Shonen Jump – Curiosidades Level Master Parte 4

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Yo!

Fechando a sequência de posts de Curiosidades Level Master sobre a maior revista do mundo, chegamos à era de Trevas. Bora ver!

Se você ainda não leu as primeiras partes, leia que vale a pena. Mas se preferir, pode começar por este e voltar, já que duvido que isso seja algum tipo de spoiler, né?

Shonen Jump – Curiosidades Level Master – Parte 1

Shonen Jump – Curiosidades Level Master – Parte 2

Shonen Jump – Curiosidades Level Master – Parte 3

Shonen Jump – Curiosidades Level Master Parte 3 – continuação

 

Após a fartura, uma seca sem precedentes iria assolar a Shonen Jump, até então, uma revista sem igual na história mundial dos impressos. Com tiragens monstruosas, a Shonen Jump parecia estar em uma onda, que crescia e crescia, sem nunca quebrar. Um fenômeno acontecia. Comprar a Shonen Jump no dia do lançamento se tornava uma obrigação. Um dia depois e você poderia ficar sem, mesmo com as tiragens sempre subindo. Entre as crianças, se dizia que não comer doce no fim de semana para guardar para a Jump era um sacrifício válido, afinal, se não ler, você ficaria uma semana inteira sem saber o assunto principal das rodas de conversa.

Naquela época, tankohon, os encadernados de séries avulsas, ainda era coisa dos garotos mais ricos, a maioria só tinha coleções de seus mangás mais amados, quando tinham. Todo mundo lia na revista, quando saía. A Shonen Jump criava um mercado bizarro, onde roubar uma revista passava a ser comum em certas semanas. Goku virou Super Saiyajin? Semana que vem, compre a Jump e corra!

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Uma das gráficas de onde sai a Shonen Jump toda semana.

E quando alcançou o topo de 6 milhões e 8 mil cópias semanais, a editora vivia um momento dramático. Claro que sabiam que um dia isso iria mudar. Mas ao mesmo tempo, eles tinham o dever de suprir essa demanda insana. Máquinas caríssimas eram montadas, exclusivamente para imprimir Shonen Jump, dia e noite, sete dias por semana. Não havia outro jeito, não dava pra rodar em outras máquinas. Ao mesmo tempo em que a felicidade transbordava na editora, também vinha uma preocupação que atacava úlceras.

Dragon Ball e Slam Dunk foram fenômenos de sua época. Algo sem precedentes até então. As duas séries se revezavam no topo de popularidade da revista, poucas vezes caindo na tabela. Enquanto todas as outras séries seguiam uma certa lógica de “momento mais intenso, maior popularidade”, a série de Toriyama e a de Inoue simplesmente faziam sucesso, inexplicavelmente. Então, já estava anotado. O dia que elas acabarem, se preparem.

E então, a onda quebrou.

A queda foi maior do que esperavam, e a Shonen Jump viu sua tiragem cair pela metade e continuar em uma linha descendente, chegando ao patamar das revistas normais, aquelas que vendiam pouco mais de um milhão.

Analisando hoje, muitos fatores influenciavam isso, desde o fim de suas mais populares séries até a crise econômica mais dura desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Afinal, não foi só a Jump que perdeu vendas, todas as revistas viram uma queda considerável em suas tiragens.

Mas na Shonen Jump, um problema maior parecia incomodar. A fábrica de criar sucessos estava enferrujando e a fórmula que manteve a revista até aqui não dava mais os resultados de antes. E com a ida do editor mais talentoso da casa, Kazuhiko Torishima, para um novo setor, a bússola parecia não apontar para nenhuma direção. A loucura estava instaurada e ninguém mais sabia ao certo o que fazer.

A revista sempre se manteve sem tantos anúncios, vendendo pouquíssimo espaço publicitário apesar de todo o potencial para isso. As coisas mudaram. Outra coisa que batia com a própria identidade da revista, o fato de nunca ter usado o artifício de colocar ensaios de garotas de biquíni como chamariz, caiu no desespero da queda livre. Mas logo foi abandonado.

