Uma breve percepção do sexo nos animes e mangás

Eu sempre achei curioso a forma como o sexo é tratado na grande maioria dos animes e mangás. Há dois aspectos bem interessantes sobre o assunto que eu gostaria de compartilhar brevemente com vocês.

O primeiro seria onde a maioria dos animes e mangás (que chegam até nós, seja por vias oficiais ou não oficiais) se encaixam: a de esquecer que o sexo existe.

Já repararam como em várias obras parece que os personagens simplesmente ignoram o lado sexual de suas vidas? Até mesmo quando demonstram interesse em alguma menina ou chegamos ao ponto de realmente vermos dois personagens namorando ou saindo juntos o sexo é completamente excluído. Chegamos a pontos em que personagens casados não tem um momento sequer de intimidade no decorrer de toda uma série.

E aqueles animes e mangás que exploram calcinhas, peitos, insinuações sexuais, mas nunca chegam nos finalmentes? Esse é o segundo aspecto. Fico pensando que se essas obras mostrassem de fato os personagens em atos sexuais seriam menos taxadas de “perversões” do que fazendo da maneira que fazem. Porque uma coisa é um fanservice aqui e ali, outra é fazer animes inteiros sobre isso como Queen’s Blade ou Manyuu Hikenchou. Já repararam como esses não tem sexo? Mas muito peito, bunda, calcinha, etc?

Talvez esse seja o motivo de conforme os leitores vão amadurecendo eles vão tendendo a desgostar mais e mais desse tipo de material e de animes e mangás mais voltados ao público infantil. Afinal, sexo faz parte da vida e esquecê-lo completamente soa como algo errado, não-natural. Daí a migração para títulos mais “adultos”, seinen e josei, que tratam o sexo de maneira mais “real”.

Para fechar esse breve post, uma coisa para pensarmos: em uma sociedade que reprime tanto a sexualidade feminina, é nas obras voltadas pra elas, shoujo e josei, que vemos o sexo ser tratado da forma mais natural e real.

Sobre Diogo Prado

Tradutor, professor, host do Anikencast, apaixonado por quadrinhos, apreciador de jogos eletrônicos e precoce entendedor de animação japonesa.

Você pode me achar no twitter em @didcart.

Eu sempre achei curioso a forma como o sexo é […]

17 thoughts on “Uma breve percepção do sexo nos animes e mangás”

  1. Uma das coisas que chamou a minha atenção no Anime do Zetman (não li o mangá), foi justamente o personagem Jin aparecer fazendo sexo com a menina que depois virou namorada dele

  2. Bela percepção! Realmente, em animes que são feitos para pessoas que gostam de ver peitos e bunas exageradamente, não se vê seriedade alguma nesses termos. E, na maioria das vezes, não se vê seriedade na série inteira. Isso se deve ao fato de que são feitos para jovens homens que ainda estão “crescendo”, visto que os homens demoram mais para desenvolver-se que as mulheres, em todos os aspectos. E mesmo muitos animes que são considerados seinen têm essa temática “infantil” de abordar o sexo, porque, mesmo sendo conteúdo a
    para gente grande, o público alvo por sua maioria são jovens.

    E nesse ponto acho que nós, homens, somos mais inseguros, sem generalizar. Por isso muitas vezes é bom pegar um bom shoujo ou josei para ler/ver, pois chegam mais perto de serem reais. Principalmente josei, é claro!

  3. Outra vez shonen vs. shoujo (ou seinen vs. josei)? Aiai… shonen e shoujo são para pré-adolescentes, claro que não haverá sexo neles (com raras exceções). Shoujo não é “melhor” do que shonen nisso. Ninguém aqui vai conseguir demonstrar que há toneladas de sexo em shoujo, porque não há (e ainda resta a dúvida: porque ter sexo faria da história “melhor”? Mais realista talvez, mas melhor é completamente subjetivo).

    Quanto a seinen e josei, esses sim feitos para adultos (mais ou menos, alguns almanaques são para o público “pós-adolescente”, e funcionam quase da mesma forma que shonen e shoujo), é óbvio que neles há sexo. E mais uma vez, josei não é “melhor” que seinen, nem há mais sexo em um do que no outro.

    Estão confundindo moe e suas variações com público-alvo. Moe é praticamente um gênero estético, não comporta sexo, e embora mais frequente no seinen do que no josei, não se limita a ele. Usagi Drop está aí para não me deixar mentir.

  4. Zetman uma obra que fala sobre sexo, porem mais para o lado do estupro.

    Tendo sexo implícito ou explicito, tendo ou não tendo sexo mas tendo peito e bunda, eu resumo em um único termo: desenho pornográfico japonês.

    Japonês é um povo meio doido quando se trata da virgindade de determinada personagem. Se ela perde a virgindade por causa do protagonista ela meio que perde a pureza (na cabeça deles) e isso faz a personagem perder seu valor para uma futura venda de figures e doujinshis.

