Coluna do Fred: "Olhem como sou malvadão!"

Oi amigos, cá estou, Fred, para mais um post da Coluna do Fred. Como o Did não me deixou fazer um post sobre as strippers que vimos semana passada, vou fazer um sobre Deadman Wonderland.

Acompanho vários mangás e Deadman Wonderland é um deles. A história é sobre um garoto chamado Ganta que é vítima de um ataque feito por um homem vestido todo de vermelho. Ao matar toda a turma de Ganta ele o poupa, apenas atirando uma pedra nele. Ganta é logo preso pela acusação de assassinato(dos seus colegas de classe), e vai para uma prisão mantida por iniciativa privada onde ele descobre que o ataque lhe deu poderes e vai precisar usá-los para viver o dia a dia naquele ambiente.

Eu gosto de DW, não vou dizer o contrário, mas existem alguns problemas na série que me encucam. Para mim, DW é um mangá que representa a essência da “evolução” do Shonen, é um feijão com arroz legal, mas que força pra parecer que tem algo a mais. No fim, é feito de forma tão superficial que fica na cara e você acaba com um produto que mais lhe faz pensar que os personagens estão querendo aparecer do que algo que te faz imergir no mundo do mangá. Pretendo entrar nesse assunto da “evolução” do Shonen outro dia, por hora, falarei só sobre Deadman.

Nos anos 90, muitos quadrinhos americanos embarcaram numa onda de ser violento, cheio de dentes, muito sangue e armas de 2 metros. Tudo isso para entrar num expresso que começou no fim dos anos 80 por alguns títulos de muito sucesso. Sucesso esse que não se repetiu com os outros quadrinhos que os seguiram, que viraram motivo de chacota. É isso que eu me sinto lendo quando leio DW.

Os personagens tem personalidades muito bem definidas: Shiro é uma menina ingênua, Ganta é um moleque medroso mas com senso de justiça, o Senji é o malvadão que não quer se meter com as coisas, mas se importa com a galere… Só que em meio a tudo isso você tem histórias do tipo “Fulano matou cinco pra tirar os bebês das barrigas e fazer jóias usando os olhos”. É sempre uma história nova inserida no meio pra chocar, isso quando não acontece na própria história central, onde temos algum vilão novo que se faz de bonzinho, mas é mau. Fala um monte de palavrão e conta uma história triste…

E no fim, ele perde e logo vira amigo da trupe.

Ou seja, é um shonen normal. Então pra quê as tentativas de chocar o leitor(ou espectador)? É realmente necessário que sejam contadas histórias pesadinhas, mesmo que pouco tempo depois voltemos ao basicão de sempre?

Para mim, esse é o problema de DW. Você tem um mundo em que o autor tenta passar uma aura pesada e intimista, quando o mundo em si é mais otimista do que aparenta e isso acaba gerando um conflito. Tem horas que parece que você está lendo algum texto sobre serial killers, pra poucas páginas depois, você estar lendo DBZ.

Eu não tenho problema em ler um mangá com um conteúdo pesado e adulto, mas se você vai fazer um mangá assim, que mantenha essa pegada sempre. Não faça tudo pelo meio, ou você corre o risco de ter uma obra bem paradoxal, especialmente quando as partes pesadas são tão excessivas, o que só aumenta o contraste  com o resto do mangá.

Existem séries que conseguem demonstrar bem como um mundo em ebulição é. Em Evangelion, por exemplo, temos um clima bom enquanto as coisas estão bem, mas depois que a merda cai no ventilador, não dá pra evitar a sensação de degradação. Em Deadman Wonderland, isso nunca rola(pelo menos até onde li, que foi o volume 5, o último que saiu aqui). Coisas horríveis acontecem, mas depois de um capítulo tudo parece voltar pro mais do mesmo. Já rolou até um treinamento!

Deadman Wonderland tem uma ótima arte. O desenhista é o mesmo de Eureka Seven (também publicado pela Panini) e acho que ele sabe retratar muito bem a ingenuidade e a inocência da Shiro e a bananice do Ganta. O escritor mesmo sabe como retratar os personagens muito bem em relação a tudo que está acontecendo, ainda que alguns personagens sejam tão maus ou escrotos que fica realmente exagerado (mais uma vez). Acho que os personagens e o mundo em que eles estão inseridos é muito legal… Exceto pelas forçadas de barra.

Talvez o Ganta seja a peça que torne o mundo mais feliz e una as pessoas, mas eu acho que é só escrita ruim mesmo. O Senji disse na edição 5 que o mundo é mais simples dentro da prisão. Realmente não dá pra discordar.

Sobre Fred

I'm a very twisted person. Gosto de animes e mangás por boa parte da minha vida e comentar sobre isso é sempre um prazer... Desde que eu tenha algo útil pra falar. Afinal, Dirac já dizia: "Eu não começo uma frase sem saber como ela vai terminar". Sou também um quimicuzinho que sabe falar bobagem o suficiente pra parecer inteligente.

Oi amigos, cá estou, Fred, para mais um post da […]

5 thoughts on “Coluna do Fred: "Olhem como sou malvadão!"”

  1. Caraio! Fazia tempo que eu procurava uma explicação concreta do meu incômodo com o DW. Finalmente achei.
    Valeu.

  2. Eu até gosto de DW, e concordo com as críticas que você fez, mas na minha opinião, a história só fica mais fooda mesmo depois do vol 7 !

  3. O mangá demonstra muito drama e sofrimento em cima do Ganta, deixando-o parecer inútil, como se não conseguisse superar algumas coisas. Fazendo-o dependente dos outros e do Ramo de Pecado sem agir por si mesmo.
    Mas o mangá é bom, tem uma história diferente, apresentando muitos conflitos e muito sangue, creio que o único defeito seria o exagero em cima de Ganta.

  4. Gostei bastante do anime, mesmo tendo ficado algumas pontas soltas. e talvez pelo fato do anime não cobrir um bom pedaço da história, eu não tive essa impressão.

    Anime no Taiketsu!
    animetaiketsu.blogspot.com

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