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As três únicas pessoas que fizeram ensaios para a Shonen Jump. Yumi Adachi, fazia sucesso como atriz na época. Yuki Uchida também era uma atriz estabelecida. Namie Amuro era um fenômeno pop.

Em 1996, numa medida desesperada, a Shueisha conversou com Torishima para que ele voltasse para a Shonen Jump. Ele havia criado a VJump, uma revista completamente voltada ao media mix, o termo que ele adorava usar, desde os tempos em que incentivou o anime de Dr Slump em uma época em que os animes que adaptavam mangás não eram muito bem vistos pelas editoras ou quando negociou Akira Toriyama com a Enix (atual Square-Enix) para criar o visual dos games Dragon Quest, em troca da marca ser vinculada à Shonen Jump, o que gerou Dai no Daibouken (Fly, o Pequeno Guerreiro), sucesso em sua época.

Mas a desordem da casa estava além do controle. Em 1997, a rival Shonen Magazine  ultrapassaria a Jump, tomando o topo das revistas de mangá. Mas não era por muito tempo. Nesse mesmo momento, Torishima movimentava sua equipe em várias direções. A primeira medida seria encontrar a forma certa de trabalhar com séries com potencial.

Para começar, Yu-Gi-Oh!. Até aquele momento, a série mantinha um sucesso limitado. A arte era estranha, a história não animava ninguém e ainda não tinha encontrado uma forma ideal. Então, não havia mais jeito. A série de Kazuki Takahashi (nome verdadeiro, Kazuo Takahashi) foi colocada na lista das séries que seriam canceladas. Só restavam mais algumas semanas para Yugi. Nesse momento, outra série da revista, Makuhari, de Yasuaki Kita, acabaria sendo cancelada de repente (mais detalhes depois, quando eu falar dela). Foi quando essa segunda chance apareceu que Torishima viu o potencial da série e fez o contato com a Konami, que transformaria Yu-Gi-Oh! em um card game modesto, mas que com o impulso certo, se tornou um sucesso e existe até hoje, com campeonatos mundiais.

Depois, Torishima convidou Yoshihiro Togashi para voltar para a Shonen Jump. Completamente desiludido da revista, ele havia prometido que não faria mais nenhuma série semanal, muito menos em uma revista para garotos. Com muita lábia e prometendo regalias exclusivas, Torishima traria Hunter x Hunter do interior dos sonhos de Togashi.

A última medida foi dar mais valor aos novatos, olhando com um olho mais analítico o talento por trás de cada um. Foi assim que estreou, ainda em 1997, a série de um prolífero assistente que ainda não tinha conquistado seu público com nenhum de seus one-shots. ONE PIECE foi uma das séries que Torishima apostou.

Veja mais One Piece – Curiosidades Level Master

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Na sequência, um garoto orgulhoso e talentoso teria seus sonhos despedaçados para que, com os cacos, aceitasse que sua genialidade não poderia estar à frente da vontade dos leitores. Naruto foi criado com pedaços do coração partido de Kishimoto, como uma história sobre aceitação, onde as pessoas não davam valor à genialidade do garoto e o garoto demorava a perceber que não era um gênio.

Veja mais Naruto – Curiosidades Level Master

Torishima hoje está no posto mais elevado da Shueisha, depois ainda, de criar coisas como a Tríade Editorial, que une a Shonen Jump, a V Jump e a Shonen Jump mensal (atual Jump Square), formando um grupo mais unido e que possibilitou coisas novas e sucesso para as três. É dele também a ideia da Shogakukan-Shueisha Production, empresa que toma conta dos direitos autorais das duas editoras, rivais e irmãs (pertencem ao mesmo dono, veja Shonen Jump – Curiosidades Level Master – Parte 1), referência direta da VIZ MEDIA, que cuida dos mesmos direitos no Ocidente.

E os degraus voltaram a ser escalados.

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Reparem que a capa da esquerda é exatamente a edição com o ensaio de Namie Amuro.

