Evangelion 3.33: Como filme, um fracasso… (sem spoilers)

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Eu vi o recém lançado em DVD/BD Rebuild of Evangelion 3.33: You Can (Not) Redo há quatro dias e desde então eu venho discutindo o filme com alguns amigos a fim de ver outros pontos de vista de pessoas que, assim como eu, são muito fãs da série. Fiz isso pois ao terminar os breves 90 minutos do filme, eu parei, olhei pra tela e disse: “mas o que diabos aconteceu aqui?”. E não foi o simples fato de não ter entendido o filme, mas sim de querer entender o que o diretor tentou fazer com a franquia através dele.

Em Rebuild of Evangelion a ideia era recontar a história de Evangelion de forma definitiva para o velho e para o novo público. O primeiro filme veio praticamente como uma cópia da série original, só que de maneira mais objetiva e com a clara intenção de situar novos espectadores naquele universo. Para alguns um filme chato, para outros, como eu, um filme bem competente no que se propõe. E então veio o segundo, que fez velhos e novos fãs ficarem de queixo caído com um climax épico, para se dizer um mínimo e um desfecho surpreendente.

Basicamente tudo o que conhecíamos sobre Evangelion estava para ser mudado. O terceiro filme viria praticamente com conteúdo 100% inédito e todos que vibraram com o segundo aguardavam ansiosamente. Aí ele saiu…

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Nesse ponto é bom dizer que eu gostei bastante do filme, como fã e conhecedor daquele universo, o filme me agradou. O que vou falar agora é minha impressão do filme enquanto parte de uma franquia que se propusera a ser a versão definitiva da obra, um épico em quatro partes. Uma história que o espectador não precisaria saber nada previamente para curtir. Foi assim nos dois primeiros, deveria ter sido assim no terceiro.

No entanto, o que vimos foi uma colagem de momentos. Um filme que joga na sua cara um monte de conceitos, situações, objetos, acontecimentos e espera que você saiba do que eles estão falando. Não há foco. Não há ligação entre as cenas de forma a guiar espectadores que a elas não são familiares. E, o pior de tudo, fica aquela impressão de que o diretor e roteirista, Hideaki Anno, foi forçado a colocar em tão pouco tempo uma quantidade absurda de conceitos. Isso fica ainda mais claro se percebermos que nenhuma das cenas que apareceram no preview do filme ao final do segundo aparecem de fato nele.

Acontece que para o espectador comum, que provavelmente figura entre parte significativa do público que fez esse rebuild ser o sucesso que é, o filme só criou dúvidas, não apresentou soluções. Nada tinha razão para estar acontecendo. Apenas acontecia e você aceitava, mas não havia conexão, não havia carga emocional ligando o espectador à história. Lembro que estou falando isso do ponto de vista de quem não conhecia Evangelion antes dos filmes.

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 Sendo assim, como parte de uma série esse filme falha… e muito. E não é como se eu não gostasse de filmes que te deixam confuso ou te fazem pensar sobre o que você viu, muito pelo contrário. O charme de Evangelion, pra mim, sempre foi esse. Eu viajava nas teorias por trás de tudo aquilo que era apresentado. Só que isso só é legal quando a obra de dá meios de você pensar a respeito dela. Isso não acontece em EVA 3.33.

Novos conceitos, situações e etc são apresentados a você e não é oferecido nada que te possibilite entendê-los restando unicamente a esperança de que no último filme aconteça algum tipo de flashback ou explicação do que aconteceu de fato. É como se esperássemos que o quarto filme conte a história do terceiro, já que nós só a vimos passar.

Em seu terceiro filme, a série Rebuild of Evangelion jogou fora tudo que construiu nos dois primeiros. Não é mais uma série palpável a todos que queiram assistir. Voltou a ser de nicho, e muito nicho. Se isso é ruim, depende se você está fora ou dentro dele. Para mim, o filme foi sensacional. Gerou boas discussões com amigos e ainda irá gerar por uns bons anos até que o quarto saia. Mas pensando além do meu próprio umbigo, o filme foi um fracasso.

