Sword Art Online e as gerações

Yo!

Com a vinda do Rolo Crocante ao Brasil, gente como eu, que não tem o costume de assistir anime no esquema “bagunça”, pode finalmente ver o que o pessoal tá comentando no momento em que o pessoal tá comentando. Aproveitem agora, que daqui a pouco, comentar anime do Crunchyroll vai ser considerado coisa de noobie! (rola leves spoilers)

O primeiro anime que eu assisti lá foi o Sword Art Online, considerado hoje o maior fenômeno do ano, sendo colocado ao lado de Madoka Magica como “novo clássico”. Entre os otakus japas, diga-se. Eu tive meus motivos pra escolher ele, como a mobilização que houve de fãs da série pedindo a publicação das light novels no Brasil, algo raro e que até rendeu a atenção das editoras. Precisava agora ver com meus olhos o que era isso (já que eu não dou um puto por light novels).

 

A princípio, é sempre bom poder ver tanta qualidade de animação e um trabalho tão bom na arte. Os designs são bacanas e remetem ao Phantasy Star Online ou o MMO de Final Fantasy, games multiplayers que pegaram mais no Japão mesmo. Superficialmente, eu estava satisfeito, mas o tema já não era lá muito original. Anos atrás, um projeto muito ambicioso chamado .hack (assim, com minúsculas, lê-se Dot Hack) também usava o universo dos MMOs para contar uma história de aventura protagonizada por gamers. Mas eu acho que a grande referência, pra mim, não é nenhum mangá ou anime de aventura.

Logo que o objetivo da história foi estabelecido, com o negócio de não poder deslogar e estar preso no jogo até alguém completar o jogo e derrotar o chefão, o próximo passo foi sair dos dramas de guerra (abandonar os amigos, ver eles morrerem, etc) para abraçar de vez uma estrutura de harém. Kirito, desde o inicio, é um personagem típico desse tipo de história, com uma personalidade rasa, pronta para se adaptar a situação, seja ela uma comédia, um drama, uma aventura ou um romance mais açucarado. Ele não faz parte de nenhum grupo – as pessoas circulam em sua órbita – e sua distância de tudo facilita situações com todas as personagens femininas.

De cara, eu me senti assistindo uma versão com MMO de Love Hina. E não no mal sentido. A história é divertida, apesar de ser claro que a parte de aventura é como uma desculpa para rolar a trama de relacionamento, principalmente entre Kirito e Asuna, que cai de paraquedas no meio da trama depois de uma participação pequena. Mas ao contrário do que todo mundo poderia esperar, o que rola entre eles é uma relação mais séria, em que eles dividem uma casa e até rola umas insinuações sexuais. E nessa hora, eu lembrei de mangás dos primórdios do harém, como Video Girl Ai. Quando a trama de relacionamento entre os dois estava resolvida e consolidada, a pimenta da relação, que poderia ser alguma fantasia sexual ou uma viagem para um lugar exótico, acaba sendo o clímax da primeira temporada!

Enquanto você vê a resolução de toda a trama da série ser colocada à sua frente em um capítulo, é inevitável ver que a importância disso não é a do lado “temos que salvar as pessoas que estão morrendo de verdade nesse game” e sim a de movimentar a relação dos dois, que são obrigados a sair da vidinha de casados quando o jogo acaba, sem mais nem menos, antes da hora. E assim, temos uma segunda temporada de SAO que é basicamente “um homem dando um tempo na relação e conhecendo uma nova garota”. E essa nova garota segue as tendências da última moda: é tsundere e incesto!