Makuhari estreou com uma proposta louca vinda de um autor no mínimo insano. Yasuaki Kita nunca se interessou por mangá durante sua infância. Aos 22 anos, ele viu uma Shonen Jump largada e percebeu o dinheiro e status que a revista trazia. Após ler a história que venceu o concurso da revista, ele simplesmente riu com o nariz, em desdém, e pensou: “Eu posso fazer melhor”. Três anos depois, ele, que nem ao menos sabia desenhar até o momento em que encontrou aquela Jump, publicava sua primeira história. Mais um ano e estreou sua série.

Publicar não era o objetivo, mas publicar o que ele quisesse, desvirtuando e pervertendo qualquer regra dos mangás.

Makuhari é basicamente, um cliché dos mangás. Uma história de beisebol. Mas somente de fachada. Em seus nove volumes, os personagens jamais jogaram uma única partida do jogo. No lugar, piadas ácidas sobre personalidades da TV, editores e autores de sua revista, séries famosas, como Slam Dunk, JoJo no Kimyou na Bouken, Sakigake!! Otokojuku e Rurouni Kenshin. Provavelmente nenhuma outra série da Shonen Jump sofreu tanto com ameaças e processos. Também é a campeã de censura em seus tankohon, onde muita coisa era cortada, alterada ou suavizada. Kita dava medo nos editores, que não sabiam se aquilo era genialidade ou insanidade, porque fazia um sucesso indescritível.

Kita passava horas comentando outros mangás com seu editor. Em certo momento, ele falou as piores coisas sobre Yu-Gi-Oh!, série que estava aos cuidados do mesmo editor. Dizia ele que Takahashi era muito, muito burro para fazer histórias sobre estratégia em jogo. Sua resposta para todos os desafios era “o poder da amizade”. Para exemplificar, ele pegou alguns volumes de Kaiji, de Nobuyuki Fukumoto. “Isso aqui é um verdadeiro mangá de estratégia e jogos!” – disse, mostrando o trecho do navio e pontos em forma de estrelas. Logo depois, Takahashi faria uma história de Yu-Gi-Oh! com um campeonato em um navio, usando estrelas como pontuação, mas sem mais nada além disso. Kita provou seu ponto sobre Takahashi.

YugiKaiji

Ainda sobre Yu-Gi-Oh!, Kita diz que a ideia dos card games partiu dele.

Em certo ponto, suas piadas e brigas constantes, mais o trabalho triplicado para revisar e readaptar Makuhari antes de encadernar, acabaram em uma briga, que fez o autor fechar às pressas o mangá.

5+1 últimas páginas antes do cancelamento

Nos momentos finais, Kita estava usando o espaço da revista reservado para comentários do autor para cutucar Hiroshi Gamou, autor de Tottemo Luckyman. “Para fazer mangá, não é preciso saber desenhar. Não é, Gamou sensei?”, disse, sendo respondido na semana seguinte “Só precisa de amor, não é Kita?”. Quando terminou o mangá, de repente e sem explicações, ele colocou em letras garrafais em uma página dupla “Fim da Saga de Gamou” e deixou os fãs confusos, achando que haveria continuação.

Isso acabou dando sobrevida à um antigo desafeto. Yu-Gi-Oh! ganharia mais tempo e pro desgosto de Kita, virou um sucesso.

Suas palavras finais na Shonen Jump? “ESTOU LIVREEEEEEEE!!!”

Kita acabou virando um caso raro ao se tranferir da Shonen Jump para a Shonen Magazine, concorrente direta. Lá, ele fez a mesma coisa que fazia antes e quase tomou um processo de Toru Fujisaki e de Yoshihiro Togashi, entre outros, por causa de piadas. Hoje ele faz o genial Kenka Shoubai, sem perder o tom.

Eu indico! –Kenka Shoubai – post antigo, eu usava teclado japonês sem acentos, ok?