Vamos aguardar o quarto. Vamos torcer para que Anno não esqueça de que essa deveria ser a versão definitiva de Evangelion. Eu não quero, e nem acho que a maioria dos espectadores queira, um filme água com açúcar que entrega tudo numa bandeja para o espectador. Eu quero é um filme que crie dúvidas, discussões e teorias das mais doidas possíveis, mas que me dê base e condições para criá-las.

Rebuild of Evangelion 3.33: You Can (Not) Redo um fracasso como filme, um orgasmo para velhos fãs.

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Sobre Diogo Prado

Tradutor, professor, host do Anikencast, apaixonado por quadrinhos, apreciador de jogos eletrônicos e precoce entendedor de animação japonesa.

Você pode me achar no twitter em @didcart.

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18 thoughts on “Evangelion 3.33: Como filme, um fracasso… (sem spoilers)”

  1. Você praticamente descreveu todos os meus pensamentos a respeito do Eva 3.33. Muitas dúvidas, conceitos inesperados, falta de desenvolvimento de personagens (Asuka praticamente só utilizou seus jargões, o que me irritou profundamente), e uma história inconsistente com o apresentado até então. Muitos fâs especulam que o Anno tentou apresentar o filme a partir da perspectiva do Shinji ( oque pode ser verdade, pois o filme é totalmente focado nele), ausente 14 anos do mundo.
    Fora isso, a animação está ótima sim, e a trilha sonora é um deleite à parte. Vale a pena assistir a aguardar por uma conclusão apropriada!

  2. Fiquei meio desanimado com Evangelion depois desse post. Es estou no começo do anime. Bem, como foi um filme não vou desistir do anime, até porque todo mundo fala muito bem dele.

    Diogo, desculpa a pergunta fora de tópico, mas… A Shonen Jump já teve algum série de mangakás não japoneses? Não precisa ser necessariamente brasileiros, mas de qualquer país além do japão. Se já, pode falar quem foi ou qual mangá? Essa pergunta tem me incomodado ultimamente \o/

  3. Minhas Notas para o Filme:

    Animação – 10
    Trilha Sonora – 10
    Roteiro – 7

    Para os fãs da série, alguns, conseguiram captar a idéia do Anno, de colocar o espectador no lugar de Shinji!! Foi interessante mas falhou muito pois gerou mais dúvidas do que respostas!!

    Lembrando isso é Evangelion ou seja sempre será meio confuso!!

  4. Acho que o filme tem muita coisa óbvia e que os fãs não percebem.Mas poderia ter sido melhor,acredito que o 4.0 deve ter algo positivo,alguma explicação.Escrevi um artigo no meu blog sobre esse tipo de coisa: empautanimes.wordpress.com

  5. Diogo, que texto brilhante e fora que é uma crítica altamente construtiva, ao final do texto me lembrou da expectativa que havia sobre Prometheus, onde se deixou de lado a possibilidade de uma base bem roteirizada pra fritar a mente, mas que no final foi pura perda de talentos, de história, de efeitos e tempo em um filme que poderia ter sido brilhante…

  6. Gostei bastante da crítica, não creio que eu seja capaz de analisar o filme deixando o meu conhecimento prévio de lado como você, sabendo o que sei de Evangelion me fez adorar o filme. Claro, muita coisa foi quase que jogada, mas ainda assim foi muito real e bem feita, só espero que o diretor explique o passado das personagens.

