Super Onze Vol. 01-04 (JBC) – Uma breve avaliação

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Quando a JBC anunciou Super Onze, mangá futeboleiro para crianças, muita gente caiu em cima não tanto pelo título em si, mas pelo formato da publicação. Não era nem tankohon nem meio-tanko. Era um formato novo que visava baratear os custos por edição e, com isso, chamar a atenção não só do público que já conhece mangá, mas como o público geral. Uma estratégia para tentar ampliar o número de leitores de quadrinhos japoneses por aqui. Embora seja uma iniciativa louvável, será que ela foi acertada?

Bem, para começar, achei a escolha do material muito bem feita. Super Onze, ou Inazuma Eleven, para os puristas, teve seu anime exibido por aqui na TV aberta em 2010 (com uma dublagem bem legalzinha, diga-se) o que acaba gerando uma rápida assimilação ao ver o material em bancas. Porém, isso serve apenas como um extra, já que o grande atrativo do mangá é falar justamente sobre futebol!

Eu não sou o maior fã de futebol, mas sempre gostei de animes/mangás de esporte. Super Campeões fez parte da minha infância e creio que da de muitos leitores desse blog também. Já estava na hora de alguém trazer algum mangá de futebol para o Brasil, ainda mais com a Copa do Mundo dobrando a esquina! Meu coração mangazeiro obviamente iria preferir que a escolha fosse algo mais perto de Giant Killing, mas a escolha por Super Onze foi também interessante.

Um mangá sobre futebol, recheado de “jogadas especiais”, que fariam o “chute do dragão” do Tsubasa pedir arrego, e um enredo que empolga por sua simplicidade. É apenas a história de um menino (bem doidinho) querendo ser o melhor naquilo que ele tanto ama, mas isso já é suficiente.

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Esse mangá não busca ter uma história complexa nem personagens profundos, mas sim empolgar seu público-alvo, a garotada. Lendo o mangá eu me vi empolgado em diversos momentos. Seja por causa da garra do Endo (o personagem principal) ou simplesmente pelos momentos mais viajados que já vi numa partida de futebol. As primeiras páginas do mangá já entregam como vai ser o tom da história. O Endo ta treinando agarrar a bola, ele é goleiro, fazendo um touro ir em sua direção com uma bola amarrada na cabeça! Tem como não achar isso doido (no bom sentido da palavra) demais?

O grande barato desse mangá é brincar com o imaginário infantil (e o de adultos nostálgicos como eu) de maneira muito eficiente. Me lembra quando eu assistia ao anime de Pokémon e ao jogar o jogo eu me sentia como parte daquele universo e tudo ficava ainda mais incrível quando eu podia ir na banca comprar uma edição da Pokémon Club. Esses diversos níveis de imersão naquele universo fazia tudo parecer real. Era como se Pokémon existisse no mundo em que eu vivia.

Super Onze segue essa mesma ideia, mas ao inverso. Ele não quer tornar mais real a fantasia, mas sim quer tornar mais fantástico o real. É pegar o futebol, algo que todo brasileiro tem contato quase que diariamente mesmo que de maneira involuntária e elevar a níveis épicos, impossíveis de se atingir no mundo real. É pegar algo que faz parte do mundo da molecada e fazer o imaginário deles pirar em cima.

Vi um garoto jogando futebol num campo aqui do lado e ele gritava: “MÃO FANTASMAAAAAAA!!!”. Uoooh!!! Agora eu estou motivado!!! — Tenya Yabuno (autor, edição 4)

Essas palavras do autor aparecem na 4ª edição e resumem bem o que eu disse. São os leitores usando sua imaginação, tentando usar as “técnicas especiais” que viram no mangá num jogo real com os amigos! Um mangá que consegue fazer isso, é com certeza um excelente mangá para se ter nas nossas bancas. Eu daria isso para um filho ou um sobrinho mais novo e creio que muitos pais e tios também o farão.

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E é aqui que entra a questão do formato, que eu disse que ia falar sobre no começo do post e que estamos chegando no final do mesmo e ainda nem entrei no assunto. A escolha da JBC em criar esse novo formato cai bem diante da ideia de ampliar o público, principalmente um público como o de Super Onze. Um pai que quer comprar um gibi pro filho ler não quer gastar 12 reais num único volume, mas 5 reais (4,90 pra ser mais preciso) ele já topa, mesmo que com menos páginas. Sem contar que pra garotada é um formato com o qual eles já estão acostumados pois é idêntico ao da Turma da Mônica, só que “de trás pra frente”.

A minha única crítica ao formato fica ao fato de que por ser justamente parecido com os Turma da Mônica da vida eu sempre me pegava tentando ler no sentido ocidental. Mas aí eu já acho que é um problema mais meu que da edição em si. Ah, tem também o fato de que, para mim, 1/3 de tankohon é muito pouco. Me deixa na vontade de ler mais, mas tenho que ficar esperando pela próxima edição. Em volumes de tamanho “normal” essa sensação é um pouco mais diluída.

Por fim, uma observação que eu espero que a JBC corrija em edições futuras: a parte inicial de cada volume traz uma galeria com os personagens, seus nomes e uma breve biografia para o leitor se lembrar quem é quem. Até aí não tem problema. O chato é ter que ver personagens e ler informações que nem apareceram na história ainda, ou pior, que nem chegam a aparecer nos volumes em que são “relembrados”. Fica de olho, JBC. Dividir um tankohon em três requer atenção triplicada para não dar spoilers pros seus leitores de coisas que só vão aparecer em edições a frente.

Não sei se vou continuar comprando Super Onze, mas sempre que tiver de bobeira com 5 reais no bolso e vontade de ler um gibi, é bem capaz que eu compre. Ainda mais se eles continuarem mantendo várias edições ao mesmo tempo disponíveis na banca. Não recomendo para todos, claro. Quem lê o Anikenkai dificilmente se encaixa no público-alvo dessa série, mas confesso que gostei e me diverti lendo.

Sobre Diogo Prado

Tradutor, professor, host do Anikencast, apaixonado por quadrinhos, apreciador de jogos eletrônicos e precoce entendedor de animação japonesa.

Você pode me achar no twitter em @didcart.

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6 thoughts on “Super Onze Vol. 01-04 (JBC) – Uma breve avaliação”

  1. Não sei se isso é desculpa ou não, mas acabei de doar pra minha priminha uns 50 gibis da Turma da Mônica e meu priminho mais velho ficou enciumado. Acho que vou comprar estes primeiros quatro volumes, LER pra ver se meu primo vai gostar e depois entregar pra ele.

  2. Acho que eu não sou a única que só comprou pra dar de presente para uma criancinha(meu primo, no caso). Embora eu não curta o formato, ainda há gente disposta a comprar os mais de 30 números brasileiros.

  3. Eu comprei dois volumes Death Note no site da JBC e recebi de brinde 4 edições de Super 11, uma revista review do mangázinho e um monte de marcadores de livro do super 11. Não cheguei a ler mas achei bonitinho, vou doar pra alguma criança.

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