Apesar das desavenças, alguns autores são amigos de Kita. Um deles é Mitsutoshi Shimabukuro, autor de Toriko. Apesar de ter o episódio mais duro de sua vida transformado em piada (ele foi preso e teve sua série na época cancelada – veja mais abaixo), os dois conversam e sempre que Kita pede permissão para fazer piada, Shimabukuro permite. Em Kenka Shoubai, um personagem se chama Professor Shimada, que sempre tem seu nome confundido com Shimabukuro. O apelido do personagem é “Caçador de Colegiais” (entenda quando eu falar de Shimabukuro).

Outros que eram sacaneados por ele mas hoje são seus amigos são Tsunomaru (autor de Midori no Makibaoh) e Hiroshi Gamou.

Kita ainda (ufa…) foi o responsável por destruir o disfarce de Oba Tsugumi, misterioso autor de Death Note e Bakuman. A Jump nunca dava detalhes sobre o autor, nem ao menos sabíamos se era mulher ou homem. Mas um dia, em uma entrevista qualquer, perguntaram à Kita sobre Hiroshi Gamou, provavelmente por causa das trocas públicas de mensagens e ele respondeu “Ah, você está falando de Oba Tsugumi?” jogando uma bomba como se não fosse nada. Apesar disso, a Jump nunca se pronunciou e ainda tenta manter o mistério, apesar de deixar muitas pistas claras em Bakuman.

Sempre que alguém entrevista Kita, ele solta algum podre ou dado interessante. Foi ele quem falou:

  • dos casos de bebedeira de Nobuhiro Watsuki (Rurouni Kenshin) nas festas da revista
  • dedurou o caso de infidelidade do editor Yoshihisa Heishi (editor dele e de Kazuki Takahashi, atual editor chefe da Shonen Jump e casado com outra mulher na época) com Hajime Kazu, autora de Mind Assassin
  • falou que, na época (2007), Eiichiro Oda ganhava o equivalente à 1 milhão de dólares por volume publicado de One Piece, só na primeira semana.
  • disse que a Jump pedia para que poupasse pelo menos Captain Tsubasa. “Porque (Yoichi) Takahashi é chato demais, e meio inocente”. Escrachou ao chegar na Shonen Magazine.

Praticamente, ele sozinho um homem Curiosidades Level Master.

YuGiOh

Yu-Gi-Oh! (veja Makuhari acima para mais algumas curiosidades), de Kazuki Takahashi, teve seu traço característico inspirado em JoJo no Kimyou na Bouken. O visual de Yugi é tirado de Edward Mãos de Tesoura, do filme de Tim Burton. E aparentemente, para o autor, o tom do mangá é o da bizarrice cool, como no mangá de Hirohiko Araki ou nos filmes de Burton. O autor ainda diz que não se considera um mangaká, mas um designer, usando os quadros de forma harmoniosa e criando personagens e zzzzzzzzzzzzzzzz…..

Takahashi é fã de quadrinhos americanos e aponta Simon Bisley (de Lobo, da DC Comics) como sua influência. Ele inclusive já fez uma web comic no estilo americano.

Ele, na verdade, estreou na Shonen Magazine, revista rival, usando seu nome real, Kazuo Takahashi, com a série Goukyu Chouji Ikkiman, em dois volumes. Trocou de nome depois de alguns one-shots na casa nova.

Fora os one-shots, a série na Magazine e o próprio Yu-Gi-Oh!, Takahashi não fez mais nenhum mangá. Hoje, ele é conselheiro na criação dos cards de sua série e não faz mais mangá.

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Depois de duas séries de liberdade criativa, Masakazu Katsura, que havia feito DNA² e Shadow Lady praticamente do jeito que queria, veria seus sonhos serem destruídos na forma de seu antigo carrasco, Kazuhiko Torishima, transformado agora em editor chefe, para desespero dele. Depois de duas séries curtas de heróis, Torishima obrigou Katsura a voltar aos romances, coisa que ele nunca foi muito fã. Nascia I”s, a primeira vez que Katsura fez uma série sem o menor toque de fantasia. E o maior sucesso de Katsura desde Video Girl Ai.