Sword Art Online me parece ser um representante da linhagem de Love Hina e Video Girl Ai, mais ainda do que o óbvio To Loveru. Se na época de Video Girl Ai, o público desse tipo de história estava no auge do boom das Gravure Idols, as meninas cujo papel no show business era simplesmente ser bonitinha, na época de Love Hina, eles estavam sofrendo as primeiras consequências da reforma escolar japonesa, que diminuiu drásticamente o tempo que os alunos ficavam na escola, abolindo, finalmente, as aulas de sábado e repercutindo na qualidade dos alunos que chegavam ao vestibular, que no mesmo momento, se tornava cada vez mais importante para um planejamento de vida no país, como é por aqui. E hoje, esse mesmo público está imerso no MMO, vivendo uma vida secundária dentro dos jogos, que cada vez mais incluem coisas que vão além das quests e incentivam uma interação e até uma vida mesmo, dentro do universo virtual.

Como eu gosto dos dois títulos citados, acompanho SAO e quero ver no que vai dar. E fiquei curioso com as light novels (que – DIZEM – tem um ritmo melhor que o anime).

E se você quer assistir, os episódios saem junto com o Japão no Crunchyroll, que custa 9,90 por mês, depois de 14 dias de teste gratuito. Aparentemente, eles traduzem do script em inglês e mesmo a versão gringa tem alguns equívocos na tradução (senti mais em Uchuu Kyodai, mas SAO também tem). Não é algo que incomode ou tire o ritmo para quem não entende japonês, mas eu agradeceria se pudesse desligar as legendas às vezes. E tá bem melhor que as versões bagunça que rolam no “de fã pra fã”.

9 ideias sobre “Sword Art Online e as gerações”

  1. quanto aos fansubers bagunçados, tem um fansub muito bom de SAO; o Animakai; legendas limpas, abertura sem interven~ções do fansub (nem karaoke tem, ou seja, sem poluição) e percebi menos erros que a versão do CR, e melhor adaptado, e com bem menos estrangeirismos.

  2. SAO voltou com aquela onda de games em animes séries, Hack é um bom exemplo disso.Bom a questão não é que SAO PODIA TER SIDO ISSO OU AQUILO, a série animada é baseado em um LIGHT NOVEL portanto é focado muito em fan service e coisas do gênero, só que uma pegada mais psicológica mesmo sendo rasa, mas que diferencia dos outros animes baseados em Light novels.

    Se vier com a ideia que o anime devia se focar em um estilo Psycho, haveria uma desconstrução de personagem desviando a história proposta pelo Ligth, perdendo a base no qual o light ficou famoso, SIM O LIGTH ANTES DA ANIMAÇÃO JÁ ERA FAMOSO PELAS INTERNET, e com o sucesso da estória nas rede virtuais, veio para versão impressa e depois para a animação.

    Então animação SAO só seguiu o caminho feito pelas maiorias de Light novels ganhando um sucesso por certos detalhes

    PS: ODEIO A PALAVRA PODERIA, ficar reclamando por coisas realmente estupidas, há não a serie seria melhor assim ou assado, a não porque isso tá errado deverias ser desse jeito. SÉRIO se gostou foda-se e se não gostou foda-se também, não sou tão fan boy quanto pareço, não acho SAO a melhor coisa do mundo, a narrativa é falha, o timing de algumas situações não é bem feita, a passagem de contexto na maioria das vezes brusca , mas comparando com OUTROS LIGHT sim é algo a se parabenizar.

    Se você for ver só para passar o tempo e se divertir um pouco ASSISTA, mas se você vier assistir com aquele olhar detalhista para coisas estupidas, como o cara do comentário acima você vai ODIAR Sword Art Online

  3. Como é bom ver alguém falando de Video Girl Ai, é um ícone dos mangás, principalmente nos antigos Shonens-Ai (que hj nem sei se existem como anteriormente) e pessoalmente é um marco, os mangás tinham deixado apenas ter todos aqueles significados que a palavra Shounen tem para ter algo mais intimista dos nossos sentimentos do dia a dia, mesmo através de uma história “fantasiosa” os recados dados nas entrelinhas eram perfeitamente pensados para mexer com o coração de quem lia por remeter a algo real de sua vida.