    O lado que vemos mais o sexo realmente acontecer é nesse jogos pornográficos de relacionamento onde o protagonista não tem rosto fazendo assim o cara que esta jogando se achar ele, ai nesse aspecto a personagem pode perder a virgindade numa boa.

    Bem cada povo com sua loucura, e shoujo quero distancia. Melhor eu ler Toriko é mais divertido.

  5. Como já até comentei no tuíter, é obra da faixa etária.
    São para um público que não permite isso, e nem é o foco, nunca teve por objetivo ter sexo, por isso que ficam enganando com fanservice.

    Do jeito que você fala “animes e mangás”, generaliza todos os animes e mangás e isso não é verdade.

  6. No mangá Gantz também mostra o Kurono fazendo sexo com sua namorada, e em outra cena mostra ela fazendo um oral nele mas realmente é raro acontecer (Gantz é seinem).

  7. Tenho que discordar em alguns pontos com (quase) todos acima. Discordo com o mexicano21 nos seguintes pontos;
    Não são exatamente ”raras” exceções de shoujos que se não abordam, tratam o sexo de forma natural, digo isso, tendo em mente 2 dos shoujos mais famosos de ultimamente: Itazura na Kiss, que é um shoujo considerado ”completinho” que conta a estória de um relacionamento completo -ainda que meio idealizado – e Bokura Ga Ita que existe um episódio (se não me engano o 12) que se trata disto. Além disso, acho injustificável a estória não tratar do tema simplesmente por ter como alvo um publico infanto-juvenil, já que com a juventude de ”hoje em dia” isso não é nada de mais, é só mais um assunto rotineiro dos adolescentes e que está, sim, presente no seu dia-a-dia principalmente pela evolução corporal. Acho que você entendeu o post errado, o autor quis dizer que é mais comum, não que há toneladas, e novamente você deve ter entendido errado, só por possuir ”sexo” no anime não significa que ele é mais maduro (sendo tratado com naturalidade ou não), Bokura Ga Ita, por exemplo, é em vários pontos, bastante infantil. Moe é, como você disse, um gênero estético, mas o character desing não deve interferir na estória tanto assim (Pulla Magi Madoka Magika e School Days estão ai para não me desmentir) e sim ser usado como auxilio para o impacto da estória, dos grandes olhos dos shoujos aos músculos desumanos dos shounens.
    O que eu quero dizer, é que, não é preciso ter cenas explicitas de sexo, mas sim tratar do assunto com mais naturalidade, algo como o que vemos em School Days, mas talvez mais leve.

  8. lol Eu diria que uma mangá como Death Note, um shounen, poderia ser dirigido também para pessoas mais velhas. O anime também, tem um conteúdo totalmente relevante e cheio de significado, apesar de o público alvo ser, sim, garotos. A questão de sexo aparecer não é um assunto referente apenas ás obras japonesas. Tanto na nossa mídia quanto em filmes e seriados de qualquer outro lugar, você não vê as pessoas falando de sexo de um totalmente natural. Ao menos não TODAS as pessoas.

    Qualquer anime com a temática de um Higurashi no Naku Koro ni, que é um seinen, trata do sexo de uma forma parecida que em shounens. Isso vem muita da escolha do roteiro e do já padronizado modo como esse tipo de série é feito. A questão de ter seriedade no enredo é algo muito relativo, pois, em Higurashi, eu consegui encontrar detalhes e cenas muito mais relevantes que em vários animes cotados como maduros. O fato é que a maioria dos animes trabalha realmente com adolescentes que a recém saíram da sua fase anterior da vida, mostrando o sexo como algo novo e realmente diferente. Talvez, para nós que estamos acostumados com crianças de 12 anos tendo filhos, seja estranho que todo jovem mostrado em mangás/animes (ao menos em shounens e shoujos) seja tão bobo quando se fala em sexo. Para quem vê essa mídia, já é normal, claro.

    Enfim, não tenho a mínima pretensão de dizer qual gênero ou público alvo é melhor. Apenas há diferenças básicas que podem comprometer ou não a história, atraindo um grande acervo de público ou não. Ao menos pela minha leiga experiência com animes, eu consigo afirmar que um josei sempre consegue tratar de sexo, drogas, política, morte, qualquer assunto considerado adulto de forma humanamente natural. Já um seinen pode ou não trazer um contexto convincentemente casto. Shoujos e shounens podem, sim, conter sexo. É claro que, levando as questões público alvo, é até antiético colocar cenas eróticas explícitas, não querendo dizer que o anime/mangá seja imaturo. Ou seja, talvez esse assunto possa ser uma questão de ponto de vista, muito mais que uma concepção geral já idealizada.