  7. ola diogo Prado por partes concordo com vc ,que o filme para quem ja havia assistido se tornou mas facil de se entender em alguns aspectos mas acredito que a cena na qual vc disse que foi jogado na cara do publico os “segredos” não foi algo tão ruim ,isso se encachou no filme, naquele momento do qual shinji precisava saber para que repercutisse no final como aconteceu era necessário ter acontecido daquela forma para ele, mas em relação ao publico que não viu o anime acredito que no japão não tenho certeza mas talvez pela forma que o filme foi feito acredito que muitos ja tinham conhecimento prévio sobre o filme e o fato de que provavelmente o filme do evangelion joga coisas na sua cara é luxo que se tem pelo fato de que esse filme foi feito muito mas para o publico japonês até porque não vi muitas noticias de outros cinemas de países diferentes com o filme mas de qualquer forma se fosse analisar de maneira mais “correta” é incerto fazer desse jeito. bem estava passando e quis deixar minha opinião não sei vai ser lida por que nunca vi muitos comentários por aqui mas esta ai então. obs: estou com pouco de medo de que se torne um filme de varias perguntas e pouquíssimas respostas.

  8. Eu vejo os Rebuilds como um “What if” de Evangelion, não apenas recontar a historia mas sim demonstrar que se você mudar no inicio pequenas coisas, ao fim você tem grandes mudanças, O que aconteceu foi que o Anno mudou ligeiramente a Misato no 1.11, deixou ela mais ciente de sua situação na historia, sobre Lilith, sobre os anjos e sobre o gatilho do 3 impacto, coisa que na serie original ela quase não sabia, logicamente isso criou uma personagem muito mais forte e independente forte o suficiente pra criar uma empresa em oposição a Nerv. Alem disso existem rumores de que os Rebuilds não são apenas recontagens, são realmente uma reconstrução da historia de Evangelion depois do 3 Impacto do The End of Evangelion, existem tanto no 1.11, 2.22 e 3.33 imagens demonstrando que na verdade o “segundo impacto” dos rebuilds, eh na verdade o terceiro impacto da serie original(O rastro de sangue na lua, o mar estar vermelho, as marcas da Serie EVA no chão logo no inicio do 1.11).

  9. Conheci NGE em 2009 e foi o suficiente pra a franquia se tornar um narcotico,eu precisava saciar a sede de material sobre evangelion LOL,vi os episodios 25 e 26 inumeras vezes pra ligar fatos e etc e quando comecei essa a ver essa rebuild,eu consegui uma forma de mostar evangelion para os meus amigos sem que algum falasse “shinji boila” e algo assim….Espero que eu não sinta que todo o objetivo da rebuild foi pro saco D: E só pra saber,a Mari ganha alguma relevancia entre os personagens no 3.33?

    1. @Fábio

      Falar sobre a relevância da Mari poderia caracterizar um spoiler, prefiro não falar. rs

    2. Desde o 2.22 eu já sabia que a Mari seria uma personagem importante, mas no 3.33 ela ficou bem misteriosa, o maior mistério de todos eh uma frase que ela fala pra Rei, que na minha opinião, da duplo sentido, mas se eu falar qual frase, eh spoiler ‘-‘ ma serio, ela n eh soh uma Fan-Service character não, tenho minhas convicções que ela vai ser bem importante pro desencadear do fim da historia

  10. Pessoas, digo apenas o seguinte vejam End of Evangelion que pós fim a trama na década de 90… Isso sim é o final épico que todos esperam, quem entender o final do filme trata-se de Adão e Eva (Sem mais)

  11. O perigo é o Anno chutar o balde, enganar os financiadores e voltar ao começo, com algo semelhante aquele final mega-ultra-blaster troll que foram os 2 últimos episódios da série original de TV.

    Nem Suzumiya Haruhi no Yuuutsu, que surgiu com intenção proposital de confundir e trolar, foi tão baixa.

    E os Indícios de que ele quer fazer isso (se deixarem) já estão presentes.

    Um filme nesse estilo, sem sentido e sem empolgação, não faria sucesso, quebraria o que sobrou do Estúdio bem como seus investidores, e o Hideaki poderia alegremente pular do alto da Torre de Tokyo enfiando uma faca no peito e gritando: “Banana não tem caroço, mas tem filamento grosso!”

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