Os Últimos Dias da Terra (Sekai saigo no hibi, 2011) – E tinha que ser um filme bizarro.

Eu estava navegando através da biblioteca de filmes japoneses do Netflix americano e parei nesse, Os Últimos Dias da Terra. Um dos motivos para isso foi o ano de produção. Um filme recente, de 2011… seria uma boa falar sobre. Outro motivo foi a ambientação. Um filme que trata do apocalipse iminente cria uma atmosfera propícia para um desenvolvimento estapafúrdio e personagens tomando decisões complexas baseando-se nesse desfecho inevitável. O resultado de tudo isso, você confere a seguir…

A História

Kanou está no último ano de sua vida escolar e está completamente entediado de tudo e de todos. O mote de sua vida é estudar bastante, entrar numa boa faculdade e não se tornar um homem como seu pai, uma pessoa com uma péssima formação acadêmica e desempregado. Um dia, durante uma de suas aulas, ele depois de tirar um cochilo acorda e vê um homenzinho em cima de sua mesa. O pequeno homem careca de meia-idade diz ser Deus e que um tal de “Ele” está na Terra e vai destruí-la em até dois anos. O pequenino então passa a missão à Kanou dizendo que ele tinha que derrotar “Ele”. Mas Kanou, simplesmente ignora a “missão” e decide mudar seu modo de viver. A partir de agora ele faria o que quisesse, como quisesse, quando quisesse, onde quisesse, com quem quisesse.

Comentando

Provavelmente vocês repararam que eu coloquei uma única foto nesse post. O motivo foi que essa foi a única foto que vi do filme antes de assisti-lo. É a foto do poster e passa justamente a ideia de que a ideia de curtir a vida adoidado realmente estará presente no filme. Mas eu achava que o personagem principal seria o digníssimo cidadão com orelhas de coelho na hidromassagem… não é. Viram o estudante com cara de que tá muito chapado a esquerda da foto? Ele é o nosso “herói”. Sim, o personagem principal, o cara que deveria estar curtindo a vida adoidado, está com cara olhando pra um monte de mulheres de biquíni e uma hidro.

Pois bem, me restava é ver o filme, mesmo com esse “probleminha”. Ainda poderia ser um bom filme. O começo nos dá a ideia de que a coisa vai engrenar, de que o filme pode ser bom, mas, infelizmente, o filme nunca “chega lá”.

O menino tem a visão do homenzinho e decide então surtar de vez. Sai de casa, dá uma porrada com um taco de baseball na cabeça de um valentão da escola, sequestra a garota que ele estava apaixonado faz tempo, rouba um carro e sai pela estrada. A primeira parada, loja de conveniência. O motivo? Comprar camisinha. Sim… o cara quer estuprar a menina que ele sequestrou… mas de alguma forma, ela o convenceu a usar uma camisinha. Tá… tudo bem… o cara é um virgem e não quer terminar sua vida assim… é… compreensível esse “desejo”.

Mas a coisa não para por aí. Eles tem que arranjar um lugar. Ele então para o carro na casa de uma mulher cega, que lhes convida a entrar. Lá ele decide que será o lugar. Só que por ser virgem, ele não sabe como colocar a camisinha, não sabe fazer sexo, a menina ri dele, ele fica mais doido, vai até a geladeira pega um pote de maionese e… melhor parar por aqui. Sim, queridos leitores… maionese.

E você achava que esse o “arco do sexo” tinha terminado? Claro que não. Ele ainda faz sexo com a mulher cega, a menina vê e acaba se juntando ao ménage.

Toda essa jornada do ex-virgem até agora dura metade do filme e termina basicamente com a menina começando a desenvolver sintomas de Síndrome de Estocolmo e morrendo logo em seguida… DO NADA! O moleque a abandona num banco de ponto de ônibus e “segue viagem”.

O arco que se segue não deixa a desejar em bizarrice ao primeiro. Mas sendo bem sincero… se você, até esse momento do texto, ainda está com vontade de ver esse filme, eu vou te dar a oportunidade de saber o que acontece a partir daqui por você mesmo.

Comentários Adicionais

Tecnicamente o filme é bem raso. Pouca trilha sonora e bem poucos efeitos sonoros. As armas disparadas não tem nenhum amplificador de som para dar mais impacto às cenas. É como se alguém atirasse com uma arma de chumbinho.

A performance dos atores é tão exagerada e tosca que eu creio que tenha sido de forma intencional. O fato do personagem principal parecer estar chapado a todo momento até acrescenta à ambientação do filme. Nos poucos momentos em que ele sorri, é uma coisa tão desconfortavelmente estranha que você fica até receoso.

Esse filme lembra muito aqueles indie de baixo orçamento dos anos 90 nos EUA… filmes que não se preocupam muito em explicar as coisas, só mostrar elas acontecerem de uma maneira pouco lógica.

Por sinal, explicar é o que esse filme menos faz. Ele até joga a ideia de que o personagem principal pode ser louco (certeza), mas as reações das pessoas ao redor dele mostram que tudo aquilo parece ser mesmo é um sonho, outra ideia que é jogada durante o filme quando o personagem é baleado na mão e não sente dor.

Uma curiosidade é como eles sub-representam o poder de um taco de baseball. Tem gente levando pancada direto na cabeça dele, inclusive o principal, e só saindo um sanguezinho, nada de um crânio esmagado no meio, o que o aconteceria na vida real. Taí mais um motivo pra tudo aquilo ser um sonho.

Considerações Finais

É claro que eu não recomendo esse filme para ninguém, mas se você ficou curioso, vá lá e assista. Ele não é tão difícil de achar com legendas, já que, ao que parece, teve um release nos EUA no New York Asian Film Festival. Mas se prepare para um filme que passa a maior parte do tempo mostrando o personagem principal em situações absurdas, que são encaradas com muita naturalidade por todos, atuações (de repente propositalmente) toscas, não há qualquer explicação do que está acontecendo e muito menos um fim para tudo. Nada se fecha no filme. Assista por sua conta e risco. Depois não digam que eu não avisei que iriam perder uma hora e meia de suas vidas.

Que droga… eu só queria um bom road-movie com uma temática de apocalipse iminente. É tão difícil assim, Japão?

Sobre Diogo Prado

Tradutor, professor, host do Anikencast, apaixonado por quadrinhos, apreciador de jogos eletrônicos e precoce entendedor de animação japonesa.

Você pode me achar no twitter em @didcart.

Eu estava navegando através da biblioteca de filmes japoneses do […]

2 thoughts on “Os Últimos Dias da Terra (Sekai saigo no hibi, 2011) – E tinha que ser um filme bizarro.”

  1. KKKKKKKKKKKKKK. Eu ri muito com esse post, e claro que não vou ver esse filme. Mais a parte da maionese, NOSSA muito escroto.

Deixe um comentário!