está muito bom (achei o papel usado nessa primeira edição de boa qualidade, infelizmente sei que é coisa de lote, mas vale a pena ressaltar). Sendo assim, recomendo que comprem, mas saibam que podem não gostar. E saiba… o Rei é você.

Sobre Diogo Prado

Tradutor, professor, host do Anikencast, apaixonado por quadrinhos, apreciador de jogos eletrônicos e precoce entendedor de animação japonesa.

Você pode me achar no twitter em @didcart.

A Editora JBC tem apostado bastante no gênero de suspense. […]

4 thoughts on “Jogo do Rei #01 (JBC) – Avaliando Ousama Game”

  1. Eu vou comprar. Passei o olho em alguns capítulos na internet e achei que o clima é bem tenso. Sobre o papel, não acho que seja coisa só de lote, já que muitos mangás da JBC estão vindo com esse papel de mais qualidade. Caso curioso é que Blue Exorcist, no volume 1, da fase 1, o papel é o clássico jornal normal da JBC, liso, branco, um pouco transparente. Mas o volume 1 que veio pra fase 2 é o mesmo papel usado nas edições 2 e 4, de maior qualidade.

    1. Olha, eu não sei se é outro papel mas eu senti a mesma coisa, as edições da jbc que vinham sem plastico chegavam com paginas amarelas e bem surradas, desde senhor dos espinhos, genshiken e agora com blue exorcist, eu sinto que o papel é bem melhor e não vem amarelado nem surrado, voltei a comprar os mangás da jbc com gosto, pena que os que eu mais queria (nura e soul eater) não tiveram a mesma sorte de vim desse jeito =p

  2. (…)”pela editora Futabansha, que você pode conhecer por ter sido a casa de mangás como” (…) “e a adaptação de Oldboy.”

    Vale lembrar que o filme de 2003 é uma adaptação do mangá e não o contrário.

  3. Investem tanto nesse gênero que já está até enjoando. E o que dizer dessa nova distribuição bizarra? Todas editoras distribuindo normalmente, e a JBC agora, pra fase um, apenas na cidade de São Paulo e na cidade do Rio de Janeiro. E o mais hilário é ver o Cassius culpando a distribuidora. Pinóquio ficaria intrigado, amigos!

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