Diga o que quiser, o método tirânico de Torishima, que obrigava autores a fazer o que ele queria, sempre deu resultados. Foi assim em Dragon Ball, em Dr Slump, Video Girl Ai e também em I”s. Não pode ser coincidência tantos sucessos levantados do nada. Se formos além, temos ainda Naruto e One Piece, que de uma forma ou de outra, tiveram influência dele. Ter um vilão controlando com punhos de ferro o navio acabou sendo a forma ideal de manter ele em curso.

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Um jovem autor tornaria a responsabilidade de ser pai em motivação para crescer como mangaká. Hiroyuki Takei engravidou sua namorada aos 20 anos e passou a trabalhar intensamente como assistente, para pagar as contas e assumir a criança. Depois, em 1994, Takei estreava como autor com ITAKO no ANNA, um one-shot de menor expressão, mas que lhe valeu o prêmio no concurso da revista e um espaço na história da Jump. Em 1997, lançaria Butsu Zone, sua primeira série, depois de algum tempo como assistente de outros mangakás. Ele fez parte do grupo de assistentes de Nobuhiro Watsuki (Veja mais AQUI) e teve espaço entre a nova leva de autores da Shonen Jump que passou a ser aproveitada durante esse ano de renovação. Hoje, ele é pai de um menino e duas meninas.

Seu talento na criação de personagens era reconhecido por Watsuki em sua época de assistente. Takei ajudou na criação de Fuji, vilão em Rurouni Kenshin, e de Victor Powered, em Buso Renkin, entre outros.

Fã de Gundam e de mechas e robôs em geral, Watsuki também usou isso em seu trabalho. O personagem Tao En, pai de Tao Ren, foi criado com base em Turn A Gundam, série que ele acompanhava na época. Desde o nome (Turn A -Tãrn Ei = Tao En) até o enorme bigode característico nos dois.

Não tenho dados ou informação oficial para provar, mas se Takei dava opinião ou inspiração nos designs de seu amigo Eiichiro Oda, o Barba Branca também pode ser inspirado em Turn A Gundam ou no próprio Tao En. Lembrando que Oda também curte Gundam. Compare na imagem.

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Takei ainda tem um irmão, Hirofumi Takei, que é mangaká e faz a série spin-off de One Piece, Chopperman, na Saikyou Jump. É muito legal você perceber as conexões aqui, que mostram que Oda abre os direitos de seu personagem para o irmão de um amigo trabalhar em uma série.

Shaman King, seu maior sucesso, estreou em 1998. E, apesar do enorme sucesso, entrou para a história da Jump junto de outros sucessos que foram perdendo popularidade com o tempo, até serem cancelados antes do fim pretendido pelo autor.

5+1 últimas páginas antes do cancelamento

Por conta disso, Takei colocou uma tangerina na primeira e na última página de seu último capítulo na Shonen Jump. Em japonês, a fruta se chama “Mikan”, que com outra leitura, também significa “incompleto”. Depois disso, a dubladora de Anna Kyouyama, Megumi Hayashibara, leu uma carta de Takei em seu programa de rádio, onde o autor demonstrou incontente com o destino de sua série. Mais tarde, a mesma dubladora, em um show, anunciou que o autor faria uma continuação da série.

Na Jump Festa 2008, anunciaram Shaman King Kanzenban, a edição definitiva da série, com um volume a mais para o fim inédito da série. Mas além disso, no Guia Oficial que complementa esse Kanzenban, uma história que mostra os personagens anos depois do fim da série deu um gancho para uma continuação. E a tangerina não saiu de sua vida. Este guia de Shaman King termina com outra tangerina, apontando para um futuro. Em 2012, Takei iniciava Shaman King FLOWERS na Jump Kai, série que tem o filho do protagonista Yoh Asakura no centro.

Na mesma Jump Kai, um ano antes de FLOWERS, Takei publicou cinco capítulos de Shaman King 0 (zero), com o passado dos personagens.