  9. Vocês vão me desculpar, mas a sensação que tive ao ler o texto e o comentários de alguns pode ser resumida em: “se tem fanservice e não ocorre sexo = para adolescentes, jamais será para adultos, porque adulto que se preze só pode ver tal material caso haja um enredo profundo”. Isso não passou de uma feia generalizarão. Agora ecchi/fanservice (ou “pronochanchada japa”, caso queiram chamar) precisa ser exclusivamente feito para leitores “imaturos” com os hormônios a mil? Tetas e bundas não podem surgir como parte da comédia? Ai, ai… Coitado do meu Kyou no Asuka Show, Nana to Kaoru, Hen Semi etc. Ambos quadrinhos para adultos não-otakus e que contém muito do fanservice visto num To Love-Ru da vida. Uma coisa é um rapaz em seus 15-16 anos pegar um To Love-Ru e bater umas, outra é um homem adulto, com acesso a qualquer pornografia, ler esse material (ou os citados anteriormente, que no fundo não são tão diferentes), apenas para paudurecer e… quem sabe bater umas também; assim como o non nude, sexo não explícito e insinuações também são fetiches, e possuem sim um vasto público adulto, afinal, não é de adolescentes que a venda de DVDs/BDs desses tipos de anime se sustentam:
    http://yaraon.blog109.fc2.com/blog-entry-8465.html

  10. Bem, isso vai bem mais longe de animes e mangás. Vivemos em uma sociedade onde o sexo virou tabu e pais tampam os olhos dos filhos nas cenas mais quentes das novelas… Eu acho ridículo, principalmente nos dias de hoje, afinal, crianças vão aprender isso, então que seja algo natural, porque É natural.

    Entretanto, não concordo tanto com o que foi dito. Claro que sexo é algo natural, para a maioria das pessoas, e poderia ser abordado, mas ainda é um tema muito polêmico e hoje em dia eles precisariam de uma história que coubesse isso. Acho que isso dificilmente danifica a qualidade da obra e, se tratando de animes e mangás, é o que importa. Se quiser levar isso para o lado sociológico, concordo que é uma postura errada, mas falando de obras, acho que danifica pouco e adicionar cenas de sexo, hoje em dia, mudaria o foco da história.

    Talvez se não fosse um tabu, poderia aparecer facilmente sem danificar nem mudar nada na obra. Fazendo uma comparação, se aparecesse um negro em alguma obra há 50 anos atrás, seria algo chamativo e que precisaria de um foco muito grande, por ser um preconceito da sociedade. Se colocar sexo em um anime ou mangá, ele vai ganhar um foco muito maior do que deveria, afinal, ainda não estamos em uma sociedade perfeita.

    Gostei do questionamento do post, pois questionar é sempre bom, afinal, gera conhecimento. Obrigado.

    1. Se todos aceitassem, a nossa sociedadeaté se tornaria perfeita, mas perderíamos o gosto máximo, o interesse ao ver certas cenas calientes.

      Acho que isso é a palavra final da humanidade. Só pensar e analisar.

      O que é proibido, sempre será interessante e bom, pelo menos, na perspectiva de quem é forte para aproveitar os prazeres da vida.

  11. Os shoujos falam sexo com mais naturalidade, porque o assunto tratado ali é o romance e sexo é uma consequência natural de um romance.

    Entretanto, antes de estabelecer um veredicto de acordo com a nossa referência de vida ocidental, precisamos enxergar como exatamente os japoneses se comportam sexualmente, ou não será válido.
    Apesar dos joseis abordarem o sexo mais abertamente, são espremidos e obrigados a se encaixarem em moldes considerados aceitáveis pela sociedade niponica.
    E é justamente essa pressão cultural que oprime a manifestação sexual dos orientais.
    Quando observamos a pornografia gráfica, tanto masculina como feminina, torna-se evidente o mal-estar na sexualidade do Japão.
    A pornografia gáfica (hentai, yaoi, yuri) é uma realidade virtual projetada dos desejos e fantasias muitas vezes oprimidos sem ter vazão. E ao observar essas expressões artísticas, podemos notar pelo contesto, as lentes pelas quais a sociedade japonesa enxerga a manifestação sexual, algo sujo e virulento.
    As mulheres consensualmente violentadas em animes hentais deixa clara a insatisfação masculina com a postura da mulher japonesa, e em contrapartida, a subversão do yaoi, mostra também um protesto feminino silencioso contra os valores impostos tão severamente à elas.

    E observando esse quadro como um todo, podemos dizer que existe uma tendência à libertação sexual. Provavelmente irá seguir a passos lentos, e os mangás acompanharão essa linha, já que refletem a vida cotidiana da cultura local do Japão.

    Já ne!

  12. Hu’! Um dos fatores principais para a falta do sexo em mangás e animes é o limite de numero de filhos que os japoneses podem ter (se nao me enano é 1), acho que isso fais com que mesmo querendo o SEXO, eles param nas preliminares (algo para nóis brasileiros seria algo quase impossivel kkkkk ).
    Se ja viram porno japonês/asiático/chines, perceberam como eles se comportam durante o sexo e durante as preliminares pq, PO, ATÈ BEIJAR ELES BEIJAM ESTRANHOOOO –‘.
    o jeito é mandarmos brasileiros para enssinalas hihihi.

    1. Acho que você está confundindo japoneses com chineses, amiche… não existe número máximo de filhos no Japão. Pelo contrário… eles querem mais jovens!

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