Kobato Vol. 1 – Um novo mangá para você!

Nesse feirado da Proclamação da República muitos de vocês provavelmente lerão algum mangá. Se forem até a banca, verão que a JBC colocou a venda o primeiro volume de Kobato, obra do grupo CLAMP, serializada na Sunday GX e posteriormente realocada para a revista New Type, onde permaneceu até o ano presente. Num total de 6 volumes encadernados, a JBC nos trás uma edição com uma boa tradução de Rica Sakata, mas uma péssima qualidade no tratamento do material.

Kobato é uma menina doce, impulsiva e um tanto inocente quanto ao mundo. Sua missão na Terra é conseguir encher sua garrafinha com os corações das pessoas que ela ajudar, para assim realizar seu desejo de ir para um determinado lugar. Ela conta com a ajuda de Ioryogi, um espírito em forma de cachorrinho de pelúcia, que a guiará durante essa missão.

A premissa é bem simples e lembra bastante a de séries do estilo “garota mágica”, como Heartcatch Precure, mas, apesar da estrutura ser bem similar, ao que tudo indica não teremos aqui batalhas contra o “monstro da semana”. A batalha de Kobato será por ajudar as pessoas nos mais diversos afazeres. Seja ajudar uma velinha a carregar as compras, um lojista com falta de empregados, uma moça a procura de um bolo de natal… algo bem simples e ingênuo (a princípio).

Nesse primeiro volume, nós temos a apresentação dos dois personagens principais (Kobato e Ioryogi) e os primeiros passos para se ter o direito de ter a tal “garrafinha”. Pessoalmente achei um tanto arrastado. Passar um volume inteiro contando como a personagem conseguiu a “garrafinha” é um tanto demais. Até porque isso era algo que se esperava desde o começo ela ter, ou pelo menos conseguir no primeiro capítulo. Mas não, temos um volume inteiro dedicado à essa busca. No entanto, apareceram vários personagens recorrentes nesses capítulos e a aparente lentidão narrativa por ter sido proposital para nós nos acostumarmos com eles, que certamente devem aparecer em volumes subsequentes.

É interessante ressaltar também que a narrativa do mangá é bem segmentada. A cada capítulo temos uma “história fechada”. Algo que lembra muito o ritmo dos sitcoms americanos. Tirando o primeiro e o último capítulo, os outros poderiam ser lidos fora de ordem que não ia afetar o entendimento deles. Algo curioso no mínimo. Fico pensando se isso continuará a se repetir.

No aspecto técnico (das autoras, não da editora), a arte segue o padrão clamp de ser: olhos bem detalhados, cabelos cheios de movimento, rostos arredondados para as personagens femininas e traços extremamente alongados para os personagens masculinos. Há também bastante expressão no rosto dos personagens e o uso de caricaturas SD são bem comuns para contribuir nos momentos de comédia.

Passando para os aspectos técnicos da editora, temos um grande ponto fraco. A JBC parece que não quer mesmo mudar o nível de qualidade em seus mangás e aparentemente tudo está indo de mal a pior. Temos um papel extremamente fino, praticamente transparente, e que deixa a leitura mais desagradável. Mesmo quando as páginas estão juntas, dá pra ver o outro lado e isso incomoda… bastante. A impressão também fica prejudicada pela qualidade do papel, desbotando os pretos. Já está virando redundância reclamar da qualidade dos mangás nacionais. Uma pena.

Mas para não só jogar pedra, tenho que elogiar o trabalho de tradução de Rica Sakata, que, apesar deu não me lembrar de ter lido um trabalho dela, fez um ótimo trabalho aqui em Kobato. A adaptação ficou muito boa também, como no emprego de “Bobato”, na hora em que Iryogi quer sacanear a pobre Kobato. O sentido ficou mantido e, arrisco dizer, ainda melhorou o momento “comédia” para o leitor de língua portuguesa. Defendo adaptações inteligentes. Quanto menos notas de rodapé e termos em japonês melhor. Reserve-os para os momentos em que não houver maneira de traduzir MESMO.

Por fim, digo que Kobato foi um mangá que me surpreendeu. Não tem uma história complexa, mas é um diversão descompromissada e que cumpre o papel de entreter. Rende boas risadas. Recomendo, mesmo com a qualidade podre da JBC (não vou parar de falar isso até resolverem se mexer e mudar algo).

Sobre Diogo Prado

Tradutor, professor, host do Anikencast, apaixonado por quadrinhos, apreciador de jogos eletrônicos e precoce entendedor de animação japonesa.

Você pode me achar no twitter em @didcart.

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11 thoughts on “Kobato Vol. 1 – Um novo mangá para você!”

  1. sério, só compro mangás da JBC se eu conheço o título e gosto muito. se for pra arriscar em título novo corro pra panini, que pelo menos não me desagrada na qualidade física do mangá.

  2. A Rica Sakata traduziu Full Moon wo Sagashite até o volume 5, Death Note, Hunter x Hunter e NANA pela JBC, lembro desses de cabeça.

    1. @CArlos

      Só estou esperando o material da Panini chegar para fazer o Review de Sora no Oto.

      @Starro @Netto-kun

      Interessante. Não lembrava da tradutora. Mas vendo essas obras, ela faz um trabalho muito bom. Legal ela ter voltado a traduzir.

  3. Ainda não comprei o volume, mas que bom que Rica Sakata voltou a traduzir para a JBC. Ela fez um trabalho muito bom em Death Note, Hunter x Hunter (que eu espero que ela retome quando saírem os volumes 28 e 29 aqui) e Nana.

  4. Era tão complicado pra JBC manter a qualidade anterior? Era bem fraca, mas pelo menos não era assim, e pela periodicidade e bom trabalho a fisica da JBC, lerei por scans, talvez compre so quando acabar pra ter mesmo, adoro a personagem Kobato. Foi meu primeiro anime da Clamp que vi inteiro.

  5. Esse mangá parece ser legal pra ler quando se está à toa , afim de relaxar.
    A qualidade dos mangás da JBC já é história velha. Se eles pelo menos usassem um papel mais grosso, que resista mais, e uma colagem mais decente eu já ficaria mais satisfeito. Tenho o nº 13 de Death Note, que é uma edição especial que teve até um tratamento diferenciado pela editora, mas o papel e a colinha fraca estragaram tudo. As páginas do meu já descolaram e amarelaram todas.

  6. Sou “fãzaço” da série, não comprarei por que olhei a qualidade da JBC ,ta um lixo² -_-‘ mangá desse não mereçe isso ‘

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