No Twitter, Takei diz que até hoje, recebe muitas caixas de tangerina de seus amigos e assistentes, como piada.

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Quando criança, Hiroyuki Takei esteve entre os três finalistas de um concurso da revista infantil KoroKoro Comics, para design dos carrinhos da série DASH! Yonkuro, de Zaurus Tokuda. Ele não foi escolhido no final, mas seu design foi usado em outro carro, o número 3.

E a cidade francesa de Angoulême deu à Hiroyuki Takei o título de cidadão honorário. A cidade é palco do maior festival de quadrinhos europeu.

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Mas Takei é natural da província de Aomori, onde o departamento de polícia tem um personagem de Takei como mascote. Ele criou Anna, personagem muito parecida com Anna Kyouyama.

Anna Kyouyama, aliás, é uma personagem recorrente de Takei. Ela esteve no primeiro one-shot dele, ITAKO no ANNA (algo como “A xamã Anna”), além de aparecer em Butsu Zone, sua primeira série. Em Shaman King, ela é citada como “a segunda Anna”, coisa que só os fãs mais curiosos entendem o porquê. Em Flowers, uma nova personagem é citada como a terceira Anna, Alumi Niumbirch, filha de Silva.

A especulação para a personagem recorrente é ligação com a esposa de Takei. Não confirmada.

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Seikimatsu Leader Den Takeshi, série de Mitsutoshi Shimabukuro (que faria Toriko depois) estreou no final de 1997. A história do garoto superdesenvolvido, que no primário já tinha barba e corpo peludo, acabou caindo no gosto da molecada e se tornou uma mas mais populares séries dessa fase da Shonen Jump. Em 1998, o evento Jump Super Anime Tour apresentou uma animação original de Takeshi, no mesmo ano em que One Piece e Hunter x Hunter, que anos depois se tornariam grandes sucessos e pilares da revista. E não só isso, Takeshi era a cereja no bolo aquele ano, com dois “azarões” de tiracolo.

10 mangás sobre o fim do mundo

Em 2001, a série ganhou o prêmio Shogakukan de Melhor Mangá do Ano. O que acabou selando o fim precoce da série no ano seguinte foi um grande desvio de conduta do autor.

Vídeo de Mitsutoshi Shimabukuro, para entrevista na e-Jump, material feito para o Playstation. Pouco antes de…

Shimabukuro foi preso por abuso de menor, saindo de um motel com uma menina de 16 anos que ele conheceu na internet. A série ficou parada por algum tempo, até que a Shonen Jump publicou um pronunciamento oficial sobre o assunto, cancelando Seikimatsu Leader Den Takeshi.

Leia mais em 5+1 últimas páginas antes do cancelamento

Curiosamente, Shimabukuro se destacou por seu talento fora do normal de se identificar com as crianças. Suas histórias tinham um apelo fora do normal com o público mais jovem da revista, um talento valioso no mercado e muito raro entre os artistas, que em geral almejam sempre um público cada vez mais adulto.

Um autor sem a menor ligação com a Jump, Keisuke Itagaki, de Grappler Baki (Shonen Champion), criticou a postura da Shonen Jump ao cancelar a série e depois se tornou amigo de Shimabukuro.

Outro autor que foi contra a postura da sociedade e da revista foi Eiichiro Oda, que usou o campo de comentários da revista para se dizer decepcionado com a repercussão do caso. Oda é amigo de Shimabukuro desde os primeiros anos. Quando estrearam, eles trocaram telefonemas, parabenizando um ao outro. Quando Toriko começou, Oda fez questão de fazer um crossover com os personagens de One Piece, o que alavancou o sucesso da série.

Depois de cumprir pena, Shimabukuro voltou aos poucos. Ele publicou a continuação e final de Takeshi na Super Jump (atual Grand Jump), timidamente, com um sucesso mediano, satisfazendo os fãs mais fieis. Em Toriko, Shimabukuro colocou personagens de Seikimatsu Leader Den Takeshi, fazendo inclusive menções à série anterior.