    Hj ainda a discografia esta em minha playlist como favoritas…. e a Ai é o sonho de qualquer homem.

    Masakasu Katsura é o cara! Sua trilogia DNA², Video Girl e I’s eye é fascinante, pois se completam

    1. Valeu. Katsura é um dos poucos autores de que eu sou fã mesmo e compraria até a pior história que ele fizesse. Sempre que puder, eu cito ele! Hehe

  4. Sinceramente,acusar SAO de incesto é um pouco imbecil pra mim.
    Primeiro,toda a “relação” incestuosa é completamente unilateral.O Kirito nunca dá zero fucks pra Suguha em momento nenhum da história nesse sentido.
    Segundo,eles nem sequer são irmãos de verdade,e sim primos.E francamente,relacionamento entre primos não é bem considerado “incesto”.Já cansei de ver tios meus dizendo que aquele namorico de primos é algo super normal.

    Tirando isso,realmente a novel é bem superior ao animê.O Animê deixa o character development,que era o grande forte da série,praticamente de lado focando em desenhos bonitinhos e uma abordagem muito mais shounen.
    SAO se dá praticamente em monólogos do Kirito(ou do narrador do capítulo).Colocar o animê sem isso perde muito no aspecto narrativo.Sim,seria chato um animê onde o protagonista fica pensando pra dentro o tempo todo,mas podiam ter procurado alguma forma de contrabalancear isso.

    1. “Sim,seria chato um animê onde o protagonista fica pensando pra dentro o tempo todo”.

      Isso é uma mentira. Uchuu Kyoudai está ai para provar o contrário. Tudo bem que é um tipo bem diferente de anime e para outro público. Mas Mutta está sempre conversando consigo mesmo e viajando nos seus pensamentos. É feito de forma engraçada.

    2. Ninguém acusou nada, não. Mas basta ver o contexto para perceber que a irmã do Kirito só entrou na jogada no hype atual das “imouto chara”. Ela não é irmã de verdade? Não importa. A ideia é criar a atmosfera do proibido. Kirito não quer nada? Não importa também, o importante aqui é criar cenas que mexam com o imaginário dos leitores, seja como for. Talvez seja até mais interessante não acontecer nada, porque sabemos bem que os fãs desse tipo de personagem sempre prefere sua Idol virginal e pura, repudiando a obra que viola essa pureza.

      Ah, e se for de primeiro grau, primos também são considerados incesto. Que não é crime até onde eu sei, é mais convenção social. Acho que não dá cadeia se casar com sua irmã ou prima, mas nenhuma igreja selaria o matrimônio.

  5. Sword Art Online pra mim é bem algo do tipo “dê ao povo aquilo que ele quer”. E infelizmente o q eles querem hj são histórias rasas, com bastante fanservice, personagens tsundere e incestos como vc disse. Entre em umas discussões sobre isso esses dias e tive q ecutar coisas do tipo: “Incesto pode ser estranho pra vc, mas para os outros é normal”, “Incesto é da cultura japonesa. Se você é contra, vc é contra a cultura japonesa”. Além de outros absurdos. Mas enfim, não ia ficar discutindo com pessoas que tem esse tipo de pensamento. Só estou cansado de 99% dos animes precisar ter um monte de garotinha bonitinhas que ficam gemendo por um cara. Principalmente qdo ela é a irmã mais nova dele. Sword Art Online podia ter sido uma baita obra explorando fatores psicológicos e o lado humano de cada personagem. Mas isso foi feito de forma mto rasa, assim como são os personagens (como você mesmo disse). Sword Art Online teve 2 primeiros episódios muito promissores para mim, depois acabou se perdendo nessa brincadeirinha de família. O final do primeiro arco até que foi bom. Mas esse arco novo está incrivelmente ruim e não mostra motivo nenhum para assistir que não seja a historinha dos irmãos e o fanservice na garota.

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