Em Takeshi, Slam Dunk é citado em uma cena, onde um jogo de basquete acontece, com os rivais de Takeshi usando uniformes de Shohoku, time do protagonista da série de Takehiko Inoue. Takeshi usou uniforme de Sannou, um dos times que enfrentou Shohoku. Dragon Ball é homenageado na forma do Super Takeshi e com o golpe Leader-ha. Também temos personagens de One Piece e Hunter x Hunter desenhados no cenário, prática comum do autor, que sempre dá um jeito de colocar participações especiais dessa forma.

Cinco anos depois de sua prisão, Mitsutoshi Shimabukuro retorna aos poucos à Shonen Jump, com one-shots em revistas paralelas. Um deles, Toriko, ganha destaque e vira série na revista principal, selando o retorno do autor à revista em 2007. E em 2011, Toriko vira animação, realizando o sonho frustrado do autor mais de dez anos depois da animação de Takeshi ser abortada.

Em Takeshi, Shimbakuro aparece como ele mesmo, com o apelido de Shimabu. Ele também usa personagens que criou quando era criança, ele tem toneladas de histórias que criava e forçava seus amigos a ler. Na série, ele ainda usou os assistentes de uma forma inusitada. Quando estava sem ideias, deixou eles fazerem uma história, inclusive desenhando. E isso é inclusive citado durante o capítulo.

Yasuaki Kita, a ovelha negra da Shonen Jump, criou um personagem que tem o abuso sexual como principal característica e o apelido de “caçador de colegiais”. Esse personagem se chama TAKESHI Shimada e é inspirado em Shimabukuro, de forma tão clara que uma das piadas mais frequentes é quando ele tem o nome confundido, citando o sobrenome do autor de Takeshi. Porém, o personagem foi criado com a permissão de Shimabukuro, que é amigo pessoal e já foi convidado especial em entrevista de Kita.

Um dos maiores cuidados de Shimabukuro ao criar seu mangá é o som. As onomatopeias precisam passar as sensações que ele espera, ainda mais no caso de Toriko, onde a comida é parte importante. Muito da experiência de comer vem do som. Os estalos de algo crocante, o borbulhar de um caldo bem quente ou a umidade em uma carne suculenta, tudo isso precisa ser reconhecido com onomatopeias, ainda mais em um mangá.

 

Uma edição depois de Seikimatsu Leader Den Takeshi, estreava ONE PIECE. Sem muito alarde, a série nem recebeu tanto destaque, fechando uma sequência de séries novas na revista, com um autor que estava a quatro anos na revista e um outro novato que era considerado um dos mais talentosos.

Leia mais em One Piece – Curiosidades Level Master

Relendo as últimas partes deste artigo sobre a Shonen Jump, uma das conclusões que dá pra se tirar é que Oda é o cara mais legal da Shonen Jump, sempre ajudando todo mundo, trabalhando feito louco, cumprindo os prazos como ninguém e sempre apaixonado por mangá.

 

Na próxima parte, Hunter x Hunter, Naruto, Bleach e Death Note. Uma nova era para a Shonen Jump. Continue a ler!

28 ideias sobre “Shonen Jump – Curiosidades Level Master Parte 4”

  1. muito bom esse texto! sem dividas, Yu-gi-oh é o melhor mangá dessa parte da shonen jump, a história é incrivel!

    yu-gi-oh ou Kazuki takahashi curiosidades level master JÁ!!!!!!

  2. Só duas pequenas correções: foram dois volumes a mais que Shaman King teve no Kanzenban. E a terceira Anna não é o Hana Asakura, é a filha do Silver, a Alumi.

    E ótimo post, como sempre. Só levemente chateado de não ter a menor menção a Hoshin Engi, que foi uma das séries que “segurou” a Jump na era das trevas, impedindo que fosse pra merda definitiva. Hoshin Engi precisa de mais amor!

    E espero honestamente um Curiosidades Level Master da Shonen Magazine, que também precisa de mais amor aqui no ocidente!

  3. Fabio excelente post como sempre,só uma pessoa que morou no Japão pra saber tanto a respeito do assunto,se você fosse escolher três obras que levaram a Jump ser o que ela e hoje,quais seriam ?

  4. kaiji isso que é manga de estrategia e jogos concerteza!!
    sinto falta de adaptarem o 3 e 4 arco pra anime t.t,demais esse sposts sakuda õ/ vc é foda

  5. Sensacional! mal posso esperar pela próxima parte da melhor matéria sobre a shonen Jump que já tive oportunidade de ler! parabéns pelo maravilhoso post!

  6. Cara, sensacional o post.
    Fiquei muito curioso sobre o Torishima, Yasuaki Kita e o Togashi, merecem um post de Curiosidades Level Master cada um.
    Dá pra sacar até algumas alcunhas tipo:
    Torishima – O punho de ferro
    Kita – O Insano
    Togashi – O Preguiçoso

    Além disso, seria legal um post sobre a carreira do Masashi Kishimoto e do Tite Kubo. Apesar de tantas críticas, Kubo está no seu segundo mangá que dura até hoje, 12 anos de publicação não é pouca coisa não.
    E sobre o Masashi Kishimoto, saber mais sobre o gênio que não era gênio e teve que ser domesticado seria demais.

  7. cara ri de mais com esse Yasuaki Kita, cara loucão vei kkkkk
    Trabalho espetacular cara, muito foda essa parte 4 assim como as anteriores, parabéns.

  8. Yasuaki Kita, virou meu idolo. Esse cara é foda, pelo amor. É só fazer a pergunta certa que ele responde sem medo, sem dó, sem olhar para frente. kkkkkkkkkkkkkk. Cada um é genial de sua forma. Mais um epsódio senssacional do artigo de curiosidades. Sakuda, você pretende um dia fazer para a Magazine? A Genkidama inteira, melhor, quase todos os sites otakus do brasil parecem se preocupar só com a Jump. Eu digo e afirmo, Magazine vai passar a Jump logo logo *-*

    Que venha o próximo capítulo de curiosidades de Kita… Ops, da Jump!

      1. Dois milhões? Ah, tá no papo. ehueheuhue, brincando. Mas vai saber, acaba Naruto, acaba Bleach, e fica sem One Piece em uma semana. Olha que passa em, kkkkkkk.

        Estou ansioso pelo post, se puder e não for tão trabalhoso (Ok, é…), inclua ranking de vendas das resvistas, é interessante *-*

  9. kkkkkkkkkkkkkkkkk
    Rir demais com o post..!!! Kishimoto, Toryama e Kita, esse deveria ganhar um post especial!!!

    Valeu ficou ótimo

  10. Fabio Sakuda, você poderia citar algumas curiosidades sobre ”Katekyo Hitman Reborn ” também , não foi um mangá com números ou fama como Naruto, One Piece, Bleach etc mas no seu auge vendeu muito bem !!! Teve o seu momento de ”glória ” !!!!! e seria interessante ler algumas curiosidades sobre o mangá e a mangaká também ( Akira Amano).

      1. Como Reborn conseguiu fazer sucesso é minha curiosidade level master nº1! HAHA O mundo precisa de mais Kitas (e de mais posts assim, Sakuda, mandou bem!).

        1. Eu acredito que Reborn fez sucesso porque ele tem uma comédia bem ”nonsense” e juntando isso as lutas e toda aquela coisa de anéis ( anéis são estilosos) caiu no gosto da ”galera” e o traço da mangaká é bem bonito !!

  11. Muito bom !!!! e pensar que o sucesso mundial Yu-Gi-Oh! poderia ter acabado tragicamente !!!! temos que agradecer muito ao ”excêntrico ” Yasuaki Kita !!! e sinceramente a continuação deve ser mais legal ” Hunter x Hunter , Naruto , Bleach e Death Note ” cara estou esperando muito essa próxima parte !!!!!!!!!!

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